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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

DGESTE-DIREÇÃO GERAL
DOS ESTABELECIMENTOS ESCOLARES
DIREÇÃO DE SERVIÇOS DA REGIÃO ALGARVE- DSRAL
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR.ª LAURA AYRES

UFCD- 8985 Princípios legais base

aplicáveis à distribuição

25 horas
Manual de Formação

Objetivos gerais:
 Explicar a importância da aplicação da legislação adequada à distribuição.
 Enumerar os principais delitos económicos a que esta área de atuação está
sujeita.
 Identificar os requisitos essenciais para garantir o sucesso no âmbito de
atuação
 Identificar as coimas e sanções a que a ocorrência do delito pode estar sujeita.
Conteúdos:
 Enquadramento
 Delitos económicos
o Noção
o Tipologias
 - Crimes contra a saúde pública - código penal
 - Crimes contra a economia
 - Contraordenações
 - Outras
o Contraordenações
 - Coimas
 - Sanções acessórias
 Defesa do consumidor
o Venda de bem não conforme, dentro do prazo de garantia
o Reparação fora do prazo de garantia
o Avaria do bem cuja reparação não pode ser abrangida pela garantia
o Venda (intencional) de artigo com defeito
o Consumidor pretende efetuar a troca/reembolso do preço sem causa
justificativa
o Direito de informação
 Regime geral de fixação dos preços
 Saldos e promoções
 Rotulagem
o Rotulagem em português
o Rotulagem alimentar

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Manual de Formação

 - Géneros alimentícios pré-embalados


 - Géneros alimentícios não pré-embalados
 - Menções obrigatórias
 - Coimas
 - Sanções acessórias
 Furtos e roubos
 Cheques
o Requisitos essenciais
o Principais crimes
o Procedimentos
 Livro de Reclamações
o Noção
o Obrigações do retalhista
o Procedimento da ASAE
o Contraordenações
o Sanções acessórias
 Procedimentos com as autoridades administrativas

Índice
FICHA TÉCNICA.............................................................................................................................2

Introdução....................................................................................................................................7

Delitos económicos......................................................................................................................8

Tipologias................................................................................................................................8

Crimes contra a saúde pública - código penal..........................................................................8

Crimes contra a economia........................................................................................................9

Outras Contraordenações.......................................................................................................10

Defesa do consumidor................................................................................................................11

Direitos do consumidor..........................................................................................................11

Bem não conforme.................................................................................................................12

Prova da falta de conformidade..............................................................................................12

Prazo para reclamar................................................................................................................13

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Manual de Formação

Bens usados............................................................................................................................13

Direito de regresso.................................................................................................................13

Reparação fora do prazo de garantia......................................................................................14

Avaria do bem cuja reparação não pode ser abrangida pela garantia......................................15

Venda (intencional) de artigo com defeito.............................................................................15

Consumidor pretende efetuar a troca/reembolso do preço sem causa justificativa.................16

Direito de informação.............................................................................................................16

Regime geral de fixação dos preços.......................................................................................17

Saldos e promoções................................................................................................................17

Preço de referência /Afixação de preços.................................................................................18

Produtos com defeito / Substituição do produto.....................................................................18

Rotulagem..................................................................................................................................19

Rotulagem em português........................................................................................................19

Coimas...................................................................................................................................21

Sanções Acessórias................................................................................................................23

Rotulagem alimentar..................................................................................................................24

Menções obrigatórias.............................................................................................................24

Géneros alimentícios pré-embalados......................................................................................24

Géneros alimentícios não pré-embalados...............................................................................25

Coimas...................................................................................................................................26

Sanções acessórias.................................................................................................................29

Furtos e roubos...........................................................................................................................29

Cheques......................................................................................................................................33

Livro de Reclamações................................................................................................................34

Obrigações do retalhista.........................................................................................................35

Procedimento da ASAE..........................................................................................................35

Contraordenações...................................................................................................................36

Sanções acessórias.................................................................................................................37

Procedimentos com as autoridades administrativas................................................................37

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Manual de Formação

Introdução
Portugal é um dos poucos países do mundo em que os direitos do consumidor estão
consagrados constitucionalmente. Os consumidores dispõem de um conjunto de direitos
que salvaguardam os seus interesses.

Originalmente o conceito de distribuição confundia-se com distribuição física de


mercadorias, ou seja: transporte de produtos entre uma origem (produção) e os locais
onde se tornam acessíveis aos consumidores (pontos de venda), podendo incluir várias
etapas e diversos intervenientes.

Nas últimas décadas, nos países desenvolvidos, a era da escassez foi substituída pela da
abundância, que se caracteriza pelo facto da maioria dos consumidores ter as suas
principais necessidades integralmente satisfeitas e se assistir por isso a uma gradual
saturação de consumo em muitas categorias de produtos básicos.

Agora quem manda é o consumidor, que não compra aquilo que há, mas aquilo que
quer!

Agora quem compra está preservado pelos Princípios legais base aplicáveis à
distribuição.

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Delitos económicos

A criminalidade económico-financeira é comummente associada aos crimes cometidos


pelos poderosos, pelas elites, pelas classes altas (crime de colarinho branco).

Tem por objectivo a obtenção de lucros ilimitados e desenvolve-se no contexto de


actividades legais, pelo que, goza de um grau de invisibilidade que dificulta a sua
perseguição criminal.

Tipologias
 Estelionato - falsificação de dinheiro.
 Lavagem de dinheiro
 Fraude - Furto, assalto, extorsão e extorsão mediante sequestro de
dinheiro mediante violação do direito autoral.

Crimes contra a saúde pública - código penal

Os crimes contra a saúde pública – que emergem ao lado do crime previsto na parte
especial do Código Penal, quando está em causa particular ou especificamente a vida, a
saúde e a integridade física dos lesados - visam proteger, igualmente, os consumidores
de condutas que colocam em crise a sua proteção da confiança nas relações negociais.

Estão compreendidos, neste catálogo, o Crime de Abate clandestino (art. 22º do


Decreto-Lei n.º 28/84 de 20 de janeiro relativo as Infrações Antieconómicas e Contra a
Saúde Publica) ou o Crime Contra a Genuinidade, Qualidade ou Composição de
Géneros Alimentícios e Aditivos Alimentares (art. 24.º) e para animais (art.25.º)

Estes crimes revestem a natureza pública, pelo que, a legitimidade do procedimento


criminal não está dependente de queixa do titular ou lesado, bastando, para tanto, a
simples participação dos factos ou denúncia (que poderá ser feita, por qualquer meio, à
ASAE ou junto do tribunal).

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Manual de Formação

Crimes contra a economia

A previsão destes delitos (e a sua investigação) visa garantir os interesses dos


consumidores (considerando, sobretudo, a decisão autónoma e consciente do
consumidor), bem como a livre prática e concorrência leal entre os operadores
económicos e a estabilidade dos mercados, através, por exemplo, do controlo dos preços
de determinados bens.

Com efeito, no catálogo dos delitos antieconómicos (no Decreto-Lei 28/84, de 20 de


Janeiro), estão previstos, entre outros, os crimes de Açambarcamento (art. 28.º),
Exportação ilícita de bens (art. 33.º), Ofensa à Reputação Económico (art. 41.º), o crime
de Especulação (venda de artigos ou prestação de serviços acima de valor legalmente
estabelecido, previsto no art. 35.º) e Fraude sobre Mercadorias (art. 23.º).

Estes crimes revestem a natureza pública, pelo que, a legitimidade do procedimento


criminal não está dependente de queixa do titular ou lesado, bastando, para tanto, a
simples participação dos factos ou denúncia (que poderá ser feita, por qualquer meio, à
ASAE ou junto do tribunal).

Outras Contraordenações

 Coimas
As coimas podem aplicar-se tanto às pessoas singulares como às pessoas coletivas, bem
como às associações sem personalidade jurídica.

As pessoas coletivas ou equiparadas serão responsáveis pelas contraordenações


praticadas pelos seus órgãos no exercício das suas funções.

A determinação da medida da coima faz-se em função da gravidade da contraordenação,


da culpa, da situação económica do agente e do benefício económico que este retirou da
prática da contraordenação.

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Manual de Formação

 Sanções acessórias
Nos casos em que a lei o determine poderá decidir-se como sanção acessória de uma
contraordenação a apreensão de objetos.

A apreensão só será permitida quando:

a) Ao tempo da decisão os objetos pertençam ao agente;

b) Representem um perigo para a comunidade ou para a prática de um crime ou de outra


contraordenação;

c) Tendo sido alienados ou onerados a terceiro, este conhecesse, ou devesse


razoavelmente conhecer, as circunstâncias determinantes da possibilidade da sua
apreensão.

A lei poderá também, simultaneamente com a coima, determinar, entre outras, as


seguintes sanções acessórias:

a) Interdição de exercer uma profissão ou uma atividade;

b) Privação do direito a subsídio outorgado por entidades ou serviços públicos;

c) Privação do direito de participar em feiras ou mercados.

As sanções referidas no número anterior terão a duração máxima de 2 anos, contados a


partir da decisão condenatória definitiva.

A lei poderá ainda determinar os casos em que deva dar-se publicidade à punição por
contraordenação.

Defesa do consumidor

Direitos do consumidor

O consumidor tem direito:

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Manual de Formação

a) À qualidade dos bens e serviços;

b) À proteção da saúde e da segurança física;

c) À formação e à educação para o consumo;

d) À informação para o consumo;

e) À proteção dos interesses económicos;

f) À prevenção e à reparação dos danos patrimoniais ou não patrimoniais que resultem


da ofensa de interesses ou direitos individuais homogéneos, coletivos ou difusos;

g) À proteção jurídica e a uma justiça acessível e pronta;

h) À participação, por via representativa, na definição legal ou administrativa dos seus


direitos e interesses.

Bem não conforme

Um bem não é conforme com o contrato quando:

a) Não for conforme com a descrição que dele é feita ou não possua as qualidades
apresentadas pelo vendedor, através de uma amostra ou modelo (alínea a) do n.º
2 do artigo 2.º).

Prova da falta de conformidade

A desconformidade existe nas seguintes situações:

a) Vício ou defeito do bem.


As informações prestadas pelo vendedor, fornecedor, fabricante, produtor ou locador
devem ser obrigatoriamente respeitadas. Podem ser dadas oralmente ou constar de um
catálogo, um folheto, um cartaz, uma amostra, uma fotografia, um fax, um e-mail, um

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Manual de Formação

contrato-promessa, uma nota de encomenda, um rótulo ou uma mensagem publicitária,


entre muitos outros meios.

Quanto à publicidade, é importante referir que o n.º 5 do artigo 7.º da Lei de Defesa do
Consumidor estabelece que “as informações concretas e objetivas contidas nas
mensagens publicitárias de determinado bem (…) consideram-se integradas no
conteúdo dos contratos que se venham a celebrar após a sua emissão, tendo-se por não
escritas as cláusulas contratuais em contrário”.

Prazo para reclamar

Para exercer os seus direitos, o consumidor deve denunciar ao vendedor a falta de


conformidade num prazo de dois meses, caso se trate de bem móvel, ou de um ano, se
se tratar de bem imóvel, a contar da data em que a tenha detetado.

Bens usados

A presunção de que a falta de conformidade que se manifeste nos 2 ou 5 anos seguintes


à entrega do bem móvel ou imóvel, respetivamente, existiam nesta data, aplica-se a
todos os contratos de venda para consumo, seja de bens novos seja de bens usados. No
entanto, deve ter-se em atenção o disposto no artigo 5.º quanto aos bens móveis usados.
Quanto a estes, o prazo pode ser reduzido, por acordo, para um ano.

Direito de regresso

Se um determinado profissional, por exemplo, o vendedor, satisfizer um dos direitos do


consumidor, repondo a conformidade do bem, isto não quer dizer que ele seja o
“verdadeiro” responsável pela desconformidade do bem. Nesta situação, a lei confere-
lhe o direito a ser ressarcido pelas despesas e/ou encargos que tenha suportado perante o

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Manual de Formação

consumidor, com a reposição da conformidade do bem. Trata-se do chamado direito de


regresso.

Reparação fora do prazo de garantia

Fora da garantia, só com orçamento.

Procure um serviço de reparações que conheça ou do qual tenha boas referências.


Descreva a situação com rigor e peça um orçamento escrito e detalhado antes de
avançar. Se lhe parecer caro ou suscitar dúvidas, pesquise outros orçamentos e compare-
os. Como é uma prestação de serviços, podem cobrar-lhe pela realização do orçamento.
Informe-se antes sobre as condições.

Avise o reparador escolhido de que qualquer trabalho ou substituição de material não


prevista no orçamento só pode ser feita com o seu acordo prévio. Caso avancem com
alguma intervenção que não tenha o seu consentimento expresso, não podem cobrar-lha.

Informe que deseja receber as peças substituídas (se for o caso). Mesmo não sendo
garantia de que houve substituição, mostra que é um cliente atento. Depois de as ver, se
não fizer questão de ficar com elas, deixe-as no estabelecimento para que tenham um
tratamento adequado.

O reparador deve fornecer-lhe um comprovativo de depósito. Exija-o e verifique se


contém a identificação do reparador, do aparelho e dos acessórios e a data de entrega.
Enquanto o aparelho estiver à sua guarda, o serviço é responsável por ele.

Fatura discriminada para reclamar

Quando levantar o aparelho reparado, verifique na presença do técnico se existe algum


problema. Se houver, não pague até que o defeito seja corrigido. Se for conveniente,
pode aceitar a reparação sob reserva e tem um ano para exigir a eliminação dos defeitos.

Confira se a descrição que consta da fatura corresponde ao serviço. Se for muito


sumária ou tiver erros e omissões, exija uma fatura correta e discriminada, que
identifique os componentes trocados. Após a entrega do bem reparado, tem 2 anos de
garantia para eliminar eventuais defeitos sem custos. As peças substituídas devido a

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Manual de Formação

avaria também beneficiam de uma garantia de dois anos. Nos dois casos, a fatura é
fundamental para provar datas e trabalhos realizados.

Avaria do bem cuja reparação não pode ser abrangida pela garantia

Nos termos das disposições conjugadas do n.º 1 do artigo 5.º e n.º 2 do artigo 4.º do
Decreto-Lei n.º 67/2003, de 8 de abril, com redação atual, só existe prazo de reparação
para os bens em garantia.

Os custos derivados são da responsabilidade do consumidor.

Venda (intencional) de artigo com defeito

Decorre do disposto no art. 913.º do Código Civil que se a coisa objeto da venda sofrer
de vício que a desvalorize ou impeça a realização do fim a que é destinada, ou não tiver
as qualidades asseguradas pelo vendedor ou necessárias para a realização daquele fim, é
reconhecido ao comprador o direito à anulação do contrato – art. 905.º do Código Civil
-, ou à redução do preço – art. 911.º do Código Civil -, e ainda a ser indemnizado pelos
prejuízos sofridos – arts. 908.º e 909.º do mesmo diploma legal.

Para além do direito à anulação por erro ou dolo, o regime da venda de coisa defeituosa
confere ainda ao comprador os direitos à reparação ou substituição da coisa - art. 914.º
do Código Civil -, à indemnização em caso de simples erro – art. 915.º do Código Civil
-, ao cumprimento coercivo ou à indemnização respetiva – art. 918.º do Código Civil - e
à garantia de bom funcionamento – art. 921.º do Código Civil.

Consumidor pretende efetuar a troca/reembolso do preço sem causa justificativa

Ao comprar na Internet a um vendedor profissional, tem direito a cancelar a sua compra,


ou seja, a devolver os bens comprados e a receber de volta o seu dinheiro, sem ter

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Manual de Formação

necessidade de qualquer justificação. O direito de cancelamento ou arrependimento


aplica-se a bens e serviços.

O consumidor tem um direito de cancelamento, seja qual for o país da União Europeia
em que a loja eletrónica se situe, incluindo a Islândia e a Noruega, mas as regras variam
de país para país. Nalguns casos está protegido pela lei portuguesa e noutros, pela
legislação do país em que se encontra a loja.

Tenha em atenção que este direito só se aplica se estiver a comprar a um profissional.


Se comprar a um particular, não se aplica o direito de cancelamento.

O período de cancelamento é de 14 dias seguidos, tal como em qualquer outro país da


UE, Islândia e Noruega.

Direito de informação

Informação em geral - Incumbe ao Estado, às Regiões Autónomas e às autarquias locais


desenvolver ações e adotar medidas tendentes à informação em geral do consumidor;

Publicidade lícita – a regulação da publicidade não protege unicamente os interesses do


consumidor, mas do cidadão.

Informação em especial - O fornecedor de bens ou prestador de serviços deve, tanto nas


negociações como na celebração de um contrato, informar de forma clara, objetiva e
adequada o consumidor, nomeadamente, sobre características, composição e preço do
bem ou serviço, bem como sobre o período de vigência do contrato, garantias, prazos de
entrega e assistência após o negócio jurídico.

Têm especial importância nesta matéria os seguintes aspetos:

 Informação pré-contratual
 Direito de retratação
 Direito de compensação

Regime geral de fixação dos preços

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Manual de Formação

O Decreto-Lei n.º 138/90, de 26 abril, regula a forma e a obrigatoriedade de indicação


de preços dos bens e serviços colocados à disposição do consumidor no mercado.

Coimas

1 - As infrações ao disposto nos artigos 1.º, 5.º, 6.º, 7.º, 8.º e 10.º do presente diploma
constituem contraordenação punível com as seguintes coimas:

a) De 50000$00 a 750000$00 se o infrator for uma pessoa singular;

b) De 500000$00 a 6000000$00 se o infrator for uma pessoa coletiva.

2 - A negligência é punível.

Saldos e promoções

De acordo com o consagrado no Decreto-Lei n.º 10/2015, de 16/01, posteriormente


alterado pelo Decreto-Lei n.º 70/2007, de 26/03, a venda de produtos por preço inferior
ao anteriormente praticado pode ser realizada em qualquer altura do ano e em diferentes
períodos, desde que não ultrapassem uma duração global de 4 meses por ano. As
reduções devem ter em conta o preço mais baixo praticado para o respetivo produto, no
mesmo local de venda, nos 30 dias anteriores ao início dos saldos. Por se tratar de uma
época especial de venda com redução de preço é essencial que o consumidor conheça os
seus direitos.

Preço de referência /Afixação de preços

Todos os bens ou serviços destinados a venda devem exibir o preço de forma


inequívoca e perfeitamente legível por meio de letreiros, etiquetas ou listas para que o
consumidor fique devidamente informado. Os preços dos produtos em saldo não
constituem exceção.

Os produtos em saldo devem exibir de forma visível o preço anteriormente praticado e o


novo preço com desconto. Em alternativa poderá antes ser apresentada a percentagem
da redução.

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Manual de Formação

Produtos com defeito / Substituição do produto

A venda de produtos com defeito é permitida, mas tal venda deve obedecer aos
seguintes requisitos: - A venda de produtos com defeito deve ser anunciada de forma
clara através de letreiros; - Os produtos com defeito devem estar expostos em local
previsto para o efeito e destacados da venda dos restantes produtos; - Devem ter aposta
uma etiqueta que identifique de forma precisa o respetivo defeito. Se estes requisitos
não forem cumpridos, o consumidor pode exigir a troca do produto por outro que
preencha a mesma finalidade ou a devolução do valor que tiver pago, mediante a
apresentação do comprovativo de compra.

Rotulagem

O rótulo é o "bilhete de identidade" de um produto e um fundamental meio de


informação ao consumidor, pelo que deve ser de fácil consulta e compreensão. O rótulo
facilita a correta atuação na conservação e uso do produto, bem como uma seleção
adequada em casos de consumidores com restrições à sua escolha por questões de
gostos pessoais, hábitos mais específicos e até questões de saúde, como é o caso de
alergias a certas substâncias e ingredientes.

Adicionalmente, o rótulo também se tem tornado um meio de publicidade cada vez mais
importante, realçando todas as características diferenciadoras do produto de forma
atrativa.

De modo a proteger o consumidor na interpretação dos rótulos, existe uma contínua


publicação de legislação que dita as regras a nível da relevância, da simplicidade e da
facilidade do conteúdo. Isto implica que, de forma as empresas encontrarem o que
realmente deve constar no rótulo e de que maneira, é necessária uma morosa pesquisa e
organização da documentação.

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Manual de Formação

Rotulagem em português

 Menções obrigatórias
Os géneros alimentícios pré-embalados para venda direta devem apresentar as seguintes
menções obrigatórias:

a) Denominação do género alimentício, a que se refere o artigo 17.º do Regulamento;

b) Indicação de substâncias ou produtos a que se refere o anexo ii do Regulamento


suscetíveis de provocar alergias ou intolerâncias;

c) Quantidade líquida do género alimentício, salvo nos casos previstos no n.º 1 do anexo
ix do Regulamento;

d) Data de embalamento, podendo facultativamente ser complementada com a data


limite de consumo, no pressuposto do estrito cumprimento das normas de higiene e
conservação previstas para a manipulação dos géneros alimentícios;

e) Condições especiais de conservação ou de utilização, sempre que aplicável;

f) Modo de emprego, sempre que aplicável;

g) Nome do país de origem ou local de proveniência, a que se refere o artigo 26.º do


Regulamento, tendo em consideração nomeadamente, a indicação de origem ou do local
de proveniências da carne fresca refrigerada e congelada de suíno, de ovino, de caprino
e de aves de capoeira, estabelecidas pelo Regulamento de Execução (UE) n.º
1337/2013, da Comissão, de 13 de dezembro de 2013;

h) O nome, denominação ou firma e o endereço da empresa do setor alimentar


responsável pelo embalamento, a que se refere o artigo 8.º do Regulamento.

3 - As menções obrigatórias referidas no número anterior e as menções facultativas


devem constar de um rótulo ou etiqueta.

4 - No caso das embalagens ou recipientes cuja face maior tenha uma superfície inferior
a 10 cm2, só são obrigatórias na embalagem ou no rótulo as menções previstas nas
alíneas a), b), c), e d) do n.º 2, sendo as menções referidas nas alíneas e), f), g) e h) do
mesmo número ser fornecidas por outros meios, ou disponibilizadas a pedido do
consumidor.

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Manual de Formação

Coimas

1 - Constitui contraordenação punível com coima, cujo montante mínimo é de (euro)


100 e máximo é de (euro) 3 740, no caso de o agente ser pessoa singular, e cujo
montante mínimo é de (euro) 250 e máximo é de (euro) 44 890, caso o agente seja
pessoa coletiva:

a) O incumprimento dos artigos 3.º a 8.º do presente decreto-lei relativos às informações


sobre géneros alimentícios não pré-embalados;

b) O incumprimento dos artigos 9.º e 10.º do presente decreto-lei relativos à indicação


das menções ou marcas que permitem identificar o lote ao qual pertence um género
alimentício.

2 - Constitui contraordenação punível com coima, cujo montante mínimo é de (euro)


100 e máximo é de (euro) 3 740, no caso de o agente ser pessoa singular, e cujo
montante mínimo é de (euro) 250 e máximo é de (euro) 44 890, caso o agente seja
pessoa coletiva:

a) O incumprimento do artigo 7.º do Regulamento, relativo às práticas leais de


informação;

b) O incumprimento do artigo 8.º do Regulamento, por parte do operador da empresa do


setor alimentar responsável pela informação sobre os géneros alimentícios;

c) A não indicação nos géneros alimentícios das menções obrigatórias exigidas pelo n.º
1 do artigo 9.º e pelos artigos 10.º e 11.º do Regulamento;

d) O incumprimento dos n.os 2 e 5 do artigo 12.º do Regulamento, relativo à


disponibilidade e localização da informação obrigatória sobre os géneros alimentícios;

e) O incumprimento dos n.os 1, 2, 3, 5 e 6 do artigo 13.º do Regulamento, relativo à


apresentação das menções obrigatórias;

f) O incumprimento dos n.os 1 e 2 do artigo 14.º do Regulamento, relativo à venda à


distância;

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Manual de Formação

g) O incumprimento dos n.os 1 a 4 do artigo 18.º do Regulamento, relativo à lista de


ingredientes;

h) O incumprimento dos requisitos exigidos pelo n.º 1 do artigo 21.º do Regulamento,


relativo à rotulagem de certas substâncias ou produtos que provocam alergias ou
intolerâncias;

i) O incumprimento do artigo 22.º do Regulamento, relativo à indicação quantitativa dos


ingredientes;

j) O incumprimento do artigo 23.º do Regulamento, relativo à quantidade líquida;

k) O incumprimento dos n.os 1 e 2 do artigo 24.º do Regulamento, relativo à data de


durabilidade mínima, data-limite de consumo e data de congelação;

l) O incumprimento do artigo 25.º do Regulamento, relativo às condições de


conservação ou de utilização;

m) O incumprimento do artigo 26.º do Regulamento, relativo à indicação do país de


origem ou local de proveniência;

n) O incumprimento do artigo 27.º do Regulamento, relativo às instruções de utilização;

o) O incumprimento do artigo 28.º do Regulamento, relativo à indicação do título


alcoométrico;

p) O incumprimento dos n.os 1 a 5 do artigo 30.º do Regulamento, relativo à declaração


nutricional;

q) O incumprimento do artigo 31.º do Regulamento, relativo ao cálculo do valor


energético;

r) O incumprimento dos artigos 32.º a 35.º do Regulamento, relativo à expressão e


apresentação da declaração nutricional;

s) O incumprimento dos artigos 36.º e 37.º do Regulamento, relativo aos requisitos


aplicáveis às informações prestadas voluntariamente sobre géneros alimentícios;

t) O incumprimento do artigo 3.º sobre a rastreabilidade, e do artigo 5.º relativo à


rotulagem da carne, previstos no Regulamento de Execução (UE) n.º 1337/2013, da
Comissão, de 13 de dezembro de 2013.

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Manual de Formação

3 - A negligência e a tentativa são puníveis.

4 - Para além da aplicação da coima, pode ser determinada, enquanto sanção acessória,
a perda de objetos pertencentes ao agente da infração.

5 - Às contraordenações previstas no presente decreto-lei é aplicável o regime geral das


contraordenações, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro, alterado
pelos Decretos-Leis n.os 356/89, de 17 de outubro, 244/95, de 14 de setembro,
323/2001, de 17 de dezembro, e pela Lei n.º 109/2001, de 24 de dezembro.

Sanções Acessórias

1 - A fiscalização do cumprimento do disposto no Regulamento e no presente decreto-


lei e a instrução dos respetivos processos de contraordenação competem à ASAE.

2 - A aplicação das coimas e sanções acessórias compete ao inspetor-geral da ASAE.

3 - Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, o produto das coimas reverte em:

a) 60 % para o Estado;

b) 30 % para a ASAE;

c) 10 % para a DGAV.

Rotulagem alimentar

Menções obrigatórias

Géneros alimentícios pré-embalados

1 - Os géneros alimentícios pré-embalados para venda direta são aqueles que foram
acondicionados no estabelecimento onde são apresentados para venda ao consumidor
final.

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Manual de Formação

2 - Os géneros alimentícios pré-embalados para venda direta devem apresentar as


seguintes menções obrigatórias:

a) Denominação do género alimentício, a que se refere o artigo 17.º do Regulamento;

b) Indicação de substâncias ou produtos a que se refere o anexo ii do Regulamento


suscetíveis de provocar alergias ou intolerâncias;

c) Quantidade líquida do género alimentício, salvo nos casos previstos no n.º 1 do anexo
ix do Regulamento;

d) Data de embalamento, podendo facultativamente ser complementada com a data


limite de consumo, no pressuposto do estrito cumprimento das normas de higiene e
conservação previstas para a manipulação dos géneros alimentícios;

e) Condições especiais de conservação ou de utilização, sempre que aplicável;

f) Modo de emprego, sempre que aplicável;

g) Nome do país de origem ou local de proveniência, a que se refere o artigo 26.º do


Regulamento, tendo em consideração nomeadamente, a indicação de origem ou do local
de proveniências da carne fresca refrigerada e congelada de suíno, de ovino, de caprino
e de aves de capoeira, estabelecidas pelo Regulamento de Execução (UE) n.º
1337/2013, da Comissão, de 13 de dezembro de 2013;

h) O nome, denominação ou firma e o endereço da empresa do setor alimentar


responsável pelo embalamento, a que se refere o artigo 8.º do Regulamento.

3 - As menções obrigatórias referidas no número anterior e as menções facultativas


devem constar de um rótulo ou etiqueta.

4 - No caso das embalagens ou recipientes cuja face maior tenha uma superfície inferior
a 10 cm2, só são obrigatórias na embalagem ou no rótulo as menções previstas nas
alíneas a), b), c), e d) do n.º 2, sendo as menções referidas nas alíneas e), f), g) e h) do
mesmo número ser fornecidas por outros meios, ou disponibilizadas a pedido do
consumidor.

Géneros alimentícios não pré-embalados

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Manual de Formação

Artigo 3.º

Géneros alimentícios para venda aos estabelecimentos de restauração coletiva sem pré-
embalagem

1 - Os géneros alimentícios não pré-embalados para venda aos estabelecimentos de


restauração coletiva sem pré-embalagem devem apresentar as seguintes menções
obrigatórias:

a) Denominação do género alimentício, a que se refere o artigo 17.º do Regulamento;

b) Indicação de substâncias ou produtos a que se refere o anexo ii do Regulamento


suscetíveis de provocar alergias ou intolerâncias;

c) Nome do país de origem ou local de proveniência, a que se refere o artigo 26.º do


Regulamento, tendo em consideração nomeadamente, a indicação de origem ou do local
de proveniências da carne fresca refrigerada e congelada de suíno, de ovino, de caprino
e de aves de capoeira, estabelecidas pelo Regulamento de Execução (UE) n.º
1337/2013, da Comissão, de 13 de dezembro de 2013;

d) Condições especiais de conservação e ou de utilização, se aplicável;

e) Modo de emprego, sempre que aplicável.

2 - As menções obrigatórias referidas no número anterior e as menções facultativas


devem ser exibidas nos documentos de acompanhamento ou em etiqueta.

Coimas

1 - Constitui contraordenação punível com coima, cujo montante mínimo é de (euro)


100 e máximo é de (euro) 3 740, no caso de o agente ser pessoa singular, e cujo
montante mínimo é de (euro) 250 e máximo é de (euro) 44 890, caso o agente seja
pessoa coletiva:

a) O incumprimento dos artigos 3.º a 8.º do presente decreto-lei relativos às informações


sobre géneros alimentícios não pré-embalados;

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Manual de Formação

b) O incumprimento dos artigos 9.º e 10.º do presente decreto-lei relativos à indicação


das menções ou marcas que permitem identificar o lote ao qual pertence um género
alimentício.

2 - Constitui contraordenação punível com coima, cujo montante mínimo é de (euro)


100 e máximo é de (euro) 3 740, no caso de o agente ser pessoa singular, e cujo
montante mínimo é de (euro) 250 e máximo é de (euro) 44 890, caso o agente seja
pessoa coletiva:

a) O incumprimento do artigo 7.º do Regulamento, relativo às práticas leais de


informação;

b) O incumprimento do artigo 8.º do Regulamento, por parte do operador da empresa do


setor alimentar responsável pela informação sobre os géneros alimentícios;

c) A não indicação nos géneros alimentícios das menções obrigatórias exigidas pelo n.º
1 do artigo 9.º e pelos artigos 10.º e 11.º do Regulamento;

d) O incumprimento dos n.os 2 e 5 do artigo 12.º do Regulamento, relativo à


disponibilidade e localização da informação obrigatória sobre os géneros alimentícios;

e) O incumprimento dos n.os 1, 2, 3, 5 e 6 do artigo 13.º do Regulamento, relativo à


apresentação das menções obrigatórias;

f) O incumprimento dos n.os 1 e 2 do artigo 14.º do Regulamento, relativo à venda à


distância;

g) O incumprimento dos n.os 1 a 4 do artigo 18.º do Regulamento, relativo à lista de


ingredientes;

h) O incumprimento dos requisitos exigidos pelo n.º 1 do artigo 21.º do Regulamento,


relativo à rotulagem de certas substâncias ou produtos que provocam alergias ou
intolerâncias;

i) O incumprimento do artigo 22.º do Regulamento, relativo à indicação quantitativa dos


ingredientes;

j) O incumprimento do artigo 23.º do Regulamento, relativo à quantidade líquida;

k) O incumprimento dos n.os 1 e 2 do artigo 24.º do Regulamento, relativo à data de


durabilidade mínima, data-limite de consumo e data de congelação;

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Manual de Formação

l) O incumprimento do artigo 25.º do Regulamento, relativo às condições de


conservação ou de utilização;

m) O incumprimento do artigo 26.º do Regulamento, relativo à indicação do país de


origem ou local de proveniência;

n) O incumprimento do artigo 27.º do Regulamento, relativo às instruções de utilização;

o) O incumprimento do artigo 28.º do Regulamento, relativo à indicação do título


alcoométrico;

p) O incumprimento dos n.os 1 a 5 do artigo 30.º do Regulamento, relativo à declaração


nutricional;

q) O incumprimento do artigo 31.º do Regulamento, relativo ao cálculo do valor


energético;

r) O incumprimento dos artigos 32.º a 35.º do Regulamento, relativo à expressão e


apresentação da declaração nutricional;

s) O incumprimento dos artigos 36.º e 37.º do Regulamento, relativo aos requisitos


aplicáveis às informações prestadas voluntariamente sobre géneros alimentícios;

t) O incumprimento do artigo 3.º sobre a rastreabilidade, e do artigo 5.º relativo à


rotulagem da carne, previstos no Regulamento de Execução (UE) n.º 1337/2013, da
Comissão, de 13 de dezembro de 2013.

3 - A negligência e a tentativa são puníveis.

4 - Para além da aplicação da coima, pode ser determinada, enquanto sanção acessória,
a perda de objetos pertencentes ao agente da infração.

5 - Às contraordenações previstas no presente decreto-lei é aplicável o regime geral das


contraordenações, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de outubro, alterado
pelos Decretos-Leis n.os 356/89, de 17 de outubro, 244/95, de 14 de setembro,
323/2001, de 17 de dezembro, e pela Lei n.º 109/2001, de 24 de dezembro.

Sanções acessórias

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Manual de Formação

1 - A fiscalização do cumprimento do disposto no Regulamento e no presente decreto-


lei e a instrução dos respetivos processos de contraordenação competem à ASAE.

2 - A aplicação das coimas e sanções acessórias compete ao inspetor-geral da ASAE.

3 - Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, o produto das coimas reverte em:

a) 60 % para o Estado;

b) 30 % para a ASAE;

c) 10 % para a DGAV.

Furtos e roubos
No Código Penal português (aprovado pelo Decreto-Lei nº 48/95, de 15 de março) dois
artigos estabelecem a diferença entre roubo e furto. Na linguagem de todos os dias é
muito comum falarmos de roubo para definir ambas as situações. Porém, em termos
jurídicos existem as duas figuras com definições diferentes. O furto, ao contrário do
roubo, pressupõe que não existe violência ou constrangimento.

Artigo 203.º

«Furto

1 - Quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa, subtrair
coisa móvel alheia, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.

2 - A tentativa é punível.

3 - O procedimento criminal depende de queixa.»

Artigo 210.º

«Roubo

1 - Quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa, subtrair,
ou constranger a que lhe seja entregue, coisa móvel alheia, por meio de violência contra
uma pessoa, de ameaça com perigo iminente para a vida ou para a integridade física, ou
pondo-a na impossibilidade de resistir, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.

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Manual de Formação

2 - A pena é a de prisão de 3 a 15 anos se:

a) Qualquer dos agentes produzir perigo para a vida da vítima ou lhe infligir, pelo
menos por negligência, ofensa à integridade física grave; ou

b) Se verificarem, singular ou cumulativamente, quaisquer requisitos referidos nos n.os


1 e 2 do artigo 204.º, sendo correspondentemente aplicável o disposto no n.º 4 do
mesmo artigo.

3 - Se do facto resultar a morte de outra pessoa, o agente é punido com pena de prisão
de 8 a 16 anos.»

Queixa

Quando o procedimento criminal depende de queixa do ofendido ou de outras pessoas, é


necessário que essas pessoas deem conhecimento do facto ao Ministério Público, para
que este promova o processo (ver «O que é um crime semipúblico?»). Noutros casos, o
processo inicia-se independentemente da apresentação da queixa (ver crimes públicos).
Finalmente, existem crimes para os quais não basta só a comunicação do crime ao
Ministério Público, é necessária a constituição como assistente.

Uma queixa pode ser apresentada presencialmente em qualquer departamento policial


ou do Ministério Público.

Ainda que os factos denunciados não venham a ser investigados nesse departamento, a
queixa será transmitida e encaminhada para a entidade competente.

Relativamente a certos tipos de crime, a queixa pode ser apresentada eletronicamente no


sítio «queixaselectronicas.mai.gov.pt».

Pena

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Manual de Formação

No Código Penal português, dentro do capítulo dos crimes contra a propriedade, dois
artigos estabelecem a diferença penalizando diferentemente cada uma das duas
situações.

O artigo 203.º, sob a epígrafe "Furto", dá a definição seguinte, com o regime seguinte:

«1 - Quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa, subtrair
coisa móvel alheia, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.

2 - A tentativa é punível.

3 - O procedimento criminal depende de queixa.»

O artigo 210.º, sob a epígrafe "Roubo", dá a definição seguinte, com o regime seguinte:

«1 - Quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa, subtrair,
ou constranger a que lhe seja entregue, coisa móvel alheia, por meio de violência contra
uma    pessoa, de ameaça com perigo iminente para a vida ou para a integridade física,
ou pondo-a na impossibilidade de resistir, é punido com pena de prisão de um a oito
anos.

2 - A pena é a de prisão de três a quinze anos, se:

a) Qualquer dos agentes produzir perigo para a vida da vítima ou lhe infligir, pelo
menos por negligência, ofensa à integridade física grave; ou

b) Se verificarem, singular ou cumulativamente, quaisquer requisitos referidos nos n. os 1


e 2 do artigo 204.º, sendo correspondentemente aplicável o disposto no n.º 4 do mesmo
artigo.

3 - Se do facto resultar a morte de outra pessoa, o agente é punido com pena de prisão
de oito a dezasseis anos.»

Em resumo, no roubo há uma subtração com constrangimento ou violência; no furto a


subtração não comporta constrangimento ou violência.

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Manual de Formação

Cheques

O cheque contém:

1.º A palavra "cheque" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada
para a redação desse título; 2.º O mandato puro e simples de pagar uma quantia
determinada;

3.º O nome de quem deve pagar (sacado);

4.º A indicação do lugar em que o pagamento se deve efetuar;

5.º A indicação da data em que e do lugar onde o cheque e passado;

6.º A assinatura de quem passa o cheque (sacador).

Principais crimes

Comete o crime de emissão de cheque sem provisão (cfr. art.º 11.º, do Decreto-Lei n.º
454/1991, de 28 de dezembro, na nova redação do Dec. Lei n.º 316/1997, de 19 de
novembro) (Regime Jurídico do Cheque Sem Provisão) quem, causando prejuízo
patrimonial ao tomador ou a terceiro (crime de dano):

- Emitir e entregar a outrem cheque para pagamento de quantia superior a 150 € e que
não seja integralmente pago por falta de provisão ou por irregularidade do saque;(cfr.
art.º 11.º, n.º 1, alínea a), do Decreto-Lei n.º 454/1991, de 28 de Dezembro, na nova
redação da Lei n.º 48/2005, de 29 de Agosto) (Regime Jurídico do Cheque Sem
Provisão).

- Impedir o pagamento do cheque, mediante o levantar de fundos, proibir à instituição


sacada o pagamento desse cheque ou encerrar a conta sacada;

- Endossar o cheque que recebeu, conhecendo as causas de não pagamento integral.

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Manual de Formação

Procedimentos

Não havendo em Portugal, no nosso processo civil, prisão por dívidas, o cheque sem
provisão permite, preenchidos os requisitos de prazo, o recurso à queixa-crime, à via
criminal, podendo revelar-se assim particularmente útil, provocando no arguido
(condómino devedor que emitiu o cheque sem provisão) o receio de sujeição a uma
pena privativa de liberdade, “facilitando” o surgimento do dinheiro para pagamento da
dívida, como forma de tentar evitar a aplicação da pena ou relevar na medida da pena
criminal.

Livro de Reclamações

O Livro de Reclamações é um instrumento de prevenção de conflitos, contribuindo para


a melhoria da qualidade do serviço prestado e dos bens vendidos. O preenchimento do
Livro de Reclamações, em caso de litígio com o prestador de serviço, ou vendedor,
torna mais célere a resolução de conflitos entre os cidadãos consumidores e os agentes
económicos, bem como permite a identificação, através de um formulário normalizado,
de condutas contrárias à lei. É por este motivo que é importante e necessário fazer uso
desta ferramenta para reclamar. Para o efeito o estado tem criado mecanismos que o
tornam mais eficaz enquanto instrumento de defesa dos direitos dos consumidores e
utentes de forma a alcançar a igualdade material dos intervenientes a que se refere a lei
de defesa do consumidor.

Obrigações do retalhista

Atualmente, o Livro de Reclamações é obrigatório em todos os estabelecimentos de


fornecimento de bens ou prestações de serviços que se encontrem instalados com
carácter fixo ou permanente e neles seja exercida exclusiva ou principalmente, de modo
habitual e profissional a atividade e tenham contacto com o público, designadamente
através de serviços de atendimento ao público destinados à oferta de produtos e serviços

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Manual de Formação

ou de manutenção das relações de clientela. Este regime aplica-se igualmente aos


serviços e organismos da Administração Pública encarregues da prestação dos serviços
de abastecimento público de água, de saneamento de águas residuais e de gestão de
resíduos urbanos. Os anexos I e II do Decreto-lei nº 156/2005, de 15 de setembro, na
redação atualmente dada pelo Decreto-Lei n.º 242/2012, de 07/11, identifica os
estabelecimentos que devem disponibilizar o Livro de Reclamações em formato papel
ou em sítio de Internet, instrumentos que permitam aos consumidores reclamarem.

Procedimento da ASAE

A fiscalização/inspeção decorre de forma proativa e/ou reativa, delineada de acordo


com diretrizes de atuação baseadas num planeamento central articulado com o
planeamento regional com critérios previamente estabelecidos no Plano de Inspeção e
Fiscalização, resultantes de investigações/averiguações internas efetuadas pela Divisão
de Análise e Pesquisa de Informações ou ainda, caso seja superiormente determinado.
As diretrizes de atuação passam essencialmente por:

Especificidades regionais, tecido económico e/ou compromissos de cooperação e que é


executado a nível regional;

De não conformidades detetadas nos géneros alimentícios colocados à venda ao


consumidor final (não conformidades aos resultados laboratoriais e/ou à análise da
rotulagem), colhidas no âmbito do controlo efetuado no Plano Nacional de Colheita de
Amostras (PNCA);

Das denúncias e reclamações efetuadas diretamente à ASAE através do website,


carta/fax, contacto telefónico ou presencial;

As resultantes de situações de emergência (ex: toxinfeções alimentares) ou crises


alimentares;

De informações / notícias ou alertas recebidos na ASAE através do Sistema de Alerta


Rápido (RASFF) e outros sistemas de troca de informações;

De informações / notícias ou alertas recebidos na ASAE através do Sistema de Alerta


RAPEX - segurança de produtos e outras redes de troca de informação;

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Manual de Formação

A tomada de decisão de medidas restritivas, nacionais ou comunitárias, para produtos


não alimentares que apresentem um risco e exijam uma intervenção rápida; ou Pedidos
de colaboração de outras Autoridades.

Contraordenações

Constituem contraordenações puníveis com a aplicação das seguintes coimas:

a) De (euro) 250 a (euro) 3500 e de (euro) 1500 a (euro) 15 000, consoante o infrator
seja pessoa singular ou coletiva, a violação do disposto nas alíneas a), b) e e) do n.º 1 do
artigo 3.º, nos n.os 1 e 2 do artigo 5.º , no n.º 3 do artigo 5.º-A, nos n.os 1 a 3 do artigo
5.º-B e nos n.os 1 e 3 do artigo 8.º;

b) De (euro) 150 a (euro) 2500 e de (euro) 500 a (euro) 5000, consoante o infrator seja
pessoa singular ou coletiva, a violação do disposto no n.º 3 do artigo 1.º, nas alíneas c) e
d) do n.º 1 e nos n.os 2, 3 e 5 do artigo 3.º, nos n.os 3 e 4 do artigo 4.º, nos n.os 4 e 5 do
artigo 5.º, no n.º 4 do artigo 5.º-B, no n.º 6 do artigo 6.º e nos n.os 2 e 5 do artigo 8.º

2 - A negligência é punível sendo os limites mínimos e máximos das coimas aplicáveis


reduzidos a metade.

3 - Em caso de violação do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º, acrescida da


ocorrência da situação prevista no n.º 4 do mesmo artigo, o montante da coima a aplicar
não pode ser inferior a metade do montante máximo da coima prevista.

Sanções acessórias

Quando a gravidade da infração o justifique podem ainda ser aplicadas sanções


acessórias, nos termos do regime geral das contraordenações.

Procedimentos com as autoridades administrativas

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Manual de Formação

Tendo como objetivo a simplificação administrativa associada à desmaterialização de


procedimentos, este diploma impõe a regra da redução ao mínimo indispensável dos
encargos sobre os prestadores de serviços dos procedimentos administrativos que o
diploma contemple, bem como de documentos ou atos que tenham de praticar ou enviar
às autoridades.

Assim, impõe-se que todos os pedidos, comunicações e notificações entre os


prestadores de serviços e as autoridades administrativas envolvidas sejam realizados de
forma centralizada e desmaterializada através do balcão único eletrónico dos serviços,
denominado «Balcão do Empreendedor».

O «Balcão do Empreendedor» revela-se assim como balcão único em três aceções


diferentes: único porque é aplicável a um conjunto alargado de atividades económicas;
único porque é aplicável ao exercício da atividade em qualquer sítio do País, sem
prejuízo das regras próprias de âmbito local; e único porque concatena num só
procedimento todas as áreas de intervenção administrativa aplicáveis, sejam elas de
cariz económico, ambiental, de segurança, entre outras.

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Manual de Formação

Bibliografia
AA.VV. (2013), Lei da Concorrência - Com. Conimbr., coord.: Carolina Cunha, Miguel
Gorjão-Henriques, José L. C. Vilaça, Gonçalo Anastácio, M.el Lopes Porto, Coimbra:
Almedina.

AA.VV.(2012), Tratado de Lisboa Anotado e Comentado, coord. Manuel Lopes Porto e


Gonçalo Anastácio, Coimbra: Almed, p. 494-499

GODINHO, I.Fernandes(2007), A Responsabilidade Solidária das Pessoas Colectivas


em Direito Penal Económico, Coimbra: Coimbra Ed.

GODINHO, I. Fernandes./ MAYER LUX, L. (2014), La estafa como delito económico,


Rev. Dcho PUC de Valparaíso, XLI, 183 e s

PALMA, Ma Fernanda/DIAS, A. Silva/ MENDES, P. de Sousa (2012), Direito Penal


Económico e Financeiro, Coimbra: Coimbra Ed.

SILVA, I. Marques da (2010), Regime Geral das Infracções Tributárias, Cadernos


IDEFF, n.o 5, 3.a ed., Almed. SOUSA, S. Aires de (2006), Os Crimes Fiscais, Coimbra:
Coimbra Ed.

VILELA, A. (2013), O direito de mera ordenação social, Coimbra: Coimbra Ed.

Legislação

Decreto-Lei n.º 433/82

Decreto-Lei n.º 67/2003, de 8 de Abril

Decreto-Lei n.º 84/2008

DL n.º 162/99, de 13 de maio

Portaria n.º 365/2015

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