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TRABALHO CIENTÍFICO

Auditoria nas Organizações


Estudo de caso: Empresa de Saneamento (SEAS-Lda)

Autor: Ph.D. Doutor João Maria Funzi Chimpolo

Professor Associado da Faculdade de Economia da Universidade

Agostinho Neto
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Normas de Auditoria.......................................................................................... 14


Tabela 2 - Empresas e organismos públicos ....................................................................... 32
Tabela 3 - Empresas e organismos privados ....................................................................... 32
Tabela 4 - Contribuição das vendas nos resultados operacionais da SEAS. ...................... 37
Tabela 5 - Analise da Estrutura de Capitais ........................................................................ 41
Tabela 6 - Analise do Equilíbrio Financeiro ....................................................................... 43
Tabela 7 - Analise dos prazos médios................................................................................ 44

I
ÍNDICE DE GRÁFICOS E FIGURAS

Gráfico 1 - Evolução da rentabilidade da SEAS 2009 – 2010. ........................................... 40


Gráfico 2 - Analise da Estrutura de Capitais ...................................................................... 42
Gráfico 3 - Analise do Equilíbrio Financeiro ..................................................................... 44
Gráfico 4 - Analise dos prazos médios .............................................................................. 45

Figura 1 - Planeamento das necessidades ........................................................................... 26

II
LISTA DE ABREVIATURAS

AICPA– American Institute of Certified Public Accountants

CIPA – Comité Internacional de Praticas de Auditoria

DF – Demonstração Financeira

FMI – Fundo MonetárioInternacional

IAASB – International Auditing and Assurance Standards Board

IASC – International Accounting Standards Committee

IFAC – International Federation of Accountants

UEC - União de peritos Contabilistas Europeus

III
RESUMO

Este trabalho faz uma avaliação da utilização por parte das empresas privadas, da auditoria,
como ferramenta de controle dos gestores a fim de avaliar se os critérios e normas adotadas
estão em conformidade com a legislação pertinente e identificar possíveis contingências.

O objetivo deste trabalho é demonstrar como esse mecanismo que terá a finalidade de
eliminar as exações ilegais e minimizar os custos pode auxiliar os gestores das organizações
na tomada de decisão.

Justifica-se este trabalho pela necessidade de avaliação dos impactos incorridos nas
organizações que utilizam da auditoria como ferramentas gerenciais no seu quotidiano,
objetivando uma maior eficácia nos procedimentos adotados e que os mesmos estejam em
conformidade com a luz da legislação.

A metodologia utilizada será formada de pesquisas bibliográficas, livros de auditoria,


trabalhos académicos da mesma área, sites relacionados com o tema e analises documentais.

Palavras Chaves: Empresa, Organizações, controle e Auditoria.

IV
ABSTRACT

This paper assesses the use by private companies, the audit as a control tool for managers to
assess whether the criteria and standards adopted are in accordance with relevant legislation
and identify possible contingencies.

The objective of this work is to demonstrate how this mechanism will be designed to
eliminate illegal exactions and minimizing costs can assist managers of organizations in
decision making.

This work is justified by the need to evaluate the impacts incurred in organizations that use
the audit as management tools in their daily lives, aiming to greater efficiency in the
procedures adopted and that they comply with the light of the legislation.

The methodology will consist of library research, auditing books, academic works in the
same area, sites related to the subject and documentary analysis.

Key Words: Company, organizations, control and Audit

V
ÍNDICE
ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................ I

ÍNDICE DE GRÁFICOS E FIGURAS ............................................................................. II

LISTA DE ABREVIATURAS ..........................................................................................III

RESUMO ............................................................................................................................ IV

ABSTRACT ......................................................................................................................... V

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................... 4

1.1. Surgimento da Auditoria ............................................................................................. 4


1.1.1. A Auditoria em Angola ........................................................................................ 6
1.1.2. Principais Firmas de Auditoria externa ................................................................ 9
1.2. Conceitos e Objectivos de Auditoria......................................................................... 10
1.3. Tipos de Auditoria..................................................................................................... 11
1.4. Normas de Auditoria. ................................................................................................ 13
1.5. Etapas de Auditoria ................................................................................................... 19

CAPÍTULO II – AS EMPRESAS COMERCIAIS ......................................................... 22

2.1. Evolução Histórica .................................................................................................... 22


2.2. Definição de Empresa ............................................................................................... 25
2.3. Tipos de Empresas .................................................................................................... 27
2.4. Empresas do Sector Comercial em Luanda ............................................................... 30
2.4.1. As Sociedades Comerciáis ................................................................................. 30
2.4.2. Objeto Comercial................................................................................................ 30
2.4.2.1. Elemento teleológico: o fim lucrativo ............................................................. 30
2.4.3. Forma comercial ................................................................................................. 31
2.5. A Relevância da Auditoria Externa ........................................................................... 32
2.5.1. A Publicação de Demonstrações Financeiras .................................................... 33
2.5.2. O Processo de Relato de Uma Auditoria ............................................................ 34

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO : EMPRESA DE SANEAMENTO (SEAS-


LDA) .................................................................................................................................... 35

3.1. Apresentação da empresa SEAS ............................................................................... 35


3.2. Indicadores de Gestão da SEAS ................................................................................ 35

VI
CONCLUSÕES .................................................................................................................. 46

RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................ 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 48

VII
INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje há maior competitividade empresarial, onde cada organização busca de
alguma forma obter diferenciais para obter êxito em seus negócios atingir os resultados
esperados as informações geradas pela contabilidade e as sua ramificações tem se tornado
de grande ajuda para criação de estratégias inovadoras e de impacto. Neste sentido as
empresas têm buscado auxílio na auditoria a fim de identifacar possíveis contigências nos
registos contabilísticos que estejam inviabilizando a continuidade dos negócios.

Sendo vista como um importante instrumento de gestão administrativa que engloba


informações importantes de todos os segmentos de uma empresa, a contabilidade mantém
um elo com os sistemas de auditoria que visam avaliar as informações produzidas pela
contabilidade tornando-as cada vez mais confiáveis e seguras.

Diante do exposto a auditoria não se prende somente a fatores relacionados a contabilidade


esten-se a todos os segmentos da empresa que geram informações a contabilidade assim
como os factores externos que a influenciam de alguma forma. Em uma auditoria que tenha
como foco expressar opinião sobre a área financeira o auditor analisará todas as ações das
organizações que possasm impactar na gestão financeira.

Formulação do problema:

O problema identificado está direcionado na realidade que empresas privadas estão cada vez
mais empenhadas em adoptar o sistemas de gestão e controlo interno cada vez mais
eficientes, para obter bons resultados. Desta forma, urge colocar o seguinte pergunta de
partida:

Até que ponto à auditoria é um instrumento necessário para que os gestores possas utilizar
de maneira a contribuir no crescimento – desenvolvimento das empresas comerciais?

Problema de Pesquisa

Qual é o impacto da auditoria nas empresas privadas em Angola?

Como toda pergunta de partida merece uma resposta, formulamos as seguintes hipóteses:

Formulação de Hipóteses

H1 – Se as recomendações da auditoria, forem compridas nas empresas privadas, irá causar


um impacto significativo na gestão das empresas privadas e na melhoria dos resultados
financeiros.

1
H2 – Se as recomendações da auditoria, não forem compridas nas empresas privadas, não
irão propiciar um impacto significativo na gestão das empresas privadas nem auxiliar na
melhoria dos resultados financeiros.

Justificativa do Tema:

Por formas a se obter uma visão mais realista e não somente teórica no tratamento do tema,
fez-se um estudo na empresa SEAS – Gestão e Exploração de Aterros Sanitários

 Por ser a unidade económica que aceitou fornecer os seus documentos;

 Por ser a unidade económica comercial que procura aplicar estratégias que lhe
permitam crescer, desenvolver e corresponder com as expectativas quanto ao serviço
por ela prestado a sociedade.

Objectivos

Objectivos Gerais:

Contribuir para uma reflexão profunda sobre a importância do papel que a auditoria pode
desempenhar e do contributo que a mesma pode dar para a melhoria da gestão, e
competitividade da Empresa SEAS – Gestão e Exploração de Aterros Sanitários no seu
sector comercial e seu desempenho, crescimento e desenvolvimento.

Objectivos Específicos:

1. Evidenciar a importância da auditoria na gestão das empresas privadas;


2. Analisar a opinião dos auditores sobre as Demonstrações financeiras nas Empresas
privadas;
3. Demonstrar por meio de uma análise financeira, através dos indicadores financeiros
e método dos rácios a auditoria na gestão da SEAS – Gestão e Exploração de Aterros
Sanitários.

Delimitação da Pesquisa

O presente estudo é sobre a auditoria nas empresas privadas, efectuando uma análise
financeira dos indicadores financeiros nos períodos de 2015 à 2016.

Universo de Pesquisa

Como amostra do nosso estudo, usamos as demonstrações financeiras publicadas dos anos
2015 e 2016 respectivamente que serão objecto de análise para responder o problema de
pesquisa.

2
Tratamento e análise de dados

Com base nos relatórios de contas obtidos, pretendemos com base ao estudo de caso
evidenciar:

1. Uma análise comparativa dos resultados líquidos da empresa

2. Uma análise financeira e económica da SEAS – Gestão e Exploração de Aterros


Sanitários em 2 anos

3. O impacto do relatório de auditoria de um ano para outros subsequentes

4. A credibilidade da informação financeira face às opiniões dos auditores.

Estrutura do Trabalho

Para alcançar os objectivos desse trabalho, tivemos que dividi-lo em três distintos capítulos:

CAPÍTULO I: Fundamentação Teórica: visa compreender as noções fundamentais sobre


Auditoria, a auditoria em Angola, principais firmas de auditoria externa, conceitos e
objectivos de auditoria, tipos, normas de auditoria e etapas de auditoria.

CAPÍTULO II: As Empresas comerciais: Evolução Histórica, definição de Empresa, tipos


de Empresas, Empresas do sector comercial em Luanda e a relevância da Auditoria Externa

CAPÍTULO III: Estudo de caso : Empresa de Saneamento (SEAS-Lda). Apresentação


da empresa SEAS. Indicadores de Gestão da SEAS e análise dos Rácios e da Rentabilidade.

3
CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo vamos tecer algumas considerações sobre o significado da Auditoria num
contexto geral, variando de autor para autor, enunciado a sua importância e a sua evolução
histórica a nível mundial e nacional concomitantemente fazendo uma breve resenha sobre as
normas que regem essa ciência chamada Auditoria

1.1. Surgimento da Auditoria

Para melhor entendermos o trabalho da Auditoria sobre as empresas privadas, importa


fazermos um breve histórico sobre a Auditoria de uma forma geral.

Segundo Costa (2007, p. 54) afirma que, etimologicamente a palavra auditoria tem a sua
origem no verbo latim, audire o qual, significa”ouvir”, conduziu a criação da palavra
auditor (do latim, auditore) como sendo aquele que ouve, ou seja, o ouvinte. Isto pelo facto
que nos primeiros dias da auditoria, os autores tiveram as suas conclusões fundamentalmente
com base nas informações verbais que lhe eram transmitidas.

Conforme Carlos Baptista da Costa (2000, p.52), a Auditoria moderna teve o seu início na
Grã-Bretanha em meados do século XIX como consequência da revolução industrial feita
anos antes. Segundo o mesmo autor, a partir desta data começou-se a praticar a contabilidade
e a auditoria como hoje são entendidas, devido principalmente ao grande incremento das
empresas industriais e comerciais, as quais começaram a sentir a necessidade de implementar
bons procedimentos contabilísticos e eficientes medidas de controlo interno. Por outro, o
facto de a maior parte de tais empresas serem sociedades anónimas implicou que as
demonstrações financeiras apresentadas aos accionistas fossem auditadas. Acreditava-se,
todavia, que o termo auditor, evidenciando o título de quem prática essa técnica, tenha
aparecido nos fins do século XVII, na Inglaterra, durante o reinado de Eduardo I.

Na perspectiva de Sá (1993, p. 17), a auditoria é uma das aplicações dos princípios científicos
na contabilidade, baseada na verificação dos registos patrimoniais das empresas, para
observar-lhes a exatidão, embora este não seja o seu exclusivo objecto. Sua importância é
reconhecida desde os mais remotos tempos, havendo notícias de sua actuação já na
longínqua civilização suméria.

A contabilidade foi a primeira disciplina desenvolvida para auxiliar e informar ao


administrador, sendo ela a formadora de uma especialização denominada auditoria,
destinada ser usada como uma ferramenta de confirmação da própria contabilidade, isto
porque, a veracidade das informações, o correcto cumprimento das metas, a aplicação do

4
capital investido de forma implícita e o retorno dos investimentos foram algumas das
preocupações que exigiram a opinião de alguém não ligado aos negócios e que confirmasse,
de forma independente, a precisão das informações prestadas, dando desta forma o
surgimento da auditoria.

Outro facto assinalado, em 1934, nos Estados Unidos, que a profissão de auditoria assumiu
importância e criou um novo estimulo, uma vez que as empresas que transaccionavamacções
na Bolsa de Valores foram obrigadas a utilizarem-se dos serviços de auditoria para dar maior
credibilidade as suas demonstrações financeiras (Attie, 2006, p.28).

De acordo com Franco e Marra (2001, p.39), a auditoria surge primeiro na Inglaterra, que
como denominador dos mares e controladora do comércio mundial, foi a primeira a possuir
as grandes companhias e a primeira também a instituir a taxação do imposto de venda,
baseado nos lucros da empresa, isto tudo em 1344 como relata a enciclopédia britânica.

O seu aparecimento como prática sistematizada, entretanto, parece-nos que somente ocorreu
no Séc. XIX como se depreendido facto que a partir da metade desse século é que começaram
a surgir as primeiras associações de contadores publicas, profissionais que exercem as
funções de auditores.

A prática de auditoria surgiu provavelmente no Séc. XV ou XVI, na Itália. Os precursores


da contabilidade foram os italianos, principalmente o clero1italiano que a essa época era o
responsável pelos principais empreendimentos estruturados da Europa moderna ou
medieval. O reconhecimento oficial da prática de auditoria também ocorreu na Itália
(Veneza), onde, em 1581, foi constituído o primeiro colégio de contadores, para cuja
admissão o candidato tinha de completar aprendizado de seis anos como contador praticante
e submeter-se a exame. Inicialmente, os trabalhos realizados como auditoria eram bastante
limitados, restringindo-se, em regra, a verificação dos registos contabilísticos, com vista a
comparação da sua exactidão (Hernandez, 2006,p.11).

Boynton, Johnson e kelly (2002, p. 34) em seus estudos referem que a auditoria começou
em época tão remota quanto a contabilidade. Surgida em meados do século XIX na
Inglaterra, como consequência da revolução industrial, que teve lugar no século XVIII. As
transformações do sistema social, operadas no decurso do século XX, em virtude dos quais
o Estado passou a assumir novas funções, inclusive, produtivos no sentido de satisfazer as
necessidades colectivas, provocaram um elevado aumento das despesas públicas e

1
Conjunto dos sacerdotes de um culto, de um país

5
consequentemente o endividamento público sem, contudo, implicar um aumento da
qualidade dos serviços prestados aos cidadãos.

Inicialmente as auditorias tinham que ser realizadas por um ou mais accionistas que não
eram administradores das empresas e que recebiam as delegações dos demais accionistas.

A profissão financeira rapidamente se apresentou para atender as necessidades do mercado


e cuja legislação foi alterada, permitindo as pessoas cultas e que não os accionistas
realizassem as auditorias; surgindo assim as empresas de auditoria; algumas dessas firmas
britânicas pioneiras são: Deloitte, KPMG, Peat, Marwich& Mitchell e Price Waterhouse,
entre outras, podem ser identificadas como empresas que ainda hoje operam nos estados
unidos e em outros países.

1.1.1. A Auditoria em Angola

Faremos uma breve abordagem do nível de auditoria a partir de 1990 até a presente data.
Relativamente ao nosso país, a Auditoria começa a ganhar corpo com os primeiros contactos
estabelecidos entre os portugueses e as autoridades tradicionais existentes em Angola, apesar
de existirem práticas que evidenciam o controlo, com a contagem das riquezas, para fins de
pagamentos de tributos aos sobados por parte das diferentes tribos. Logo para exercer tal
controlo, os reinos enviavam seus representantes para junto das diferentes tribos com
objectivo de avaliarem os excedentes da produção para serem tributados aos soberanos.

Ela pode ser caracterizada em três fases:

1. Período antes da ocupação colonial

Este período é caracterizado por uma economia tradicional onde a maior parte da produção,
era essencialmente para o consumo das famílias. A medida que os reinos mais poderosos
foram estendendo o seu domínio sobre os outros, houve a necessidade de estes enviarem
representantes seus aos reinos sob seu domínio, com o objectivo de contabilizar e controlar
o excedente de produção e dum modo geral as riquezas que sob forma de tributos eram
reservadas ao soberano dos reinos.

É precisamente na prática da contabilização das existências a partir das diferentes tribos e


pequenos sobrados onde podemos enquadrar, ainda que de forma implícita, o exercício da
Auditoria antes da ocupação colonial.

2. Durante Ocupação Colonial

A evolução da Auditoria nesta fase está marcada por várias etapas, sendo:

6
Até 1800, período marcado por trocas directas entre os portugueses e as autoridades
tradicionais representadas pelos reinos onde a “Auditoria” quase não se fazia sentir dado o
espírito de cordialidade que animava as trocas. No entanto e, à medida que a penetração
colonial ganhava terreno, com o uso da força das armas, estes foram impondo mecanismos
de controlo bastante rígidos aos territórios ocupados, controlo esse que tinha como finalidade
o comércio de escravos e cuja fiscalidade era feita por agentes da nobreza mandatados pelos
sucessivos reis de Portugal.

De 1800 à 1940, com a ocupação territorial e a crescente necessidade da implantação das


actividades económicas nomeadamente no campo da agricultura, minérios, como também
de pequenas industrias, surgiu a necessidade das empresas efectuarem um registo
contabilístico a dimensão das suas actividades, e por conseguinte, a necessidade de serem
auditadas, uma exigência que passou a ter protagonismo eminente por parte dos serviços da
fazenda, na verificação da Contabilidade das empresas.

De 1940 à 1950, marcado pelo alargamento da actividade industrial virada essencialmente


na transformação dos produtos agrícolas nomeadamente, o sisal, café, algodão, ginguba, etc.
Com actividade industrial em expansão por um lado, e com os benefícios trazidos pela
revolução industrial por outro lado, começa-se neste período a separação da Auditoria à
Contabilidade com o objectivo de fazer a certificação das contas e as demonstrações
financeiras. Elabora-se o projecto-lei n.º 1995/49 que atribuía ao conselho fiscal a
competência de verificar de 3 em 3 meses, a escrituração das sociedades anónimas, bem
como algumas sociedades por quotas.

De 1950 a 1961, caracterizado pela expansão e consolidação da produção industrial,


tornando-se cada vez mais eminente a consolidação da separação da Auditoria à
Contabilidade, isto devido ao facto de nessa altura terem emergido desenvolvimentos já
bastante notáveis em auditoria externa a nível da Europa e não só, fazendo com que houvesse
uma necessidade cada vez mais crescente de fiscalizar as empresas, por uma instituição que
pudesse representar os interesses da antiga metrópole, surgindo assim a ideia da criação da
Secretaria da Fazenda e Contabilidade.

De 1961 a 1975, é a etapa de maior maturidade quanto à implantação da Auditoria em


Angola, pois é criado o Decreto-lei n.º 49381/69 de 15 de Novembro, que determinava a
inclusão de pelo menos um revisor oficial de contas ao nível de empresas constituídas em
sociedades anónimas. Este mesmo Decreto-lei viria, no entanto a ser regulamentado apenas
a 3 de Janeiro de 1972, com a publicação do Decreto regulamentar n.º 1/72, que de resto veio
emprestar uma maior actuação da Auditoria, realçada com o trabalho dos verificadores de

7
contas, bem como dos guarda-livros em termos da Contabilidade Industrial. É ainda nesta
etapa que depois da implantação da Fazenda e Contabilidade, surgiram os primeiros órgãos
especializados em Auditoria externa às empresas e Instituições Públicas, fazendo com que a
Auditoria não se confundisse com a inspecção.

3. Após independência

De 1975 à 1991, foi uma fase marcada por uma economia centralizada, onde o Estado
Angolano nacionalizou todo o sector produtivo, confiscando para o sector público todo
parque industrial. Durante a vigência da economia centralizada, a Auditoria conheceu uma
fase de estagnação devido o facto do próprio Estado ter sido o principal interveniente no
controlo e fiscalização às unidades económicas estatais e mistas do país, políticas essas que
eram de forma inapropriada executadas pelo Ministério das Finanças e do Controlo Estatal.

Desde 1991 até a presente data, é a fase marcada pela viragem em termos de política
económica, passando da economia centralizada para a economia de mercado. Esta abertura
permitiu que houvesse maior liberalização da economia, surgimento de pequenas e médias
empresas, maior implantação de empresas multinacionais e com maior abertura em termos
de investimentos estrangeiros.

O país abriu-se ao investimento estrangeiro, permitindo que empresas oriundas do mundo


todo, conhecedoras das potencialidades existentes passassem a operar em vários segmentos
de negócio com maior incidência no petróleo.

Como consequência do regime económico anteriormente adoptado e da crise que assolava o


país, o Estado viu-se obrigado a recorrer a endividamentos do Banco Mundial e do FMI.Este
último passou a exigir que as contas de institutos e empresas públicas fossem auditadas pelos
seus especialistas como garantia de que os fundos alocados ao Estado Angolano estavam a
ser usados corretamente.É assim que empresas como a Sonangol e o Banco Nacional de
Angola, a partir do ano de 1991, começam a ser objecto de auditoria de firmas internacionais
como Price Waterhouse&Coopers e a Ernest &Young.

Estas firmas chegavam ao país vindo do exterior do continente africano. Com a abertura do
país ao investimento externo, muitas empresas estrangeiras com filiais ou sucursais em nosso
país passaram a enviar informações nas suas sedes para a elaboração de balanços
consolidados.

As firmas de auditoria para validarem os saldos constantes nestes balanços, viram-se


obrigadas a deslocar equipas de auditoria para o país no sentido de certificarem-nos.

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É assim que as principais firmas de auditoria instalaram-se no país, como resposta ao volume
de solicitações que vinham obtendo por parte das holdings de empresas que operavam em
Angola.Com o alcance da paz efectiva em 2002 e da estabilidade económica, o país passou
a registar taxas de crescimento económico na ordem dos dois dígitos. Em 2007, a taxa de
crescimento do PIB foi de 24,4%, facto que se justifica pelo crescente número de empresas
que operam no país nos segmentos de extracção e da construção civil e obras públicas.

O crescimento vibrante da economia impulsionou a evolução da actividade, pois aumentou


a solicitação dos préstimos das firmas de auditoria.Estas solicitações tornaram-se frequentes
em algumas empresas e organismos públicos embora diga-se de forma tímida. Na maioria
dos casos a auditoria é contratada por entidades estrangeiras afins com interesses nas mesmas
(em projectos de impacto socioeconómico).

Com a criação da bolsa de valores em 2006, como resultado do crescimento económico e


perspectiva de aprimoramento do sector financeiro, várias empresas têm se instalado no
mercado nacional, aproveitando as oportunidades de negócios que o país possui.

A lei de Valores Mobiliários estabelece que as empresas cotadas na bolsa devem ter as contas
auditadas. Deste modo, as empresas que perspectivam num futuro breve estarem cotadas na
bolsa, têm procurado com mais frequência estes serviços.

1.1.2. Principais Firmas de Auditoria externa

Como consequência das situações acima referidas, todas as grandes firmas de auditoria
externa já operam no país, destacando-se as seguintes:

 KPMG Angola, auditores e consultores, S.A;


 Price Waterhouse & Coopers (Angola), Lda;
 Ernest & Young Angola, Lda;
 Delloite Angola;
 BDO – Auditangol Auditoria, Impostos e Consultoria, Lda
 Siaron;
 Dicparol;
 Auren Angola – Auditores, Acessores e Consultores, Lda;
 Planiconta, Lda;
 Audiconta, Auditores e Consultores, Lda;
 Gaconta, e muitas outras.
Dentre estas destacam-se as BigFour:

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1. Price Waterhouse Coopers &Artur Anderson;
2. Ernest Young;
3. DelloiteTouche Tohmatsu e;
4. KPMG.
Todas as empresas de auditoria internacionalmente citadas são regidas por um conjunto de
princípios, normas e directrizes que devem ser tidas em conta no exercício da actividade de
auditoria.

As entidades com competências reconhecidas internacionalmente, para a emissão dessas


normas de contabilidade e de auditoria são:

 International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB);


 International Federation of Accountants (IFAC);
 International Accounting Standards Committee (IASC);
 American Institute of Certified Public Accountants (AICPA)
As maiores firmas de auditoria procurando estar preparadas para a nova situação económica
do país, continuam reforçando as suas equipas de auditoria contratando mais colaboradores.

1.2. Conceitos e Objectivos de Auditoria

É censo comum que geralmente não existe definições rígidas para os mais diversos
conceitos, uma vez que os mesmos podem ser analisados sob diversos pontos de vista.

Inicialmente, a Auditoria limitou-se à verificação dos registos contabilísticos visando


observar se eles eram exactos. Esta forma primária confrontava a escrita com as provas do
facto e as correspondentes relações de registo. Com o tempo, ampliou-se o campo da
Auditoria, apesar de alguns ainda a considerarem como mera observação da veracidade e da
exactidão dos registos.

Ao falar do conceito Auditoria, verificamos que foram escritos muitos argumentos ao longo
do tempo, dos quais podemos destacar os seguintes:

Holmes, (1968) numa clara visão da sua época afirma: “ A Auditoria é o exame de
demonstrações e registos administrativos. O auditor observa a exactidão, a integridade e a
autenticidade de tais demonstrações, registos e documentos”. Explica ainda que, a
“Auditoria é uma crítica e sistemática observação do controlo interno da entidade e dos
documentos que, em geral, circulam nela.

Os EUA, pela AIA (AmericanInstituteofAccountants) define a Auditoria como sendo “o


exame dos livros de contas, comprovantes e demais registos de um organismo público,

10
privado, instituição, corporação, firma ou pessoa ou de algumas pessoa (s) de confiança, com
o objectivo de averiguar a correcção dos registos e expressar opinião sobre os documentos
revisados, comummente em forma de certificado, segundo (Marques, 1997).

Sá, (2002) afirma: “as palavras Auditoria ou censura de contas relacionam-se com a revisão
e verificação de documentos contabilísticos, registos, livros e listagens de contas, utilizadas
no processo de captação, representação e interpretação da realidade económico-financeira
da empresa”.

O conceito hoje é mais evoluído e atribui à auditoria outras importantes funções,


circundando todos os organismos da empresa e da sua administração, indo a técnica de
Auditoria muito mais além e passa mesmo ao regime de orientação, da interpretação e até
da previsão de factos, segundo estudos recentes na área.

Na pratica a auditoria das demonstrações financeiras constitui o conjunto de procedimentos


técnicos, que asseguram a credibilidade das informações contabilísticas, integridade do
património, visando a minimizar os riscos operacionais, fiscais, societários, ambientais e
outros, tem como objectivo a emissão de opinião, através de parecer sobre a sua adequação,
servindo os princípios fundamentais de contabilidade, legislação aplicável e normas de
contabilidade internacionalmente aceites.

O Conceito de auditoria, na sua generalidade, segundo o nosso ponto de vista pode ser
definido, como conjunto de técnicas de informação e avaliação,implementado no seio de
uma empresa por um profissional qualificado, competente e independente, com objectivo de
expressar uma opinião sobre o grau de cumprimento das normas de procedimentos utilizados
pelasempresas sobre uma operação.

1.3. Tipos de Auditoria

Com o mercado cada vez mais exigente, a auditoria hoje já conta com as suas subdivisões
agravada pela complexidade que surge em cada área, resultando na necessidade dos
profissionais também se especializarem, e assim atender as organizações de acordo com suas
necessidades específicas.

De acordo com (Araújo, 1997, p. 20) a auditoria pode ser classificada através de alguns
critérios:

a) Quanto ao campo de actuação, temos:

 Auditoria governamental: é o tipo de auditoria que esta voltada para o


acompanhamento das acções empreendidas pelos órgãos e entidades que compõem

11
a administração directa e indirecta das três esferas de governo2, ou seja, que gerem
as receitas públicas. Normalmente é realizada por entidades superiores de
fiscalização, sob forma de tribunais de contas e organismos de controlo interno da
administração pública;
 Auditoria privada: é a auditoria cuja atuação se da no âmbito das entidades que
objectivam o lucro, de maneira geral.
b) Quanto a forma de realização temos:

 Auditoria interna: é a auditoria realizada por profissionais vinculados a entidade


auditada. Alem das informações contabilísticas preocupam-se também com os
aspectos operacionais. Normalmente, a auditoria interna se reporta a presidência da
organização, funciona como um órgão de assessoria;
 Auditoria externa: é a auditoria realizada por profissionais qualificados, que não são
empregados da administração auditada, com o objectivo principal de emitir uma
opinião independente, com base em normas técnicas, sobre a adequação ou não das
demonstrações financeiras.
c) Quanto ao objectivo dos trabalhos, temos:
 Auditoria financeira: representa o conjunto de procedimentos técnicos aplicados de
forma independente por um profissional habilitado, segundo normas
preestabelecidas, com o objectivo de emitir uma opinião sobre adequação das
demonstrações financeiras tomadas em conjunto;
 Auditoria operacional: é a auditoria que objectiva avaliar o desempenho e a eficácia
das operações, os sistemas de informação e de organização, e os métodos de
administração, a propriedade e o cumprimento das políticas administrativas; e a
adequação e a oportunidade das decisões estratégicas.
 Auditoria integral: também é conhecida como comprehensiveaudit, envolve três
aspectos relacionados, mais individualmente distinguíveis no que se refere a
accountability (obrigação de responder por uma responsabilidade conferida), quais
sejam: exames de demonstrações financeiras; exames de conformidades com as
autorizações ou exames das legalidades; e exames de economia, eficiência e eficácia
na gerência dos recursos públicos ou privados.
A auditoria operacional abarca, portanto, a auditoria dos três “E” economia, eficiência,
eficácia. A realização da auditoria financeira tradicional juntamente com a auditoria
operacional dá origem a auditoria integral.Defendemos que existe dois tipos de auditoria,

2
Executivo, jurídico e legislativo

12
auditoria financeira ou externa e a operacional ou interna, enquanto as demais auditorias
convergem na operacional. O campo de trabalho tanto da auditoria externa como a interna é
o controlo interno. A aplicação das características qualitativas resulta da eficiência obtido
nos diferentes resultados e os objectivos alcançados, enquanto a das normas contabilísticas
apropriadas encontram-se observados nas demonstrações financeiras como imagem
verdadeira e apropriada da situação financeira da empresa.

1.4. Normas de Auditoria.

As normas de auditoria representam os requisitos a serem observados pelo auditor no


exercício das actividades de auditoria. No entanto, não podem regulamentar toda actividade
de auditoria, já que este realiza um juízo pessoal. Por outro lado, não existem regras absolutas
de aplicação a todas as situações com que o auditor se depara. O estabelecimento das normas
cumpre uma função de uniformidade profissional, evita confusões entre os destinatários da
informação e delimita a responsabilidade do auditor.

No mundo, existem 3 organismos de renome internacional que editam as normas de


auditoria, nomeadamente:

 AICPA- (AmericanInstituteofCertifiedPublicAccountants) instituto Americano dos


Contabilistas Públicos Certificados, em 1948 publicou as primeiras normas de
auditoria geralmente aceites (NAGAS)
 UEC- (União de peritos Contabilistas Europeus), criada, em 1951, agrega os
profissionais de auditoria dos países Europeus.
 IFAC- (InstituteFederationofAccountants), Federação Internacional de Contadores,
criada em 1977, é tido como sendo o principal organismo internacional porque nela
contem mas de 155 associações profissionais de contabilidade e auditoria,
pertencentes a 118 países de todos continentes. Tem como missão o desenvolvimento
e aperfeiçoamento de uma profissão contabilística capaz de prestar serviços de
qualidade consistentemente alta, no interesse público (IBRACON, 1997, p.2).

Para editar as normas, a IFAC criou o Comité Internacional de Praticas de Auditoria (CIPA).
Segundo o CIPA, sempre que se realizarem, trabalhos de auditoria interna ou externa em
qualquer empresa ou organização, deve-se sempre aplicar as Normas de Auditoria
Geralmente Aceites que são agrupados da seguinte forma3:

3
Texto extraído de Costa, Carlos Baptista da na sua obra Auditoria Financeira – teoria e Prática, 7ª ,
Lisboa: Reis dos Livros, 2000.

13
Tabela 1 - Normas de Auditoria

Códigos Temas

100-199 Assuntos introdutórios

200-299 Responsabilidades

300-399 Planeamento de Auditoria

400-499 Controlo interno

500-599 Evidência de Auditoria

600-699 Utilização de Trabalhos de outros

700-799 Conclusões e Pareces de Auditoria

800-899 Áreas Especializadas

900-999 Serviços relacionados

1000-1001 Praticas Internacionais de Auditoria

Fonte: Comité Internacional de Praticas de Auditoria

Em seguinte enuncia-se a explicação resumida de cada grupo das normas supracitadas:

100-199 Assuntos Introdutórios:

Nesta classe são abordados as matérias relacionadas com os objectivos da criação do CIPA
e da sua missão como membro permanente da IFAC, assim como glossário das normas da
IFAC, 1997.

200-299 Responsabilidades:

O objectivos de uma auditoria das demonstrações financeiras é habitar o auditor a expressar


uma opinião sobre se as demonstrações financeiras DF´s foram preparadas, em todos os seus
aspectos relevantes, de acordo com as normas e princípios geralmente aceites. Embora o
parecer do auditor aumente a credibilidade das DF´s, o usuário não pode presumir que o
parecer seja uma segurança da viabilidade futura da entidade nem da eficácia ou eficiência
com que a administração conduziu os negócios.

14
O auditor é responsável por formar e expressar uma opinião sobre as DF´s, mas a preparação
e apresentação das mesmas cabe a administração da entidade. A auditoria das DF´s não retira
as responsabilidades das administrações.

O auditor deve planear e executar a auditoria com uma atitude de cepticismo profissional,
reconhecendo que as DF´s podem estar relevantemente distorcidas, deve conduzir uma
auditoria de acordo com as normas internacionais e deve obedecer os princípios da
independência, objectividade, confidencialidade e competência profissional.

NIA nº 210 Condições de Contratação do serviço de Auditoria: esta norma diz que antes de
iniciar o trabalho deve se elaborar uma carta - proposta de interesse das partes, onde deve
constar os objectivos, alcance da auditoria e a responsabilidade do auditor perante o cliente.

NIA nº 220 Controlo de Qualidade: esta norma refere-se principalmente aos profissionais e
firmas de auditoria, devem ser pessoas qualificadas e responsáveis, ao selecionar os
assistentes devem assegurar que estes cumpram com as suas tarefas, devem ter formação
contínua e atualizarem-se sobre novos métodos e técnicas.

NIA nº 230 Documentação de Auditoria: esta norma diz que o auditor deve registar nos
papéis de trabalho todas as questões importantes para proporcionar evidências para
fundamentar a opinião de auditoria, estas provas podem ser dados em papéis ou meios
electrónicos e os papéis devem ser completos e detalhados de forma a ser compreendido.

NIA nº 240 Fraude e Erro: administração é responsável pela detenção de erros e fraudes
através da implementação de um sistema de controlo interno (SCI), no planeamento do seu
trabalho o auditor deve avaliar o risco de que erros e fraudes podem influenciar nas DF´s e
quando descoberto qualquer evidenciar de erros ou fraudes deve perguntar na administração
sobre descobertas passadas sobre o assunto, relata este aspecto.

Há o risco inevitável de que algumas distorções relevantes nas DF´s não sejam detectadas e
que possam influenciar no julgamento do auditor, quando há limitação, o SCI é inadequado,
quando há fraude cuja tendência é de falsificação e manipulação.

Qualquer indicação de irregularidade, ato ilegal, fraude ou erro que pudesse ter um efeito
significativo na auditoria deverá levar o auditor a desenvolver os procedimentos necessários
para confirmar ou dissipar tais suspeitas.

NIA nº 250, ao conceber e executar os procedimentos de auditoria e ao avaliar e comunicar


as suas conclusões, o auditor deverá reconhecer que o não cumprimento, pela entidade, dos
textos legislativos e regulamentares poderá conduzir a anomalias significativas nas
demonstrações financeiras (IBRACON, 1997, p. 25).

15
300-399 Planeamento de Auditoria:

NIA nº 300 o planeamento consiste em determinar os objectivos do trabalho de auditoria e


dos meios para atingir, quando a auditoria é bem planeada o trabalho é executado com
eficácia, é nesta fase onde se da maior atenção das áreas importantes de auditoria, faz-se a
distribuição dos trabalhos aos assistentes. É nesta fase onde começa de facto o trabalho de
auditoria (IBRACON, 1997, p. 68).

O auditor devera planear a auditoria de forma a obter garantias de que a auditoria é de


elevada qualidade e efectuada de modo económico, eficiente, eficaz e dentro dos prazos
fixados.

NIA nº 310 Conhecimento do Negócio: embora sendo um processo continuo e cumulativo


o conhecimento do negócio do cliente é o primeiro aspecto preliminar após aceitação da
missão de auditoria, é muito importante para o sucesso da auditoria, isto porque permite,
avaliar os riscos, identificar problemas e prestar desta forma um serviço de qualidade ao
cliente.

O auditor deve obter o conhecimento suficiente do negócio para facilitar o entendimento das
transações e dos hábitos da empresa. E para obter o mesmo conhecimento pode recorrer aos
documentos da empresa, legislação do sector, conversas com o pessoal sénior e júnior da
empresa, auditores internos etc.

É da responsabilidade da entidade auditada, e não do auditor, elaborar um sistema de


controlo interno adequado que lhe permita proteger os seus recursos. A entidade auditada
tem igualmente a obrigação de garantir que estão previstos controlos e que funcionam para
que a legislação e a regulamentação aplicáveis sejam respeitadas. Contudo, se o auditor
considerar que os controlos são insuficientes ou inexistentes, devera propor soluções ou fazer
recomendações à entidade auditada (IBRACON, IFAC, 1997, p.71).

NIA nº 320 Relevância em Auditoria: o auditor deve considerar a relevância e sua relação
com o risco de auditoria na execução do seu trabalho. As informações são relevantes se sua
omissão ou distorção poderem influenciar nas decisões económicas dos utentes das
informações financeiras, ela depende do poder do item ou erro julgado. A relevância depende
do julgamento profissional do auditor (IBRACON, IFAC, 1997, p.77).

400-499 Controlo Interno

NIA nº 400 Avaliação de risco e controlo interno: este código recomenda que o auditor
obtenha um entendimento suficiente sobre o controlo interno administrativo e contabilístico,
projetando os procedimentos de auditoria que garantam a diminuição do risco de auditoria,

16
para que ele, não emita um parecer impróprio quando as DF´s conterem distorções
relevantes, e deve usar o seu julgamento profissional na avaliação do risco de auditoria.

Deve-se analisar qual é a importância dos controlos internos para o órgão de gestão e, avaliar
os riscos de controlo, de detenção e os riscos inerentes. (IBRACON, 1997, p. 81).

500-599 Evidência de auditoria

NIA nº 500 Evidência de Auditoria: o auditor deve recolher provas de auditoria suficientes
e adequadas a fim de tirar conclusões razoáveis em que se baseará a sua opinião. As provas
de auditoria constituem um elemento importante da decisão do auditor no que se refere à
seleção dos temas e dos domínios a controlar bem como à natureza, calendário e extensão
dos testes e procedimentos: inspeção, observação, indagação, confirmação calculo e
procedimentos analíticos. (IBRACON, 1997, p.103).

NIA nº 570 Continuidade Operacional: Ao planear e realizar a auditoria e ao avaliar os


resultados, o auditor deve apreciar se a gestão aplicou o princípio da continuidade de
exploração de forma adequada para a elaboração das demonstrações financeiras.
(IBRACON, 1997,p 146).

NIA nº 580 Declarações da administração: O auditor deve obter da gestão as declarações


que considerar adequadas. O desenvolvimento pela gestão de sistemas adequados de
informação, de controlo, de avaliação e de elaboração de relatórios facilitará a execução da
obrigação de prestar contas. A gestão é responsável pela exatidão e pelo carácter suficiente
das prestações de contas. Também é responsável pela exatidão e pelo carácter suficiente das
informações financeiras e outras, quanto à sua forma e quanto ao seu conteúdo. O auditor
deve obter evidência de que a administração reconhece sua responsabilidade pela
apresentação adequada das DF´s de acordo com a estrutura conceitual apropriada para
relatórios financeiros e de que administração aprovou as DF´s (IBRACON, 1997, p. 152).

600-699 Utilização de Trabalhos de Outros

NIA nº 600 Utilização de Trabalhos de Outro Auditor: quando o auditor principal utiliza os
trabalhos de um outro auditor, deve determinar em que medida isso afecta a sua própria
auditoria. Deve-se analisar a competência profissional do outro auditor no contexto do
trabalho especifico e o auditor deve obter evidencia de auditoria suficiente e apropriada de
que o trabalho do outro auditor é adequado para os objectivos do auditor principal
(IBRACON, IFAC, 1997, p. 156)

NIA nº 610 Trabalho do Auditor Interno: O auditor externo deve tomar em consideração os
trabalhos de auditoria interna e o seu efeito potencial nos procedimentos de auditoria externa.

17
Ao utilizar os trabalhos de um perito, o auditor deve obter provas suficientes e adequadas
que mostrem que estes trabalhos são adequados às necessidades da auditoria. (IBRACON,
IFAC, 1997, p. 160).

700-799 Conclusões e Pareceres de Auditoria

NIA nº 700 Parecer do Auditor: No final de cada auditoria, o auditor deve exprimir a sua
opinião por escrito ou, se necessário, redigir um relatório que exponha as suas constatações
de forma adequada; o seu conteúdo deve ser fácil de compreender e não deve ser vago ou
ambíguo, fornecendo apenas informações fundamentadas por provas suficientes e
pertinentes. Deve ainda dar testemunho de independência e de objectividade e relevar-se
imparcial e construtivo. O auditor deve avaliar as conclusões tiradas das provas obtidas,
servindo-se delas como base para exprimir uma opinião sobre as demonstrações financeiras.
O relatório do auditor deve exprimir claramente a sua opinião sobre as demonstrações
financeiras (IBRACON, IFAC, 1997, p. 168).

800-899 Áreas Especializadas

NIA nº 800 Parecer do auditor sobre trabalhos de auditoria para fins especiais: o auditor
pode ser chamado para dar o seu parecer sobre um componente das DF´s, tais como;

Contas específicas, elementos de contas ou itens de uma demonstração financeira ou


cumprimento de acordos contratuais. Antes de aceitar um trabalho de auditoria para fins
especiais, o auditor deve assegurar que existe um acordo com o cliente quanto à natureza
exacta do trabalho e quanto à forma e conteúdo do parecer a ser emitido. O parecer deve
incluir um título; destinatário; um parágrafo de introdução onde deve constar a identificação
das informações financeiras auditadas; uma declaração de responsabilidade da gestão da
empresa e do auditor e um paragrafa descrevendo a natureza de uma auditoria; descrição do
trabalho executado; parágrafo de opinião; data e endereço do auditor (IBRACON, IFAC,
1997, p. 196).

900-999 Serviços Relacionados

NIA nº 910 trabalho de revisão de demonstrações financeiras: o objectivo de uma revisão


das DF´s é permitir ao auditor declarar se, com base 3m procedimentos que não
proporcionam todas as evidências que seriam necessário em uma auditoria, alguma coisa
veio á obtenção do auditor que o faz acreditar que as DF´s não foram preparadas, em todos
os aspectos relevantes, de acordo com uma estrutura conceitual identificada para relatórios
financeiros. O auditor deve cumprir com os princípios éticos que regem as responsabilidades
profissionais do auditor que são: Independência, Integridade, Objectividade, Competência e

18
devido zelo profissional, Confidencialidade, Comportamento profissional, e normas técnicas
(IBRACON, IFAC, 1997, p.217).

1000-1001 Práticas Internacionais de Auditoria

NIA nº 1001 Técnicas de Auditoria Assistida por Computador (CAATs): o alcance e


objectivos gerais de uma auditoria não mudam quando ela for conduzida em um ambiente
de sistema de informação computorizados. Todavia, a aplicação de procedimentos de
auditoria pode exigir que o auditor considere técnicas que usam o computador como uma
ferramenta de auditoria. Esses vários usos do computador no trabalho de auditoria são
conhecidos como técnicas de auditoria assistida por computador (CAATs). Existe dois tipos
comuns de CAATs: Software de auditoria e dados de testes usados para fins de auditoria
(IBRACON, IFAC, 1997, p.362).

1.5. Etapas de Auditoria

Para alcançar os objectivos, a auditoria é desenvolvida, basicamente em quatro estágios, a


saber: planeamento, execução, relatório e acompanhamento.

Planeamento – (ISA 300 do IFAC) entende-se como o desenvolvimento de uma estratégia


geral e de uma metodologia detalhada quanto às esperadas natureza, tempestiva e extensão
da auditoria, de modo que os respectivos trabalhos sejam executados de uma maneira
eficiente e tempestiva.

Para que a auditoria possa atingir os seus objectivos deve ser adequadamente planeada em
função do tipo de auditoria a realizar e das informações recolhidas as quais permitirão
estabelecer a natureza, extensão e profundidade dos procedimentos a adoptar e a
oportunidade da sua aplicação. Nesta fase pretende-se obter um estudo preliminar, cujo
objectivo é um profundo conhecimento da entidade a auditar e a elaboração e aprovação do
plano global de auditoria.

No estudo preliminar, também designado por pré planeamento, deve-se proceder à recolha
e avaliação prévia da informação, avaliação preliminar dos sistemas dos controlos, definição
dos objectivos de auditoria em pormenor e determinação das necessidades de recursos e
calendarização da ação. O auditor necessita de elaborar o chamado dossier permanente da
entidade, que integra todas as informações consideradas relevantes pelo auditor e que
possam ser consultadas, no presente e no futuro.

Relativamente à elaboração e aprovação do plano global de auditoria, deve ser contemplado


o âmbito e a natureza da auditoria, a respectiva calendarização e objectivos, os critérios e a

19
metodologia a utilizar e a descriminação de todos os recursos indispensáveis à sua
consecução. Constitui, assim, um documento chave, que deve ser preparado em devido
tempo e conter todas as informações necessárias, permanecendo, no entanto, claro e conciso.

O planeamento da auditoria ajuda a cumprir os seguintes objectivos:

 Garantir que o auditor concentre os seus esforços em áreas importantes da auditoria;

 Identificar potenciais problemas;

 Complementar rapidamente o trabalho;

 Distribuir e coordenar o trabalho entre os assistentes e outros auditores e


especialistas.

Segundo o IFAC (1999) o auditor deve considerar os seguintes aspectos ao desenvolver o


plano de auditoria:

 Conhecimento do negócio;
 Entendimento dos sistemas contabilísticos dos procedimentos e de controlo
interno;
 Risco e relevância;
 Natureza, época da aplicação e extensão dos procedimentos;
 Coordenação, direção, supervisão e revisão.

Execução: nesta fase procede-se ao exame e avaliação concreta dos controlos instituídos, à
elaboração do programa de trabalho e a execução deste programa.

No que respeita ao exame e avaliação do controlo, os objectivos consistem na análise do


controlo existente na entidade a auditar com vista a aferir a sua fiabilidade e grau de
confiança, pois de tal dependera o aprofundamento ou não do trabalho de auditoria, bem
como o tipo de testes que se irão aplicar.

Relativamente à elaboração do programa de trabalho, deve o auditor identificar


detalhadamente as áreas, as operações, registos ou documentos a analisar, em conformidades
com os objectivos definidos no plano de auditoria, referindo ainda os procedimentos a
aplicar. Há ainda necessidade de elaborar programas detalhados para cada uma das áreas a
examinar e que constituirão os dossier correntes da auditoria.

A execução destes programas consiste na realização do trabalho de campo, aplicando os


procedimentos e técnicas anteriormente definidas.

O relatório é instrumento técnico pelo qual o auditor comunica ou apresenta os resultados

20
dos trabalhos realizados, suas conclusões, opiniões, recomendações, e as providencias e
serem tomadas pela administração. É a fase final do processo auditoria e consiste numa
narração ou descrição ordenada e minuciosa dos factos de foram constatados, com base em
evidência concreta, durante os exames de auditoria (Araújo 1997, p.107).Existe o relatório
em forma longo e em forma curta, e para sua elaboração deve-se respeitar determinados
critérios e segundo Costa (2000, p. 573) o relatório deve ter a seguinte estrutura:

a) Introdução: é constituída apenas por um parágrafo, o qual deve ser constituído por,
nome da empresa, identificar as DFs sujeitos a exame, data e período que se refere
as DFs, enunciar os valores totais do balanço, capital próprio e resultado líquido.
b) Responsabilidade: é constituído por dois parágrafos no primeiro faz-se referencia à
responsabilidade do órgão d gestão da empresa auditada, pela preparação das DF de
forma verdadeira e a adaptação de politicas e critérios contabilísticos adequados e a
manutenção de um sistema de controlo interno apropriado. No segundo parágrafo
refere-se a responsabilidade do auditor em expressar uma opinião profissional
independente baseada no exame efectuado nas DFs (Costa 2000, p..574).
c) Âmbito: é constituído por dois parágrafo no primeiro parágrafo faz-se referência aos
exames efectuados de acordo com normas e directrizes técnicas, as quais exigem que
o referido exames seja planeado e executado com o objectivo de se obter um grau de
segurança aceitável sobre se as DF estão isentas de distorções materialmente
relevantes. No segundo parágrafo declara-se que efectuou proporciona uma base
aceitável para expressar a sua opinião (Costa 2000, P.575).
d) Opinião: a opinião é a parte mais importante do relatório, visto que para formar a
opinião que expressa no seu relatório, o auditor passa em revista e aparecia as
conclusões extraídas da prova de auditoria obtida, dependendo a forma de tal opinião
do âmbito do trabalho efectuado e do nível de segurança que esse trabalho
proporciona (Costa 2000,p.576).As opiniões podem ser: opinião sem reserva,
opinião sem reserva mais com ênfase, opinião com reserva por limitação de âmbito
de exame, reserva por escusa de opinião e reserva por opinião adversa (opcit.p.576).

21
CAPÍTULO II – AS EMPRESAS COMERCIAIS

Para elucidar a finalidade do trabalho é crucial lançar alguns trechos acerca das empresas
comerciais e a relevância da auditoria nas mesmas.

2.1. Evolução Histórica

Segundo (Marques,1997) sempre existiu formas de trabalhos organizados e dirigidos.


Contudo as empresas desenvolveram-se de forma lenta até a revolução industrial.Muitos
investigadores dividem a história da empresa em 6 fases a enunciar:

1) Fase artesanal

Desde a antiguidade, até 1780, o regime de produção esteve limitado a artesãos e a mão-de-
obra intensiva e não qualificada, principalmente mais direcionada para a agricultura.

O sistema de comércio era de troca por troca (trocas locais).

2) Fase da industrialização

Com a, revolução Industrial as empresas sofreram um processo de industrialização ligado as


máquinas.O uso do carvão, nova fonte de energia, veio a permitir um enorme
desenvolvimento nos países. A empresa assume um papel relevante no desenvolvimento das
sociedades, introduzindo novas máquinas consoante o material que se queria produzir, como
a máquina de fiar, tear, maquina a vapor, locomotivas, etc.

3) Fase de desenvolvimento industrial

Os dois expoentes marcantes desta fase são o aço e a eletricidade.O ferro é substituído pelo
aço, como fonte básica da indústria, e o vapor é transferido pela eletricidade e derivados de
petróleo.O desenvolvimento do motor de explosão e do motor eléctrico estabelecem uma
relação entre a ciência e o avanço tecnológico das empresas. Isto fez com que se desse o
desenvolvimento dos transportes e das comunicações, o que permitiu encurtar as distâncias
entre diferentes áreas, o que permite o desenvolvimento rápido do intercâmbio comercial.

4) Fase do Gigantismo Industrial

Nesta fase as empresas atingem enormes proporções, passando a atuar em operações de


âmbito internacional e multinacional.Surgem os navios cada vez mais sofisticados e de
grande porte, grandes redes ferroviárias e auto-estradas cada vez mais acessíveis.O
automóvel e o avião tornam-se veículos cada vez mais usuais / correntes, e com o
aparecimento da televisão as distâncias encurtam-se.

22
5) Fase moderna

Corresponde à fase em que o desenvolvimento científico e tecnológico das empresas se


afirma de forma surpreendente e a utilização de meios tecnológicos cada vez é mais
preciso.Nos países desenvolvidos começam a “circular” novos materiais básicos (p.ex
plástico alumínio, fibras sintéticas, etc.). Ao petróleo e eletricidade são aumentadas novas
formas de energia, como a nuclear e a solar.

O surgimento de novas energias, como o circuito integrado e a informática, permitem a


sofisticação da qualidade de vida quotidiana. O uso de TV a cores, computador,
comunicação por satélite e os carros, permite dinamizar as empresas. Existe uma relação
direta entre empresa, consumo, publicidade. Várias formas de publicidade são hoje em dia
estudadas pelos departamentos de marketing das empresas sendo que o meio publicitário
que tem crescido mais nos últimos anos é a Internet, sites como
http://www.pandaemresas.com surgem cada vez com mais frequência em todos os Países
Desenvolvidos e em vias de desenvolvimento.Os consumidores passam a ser mais existentes
em termos de tecnologia. Surge então a competição entre as empresas no intuito de satisfazer
os clientes, o que leva de forma direta e indireta ao avanço tecnológico.

Por trás deste avanço está estudos científicos. A ciência cada vez fica mais ligada à empresa.

6) Fase de Incerteza Pós – Moderna

Hoje em dia, as empresas encontram-se num clima de turbulência. O ambiente externo das
empresas caracteriza-se por uma complexidade e mobilidade que os empresários não
conseguem “gerir” de forma adequada.

Nesta fase, as empresas lutam com escassez de recursos e cada vez é mais difícil colocar os
produtos no mercado.As empresas tendem a estagnar, o que não é recomendável, pois a
empresa deve assumir-se como um sistema aberto a mudanças e inovações a todos os níveis,
nomeadamente a nível de produtos internos e gestão.

De um modo geral, pode-se afirmar que a empresa é tão antiga como o próprio homem,
enquanto ser organizado em sociedade.

As unidades produtivas surgiram em épocas remotas da história da humanidade, desde que


o homem se agrupava em tribos para em comum produzir os bens de que necessitava para a
satisfação das suas necessidades.A primeira associação económica que surgiu desde que o
homem se tornou sedentário foi a família, que se dedicava a agricultura como principal meio
de subsistência. Utilizava também os produtos da terra, nos negócios, através da troca direta.

23
Na Mesopotâmia, (Atual Iraque) existiam muitas dificuldades económicas. Os templos não
eram apenas locais destinados ao culto, mas serviam de bancos, guardando-se ali riqueza
que se obtinha das trocas comerciais, que eram feitas com o Irão, Ásia Menor e outros
territórios. Eram também a sede do governo e da justiça e o lugar onde os artesãos tinham as
suas oficinas, servindo ainda de local de armazenagem de géneros e rebanhos. Assim, os
templos eram os principais centros de atividade económicos.

No antigo Egipto, também existiam muitas unidades produtivas e comerciais, pertencendo


umas aos Faraós, aos templos e outras a entidades particulares. O Estado tinha o monopólio
dos óleos, sal, exploração pública de terras e de minas, e ainda da planificação das culturas
de trigo, linho, papiro, etc.

A Fenícia pode ser considerada, como uma civilização em que o comércio atingiu um valor
significativo. Os fenícios abasteciam o Egipto de madeira de cedro, e ficaram célebres pelos
trabalhos que realizavam no domínio da tinturaria, conseguindo com a cor púrpura que
extraiam de um molusco que existia em grandes quantidades nas suas costas marítimas, ”o
murex”. Em virtude da mão-de-obra ser muito abundante e especializada desenvolveu-se
uma economia baseada no fabrico de produtos em série.Portanto, com o fabrico de produtos
que se destinavam especialmente ao comércio, surgiu a produção mercantil, originando a
economia de mercado, que levou ao aparecimento de comerciantes, os quais, serviam de
intermediários nas trocas.

A Grécia (Atenas, Corinto, Mileto e outros) chegou a ser grandes centros comerciais e
agrícolas. As oficinas e as indústrias estavam muito desenvolvidas no século V, havendo
construção naval em Corintos e Atenas, carpinteiros, escultores, tecelãs, canteiros, pintores,
joalheiros, pedreiros, oleiros, padeiros, doceiros, etc.O desenvolvimento da economia de
mercado levou ao uso da moeda, o “dracma ”, para facilitar as transações.

Em Roma existiam muitas e grandes sociedades, estando as explorações agrícolas muito bem
organizadas, havendo até um manual de administração agrícola.Desenvolveu-se o banco e a
atividade cambista. O comércio interno dizia respeito principalmente às transações do trigo,
dos óleos, dos vinhos, da cerâmica, dos tecidos, dos objetos de vidro, que sofreram grande
incremento.O comércio externo também se desenvolveu imenso sendo o tráfego
principalmente de pedras preciosas, especiarias, perfumes, sedas da china, marfim e animais
selvagens. Todas as transações eram normalmente pagas em ouro.

Na idade média entre a população rural da época havia vários grupos que tinham diferenças
sociais conforme o modo como estavam ligados à terra. Assim, havia os vilãos, que
trabalhavam a terra, não sendo nobres ou clérigos. Os escravos que viviam totalmente
24
dependentes dos senhores feudais, os donos da terra.

Os servos da gleba que trabalhavam as terras dos “ senhores “ sem os poderem abandonarem,
os colonos que trabalhavam as terras alheias, etc. Em número inferior aos lavradores,
existiam aqueles que se dedicavam a um ofício ou arte – os artesãos. São várias as profissões
ligadas ao artesanato, como sejam: ourives, padeiros, oleiros, alfaiates…

No entanto, a sua história mais recente (empresas) e a sua evolução poderão ser entendidas
nas seguintes fases:

 A Empresa da Eoliotécnica: Existiu entre o século X e meados do século XVIII. A


sua tecnologia era artesanal, rudimentar; a matéria-prima mais utilizada foi a madeira
e as fontes de energia eram o movimento da água, a força dos animais e o vento. E
porque Éolo é o deus grego do vento… daqui o seu nome!

 A Empresa da Paleotécnica: Ou seja das técnicas antigas, nasceu com a revolução


industrial, na Europa, por volta de 1750 e viveu até (diga-se), ao final da segunda
guerra mundial. Baseada no liberalismo económico, deu lugar às primeiras
manifestações de organização empresarial. O trabalho artesanal foi substituído pela
divisão técnica do trabalho. Outra característica desta época foi o recurso a
tecnologias ligadas a máquina a vapor, movida a carvão, mais tarde ao petróleo e,
finalmente, a energia eléctrica. A matéria-prima predominante, a princípio, foi o
ferro, a que mais tarde se juntou o plástico e outros minerais.

 A Empresa da Neotécnica: Surge com a descoberta da energia nuclear. Aproveita


o que as técnicas antigas tinham de positivo e altera muitos dos inconvenientes
ligados às linhas de montagem e ao tratamento do homem como peça de engrenagem
e renova-se nos nossos dias com as Novas TI. É a empresa do século XXI.

Portanto, assim surgiu a empresa capitalista, organismo económico que visa principalmente
a obtenção e maximização do lucro, reunindo os elementos humanos e materiais necessários
para exercer a atividade de produção de bens ou serviços e comerciais mediante custos
baixos, sob a direção e responsabilidade do empresário.

2.2. Definição de Empresa

O homem só tem possibilidade de sobrevivência se satisfazer as suas necessidades de


alimentação, de abrigo ou de vestuário, procurando no ambiente que o envolve os meios que
tornem possível a sua satisfação.

Necessidade: sensação desagradável sentida pelo homem quando lhe falta algo que lhe é

25
indispensável e que termina, quando utiliza bens, os quais contribuem também para lhe
proporcionar uma sensação agradável.À medida que o homem vai progredindo, novas
necessidades surgem levando-o a desenvolver uma actividade desmedida de forma a poder
desfrutar do bem material a que tem direito.

Desta forma, há necessidades fundamentais ou essenciais (orgânicas ou fisiológicas),


necessidades secundárias, complementares ou fictícias (carro, lazer) e as necessidades
benéficas e perniciosas (bebida, cigarro).Para atender a todas essas necessidades
(fisiológicas, psicológicas ou sociológicas) o homem terá de dispor de bens materiais ou de
serviço em condições adequadas. Além disso, terá ainda de planear a forma como as
necessidades irão ser satisfeitas, decidindo as que irá saciar em primeiro lugar e os recursos
que vai utilizar.

Figura 1 - Planeamento das necessidades

Bens ou Serviços
Necessidade (limitados)

Escolha das necessidades a Tomada de


satisfazer dos recursos Decisão

Sociedade

Fonte: Amaro, Maria, Noções de Administração Pública, p.25

Os bens materiais ou serviços que o homem necessita são criados pelas unidades produtivas,
através da disposição apropriada dos factores de produção. Estas unidades produtivas que
também podem ser designadas por unidades económicas ou empresas, são os centros de
decisão autónomos, que visam a produção de bens materiais ou prestação de serviços.

Dito isto, são várias as definições de ‘ empresa ’, dentre as quais se destaca:

 Empresa: É um organismo económico autónomo, onde se centralizam e combinam


os factores de produção, reunidos sob a autoridade de um indivíduo (empresário) ou
de um grupo, com o fim de produzir bens materiais ou prestar serviços, para

26
satisfazer as necessidades dos consumidores (clientes);

 Para Braga, (1990) Empresa (base de todas as economias) é uma organização social
que reúne, essencialmente, capital (dinheiro e meios de produção) e trabalho, para
desenvolver uma actividade de produção de bens ou serviço que sejam de interesse
para a comunidade (meio) onde ela está inserida.

Em princípio, as empresas têm por objectivo obter lucro da sua acção (produção) ou seja,
obter ganhos através do trabalho que realizam de onde obtêm os recursos necessários para
manter e ampliar os factores e os meios de produção de que dispõe. No entanto, há empresas
que, pela tónica eminentemente social da actividade que desenvolvem, chegam a ser ou são
propriedade do Estado e têm como finalidade a prestação de serviços às populações, sem
que o lucro seja considerado como objectivo mais importante.

É consensual aliar-se a noção de empresa a uma dinâmica de trabalho, de transformação, de


empreendimento e de risco. Este espírito de aventura, que leva o homem a empenhadamente
servir a comunidade, pode ser recompensado, em caso de êxito, com benefícios financeiros
em seu próprio proveito, enquanto dono (proprietário) da empresa (empresário), e garante
emprego a funcionários que, em conjunto com o proprietário, constituem a organização e
para ela vendem a sua força de trabalho.

A finalidade da empresa é pois, desde então, maximizar o lucro através da organização e da


instalação de estruturas adequadas (humana, material, financeira, etc.).

2.3. Tipos de Empresas

Existem dois Tipos de Empresas: Individual e Colectiva.

As Individuais são:

1. Empresário em Nome Individual (ENI):

Trata-se de uma empresa que é titulada apenas por um só indivíduo ou pessoa singular, que
afecta bens próprios à exploração do seu negócio. Um empresário em nome individual atua
sem separação jurídica entre os seus bens pessoais e os seus negócios, ou seja, não vigora o
princípio da separação do património.

Vantagens:

 O controlo absoluto do proprietário único sobre os aspectos do seu negócio.

 A possibilidade de redução dos custos fiscais. Nas empresas individuais, a


declaração fiscal do empresário é única e inclui os resultados da empresa. Assim,

27
caso registe prejuízos, o empresário pode englobá-los na matéria colectável de
ISR no próprio exercício económico a que dizem respeito.

Desvantagens:

 O risco associado à afectação de todo o património do empresário, cônjuge


incluído, às dívidas da empresa.

 Dificuldade em obter fundos, seja capital ou dívida, dado que o risco de crédito
está concentrado num só indivíduo.

 Finalmente, nestas empresas o empresário está inteiramente por sua conta, não
tendo com quem partilhar riscos e experiências.

Recomendação:

 A criação de uma empresa em nome individual é, sobretudo, indicada para negócios


que exijam investimentos reduzidos (logo não exigem grandes necessidades de
financiamento) e de baixo risco.

2. Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (EIRL):

Dados os riscos decorrentes da opção por uma empresa em nome individual, e face à
impossibilidade de constituição de unidades pessoais que até há uns anos atrás existia, o
legislador criou a figura do Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada.

A constituição do EIRL (Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada)


permitia ao empresário individual, afectar apenas uma parte do seu património a eventuais
dívidas da empresa. No entanto, em caso de falência do titular, por motivos relacionados
com o estabelecimento comercial, o falido poderia ser obrigado a responder com todo o seu
património pelas dívidas contraídas. Bastava para isso que se provasse que as normas de
separação patrimonial não haviam sido convenientemente observadas na gestão do negócio.

As Colectivas são:

a) Sociedade Unipessoal por Quotas (SUQ).

As sociedades por quotas exigem um mínimo de dois sócios (excepto no caso das sociedades
unipessoais por quotas). A lei não admite sócios de indústria (que entrem com o seu
trabalho). Todos têm que entrar com dinheiro, ou com bens avaliáveis.

b) Sociedade em Comandita,

A responsabilidade dos sócios tem uma dupla característica: é limitada e solidária. É


limitada porque está circunscrita ao valor do capital social. Quer isto dizer que por eventuais

28
dívidas da sociedade apenas responde o património da empresa e os dos sócios de
responsabilidade ilimitada;

c) Sociedade Anónima.

São sociedades de responsabilidade limitada no rigoroso sentido do conceito, porquanto os


sócios limitam a sua responsabilidade ao valor das acções por si subscritas. Assim, os
credores sociais só se podem fazer pagar pelos bens sociais.

Vantagens:

 Existe uma maior facilidade na transmissão dos títulos representativos da sociedade,


seja por subscrição privada ou pública.

 A responsabilidade dos sócios está confinada ao valor da sua participação, não


respondendo de forma solidária com os sócios pelas dívidas da sociedade.

 A obtenção de montantes de capital mais elevados é mais fácil, seja pela via da
emissão e venda de novas ações da empresa ou através de financiamento bancário.

Desvantagens:

 Existe, em regra, uma maior diluição do controlo sobre a empresa. Existem regras
para a proteção dos acionistas minoritários, que podem bloquear decisões
importantes, como fusões e aquisições de empresas.

 É uma forma de organização mais dispendiosa, pois requer procedimentos


burocráticos mais complexos ao nível da sua constituição e dissolução.

 Se for cotada num mercado de capitais, a empresa está sujeita a uma fiscalização
muito mais apertada por parte das entidades reguladoras.

Recomendação:

 A sociedade anónima é, sobretudo, indicada para empresas com volumes de negócios


de alguma dimensão que precisam de garantir financiamentos (seja através do crédito
bancário, seja da entrada de novos accionistas) de alguma envergadura para crescer.

 As Sociedades em nome Colectivo, os Sócios respondem de uma forma ilimitada e


subsidiária perante a Empresa e solidariamente, entre si, perante os credores. O
número mínimo de sócios é dois e podem ser admitidos Sócios de indústria.

 Sociedades em comandita: são de responsabilidade mista pois reúnem sócios cuja


responsabilidade é limitada (comanditários) que contribuem com o capital, e sócios
de responsabilidade ilimitada e solidária entre si (comanditados) que contribuem com

29
bens ou serviços e assumem a gestão e a direcçãoefectiva da sociedade. Na sociedade
em comandita simples o número mínimo de sócios é dois.

2.4. Empresas do Sector Comercial em Luanda

2.4.1. As Sociedades Comerciáis

As sociedades Comerciais são a estrutura típica das empresas nas economias de mercado,
embora a empresa possa revestir outras formas jurídicas, têm necessariamente por objecto a
prática de actos de comércio e as sociedades que tenham por objecto a prática de atos de
comércio devem revestir um dos tipos previstos no Código Comercial.

2.4.2. Objeto Comercial

Para que uma sociedade seja comercial, ela deverá ter “por objecto a prática de atos de
comércio”. Assim, o primeiro elemento conceptual específico das sociedades comerciais
consiste no objecto comercial. No que toca às sociedades comerciais, portanto, o elemento
finalístico, também designado, por fim imediato ou objectivo da sociedade, tem uma
conotação própria: ele deve ter carácter comercial.

O objecto da sociedade consiste nos actos ou actividades que, segundo a vontade dos sócios,
ela deverá praticar e prosseguir. Por conseguinte, é o carácter comercial desses actos e
actividades que atribui às sociedades o carácter de comerciantes.

2.4.2.1. Elemento teleológico: o fim lucrativo

O fim último da reunião dos sócios, com os respectivos contributos para o exercício da
actividade comum, terá de consistir na obtenção de um enrique- cimento patrimonial, de um
lucro, e não de outras vantagens ideais ou mesmo materiais.A noção estrita de lucro trata de
um aumento de património gerado na própria sociedade, para ser depois repartido entre os
sócios, seja periodicamente, seja no final da existência da sociedade.

O elemento teleológico não consiste apenas no intuito de que a sociedade obtenha lucros: é
necessário que ela vise também a repartição destes pelos sócios:

 Direito (abstracto) aos lucros, que é inerente ao conceito de sociedade;


 Direito (concreto) aos dividendos, isto é, à distribuição periódica de lucros, o qual
resulta da deliberação que os sócios tomem de os distribuir.

Este direito dos sócios aos dividendos goza de protecção, que se cifra em três aspectos:

30
1) O crédito dos dividendos vence-se, em regra, decorridos 30 dias após a deliberação
de atribuição de lucros;

2) É proibido o pagamento aos titulares dos órgãos sociais de participação nos lucros
que o estatuto social preveja, antes de estarem postos a pagamento os dividendos aos
acionistas;

3) É anulável a deliberação que porventura negar a distribuição do dividendo mínimo


obrigatório, ou mandar distribuir montante inferior ao legal.

2.4.3. Forma comercial

Para que uma sociedade seja comercial é ainda necessário que revista forma comercial e
comporta dois sentidos:

1) Primeiro, ela significa que a sociedade deverá revestir um dos tipos caracterizados e
regulados na lei comercial;

2) Num outro sentido, ela exprime a obrigatoriedade de a sociedade respeitar, na sua


constituição, os requisitos formais estabelecidos na lei comercial.

A primeira das acepções reporta-se ao princípio da tipicidade ou numerus clausus, que o


legislador adoptou quanto às sociedades comerciais.

Ainda por motivos de ordem pública, o legislador admite um número muito restrito de tipos
sociais. Estes distinguem-se, através de três características:

1) Responsabilidade dos sócios pela obrigação de entrada: trata-se de característica


fundamental, pois identifica a responsabilidade dos sócios para com a sociedade no
que toca à formação do património inicial desta;

2) Responsabilidade dos sócios pelas dívidas da sociedade: é outro aspecto de suma


importância, pois por ele se fica a saber se os sócios são ou não responsáveis, perante
os credores da sociedade pelas dívidas desta;

3) Modalidades de composição e titulação das participações na sociedade: trata-se de


um aspecto que, embora secundário, reveste muitas vezes importância assinalável,
pois permite caracterizar a natureza e a forma de cada parte do sócio na sociedade.

Assim, depois de uma breve incursão sobre a definição e abordagens da atividade das
empresas comerciais constatamos que as Empresas do Sector Comercial em Luanda, a
maioria são caracterizadas em sociedades por quotas de responsabilidade limitada,
constituídas fundamentalmente entre famílias em que o membro familiar de destaque é o

31
Sócio Gerente da organização.

2.5. A Relevância da Auditoria Externa

A auditoria externa confere credibilidade as informações financeiras utilizada pelos utentes


para tomarem decisões.Pese embora muitas empresas contrataram estes serviços como
obrigação das empresas mães, em Angola, a legislação vigente obriga-as a terem as contas
anuais auditadas. Com o crescimento da economia, muitas empresas solicitam os préstimos
das firmas de auditoria como cumprimento da legislação vigente e assim prestar contas as
empresas de origem.Este facto demonstra a relevância que a auditoria externa vai assumindo
no mercadonacional, como pode ser visto nos quadros a baixo, que apresentam algumas
empresas e organismos afins que têm solicitado os serviços de auditória externa.
a) Empresas e organismos públicos:

Tabela 2 - Empresas e organismos públicos

N NOME SIGLA CATEGORIA

Sociedade Nacional de Combustíveis de


1 Angola, EP SONANGOL, EP Empresa Pública
2 Empresa de Diamantes de Angola, EP ENDIAMA Empresa Pública
3 Empresa Pública de Águas, EP EPAL Empresa Pública
4 Banco Nacional de Angola BNA Banco Público
5 Banco de Poupança e Crédito BPC Banco Público
6 Governo da Província de Luanda GPL Entidade Pública
Fonte: Elaboração própria

b) Empresas e organismos privados:

Tabela 3 - Empresas e organismos privados

N NOME SIGLA CATEGORIA

Gestão e Exploração de Aterros


1 SEAS Empresa privada
Sanitários,Lda
2 Sonangalp,Lda SONANGALP Empresa privada
3 Banco de Fomento Angola BFA Banco privado
4 Banco Africano de Investimento BAI Banco privado
5 AntexAngola,Lda GRUPO ANTEX Empresa privada
6 Angoalissar Comércio e Indústria,Lda ANGOALISSAR Empresa privada
Fonte: Elaboração própria

Estas entidades solicitam estes serviços mesmo quando a legislação não o exigia, como
resposta as políticas das empresas mães.Fora destas as empresas em Luanda, no final de cada

32
exercício económico, para além de não apresentarem a compilação, registam análise e
apresentação de informações em termos monetários, sobre operações patrimoniais correntes,
ou seja, sem contabilidade organizada, o que não possibilita o apuramento dos seus
resultados e consequentemente a impossibilidade de realização de uma possível Auditoria,
o que indica um incumprimento das normas que regem a atividade Comercial e das
obrigações ante o Estado.

2.5.1. A Publicação de Demonstrações Financeiras

As empresas operam em mercados que apresentam oportunidades para poderem explorar e


ameaças que podem colocar em risco a continuidade das mesmas.
O ambiente que as envolve é complexo e imprevisível, exigindo que tomem medidas e
definam estratégias para anteciparem e conhecerem melhor tais aspectos. A auditoria externa
é um instrumento a disposição da gestão para auxiliar nessa árdua tarefa de análise do
ambiente.
As sociedades anónimas classificadas no Código de Imposto industrial como empresas do
Grupo A apresentam a repartição fiscal até ao mês de Maio de cada ano, a declaração em
duplicado do modelo n. ° 1, para o pagamento do imposto sobre os lucros. Esta apresentação
dentro dos prazos é facilitada ao existir Contabilidade organizada.
O decreto-lei n. ° 38/00 de 6 de Outubro de 2000 estabeleceu a obrigatoriedade de auditorias
para as empresas públicas e privadas constituídas sob qualquer forma jurídica (sociedades
anónimas, por quota, sociedades gestoras de projetos de investimento estrangeiro),
obrigando assim as empresas angolanas a contratarem os serviços de auditoria externa para
certificação das contas.
Visando cumprir o decreto acima mencionado, a administração fiscal tem sido implacável
com as sociedades anónimas no pagamento dos impostos, exigindo que as mesmas
apresentem a certificação legal das contas tal como vem estipulado no presente decreto.Dada
a complexidade do mundo de negócios, envolvendo riscos inerentes as demonstrações
financeiras, as empresas devem contratar os serviços de auditoria externa não apenas para
efeitos de tributação mas como ferramenta importante na análise da performance da gestão.A
publicação de demonstrações financeiras auditadas deve ser encarada como valor
acrescentado a gestão da empresa, visando transmitir uma imagem positiva da empresa ao
mercado e segurança aos utilizadores de informações financeiras.

33
2.5.2. O Processo de Relato de Uma Auditoria

O objectivo de qualquer trabalho de auditoria externa é expressar uma opinião sobre as


contas preparadas por uma organização, depois de analisadas e testadas numa base amostral.
Para se alcançar este objectivo, várias etapas são queimadas, a começar pelo planeamento
que é feito antes da realização do trabalho de campo.
A tempestividade do processo que conduz a emissão da opinião, depende do tipo de
organização e da auditoria a realizar, sendo condicionada por vários factores dentre os quais
se destaca a experiência dos auditores e o conhecimento do negócio da organização.

34
CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO : Empresa de Saneamento (SEAS-Lda)

O presente capítulo, debruça sobre o estudo de caso efectuado na empresa SEAS de gestão
e exploração de aterros sanitários, lda. O estudo cingiu-se nas ferramentas da analise
financeira, nomeadamente analise de rácios, analise de rentabilidade, analise de liquidez e
solvabilidade e concomitantemente analise gráfica, a fim de analisar a evolução da SEAS ao
longo de 2 anos, conforme as demonstrações financeiras que nos foram facultadas.

3.1. Apresentação da empresa SEAS

A gestão e exploração de aterros sanitários, Lda é uma sociedade de direito angolano de


capitais totalmente privado, foi constituída em 10 de Agosto de 2007, sede em Luanda tendo
como capital social Akz 1.600.000,00.
Tendo como sócios: Elisal tendo como capital inicial de Akz 580.000,00 Transom tendo
como capital inicial de Akz 640.000,00 Consulbras tendo como capital inicial de Akz
300.000,00 Ninhos do condomínio terceira série tendo como capital inicial de Akz
80.000,00.

3.2. Indicadores de Gestão da SEAS

As sociedades comerciais medem o desempenho que alcançam através de grandezas que


servem de base para as pessoas que nela têm interesses de tomarem decisões.

Os dados constantes no balanço e na demonstração de resultados, servem para extrair


informações, que sustentam a avaliação da sua saúde financeira das mesmas.

Analisadas as demonstrações financeiras da SEAS produziu-se informações que permitem


compreender a confiança dada pelos sócios a gestão assim como a imagem que estas
empresas granjeiam no mercado angolano.

Deste estudo, resultaram os indicadores apresentados:

Análise dos Rácios

Esta análise, exige estudo sucessivo da rentabilidade, liquidez e estrutura financeira da


empresa que constituem as principais dimensões duma empresa.

Procurou-se apresentar os indicadores que interessam aos utentes das informações


financeiras.

35
Análise da Rentabilidade

a) Rentabilidade Comercial; resulta da relação entre resultados operacionais e as vendas e


não depende da política financeira e de investimento das empresas.

Na tabela a seguir, encontramos a contribuição que as vendas tiveram nos resultados


operacionais da SEAS.

36
Tabela 4 - Contribuição das vendas nos resultados operacionais da SEAS.

Empresa SEAS - Gestão e exploração de Aterros Sanitários, LDA


2009 2010
Rentabilidade Comercial

𝑅𝐶 = 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑖𝑠
x100
𝑅𝐶 = 2.094.593.179,41
2.116.825.597,50
x100 99% 𝑅𝐶 = 3025594513,83 x100 97%
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
3126206287

Margem Líquída
65.365.734,20
MC=
13.074.734,24
x100 1% MC= x100 2%
ML= 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
x 100 2.116.825.597,50 3126206287

Rentabilidade Económica
13.074.734,24 4% 21%
RE= 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠
x 100 MC= 331.542.440,60
x100 65.365.734,20
𝑅𝐸 = 307.706.522,09x100
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

Capacidade de Autofinanciamento
CA= 13.074.734,24+18.805.703,27 31.880.438 32.773.456
CA= 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠 + Provisões + Amortizações CA= 65.365.734,20+19.698.721,81

Rentabilidade Económica pelo Cash Flow 31.880.438


𝑅𝐸𝐶𝐹 = 331.542.440,60 x100 10% 32.773.456
𝑅𝐸𝐶𝐹 = 307.706.522,09x100 11%
RECF= 𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑎𝑑𝑒𝑑𝑒𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜
𝑑𝑒 𝑎𝑢𝑡𝑜𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
x 100

Rentabilidade Financeira
13.074.734,24 4% 96%
RF= 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠
x 100 MC= 69.629.600,81 x100 65.365.734,20
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 𝑅𝐹 = 67.898.525
x100

Fonte: Elaboração própria

37
 Rentabilidade Comercial

A SEAS em 2010 obteve melhor resultado que no ano de 2009.

A SEAS em ter começado as actividades em Angola em 2009 à 2010 obteve resultados bons,
fruto dos vários anos de actividade e a constante procura dos seus serviços no mercado
nacional.

Este indicador é utilizado pela auditoria externa ao analisar o risco que as actividades de
exploração podem apresentar no grosso das demonstrações financeira, o que permite planear
a extensão dos procedimentos a usar para validar os saldos destas contas.

 Margem Líquida

No indicador acima apresentado, a SEAS obteve melhor resultado interno de rentabilidade


no ano de 2010.

 Rentabilidade Económica

Este indicador resulta da necessidade que as empresas têm em medir a rentabilidade obtida
pois é o conjunto dos activos que lhes garante os resultados. É a rentabilidade dos
investimentos realizados pelas empresas.

Os dados mostram que a SEAS no ano de 2009 teve rentabilidades baixa, mas no ano
seguinte os activos aumentaram significativamente contribuindo para a rentabilidade
económica positiva de 21,24%, fruto da aposta feita no mercado angolano e dos resultados
positivos obtidos.

Este indicador é muito importante pois permite aos auditores analisarem a influência dos
activos da empresa em relação ao resultado líquido. Assim, podem a partida ter uma
percepção do valor das adições que foram feitas ao activo e procurar realizar procedimentos
analíticos que permitem provar a existência e a propriedade dos mesmos.

Por ser muito sensível a manipulações com objectivos fiscais e não ser calculado a partir dos
fluxos de fundos (cash-flows), ele permanece muito distante da realidade financeira das
empresas.

A rentabilidade económica calculada através de cash-flows, permite as empresas terem a


percepção da rentabilidade por elas alcançadas. É calculado a partir de fluxos de fundos,
apresentando-se mais próximo da realidade financeira.
38
 Rentabilidade económica pelo cash flow e capacidade de autofinanciamento

A rentabilidade económica pelo cash flow permite as empresas calcularem a rentabilidade


económica mais próxima da realidade financeira, tendo em conta que resulta de fluxos de
fundos por elas gerados durante um determinado período de tempo e apresenta melhores
resultados em relação ao indicador acima apresentado.

Os auditores, assim, podem avaliar a capacidade das empresas em autofinanciarem-se, o que


se resume na capacidade de gerarem meios líquidos retidos durante o exercício económico.
Constituem resultados líquidos retidos; as provisões constituídas que não foram utilizadas
assim como as amortizações que os bens das empresas sofreram durante o exercício
económico.

Quanto maior for a capacidade de autofinanciamento da empresa, maior serão os elementos


que as compõem. O seu cálculo, permite aos auditores indagarem a gestão sobre a base
utilizada para a constituição das provisões e as taxas utilizadas na amortização dos bens.

Funciona como alerta sobre as contas que constituem a capacidade de autofinanciamento.

 Rentabilidade Financeira

Este indicador resulta da necessidade das empresas de proporcionar boa rentabilidade aos
accionistas e é analisada através dos capitais próprios

Os accionistas constituem o grupo que tem maior interesse em conhecer a situação financeira
das empresas pois investem nelas seus capitais. A opinião dos auditores é muito importante
para tomarem a decisão de onde investir.

A rentabilidade financeira mostra a magnitude do resultado líquido em relação ao capital


próprio da empresa e espelha a capacidade dos capitais próprios em gerar resultados líquidos.

A SEAS em dois anos consecutivos alcançou a rentabilidade financeira positiva de 96% e


18% devido a sua actuação no país ter começado em 2007 e aumentos de capital.

39
Gráfico 1 - Evolução da rentabilidade da SEAS 2009 – 2010.

99% 97% 96%


100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
21%
30%
10% 11%
20%
2% 4% 4%
10% 1%

0%
Rentabilidade Margem Líquída Rentabilidade Rentabilidade Rentabilidade
Comercial Económica Económica pelo Financeira
Cash Flow

2009 2010

Fonte: Elaboração própria

O gráfico acima expostos evidenciam o crescimento da SEAS em dois anos consecutivos.

40
Analise da Estrutura de Capitais
Tabela 5 - Analise da Estrutura de Capitais

Empresa SEAS - Gestão e exploração de Aterros Sanitários, LDA


2009 2010
Índice de Participação de Capitais

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑎𝑙ℎ𝑒𝑖𝑜𝑠
IPC= 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜𝑠
x100 IPC=
261.912.839,79
69.629.600,81 x100
376% IPC= 239.807.997,08
67.898.525
x100 353%

Composição de Endividamento
261912839,79
CE= 261912839,79
x100 100% MC=
239.807.997,08
x100 100%
239.807.997,08
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
CE= 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠
x 100

Imobilização do património Líquido

156% 119.789.999,92 176%


IPL= 𝐴𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜
x 100 IPL=
108.341.619,73
x100 IPL= 67.898.525
x100
69.629.600,81

Imobilização dos Recursos não correntes


108.341.619,73 119.789.999,92
IRNC= 69.629.600,81
x100 IPL= x100
𝐴𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑃𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 156% 67.898.525 176%
IRNC= 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜+𝐸𝑥í𝑔𝑖𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝐿𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜
x100

Fonte: Elaboração própria

41
 Índice de Participação de Capitais
Quanto menor for melhor, indica a participação de capitais alheios na empresa, nesta senda,
face aos dados apresentados no quadro, indica que a empresa SEAS teve um índice de
participação mais elevada em 2009, no percentual de 376%, reduzindo em 23% para 2010
 Composição de Endividamento
Quanto menor for melhor, indica o percentual de obrigações a curto prazo em relação as
obrigações totais, por esta via, ambos anos evidenciou-se uma composição de
endividamento em 100%.
 Imobilização do património líquido
Quanto menor for este indicador melhor, pois indica o quanto a empresa aplicou em
activos permanentes em cada 100 AKZ de capitais, logo em 2009 a SEAS ou percentual era
de 156% elevando-se para 176% em 2010, demonstrando que existe um valor acrescido de
recursos que estão a ser imobilizados em nos activos.
 Imobilização de recursos não correntes
Quanto menor for este indicador melhor, pois indica o quanto a empresa aplicou em
activos permanentes em cada 100 AKZ de capitais, logo em 2009 a SEAS ou percentual era
de 156% elevando-se para 176% em 2010, demonstrando que existe um valor acrescido de
recursos que estão a ser imobilizados em nos activos. Obteve-se o mesmo resultado que o
rácio anterior porque a empresa SEAS não teve financiamentos de médio e longo prazo.
Gráfico 2 - Analise da Estrutura de Capitais

376%
353%
400%
350%
300%
250% 176%
176%
156% 156%
200%
150% 100% 100%

100%
50%
0%
Índice de Participação Composição de Imobilização do Imobilização dos
de Capitais Endividamento património Líquido Recursos não correntes

2009 2010

Fonte: Elaboração própria


42
Análise do Equilíbrio Financeiro
Tabela 6 - Analise do Equilíbrio Financeiro

Empresa SEAS - Gestão e exploração de Aterros Sanitários, LDA


2009 2010
Solvabilidade Total
69.629.600,81
ST= 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜𝑠
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜
ST= 261.912.839,79 0,27 ST= 239.807.997,08
67.898.525
0,28

Liquidez Geral
223.200.820,87
𝐴𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
LG= 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 LG= 261.912.839,79
0,85 LG=
187.916.522,17 0,78
à 𝑐𝑢𝑟𝑡𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜 239.807.997,08

Liquida reduzida
223.200.820,87
LR= 𝐴𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜
𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 −𝐸𝑥𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 LR= 261.912.839,79 0,85 LR= 187.916.522,17−0 0,78
𝑎 𝑐𝑢𝑟𝑡𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜
239.807.997,08

Liquidez imediata
𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 60.344.920,87 25.060.622,17
LI= 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑎 𝑐𝑢𝑟𝑡𝑜 𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 LR= 261.912.839,79
0,23 IRNC= 239.807.997,08
0,10

Fonte: Elaboração própria

 Solvabilidade Total
Quando superior que 1, é satisfatório implicando que a empresa pode fazer face a liquidação
de dívidas com meios próprios, nesta senda, a empresa SEAS, em ambos anos demonstrou
uma situação de incapacidade de solver as suas dívidas com meios próprios devendo para
isso incorrer a empréstimos para solver suas dividas.

 Liquidez Geral

Quando superior que 1, é satisfatório implicando que a empresa pode fazer face a liquidação
de dívidas com meios próprios, nesta senda, a empresa SEAS, em ambos anos demonstrou
uma situação de incapacidade de solver as suas dívidas com meios próprios devendo para
isso incorrer a empréstimos para solver suas dividas de curto prazo.

 Liquidez Reduzida

Quando superior que 1 é satisfatório implicando que a empresa pode fazer face a liquidação
de dívidas com meios próprios, nesta senda, a empresa SEAS, em ambos anos demonstrou
uma situação de incapacidade de solver as suas dívidas em 0,85 e 0,78, para 2009 e 2010
respectivamente.

43
 Liquidez Imediata

Tal como os rácios anteriores de liquidez, este indicador ao ser analisado demonstrou que a
empresa está incapacitada de solver as suas dívidas de curto prazo com os próprios meios de
liquidez.

Gráfico 3 - Analise do Equilíbrio Financeiro

0,85 0,85
0,9 0,78 0,78
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4 0,27 0,28
0,23
0,3
0,1
0,2
0,1
0
Solvabilidade Total Liquidez Geral Liquida reduzida Liquidez imediata

2009 2010

Fonte: Elaboração própria

Analise dos prazos médios


Tabela 7 - Analise dos prazos médios

Empresa SEAS - Gestão e exploração de Aterros Sanitários, LDA


2009 2010

162.855.900
PMR= 𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 x100 PMR= 2.116.825.597,50x100 8% PMR=
162.855.900
5%
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 3.126.206.287x100

Fonte: Elaboração própria

O prazo médio de recebimento, é o tempo médio que a empresa leva a cobrar dos seus
clientes aquilo que lhes factura.

Assim, quanto mais baixo o prazo médio de recebimento, maior a eficiência da empresa nas
suas cobranças, e menor o dinheiro que tem que ter imobilizado no seu fundo de maneio, no
entanto, nesta senda a SEAS apresentou um melhor resultado em 2010 em 5% em relação à
2009 em 8%, evidenciando o forte capacidade da empresa na assunção de estratégias de
negócios.
44
Gráfico 4 - Analise dos prazos médios

8%

8%
7% 5%

6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
2009 2010

Fonte: Elaboração própria

OBS: Não apresentou-se o PMP (prazo médio de pagamentos), porque a empresa, nos anos
subjacentes à análise 2009 e 2010 e respectivamente, não adquiriu existências, que
consequentemente, não houve o cálculo do custo das mercadorias vendidas e consumidas.

45
CONCLUSÕES

1. Sem a análise económica e financeira a empresa não consegue saber em que situação
se encontra, o que impossibilita determinar quais são as necessidades de fundo das
mesmas, correndo assim grande perigo. Portanto torna-se importante e necessário ter
uma contabilidade organizada, uma vez que a análise económica e financeira é feita
com base nos documentos contabilísticos tendo assim bases/dados para avaliar o
desempenho da empresa.
2. O estudo de caso da empresa SEAS, lda referente aos exercícios de 2009 e 2010,
permitiu conhecer na prática o funcionamento e a importância da analise económica
e financeira, pois através dessa técnica, foi possível observar a situação e evolução
dos elementos patrimoniais da empresa.
3. A empresa apresenta resultados positivos em 2009 e 2010, no qual indica uma
situação financeira positiva. Não obstante a mesma tem indicadores que deve
melhorar para que a sua situação financeira seja melhor.
4. Deve melhorar os indicadores de liquidez.
5. Portanto, face ao exposto pode-se observar claramente que a auditoria através das
técnicas de análise financeira abordadas, irá fornecer dados imprescindíveis ao
gestores das empresas a tomar decisões importantes, possibilitando para tal o sucesso
da organização.

46
RECOMENDAÇÕES

No encalço do trabalho efectuado, urge a necessidade de recomendar o seguinte:

 Apresentar o trabalho efectuado aos analistas da empresa a fim de conhecer a sua


real situação económica e financeira;

 A empresa deve melhor a sua política de crédito à curto prazo para alcançar melhor
liquidez;

 Utilizar os resultados do estudo como o prognóstico para comportamento futuro da


empresa no processo da tomada de decisões da gestão financeira;

 Sugerir aos estudos futuros a utilização da analise de métodos comparativos, de


maneiras a confrontar os dados da empresa, com empresas do mesmo ramo de
actividade.

 Efectuar periodicamente a analise da estrutura económica e financeira da empresa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AMAT, Oriol, Tratado de contabilidade IV: empresa e economia, cálculo e esta


tística edireito comercial, Plátano Editora, Lisboa 1996.
2. BENZINHO, Jorge e RODRIGUES, Marcos, Técnicas de Gestão de Empresas – Análise
Económica e Financeira. Lisboa: Escolar Editora, 1995.
3. BORGES, António; RODRIGUES, Azevedo e RODRIGUES, Rogério. Elementos da
Contabilidade Geral, 25ª Edição. Lisboa: Áreas Editora, SA, 2010
4. COSTA, Carlos Baptista da, Auditoria financeira: teoria e prática, Rei dos Livros, 7ª
edição, Lisboa, 2000.
5. DONNELY, James H. et alii; Administração: princípios de gestão empresarial, McGra
w-Hill, 10ª edição, 2000.
6. LOURENÇO, João Cabrito, A auditoria fiscal, Vislis, 2ª edição, Lisboa, 2000.
7. MENEZES, H. Caldeira, Princípios de gestão financeira, Editorial Presença, 9ª
edição, Lisboa, 2003.
8. NABAIS, Carlos e NABAIS, Francisco. Prática Financeira I – Análise Económica &
Financeira, 2ª Edição. Lisboa: Lidel – Edições Técnicas, Limitadas, 2005.
9. NEVES, J. C,Análise Financeira: vol. I– Técnicas Fundamentais 14ª Edição, Lisboa,
2003.
10. SANTOS, Arlindo F. Analise Financeira – Conceitos, Técnicas e Aplicações. Lisboa:
CODEX, 1981.
11. SILVA, F. V. Gonçalves e PEREIRA, J.M. Esteves, Contabilidade das Sociedades,
Plátano Editora, 10ª edição, Lisboa, 1994
12. SOLNIK, Bruno, Gestão financeira, Publicações Europa-América, Lisboa 1995.
13. TEIXEIRA, S. Gestçao das Organizações. Lisboa: McGraw-hill, 2005.

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