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RESUMO
ABSTRACT
The audit is a tool that traces the organization's diagnosis. It is based on evidence
and official documents, so a well-founded report serves as an instrument for actions
in the judicial, political and social spheres. An audit is not just an accounting. It works
with numbers, but in an integral way, analyzing the legal aspects, analyzing the
conjuncture, the macroeconomics. This study aims to provide a critical assessment
of the auditors' reaction to fraud and to identify deficiencies in organizational
accounting information, especially with regard to fraud detection. To contemplate this
objective, it was based on an empirical analysis on the responsibility of the auditors
for the detection of fraud and for the progression of the definition of standards in a
pharmacy, which was analyzed to obtain empirical data.
Key words: Audit; Fraud; Accounting Principles. Crimes against the tributal
order.
4
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................................................ 4
ABSTRACT...................................................................................................................................................... 5
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 8
2 CRIMES TRIBUTÁRIOS................................................................................................................................ 13
2.1 CRIMES DE NATUREZA MATERIAL.....................................................................................................................15
2.1.1 Omissão de informação ou prestação de declaração falsa...........................................................................15
2.1.2 Fraude.............................................................................................................................................................16
2.2.3 Falsidade material..........................................................................................................................................17
2.1.4 Utilização de documento falso.......................................................................................................................18
2.1.5 Recusa ou omissão de fornecimento de documento....................................................................................19
2.1.6 Desatendimento de exigência de autoridade fazendária..............................................................................20
2.2 CRIMES DE NATUREZA FORMAL OU DE MERA CONDUTA................................................................................22
2.2.1 Não recolhimento de tributo cobrado ou retido...........................................................................................23
2.2.2 Corrupção no incentivo fiscal.........................................................................................................................24
2.2.3 Desvio de finalidade de incentivo fiscal.........................................................................................................25
2.2.4 Sistema de processamento de dados paralelo..............................................................................................26
2.3 FORMAS DE REDUÇÃO/SUPRESSÃO DO TRIBUTO E (IN)EFICÁCIA DO DIREITO PENAL TRIBUTÁRIO...............26
2.3.1 Norma antielisiva............................................................................................................................................28
2.3.2 Configuração do ilícito tributário como pressuposto do ilícito penal............................................................29
2.3.3 Extinção da punibilidade................................................................................................................................31
2.3.4 Cláusulas gerais de extinção da punibilidade.................................................................................................31
2.3.5 Crimes contra a Ordem tributária..................................................................................................................32
2.3.6 Programas de reestruturação fiscal...............................................................................................................34
2.4 CULPABILIDADE, PROPORCIONALIDADE E PENA NA SEARA PENAL TRIBUTÁRIA.............................................38
2.4.1 Princípio da culpabilidade nos delitos fiscais.................................................................................................39
2.4.2 Exigibilidade de conduta diversa....................................................................................................................40
2.4.3 Da Inexigibilidade de Conduta Diversa Como Excludente Genérica da Culpabilidade..................................41
2.4.4 Princípio da Proporcionalidade......................................................................................................................44
2.4.4.1 Aplicação na esfera penal tributária...........................................................................................................44
2.4.2.2 O quanto se deve punir...............................................................................................................................44
2.4.2.3 A penalização dos crimes tributários diante de infrações de outras naturezas.........................................45
2.5 TEORIAS DA PENA..............................................................................................................................................47
2.5.1 As teorias retribucionistas ou absolutas........................................................................................................47
2.6 TEORIAS PREVENCIONISTAS..............................................................................................................................48
3 CONCLUSÃO.............................................................................................................................................. 51
REFERÊNCIAS............................................................................................................................................... 53
5
1 INTRODUÇÃO
Nos dias atuais ao ler algum artigo, matéria que utiliza termos como
descriminalização, criminologia o que demonstra a luta contrária a uma política
criminal e manipuladora, que resulta na produção em massa de leis, denominado
como inflação legislativa, para frear conflitos sociais e inexistentes na área penal.
Muitos juristas informam seus leitores de que compete ao “Estado
estabelecer normas jurídicas, tendo como finalidade o combate do crime, e que o
conjunto dessas normas são chamadas de Direito Penal”, fazendo assim que o
banco acadêmico se torne um lugar onde se cura todas as adversidades sociais.
Esta matéria não visa declarar guerra a uma política criminal que vem sendo
realizada sob influência da mídia ou comportamento impensado de um governo
deixando essa incumbência para juristas especialista sobre o tema.
No entanto, não se pode deixar de referenciar a indicação do mestre
MUÑOZ CONDE, que faz a seguinte observação relativamente ao caráter
colaborativo do Direito Penal como ultimo recurso, mas também no que se refere a
políticas publicas que o Estado utiliza para o controle social.
Tendo como princípio a análise dos instrumentos de combate à sonegação
fiscal, este trabalho irá mostrar os princípios que direcionaram a teoria da pena, a
quebra do sistema penal, assim como a finalidade da Norma Penal tributária.
O Estado, objetivando cumprir seu dever junto à população, reforçando
assim seu aspecto social, se vê na competência de tributar sobre a renda
resultante das relações comerciais e prestação de serviços realizada entre os
cidadãos, recurso esse que será destinado à sociedade, em setores da educação,
saúde, emprego e previdência social, considerados essenciais necessários para o
desenvolvimento do país.
O processo de arrecadação de impostos vem sofrendo um constante
controle experienciado na atividade de arrecadação de impostos, no decorrer da
história.
Na antiguidade os tributos eram cobrados dos cidadãos de forma
compulsória, onde representante do Monarca e da igreja invadiam as casas dos
cidadãos, sem qualquer determinação legal e confiscavam seus bens
diferentemente dos dias contemporâneos onde pela força do Direito Tributário, há
6
a) rever o conceito de culpabilidade e proporcionalidade diante da
criminalidade tributária;
b) a debate sobre a validade, com argumento constitucional e da atual
realidade econômica do país, revelando-se, ao final, sobre a possibilidade do
processo de descriminalização na âmbito tributário;
c) investigar sobre a intenção do Estado em penalizar o infrator de forma
abrangente, considerando política econômica e tributária, contrária ao direito
penal;
d) traçar as características admissíveis do “direito de resistência” da
sociedade diante da majoração tributária;
e) analisar a seriedade do sistema penal diante de normas próprias de
sanção do direito penal tributário;
f) aferir o grau de eficácia do Estatuto anti-sonegação e modelos penais
tributários, perante de resultados de arrecadação e inocorrência de omissão
fiscal.
2 CRIMES TRIBUTÁRIOS
2.1.2 Fraude
A conduta do inciso II: burlar a fiscalização tributária, inserindo componentes
inexatos, ou excluindo quaisquer operações, documento ou livro exigido pela lei
fiscal, diferente do primeiro inciso, diz com prestação/negligência de informações de
maneira qualificada, pois tal atitude se dá em documentos/livros fiscais, lá tal
informação poderia ser apresentada ou ocultada através de documentos, não
exigidos pela lei tributária.
Inflexivelmente, tal conduta apresenta o delito de falsidade ideológica, pois
em ambos é presente a simulação, oclusão ou alteração de fatos suscitando falsa
ilação ao agente fiscal.
Para COSTA JR. e DENARI o dolo requerido para a conclusão do delito é o
direto27, onde o agente frauda a fiscalização tributária, assim possuindo a intenção
posterior de restrição do tributo.
O simples equívoco do contribuinte na introdução de dados equivocados no
registro fiscal ou recebimento posterior de quantidade correta do tributo não
configura crime em análise.
ANDRADE FILHO complementa a lógica dessa forma: Essa delimitação é
importante para apurar as maneiras em que o crime é praticado com inserção de
informação errada que tenha sido reproduzida por terceiro, no qual o contribuinte
não se beneficiou de nenhuma forma.
A determinação de tal conduta visa, de igual forma, diminuir a sonegação de
tributos, a correta escrituração dos livros fiscal-contábeis, que poderão ser
comparados com operações entre contribuintes o que viabiliza o impedimento de
fraude, incorreções e ainda seriedade com informações que na maior parte portam
caráter público.
14
O legislador procurou se utilizar de muitas metodologias para evitar qualquer
forma de fraude, independente da etapa da transação tributária.
Diante do exame dos incisos I e II do artigo 1º da referida Lei, percebe-se
que há a correlação da fraude à prestação de informações, associando a
escrituração com os registros das informações, visando dificultar a de fiscalização no
local, ocasionando o erro, diante da análise do inciso seguinte, a atenção se volta à
realidade das informações prestadas no que se refere à relação jurídica, ou seja, o
ato de alterar ou falsificar documentos referentes às operações sujeitas ao imposto.
A relação apresentada no corpo do referido inciso é exemplificativo, visto
que além de elencar vários documentos fiscais, a falta de informação de qualquer
outro que ali não seja mencionado, mas que ainda assim refira-se a uma operação
tributada ficam sujeito as sanções ali previstas.
COSTA JR. e DENARI apresentam de forma competente, a diferença, na
natureza perceptível, das duas formas de aperfeiçoar os procedimentos do
dispositivo em voga.
O verbo falsificar tem como premissa ou ato de enganar alterar valores ou
passar por verdadeiro o que de fato não é. A falsificação pode ser total, ou parcial.
Sendo total quando o documento, enquanto a falsificação parcial consiste na
alteração de um documento já existente.
Alterações são modificações que se imprimem ao documento autêntico,
após achar-se ele definitivamente formado.
Na realidade, a finalidade aqui do legislador era inserir até mesmo
documentos que não estão relacionados no inciso II, determinado pela lei, cita-se
como exemplo a duplicata, que embora não se caracterize como documento fiscal é
utilizado como garantia de pagamento do devedor.
Entretanto, embora a adulteração ou falsificação de documentos fiscais, que
não resulte em omissão ou redução do imposto, não caracteriza crime de sonegação
fiscal.
Dentre alguns exemplos de fraude, enuncia-se a emissão de duplicatas com
valores diferentes dos indicados em nota fiscal, resultando assim em uma operação
de desconto financeiro e atendendo assim a necessidade do caixa, sendo assim
15
quando o recolhimento do tributo será com base no valor indicado nas duplicatas
não se efetivará o crime de sonegação fiscal, mesmo que o documento não
corresponda à realidade contratual.
Tendo como princípio os crimes mencionados no artigo 1º, o crime de
conduta deve ser diretamente relacionado ao crime de omissão ou redução de
imposto.
não verificar se vantagem fiscal, o autor terá apenas inferido a infração tributária,
que não resulta em sanção na esfera penal.
Como exemplo, podemos citar as situações em que o contribuinte fornece
ao comprador ou tomador, conforme o caso, um recibo em substituição a emissão
da nota fiscal quando exigida em lei, também entra nesta observação a entrega de
via errada do documento fiscal ao comprador.
Não divergindo das demais infrações citadas no artigo 1º, vale ressaltar
que o comportamento então apresentado exige que seja aplicada à infração, a
intenção de omitir ou reduzir tributos de maneira negligenciada, pois, o simples
esquecimento com posterior correção não se enquadra em crime de ordem
tributária.
Ocorre que para a ação penal acontecer, o sujeito passivo deve omitir ou
falsificar informações, mas se até a data do vencimento da obrigação tributária, de
forma preventiva resolva recolher o valor devido pela operação realizada.
Caso observe-se a habitual supressão ou redução do tributo, o contribuinte
será enquadrado como infrator nos termos do artigo 1º, I, pois já caracterizado como
crime de dano com natureza material.
Revela-se desse tipo penal um sujeito passivo da norma que não atua sob o
manto de nenhum delito ou omissão, deixando apenas de arrecadar o imposto
cobrado ou retido, in litteris: “II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou
de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de
obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos.”
Logo, o comportamento retratado aponta um contribuinte que não pretende
omitir ou manipular informações com objetivo de fraudar o Estado, de modo que o
sujeito passivo deixa de recolher um imposto que já é de conhecimento do fisco.
É normal esse tipo de conduta nas operações sujeitas ao regime de
substituição tributária, hipótese em que a responsabilidade de reter e realizar o
pagamento é atribuído a um terceiro conforme determinado em legislação
específica. De natureza semelhante apontamos o IPI, onde o estabelecimento
industrial, além de cobrar o valor da mercadoria a esta está incluso valor do IPI no
total do documento fiscal, sendo, portanto atribuída a indústria a responsabilidade de
recolher o imposto.
O simples fato de atrasar o recolhimento do tributo não configura sonegação
fiscal, de forma que a conduta é considerada irregular, quando apresentar o
elemento subjetivo especial, com intenção de não recolher a quantia devia aos
cofres públicos.
Para Correa, configura apropriação indébita a retenção do valor em ultima
análise, de propriedade da Fazenda Pública.
Cumpre ressaltar que muitas vezes o valor do imposto retido ou cobrado
muitas vezes não será devido, visto que o sujeito passivo refém o valor devido,
quando tratar-se de impostos indiretos o contribuinte poderá compensar os valores
21
Excluindo as expectativas, sejam elas indicadas em dispositivos legais ou
em brechas encontradas na legislação tributária, quando da ocorrência (elisão
24
No art. 107 do Código Penal o seu segundo inciso apresenta a anistia, graça
e indulto como maneiras de extinção da punibilidade, estas levam como fundamento
caracteres claros de prévia política criminal. A anistia fica sobre competência do
Congresso Nacional, ato em que se perdoa determinada classe de agentes ou
agentes que promoveram delitos específicos pelos fatos até então vistos como
ilícitos.
Tem-se que a benesse comentada é fruto de conveniência política e muito
além de extinguir a punibilidade, apaga qualquer culpa penal, processual penal ou
administrativo. Os crimes promovidos por políticos e militares perseguidos pelo
regime militar das décadas de 60/70 são um ótimo exemplo patente da anistia.
Anos mais tarde, com a democracia decantada, esses agentes foram
anistiados (muitos indenizados pela União) em virtude da ilegalidade com que foram
acusados/punidos. A Graça é um instituto extintivo de punibilidade. A carga de
reprovação do delito permanece inalterada. A graça não pode ser ofertada, assim
como ocorre na anistia aos crimes hediondos.
Por fim, a clemência é benefício que pode ser concedido de maneira
abstrata ou intencional, também de competência da República do Presidente. De
acordo com caso, o Presidente ou agente delegado. Assim como na graça, o indulto
mantém indene a reprovação do crime, extinguindo a punibilidade de agentes tendo
como base, dentre outros critérios: a natureza do crime, o tempo de pena cumprida,
condições biopsicológicas como velhice ou enfermidade sem cura.
Seguindo o rol de causas gerais extintivas, comparece o critério da lei
posterior ou Lex mitior, onde o Estado, reordenando seu estatuto penal, elimina a
criminalização de determinado fato.
De forma incontestável o critério destacado tem vinculo com o principio da
legalidade penal, em específico com a retroatividade da lei penal. Importante
destacar que mesmo a conduta do agente venha novamente a ser reprovada pela lei
penal restabelecida, os efeitos dessa nova criminalização não atingirá o agente.
O Código Penal estabeleceu regras com critérios objetivos, tem preceitos
voltados ao lapso temporal, para afastar a punibilidade do agente, seja pela
prescrição, decadência ou perempção, ou com o fim ou demora do acusador que
deverá impulsionar o ius persequendi in judicio.
30
Veja-se que o instituto era previsto na Lei 8.137/90, tendo sido revogado
expressamente em 1991, pela Lei 8.383, e posteriormente revigorado o dispositivo
pela Lei 9.249/95, possibilidade alargada com a edição da Lei 10.684/03.
Não obstante, com a edição da Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2003, que,
em seu artigo 9º, § 2º, a hipótese de extinção da punibilidade, passou a não mais
estar ligada a qualquer limitação temporal no que diz respeito à satisfação integral
do débito. De fato, o interesse maior do Estado resta evidenciado: a satisfação da
dívida.
Quis o legislador, na verdade, apenas tipificar a conduta delitiva como forma
de intimidar o contribuinte ao pagamento do tributo, negando qualquer tese de
sistema penal. Revela-se, ainda, a possibilidade de não se aplicar pena no caso do
montante do débito tributário (art. 168-A do Código Penal) ser inferior ao valor
mínimo cobrado pela Fazenda Nacional.
Emerge a possibilidade de extinção da punibilidade juntamente com a
gênese da penalização dos crimes tributários, na Lei de Sonegação Fiscal - Lei
4.729/65. Versando sobre o tema, a lei restringia sua possibilidade unicamente se
ocorrido o pagamento em momento anterior ao início do processo administrativo
fiscal.
O dispositivo criado nesta lei, inovador para seu momento, revela a intenção
do legislador em obter aquilo que realmente a lei em comento visava proteger: a
arrecadação do tributo. Logo, recomposto o dano, se extinguiria o ius puniendi
estatal.
Entrementes, a norma era alvo de críticas, por possibilitar ao sonegador a
chance de ter o perdão estatal, enquanto outros tipos não gozavam do mesmo
tratamento.
Ampliando o prazo para a extinção da punibilidade, o Decreto-lei nº 157/67,
tratando sobre concessão de estímulos fiscais no que tangia ao Imposto de Renda,
mudou o vencimento do pagamento para estes fins, transportando para após o
julgamento da autoridade administrativa de instância inaugurativa.
Em 1990, com a edição da Lei 8.137, estenderam-se os efeitos da extinção
da punibilidade a todos os tributos, sendo requisito para tal o pagamento integral
deles ao recebimento da denúncia, sendo o dispositivo especial revogado um ano
após.
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nove vezes em dez a pena jamais termina. Quem pecou está perdido, e sem perdão
na terra.
1
TAVARES, Juarez. Teorias do delito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1985, p. p.13.
37
2
ZAFFARONI, p.76.
3
CURY URZÚA, Enrique. Derecho penal – Parte general. Santiago: Jurídica de Chile, t. II, 1992, p.76.
38
Agora, para que o agente pudesse ser punido pelo fato ilícito por ele
cometido, não bastava a presença dos elementos subjetivos (dolo e culpa), mas sim
que, nas condições em que se encontrava, podia-se-lhe exigir uma conduta
conforme o direito. O conceito de exigibilidade de conduta conforme a norma passou
a refletir-se sobre toda a culpabilidade. Coma introdução desse elemento de
natureza normativa, os problemas que anteriormente não conseguiam serem
solucionados pela teoria clássica, como o da coação irresistível, a obediência a
ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico e o estado de necessidade
exculpante, já poderiam ser tratados no campo da culpabilidade, tendo em vista o
conceito de inexigibilidade de conduta conforme a norma.
As idéias de Frank, segundo Carlos Parma, 7 constituíram “uma ponte” entre
o psicologismo e o normativismo.
8
Na precisa lição de Paz Aguado, o conceito neoclássico de delito modifica
o sistema anterior em vários aspectos, a saber:
6
BITENCOURT, Cezar Roberto; MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoria geral do delito. São Paulo: Saraiva,
2000, p.319.
7
PARMA, Carlos. Culpabilidad. Mendonza: Curyo, p.37.
8
PAZ AGUADO, Mercedes de La Cuesta. Tipicidad e imputación objetiva. Argentina: Curyo, p.48-50.
40
Sem dúvida, a questão da resposta penal passa por duas óticas, estando a
primeira relacionada com intensidade e a segunda relacionada com o tempo.
Referente ao primeiro, método atrelado tradicionalmente ao senso comum
da contemporaneidade, tem-se a segregação, a pena de prisão e a perda quanto à
liberdade locomotiva do desviante.
Porém, a partir da mudança do modo de pensar penal sugerido pela
criminologia crítica, a pena de prisão tem sido combatida constantemente, sendo
considerada merecida somente para ocorrências extremamente graves. Nesta
lógica, as alterações no Código Penal brasileiro, realizadas em 1984 e 1998,
visaram a criação e a ampliação do guia de “penas alternativas”.
Seguindo no sentido contrário à filosofia moderna criminológica, com uma
menor interferência por parte do Direito Penal, a pena de prisão continua seguindo
42
como a de maior aplicação para os delitos, sendo cada dia mais usual para ações
que antes não eram criminalizadas. A pena de prisão se configura, portanto, como
sendo um mal necessário, apresentando inarredáveis imperfeições.
Manifesta a questão do quanto punir no que representa o caráter
demagógico dentro do Direito Penal Tributário.
de 4 anos, sendo que nos crimes tributários, que apresentam uma natureza material,
a pena parte do tempo de 2 anos, tendo como tempo máximo possível de reclusão
do agente o período de 5 anos.
Portanto, percebe-se, por meio dessa análise sistemática, uma completa
inversão dos valores, pondo-se à receita do Estado – sem nem mesmo haver uma
cogitação da monta do tributo suprimi doou reduzido se configurando à frente dos
valores da vida e da integridade física, destacados no art. 5º, da Lei Fundamental
brasileira, a qual deveria ter o papel de guiar completamente o ordenamento,
incluindo o penal.
Atendendo ao preceito da proporcionalidade, o direito penal deve fazer a
repressão de condutas que firam os bens relevantes penalmente, obedecendo igual
proporção de prioridade que lhe alcança a Constituição Republicana de 1988.
Desenvolve a falta de desproporcionalidade e eficiência das penas privativas
de liberdade, as quais são impostas por meio da Lei 8.137/90.
Registra-se que o Estatuto que se coloca contrário à sonegação tem penas
restritivas de liberdade, as quais acabam agredindo o bem jurídico protegido com
mais fulgor do que o bem que é tutelado por crimes tributários. Esta é, na verdade,
em uma última investigação, usada somente a fim de atingir a concretização
posterior da pena restritiva de direitos, pois dificilmente acaba sendo superior a
quatro anos.
Dessa maneira, o Direito Penal Tributário se revela como desprovido do
caráter penal geral da prevenção, porque seus princípios sancionatórios, na
realidade, apresentam aplicação pequena com a alternância por restrições de
direitos, os quais chegam a beirar o ridículo, tendo influência para que a sonegação,
por vezes, torne-se algo bastante lucrativo, apesar da condenação do agente.
Além disso, o legislador tem como função eleger o Direito Penal a fim de
conter a sonegação fiscal de maneira açodada, não respeitando o preceito da ultima
ratio, porque recomendada e admissível, antes da criminalização, a sanção
administrativa, a qual hoje se revela timidamente por meio de multa e juros do tributo
devido, podendo estes ser rechaçados por meio do ingresso do agente no
planejamento da reestruturação fiscal impulsionados pelos entes estatais (leia-se
“REFIS”, “PAES”).
Surge, por meio das falhas da atual legislação, como instrumento hábil para
a contenção ao fisco das transgressões, o Direito Administrativo Sancionador,
44
Por outro lado, sob uma perspectiva que se inclina à intimidação, que está
baseada nas teorias relativas, o propósito da pena está diretamente relacionado à
prevenção. Esta é identificada a partir da doutrina de quatro modalidades, estando
46
3 CONCLUSÃO
50
REFERÊNCIAS
MONTGOMERY, R. H. Teoria e Prática de Auditoria. 3rd ed. Nova York, NY: The
Ronald Press. 1921.