• Muitos estão elencados no art. 5° da Constituição Federal e protegem o cidadão do poder punitivo estatal. Eles também impõem limites à intervenção estatal nas liberdades individuais. Neste sentido, são chamados de princípios limitadores. → Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal (Anterioridade): • É o mais importante princípio do Direito Penal. Segundo ele, não crime anterior sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Ou seja, este princípio impede que a existência de crimes ou pena seja determinada de outra forma que não seja a lei. → Princípio da Intervenção Mínima: • O Princípio da Legalidade impõe limites à arbitrariedade estatal, mas não impede que o Estado faça leis criando penas cruéis ou degradantes. Assim, também é importante a imposição de limites ao poder de legislar do Estado. → O Direito Penal deve ser a Ultima ratio, ou seja, a última razão, só deve atuar quando os demais ramos do Direito se mostrarem incapazes. → Princípio da Culpabilidade • Segundo esse princípio, não há crime sem culpa, antigamente existia a punição levando-se em conta apenas o resultado. → Princípio da Insignificância • A tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos bens penalmente protegidos. Segundo esse princípio, também chamado de Princípio da Bagatela, é necessária uma efetiva proporcionalidade entre a gravidade da conduta que se pretende punir e a drasticidade estatal. → Princípios Constitucionais explícitos e implícitos. • Explícitos (expressos em lei) Ex.: Dignidade da Pessoa Humana (art. 1°, CF) • Implícitos (não estão expressas em lei) → Princípio da Individualização da Pena • A lei regulará a individualização da pena e adotará dentre outras: - Privação ou restrição da liberdade - Perda de bens - Multas - Prestação de social alternativa - Suspensão ou interdição de direitos • Ou seja, a pena não deve ser padronizada. → Princípio da Personalidade ou da Intranscendência da Pena: • Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendida aos sucessores e a eles executados, até o limite do patrimônio transferido. → Princípios Implícitos • São os princípios que não se encontram expressos na lei, partem da premissa da interpretação. Ex.: Princípio da Intervenção Mínima: o Estado só vai intervir em assuntos de determinada relevância social. • Princípio da Taxatividade: todas as leis devem ser claras, precisas e bem elaboradas de modo que seus destinatários possam compreender de forma plena o assunto. Impossibilitando dívidas. Não pode ter conceitos vagos e imprecisos. • Princípio da Lesividade: as proibições penais somente se justificam quando se referem a condutas que afetam gravemente a direitos de terceiros, como consequência, não podem ser concebidas como respostas puramente éticas. Parece o Princípio da Insignificância. → Finalidade do Direito Penal • Proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade. • É por isso que o Direito Penal vive em constante movimento, tentando adaptar as novas realidades sociais. • Seleção dos bens jurídicos penais: os valores obrigados pela Constituição Federal, tais como a liberdade, a segurança, o bem-estar social, a igualdade e a justiça. • Direito Penal objetivo e Direito Penal subjetivo: → Direito Penal objetivo: é o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes. (poder de criação de leis). → Direito Penal subjetivo: é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Poder Judiciário. (aplicação de leis). → Fontes de Direito Penal • Cabe tão somente à União, como única fonte de produção, criar as normas de Direito Penal. • Embora seja competência privativa da União legislar sobre Direito Penal, excepcionalmente os Estados membros podem fazê-lo quanto a questões específicas. Ex.: trânsito local, desde que haja autorização por lei complementar (art. 22, CF, parágrafo único). → Classificação das Fontes de Direito Penal: • Imediatas: seria a lei para saber se determinada conduta é punível no Direito Penal. • Mediatas: costumes e princípios gerais.
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• Mediatas: costumes e princípios gerais. Ex.: Costume - "repouso noturno". → Da norma penal: • De acordo com o Princípio da Reserva Legal, em matéria penal, pelo fato de lidarmos com o direito de liberdade dos cidadãos, pode-se fazer tudo aquilo que não esteja proibido em lei. Isso quer dizer que, embora a conduta do agente possa até ser reprovável socialmente, se não houver um tipo penal incriminador proibindo-a, ele poderá praticá-la sem que lhe seja aplicada qualquer sanção de caráter penal. Ex.: não cumprimentar os vizinhos → Classificação das normas penais: • Normas penais incriminadoras (criminalizar) - preceito primário: descrição detalhada - preceito secundário: individualizar a pena Ex.: Art. 155, CP: subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel (preceito primário). Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa (preceito secundário). • Normas penais não incriminadora (descriminalizar): possuem as seguintes finalidades - Tornar lícitas determinadas condutas; - Afastar a culpabilidade; - Esclarecer determinados conceitos. ▪ Subdivididas em: - Permissivas: afastar a ilicitude - Explicativas: esclarecer - Complementares: princípios gerais para aplicações Ex. (permissivas): Art. 23, CP: Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade II - em legítima defesa III - em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de Direito. Ex. (explicativas): Art. 327, CP: Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Ex. (complementares): Art. 59, CP: O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime. → Normas penais em branco: • Necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Isso significa que, embora haja uma descrição da conduta proibida, essa descrição requer um complemento extraído de outro diploma. • Analisando o art. 121, CP, "matar alguém", não há necessidade de outro diploma para a compreensão; • Por outro lado, o art. 28 da Lei de Drogas necessita dessa complementação: álcool/cigarro. • Diz-se em branco a norma penal em branco porque seu preceito primário não é completo. É preciso complementação. • Norma penal em branco homogênea: mesma fonte • Norma penal em branco heterogênea: fonte diferente → Anomia e Antinomia: • Anomia: ausência de normas, ou, ainda, embora existindo essas normas, a sociedade não lhe dá o devido valor. • Antinomia: situação que se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico. • Como resolver: - Critério cronológico - Critério hierárquico - Critério da especialidade. Ex.: Lei de Drogas Concurso ou conflito aparente de normas gerais • Fala-se em concurso aparente de normas quando, para determinado fato, existem duas ou mais normas que poderão ele incidir. • Como o conflito deve ser resolvido? - Princípio da Especialidade - Princípio da Subsidiariedade - Princípio da Consunção - Princípio da Alternatividade • Princípio da Especialidade: a norma especial afasta a norma geral. Homicídio x Feminicídio x Infanticídio • Princípio da Subsidiariedade: Art. 132, CP, somente o delito de perigo se o fato não constituir em crime mais grave. Art. 301 x Art. 302, CP. • Princípio da Consunção: - Quando um crime é meio necessário ou normal fase de preparação
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- Quando um crime é meio necessário ou normal fase de preparação ▪ O crime de lesão absorve o crime de perigo. ▪ O homicídio absorve a lesão corporal. ▪ Antifato impunível ▪ Súmula 17 (STF): falsa assinatura x estelionato - Crime progressivo e progressão criminosa ▪ Há crime progressivo quando o agente, a fim de alcançar o resultado pretendido pelo seu dolo, obrigatoriamente produz outro, antecedente e de menor gravidade, sem o qual não atingiria seu fim: Ex.: lesão corporal x homincídio ▪ Na progressão criminosa, incialmente crime de menor lesividade. Resolve → resultado mais grave. • Princípio da alternatividade Ex.: Suponhamos que o agente tenha, em depósito e venda, drogas (2 condutas). Nesse caso, não poderia ser punido duas vezes. ▪ Ação múltipla. Elementares • São dados essenciais à figura típica, sem os quais ocorre uma atipicidade absoluta. • Atipicidade absoluta: quando, por faltar uma elementar indispensável ao tipo, torna-se indispensável pena. Ex.: subtrai o próprio guarda-chuva, supondo ser de outro. (ausente a elementar coisa alheia móvel). • Atipicidade relativa: Ex.: funcionário público, não se valendo da facilidade do cargo, subtrais computador de sua repartição. Não é um indiferente penal. - Peculato (art. 312, § 1°, CP) x furto (art. 155, CP) Ex.: mulher mata seu filho recém-nascido sem estado puerperal. Não é um indiferente penal. - Infanticídio (art. 123, CP) x homicídio (art. 121, CP). • Abstraído uma elementar: atipicidade absoluta x atipicidade relativa (desclassificação).