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A autonomização do DP é hoje aceite, mas com limites. O artigo 18.º n.º2 CRP é
o limite. É necessário cumprir o princípio da proporcionalidade sobretudo numa
vertente de proibição do excesso nas iniciativas legisladoras ordinárias. Ou seja, uma
proibição do excesso nas iniciativas do legislador ordinário de criminalizar tudo.
Esta ideia também se relaciona com o princípio da fragmentariedade penal, o
direito penal não pode ir a todo lado. A ideia da proibição tem muitos espaços em
brancos que não podem ser preenchidos pelo DP, isto é, que podem ser preenchidos por
outros ramos do direito. Exemplo: não dar o lugar a uma pessoa gravida no autocarro
não é crime nem tem que ser – ordem da educação, ética, moral. Não se pode confundir
com a ordem jurídica, designadamente o jurídico penal.
É óbvio que o DP tem autonomia constitutiva em termos de incriminação de
comportamentos, mas está-se sempre mais salvaguardado quando se encontra um
respaldo constitucional.
É um problema que se mantém, não há uma posição correta. Há argumentos para que
seja infraconstitucional e outros para não seja infra constitucional.
Princípios
Princípios gerais constitucionais: embora existia relação de mútua referência, o DP tem
autonomia para criação de ilicitude. Alguns princípios da CRP são tão transversais que
não se podem abdicar deles, como por exemplo o princípio da legalidade. Este principio
subdivide-se em 4 sub princípios (corolários): não há crime nem pena sem lei.
1. Lei prévia: princípio da irretroatividade da lei penal quando é desfavorável ao
agente. Quando se aplica retroativamente a lei mais favorável, não é uma
exceção a este princípio. Aplicar-se retroativamente a lei que seja favorável: é a
outra face deste princípio. É a compreensão global do princípio.
2. Principio da reserva de lei forma (artigo 165.º n.º1 CRP): a CRP indica que são
competentes para criação da lei penal a AR e o Governo mediante autorização.
3. Proibição da analogia. Contudo, não é uma exceção ao princípio da legalidade
quando se aplica a analogia. Apenas é proibida a analogia quando é desfavorável
ao arguido - artigo 1.º n.º3 CP.
4. Princípio da tipicidade, mais propriamente da determinabilidade: tem que ver
com o facto da lei ser certa. Será que as normas penais em branco são
inconstitucionais? Normas penais em branco contém uma incriminação, mas
remetem para outra norma bem determinada. Remete por exemplo para uma
portaria onde estão definidas as substâncias psicoativas – determinabilidade de
segundo grau.
Figueiredo Dias: pune-se o agente por contraordenação porque o que está em causa é a
continuidade na ilicitude, o legislador não diz que a sucessão tenha que ser penal (pode-
se interpretar que não tenha que ser penal). Assim, desde que exista lei mais favorável,
pode-se aplicá-la. E nem se viola o princípio da legalidade porque o arguido quando
praticou o facto tinha obrigação de saber que era crime. Ao ser confrontado com o facto
de ser contraordenação e não ser crime, não é desfavorável ao arguido. Quem está
preparado para o mais esta preparado para o menos. Até é vantajoso ser aplicado o
direito contraordenacional.
Além disso, não se pode equiparar as situações de descriminalização, sob pena de se
violar a igualdade entre agentes que tem uma acusação sobre um facto que já não releva
(facto neutro), e agentes sobre os quais ainda pende acusação de um facto que tem
alguma relevância em termos jurídicos, designadamente uma contraordenação.
Artigo 2.º n.º4 2.ª parte CP: até 2007 esta norma tinha o limite do caso julgado, ou
seja, poder-se-ia aplicar a lei mais favorável desde que não houvesse caso julgado.
Atualmente, se estiverem a cumprir pena ainda podem beneficiar desta norma. Contudo,
cria-se, em casos de coautoria, injustiça relativa (pois nem todos estão a cumprir a
mesma pena). Quando o legislador retirou o requisito do caso julgado os penalistas
invocaram a intromissão do poder legislativo no poder judicial – quem determinou a
pena foi o poder judicial e o poder legislativo intromete-se.
Resolução do legislador: artigo 371.º-A CPP – reabertura do julgamento para efeitos de
aplicação retroativa da lei penal desfavorável. É uma reapreciação difícil, pois nunca vai
beneficiar todos os coarguidos. Apenas minimiza o problema. Há quem questione o
retorno do “caso julgado” ao artigo.
Artigo 7.º CP – no caso da tentativa, o n.º2 adiciona um critério. Nos casos dos crimes
de tentativa, inclui-se o critério da representação do resultado. O n.º2 do artigo 7.º é
mobilizado nos casos de tentativa em que não seja possível dizer que Portugal é lugar da
pratica do facto por nenhum dos critérios do n.º1 CP. Se for possível, apenas se recorre
ao n.º1 CP.
A esmagadora maioria dos casos são conflitos positivos de competência. Desde que
tenha ocorrido um pouco cá, mobiliza-se o princípio da territorialidade (artigo 4.º CP).
Única exceção à aplicação da LP portuguesa aos casos de aplicação princípio da
territorialidade: existir tratado ou convenção internacional em contrário.
TIPOS INCRIMINADORES
O tipo de ilícito tem uma dimensão objetiva mas também tem um tipo subjetivo.
Na parte do tipo objetivo de ilícito encontra-se a imputação objetiva de um resultado a
uma conduta.
1.ª nota - Tipo de ilícito vs. Tipo e ilícito: faz mais sentido os dois juntos; o tipo por si
só é apenas a epigrafe dos artigos sem a proibição.
São exceções?
Nota:
Crime doloso praticado por ação e consumado é o mais grave.
Tentativa e negligência são as únicas que não são compatíveis.
Bens jurídicos nos tipos incriminadores – é criado para uma situação geral. O que o
tipo incriminador protege é um bem jurídico protege
Causa justificação existe para aquela situação concreta. Quando se mobiliza causa
de justificação mobiliza-se para um caso concreto – logo fala-se em interesse
juridicamente protegido.
ORAL CEJ: É muito mais benéfico invocar causa de justificação de ilicitude do que
causas de justificação da culpa. Porquê?
Com a exclusão da ilicitude não se pode agir em LD. Se se afastar apenas a
culpa ainda se pode usar LD (porque a LD não exige a culpa).
Se afastar a ilicitude não se pode aplicar nenhuma reação criminal; nem
nenhuma reação num processo tutelar educativo. Porque se existe a prática de
facto típico ilícito, mesmo que não haja culpa ainda se pode aplicar alguma
reação criminal. No caso de faltar a ilicitude não se pode aplicar nada.
A licitude refere-se ao facto, pelo que se comunica aos comparticipantes.
Beneficia do afastamento da ilicitude do facto. Se se afasta a culpa que é
pessoal, não se comunica aos outros comparticipantes.