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Revisão 1° V.A.

sábado, 21 de janeiro de 2023 13:06

Princípios Constitucionais de Garantia do Cidadão


• Muitos estão elencados no art. 5° da Constituição Federal e protegem o cidadão do poder punitivo estatal. Eles também impõem limites à
intervenção estatal nas liberdades individuais. Neste sentido, são chamados de princípios limitadores.
→ Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal (Anterioridade):
• É o mais importante princípio do Direito Penal. Segundo ele, não crime anterior sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Ou
seja, este princípio impede que a existência de crimes ou pena seja determinada de outra forma que não seja a lei.
→ Princípio da Intervenção Mínima:
• O Princípio da Legalidade impõe limites à arbitrariedade estatal, mas não impede que o Estado faça leis criando penas cruéis ou degradantes.
Assim, também é importante a imposição de limites ao poder de legislar do Estado.
→ O Direito Penal deve ser a Ultima ratio, ou seja, a última razão, só deve atuar quando os demais ramos do Direito se mostrarem incapazes.
→ Princípio da Culpabilidade
• Segundo esse princípio, não há crime sem culpa, antigamente existia a punição levando-se em conta apenas o resultado.
→ Princípio da Insignificância
• A tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos bens penalmente protegidos. Segundo esse princípio, também chamado de
Princípio da Bagatela, é necessária uma efetiva proporcionalidade entre a gravidade da conduta que se pretende punir e a drasticidade estatal.
→ Princípios Constitucionais explícitos e implícitos.
• Explícitos (expressos em lei)
Ex.: Dignidade da Pessoa Humana (art. 1°, CF)
• Implícitos (não estão expressas em lei)
→ Princípio da Individualização da Pena
• A lei regulará a individualização da pena e adotará dentre outras:
- Privação ou restrição da liberdade
- Perda de bens
- Multas
- Prestação de social alternativa
- Suspensão ou interdição de direitos
• Ou seja, a pena não deve ser padronizada.
→ Princípio da Personalidade ou da Intranscendência da Pena:
• Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos
da lei, estendida aos sucessores e a eles executados, até o limite do patrimônio transferido.
→ Princípios Implícitos
• São os princípios que não se encontram expressos na lei, partem da premissa da interpretação.
Ex.: Princípio da Intervenção Mínima: o Estado só vai intervir em assuntos de determinada relevância social.
• Princípio da Taxatividade: todas as leis devem ser claras, precisas e bem elaboradas de modo que seus destinatários possam compreender de
forma plena o assunto. Impossibilitando dívidas. Não pode ter conceitos vagos e imprecisos.
• Princípio da Lesividade: as proibições penais somente se justificam quando se referem a condutas que afetam gravemente a direitos de
terceiros, como consequência, não podem ser concebidas como respostas puramente éticas. Parece o Princípio da Insignificância.
→ Finalidade do Direito Penal
• Proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade.
• É por isso que o Direito Penal vive em constante movimento, tentando adaptar as novas realidades sociais.
• Seleção dos bens jurídicos penais: os valores obrigados pela Constituição Federal, tais como a liberdade, a segurança, o bem-estar social, a
igualdade e a justiça.
• Direito Penal objetivo e Direito Penal subjetivo:
→ Direito Penal objetivo: é o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes. (poder de criação de leis).
→ Direito Penal subjetivo: é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões condenatórias
proferidas pelo Poder Judiciário. (aplicação de leis).
→ Fontes de Direito Penal
• Cabe tão somente à União, como única fonte de produção, criar as normas de Direito Penal.
• Embora seja competência privativa da União legislar sobre Direito Penal, excepcionalmente os Estados membros podem fazê-lo quanto a
questões específicas.
Ex.: trânsito local, desde que haja autorização por lei complementar (art. 22, CF, parágrafo único).
→ Classificação das Fontes de Direito Penal:
• Imediatas: seria a lei para saber se determinada conduta é punível no Direito Penal.
• Mediatas: costumes e princípios gerais.

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• Mediatas: costumes e princípios gerais.
Ex.: Costume - "repouso noturno".
→ Da norma penal:
• De acordo com o Princípio da Reserva Legal, em matéria penal, pelo fato de lidarmos com o direito de liberdade dos cidadãos, pode-se fazer
tudo aquilo que não esteja proibido em lei. Isso quer dizer que, embora a conduta do agente possa até ser reprovável socialmente, se não
houver um tipo penal incriminador proibindo-a, ele poderá praticá-la sem que lhe seja aplicada qualquer sanção de caráter penal.
Ex.: não cumprimentar os vizinhos
→ Classificação das normas penais:
• Normas penais incriminadoras (criminalizar)
- preceito primário: descrição detalhada
- preceito secundário: individualizar a pena
Ex.: Art. 155, CP: subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel (preceito primário).
Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa (preceito secundário).
• Normas penais não incriminadora (descriminalizar): possuem as seguintes finalidades
- Tornar lícitas determinadas condutas;
- Afastar a culpabilidade;
- Esclarecer determinados conceitos.
▪ Subdivididas em:
- Permissivas: afastar a ilicitude
- Explicativas: esclarecer
- Complementares: princípios gerais para aplicações
Ex. (permissivas): Art. 23, CP: Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade
II - em legítima defesa
III - em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de Direito.
Ex. (explicativas): Art. 327, CP: Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
Ex. (complementares): Art. 59, CP: O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos,
às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a
reprovação e prevenção do crime.
→ Normas penais em branco:
• Necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Isso significa que, embora
haja uma descrição da conduta proibida, essa descrição requer um complemento extraído de outro diploma.
• Analisando o art. 121, CP, "matar alguém", não há necessidade de outro diploma para a compreensão;
• Por outro lado, o art. 28 da Lei de Drogas necessita dessa complementação: álcool/cigarro.
• Diz-se em branco a norma penal em branco porque seu preceito primário não é completo. É preciso complementação.
• Norma penal em branco homogênea: mesma fonte
• Norma penal em branco heterogênea: fonte diferente
→ Anomia e Antinomia:
• Anomia: ausência de normas, ou, ainda, embora existindo essas normas, a sociedade não lhe dá o devido valor.
• Antinomia: situação que se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico.
• Como resolver:
- Critério cronológico
- Critério hierárquico
- Critério da especialidade.
Ex.: Lei de Drogas
Concurso ou conflito aparente de normas gerais
• Fala-se em concurso aparente de normas quando, para determinado fato, existem duas ou mais normas que poderão ele incidir.
• Como o conflito deve ser resolvido?
- Princípio da Especialidade
- Princípio da Subsidiariedade
- Princípio da Consunção
- Princípio da Alternatividade
• Princípio da Especialidade: a norma especial afasta a norma geral. Homicídio x Feminicídio x Infanticídio
• Princípio da Subsidiariedade: Art. 132, CP, somente o delito de perigo se o fato não constituir em crime mais grave. Art. 301 x Art. 302, CP.
• Princípio da Consunção:
- Quando um crime é meio necessário ou normal fase de preparação

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- Quando um crime é meio necessário ou normal fase de preparação
▪ O crime de lesão absorve o crime de perigo.
▪ O homicídio absorve a lesão corporal.
▪ Antifato impunível
▪ Súmula 17 (STF): falsa assinatura x estelionato
- Crime progressivo e progressão criminosa
▪ Há crime progressivo quando o agente, a fim de alcançar o resultado pretendido pelo seu dolo, obrigatoriamente produz outro, antecedente e de
menor gravidade, sem o qual não atingiria seu fim:
Ex.: lesão corporal x homincídio
▪ Na progressão criminosa, incialmente crime de menor lesividade. Resolve → resultado mais grave.
• Princípio da alternatividade
Ex.: Suponhamos que o agente tenha, em depósito e venda, drogas (2 condutas). Nesse caso, não poderia ser punido duas vezes.
▪ Ação múltipla.
Elementares
• São dados essenciais à figura típica, sem os quais ocorre uma atipicidade absoluta.
• Atipicidade absoluta: quando, por faltar uma elementar indispensável ao tipo, torna-se indispensável pena.
Ex.: subtrai o próprio guarda-chuva, supondo ser de outro. (ausente a elementar coisa alheia móvel).
• Atipicidade relativa:
Ex.: funcionário público, não se valendo da facilidade do cargo, subtrais computador de sua repartição. Não é um indiferente penal.
- Peculato (art. 312, § 1°, CP) x furto (art. 155, CP)
Ex.: mulher mata seu filho recém-nascido sem estado puerperal. Não é um indiferente penal.
- Infanticídio (art. 123, CP) x homicídio (art. 121, CP).
• Abstraído uma elementar: atipicidade absoluta x atipicidade relativa (desclassificação).

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