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SUPERIOR
DE CONTABILIDADE
E ADMINISTRAÇÃO
DO PORTO
POLITÉCNICO
DO PORTO
M MESTRADOAuditoria
A importância da auditoria
tributária na deteção e
prevenção de infrações
fiscais
12/2020
INSTITUTO
UPERIOR
DE CONTABILIDADE
E ADMINISTRAÇÃO
DO PORTO
POLITÉCNICO
DO PORTO
M MESTRADO AUDITORIA
A importância da auditoria
tributária na deteção e
prevenção de infrações
fiscais
Ivo Gonçalo Magalhães Silva
Este estudo tem como principal objetivo perceber em que aspetos a auditoria tributária
ajuda na prevenção e deteção da fraude fiscal e ainda compreender todo o processo
associado às inspeções tributárias.
i
Abstract
The main goal of this study is to understand how tax audit helps preventing and detecting
tax fraud, as well as the whole process associated to tax inspections.
Literature review starts with an approach to fraud, exploring some concepts of several
scientific sources, the types of tax infractions and the motivations that led to them. Then,
we clarify some concepts and definitions of auditing transcribed from several authors, as
well as technical and personal features that are essential to the profession and also some
laws and directives used in the field.
Still in the literature review, we move to tax auditing, theme that will be explored in detail
on research methodology. In this final part, we mention some concepts and definitions of
tax auditing, how tax inspections are done and their components.
Lastly, we finished the study with the conclusion, where we mention some concepts and
definition of several scientific publications that we refer in the literature review as well
as, the empirical study done in the research methodology, where we considered the
validation of each one of the hypotheses.
ii
Agradecimentos
O desenvolvimento deste estudo envolveu um grande esforço e dedicação, por isso queria
deixar um agradecimento especial aos meus pais, que sempre estiveram do meu lado e
me incentivaram, pondo à minha disposição todas as ferramentas para que concluísse com
sucesso a dissertação.
Por fim, agradecer também a todos os meus amigos pela motivação e crença que contribui
imenso para terminar esta etapa.
iii
Lista de abreviaturas
AT - Autoridade Tributária
DF – Demonstração Financeira
UE – União Europeia
iv
Índice Geral
Resumo.............................................................................................................................. i
Abstract ........................................................................................................................... ii
Agradecimentos.............................................................................................................. iii
Introdução ....................................................................................................................... 1
v
Capítulo II – Metodologias de investigação................................................................ 23
Apêndices ....................................................................................................................... 55
Apêndice 1 .................................................................................................................. 56
Apêndice 2 .................................................................................................................. 57
vi
Índice de Figuras
vii
Índice de Gráficos
viii
Gráfico 19 – Julgamento profissional tem mais peso na auditoria financeira do que na
auditoria tributária?.................................................................................................38
ix
Índice de Tabelas
x
Introdução
Ao longo dos tempos, o agravamento das condições sociais bem como o aumento das
cargas tributárias têm motivado cada vez mais pessoas e empresas a optar por métodos
ilícitos a fim de contornar o pagamento dos impostos. Neste estudo, irei focar a temática
da evasão fiscal e planeamento e todos as formas de prevenir e detetar estas práticas, em
que a auditoria tem um papel fulcral.
Esta dissertação tem como objetivo responder a algumas questões cruciais tais como:
Estarão os procedimentos de auditoria utilizados pela AT adequados à realidade das
empresas? Os procedimentos de inspeção tributária ajudam a prevenir de uma forma
eficaz a fraude fiscal?
1
Capítulo I – Revisão da literatura
2
1 Fraude - Enquadramento
1.1 Definição
Para Tavares (2012), a diferença entre ação premeditada e erro é crucial, tendo em conta
"que erro é o ato não intencional resultante de omissão, desatenção ou má interpretação
de factos no registo e elaboração das DF´s. Enquanto que fraude, é o ato intencional de
omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registos e DF´s. Ao
detetar erros relevantes ou fraudes no decorrer do seu trabalho, o revisor tem a obrigação
de os comunicar à administração da entidade e sugerir medidas corretivas, informando
sobre os possíveis efeitos na sua opinião, caso não sejam adotadas".
O mesmo conceito é definido também na ISA 240 como sendo “um ato intencional por
um ou mais indivíduos entre a gerência, os encarregados da governação, os empregados
ou terceiros, envolvendo o uso de enganar para obter uma vantagem injusta ou ilegal”.
A fraude é também considerada no capítulo 3, artigo 103º do Regime Geral das Infrações
Tributárias (RGIT), que contempla os crimes fiscais os quais “Constituem fraude fiscal,
punível com pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias, as condutas ilegítimas
tipificadas no presente artigo que visem a não liquidação, entrega ou pagamento da
prestação tributária ou a obtenção indevida de benefícios fiscais, reembolsos ou outras
vantagens patrimoniais suscetíveis de causarem diminuição das receitas tributárias. A
fraude fiscal pode ter lugar por:
Oportunidade
FRAUDE
Incentivo/Pre Atitude/Raci
ssão onalização
4
entrada em certos grupos sociais. Em qualquer dos casos, a pressão resulta da necessidade
urgente de rendimento para solucionar um determinado problema.
A oportunidade é definida como a perceção por parte do indivíduo que pode cometer
fraude, sem que esta seja detetada. Neste contexto, a auditoria interna tem um papel
fulcral, pois só é cometido o ato ilícito se o controlo da empresa falhar, sendo que a
existência de mecanismo de auditoria, falta de comunicação antifraude, impunidade em
casos transatos de fraude ou a existência de conluio são alguns dos aspetos que levam a
que aconteça este fenómeno.
Tem-se verificado uma evolução crescente do fenómeno da evasão fiscal, motivado por
acontecimentos como o aumento progressivo das cargas tributárias, acréscimo de
movimento de capital e de bens e serviços, aumento da complexidade dos critérios fiscais
ou a falta de punição das entidades ou pessoas singulares que fazem uso destas práticas
ilícitas. É de salientar que a evasão fiscal cria enormes prejuízos para os estados, na
medida em que parte dos rendimentos não são tributados e, consequentemente, o dinheiro
das prestações tributárias não chega aos cofres do Estado.
É crucial o desenvolvimento do conceito de evasão fiscal no que respeita a este tema, bem
como o de outros dois conceitos a ele fortemente associados: a elisão fiscal e o
planeamento fiscal abusivo.
5
existe sempre uma divergência entre a vontade real e a vontade declarada, pois a vontade
real será sempre de natureza ilícita ao contrário da sua vontade declarada.
A elisão fiscal é caracterizada pela prática de atos lícitos com o objetivo de contornar as
normas tributárias obtendo carga tributária mais baixa. Alguns exemplos destas práticas
são acumular rendimento num território, onde a tributação seja mais baixa, ou transferir
rendimento para um local, onde lhe seja atribuído um tratamento fiscal mais vantajoso.
Para clarificar melhor estas duas realidades Nunes (2000) refere que:
- A evasão fiscal consiste em “(...) atos ilícitos praticados pelos contribuintes com
o objetivo de não pagar ou pagar menos impostos (...) Temos então a evasão fiscal que
abrange os crimes e as contraordenações fiscais e a evasão fiscal não penal.”.
6
2 Auditoria Financeira
A definição de auditoria financeira foi sofrendo várias alterações no decorrer dos anos,
destacando-se, neste âmbito, alguns autores a seguir mencionados.
Segundo Batista da Costa (2010) “podemos, pois, afirmar que esta tem como objeto as
asserções subjacentes às demonstrações financeiras e como objetivo a expressão de uma
opinião sobre estas por parte de um profissional competente e independente”
Para Cohen (1978), “Um auditor independente é necessário devido ao conflito inerente
entre a gestão da entidade e os utilizadores da informação financeira (stakeholders). A
partir do momento que as demonstrações financeiras são um dos meios de avaliação da
performance dos órgãos de gestão da entidade nas suas obrigações para com a entidade,
a gestão passou a ter um incentivo para adulterar as contas. Esta ação leva a que a
informação financeira da empresa seja apresentada de uma forma muito mais otimista,
algo que diverge com a realidade, levando assim a uma errada representação das contas
da firma.”.
7
De acordo com o artigo de investigação A Global Summary of the Common Body of
Knowledge (2006), o auditor precisa de competências individuais, tais como gestão de
tempo, capacidade de comunicação, espírito crítico, capacidade de resolver conflitos ou
compreender sistemas de informação complexos. Para além destas competências, o auditor
necessita também de conhecimentos técnicos nas mais variadas áreas que, segundo os
investigadores, totalizam 19. Na tabela 1, adaptada do artigo em questão, são elencadas
todas as áreas que o auditor necessita de dominar para que o desempenho da sua atividade
profissional seja o mais satisfatório possível, assim como a importância, numa escala de 1
a 5, (1 representa uma importância mínima e 5 representa muita importância) que as
diferentes áreas representam para diferentes cargos de auditoria.
Diretor Equipas
de Auditor de
Área de conhecimento auditoria Sénior/Supervisor auditoria
Contabilidade 3.83 3.77 3.71
Auditoria 4.68 4.66 4.61
Direito comercial e regulação 3.68 3.70 3.68
governamental
Gestão de negócio 3.75 3.60 3.53
Alterações nos padrões 3.71 3.64 3.68
profissionais
Gestão de risco 3.85 3.74 3.71
Ética 4.21 4.18 4.26
Finanças 3.70 3.68 3.64
Sensibilização para a 4.00 3.93 3.91
possibilidade de fraude
Corporate Governance 3.95 3.80 3.77
Gestão de recursos humanos 3.44 3.23 3.15
Padrões de auditoria interna 4.19 4.19 4.24
Tecnologias de informação 3.85 3.84 3.79
Contabilidade de gestão 3.35 3.30 3.27
Marketing 2.70 2.60 2.64
Cultura organizacional 3.91 3.79 3.82
Organização dos sistemas 3.75 3.76 3.78
Estratégia e política do negócio 3.73 3.61 3.60
Conhecimento técnico da 3.97 3.92 3.96
indústria
Tabela 1 – Importância de cada área de conhecimento no desempenho das funções de auditoria
adaptado do artigo A Global Summary of the Common Body of Knowledge 2006.
8
2.3 Lei de Sarbanes-Oxley
"Título I - Public Company Accounting Oversight Board - PCAOB: Composto por nove
secções, define a criação do Public Accounting Oversight Board, responsável por criar
uma equipa de auditores independentes, que prestam serviços de auditoria à contabilidade
de empresas sujeitas a registo (e publicidade) da prestação de contas;
Título V - Analyst Conflicts of Interest: composto apenas por uma secção, inclui medidas
destinadas a restituir a confiança ao investidor nos relatórios e informações preparados
por analistas do mercado de valores/ações, obrigando os intervenientes a divulgar
possíveis conflitos de interesses;
9
Título VI – Commission Resources and Authority: composto por quatro secções, define
práticas para corretores, negociadores, analistas e consultores do mercado de
valores/ações, visando restituir confiança ao investidor;
Título VII – Studies and Reports: composto por cinco secções, obriga os Administradores
Executivos e outros responsáveis financeiros e da contabilidade, bem como a SEC e
outras entidades oficiais a executar várias análises/estudos e a divulgar os seus resultados;
Título VIII – Corporate and Criminal Fraud Accountability: composto por sete secções,
estatui sanções penais específicas para manipulação, destruição ou alteração dos registos
financeiros ou outras interferências nas investigações, estipulando ainda um regime de
proteção para os denunciantes de irregularidades;
Título IX – White Collar Crime Penalty Enhancement: Composto por seis secções, define
agravamento de sanções penais relacionadas com crimes, tentativas e associações
criminosas preparatórias de ilícitos denominados de “colarinho branco”;
Título X – Corporate Tax Returns: composto por uma seção, determina que o Chief
Executive Officer (Presidente da Comissão Executiva, Presidente do Conselho de
Administração Executivo) deve assinar as Declarações Fiscais (company tax return);
Título XI – Corporate Fraud Accountability: composto por sete secções, identifica fraudes
empresariais, caracteriza manipulações, como ilícitos criminais, para as quais estatui
sanções e medidas preventivas específicas."
Com o aparecimento da lei SOX, assinada a 30 de julho de 2002, que passou a ser
obrigatória internacionalmente, surgiu assim, a 17 de maio de 2006, a Diretiva
2006/43/CE, que é uma adaptação da lei americana aos Revisores/Auditores da União
Europeia, com objetivo de estabelecer uma harmonização nas práticas de auditoria nos
países membros.
10
art. 22º da Diretiva que “Os Estados membros devem assegurar que, aquando da
realização de uma revisão legal das contas, o ROC e/ou a SROC sejam
independentes relativamente à entidade examinada e não se encontrem
envolvidos nas decisões dessa entidade.”
Segundo Costa (2014), "(...) a prova em auditoria é importante não só como forma de o
trabalho poder ser controlado e revisto por um profissional mais experiente (no caso das
firmas de auditores) como também ser examinado pelo respetivo organismo profissional
11
e/ou organismo de supervisão pública da profissão com o objetivo destes poderem
constatar se as normas profissionais vigentes estão a ser ou não cumpridas."
Para a ISA 500 – Prova de auditoria é definida como "todas a informações utilizadas pelo
auditor que lhe possibilitam chegar às conclusões sobre as quais se baseia a sua opinião.
A prova de auditoria, que inclui as informações contidas nos registos contabilísticos
subjacentes às DF´s e outras informações, obtém-se através de realização de: (a)
procedimentos de avaliação do risco; e (b) procedimentos de auditoria adicionais (
compreendem testes aos controlos, quando exigidos pelas ISA ou quando o auditor
entendeu efetuá-los; e procedimentos substantivos, incluindo testes de detalhes (de
classes de transações, de saldos de contas e de divulgações) e procedimentos analíticos
substantivos.").
É referido também na ISA 500 que o auditor deve obter prova suficiente e apropriada, isto
é, o revisor deve ter uma amostra significativa de factos para obter conclusões, e esta tem
de ser de qualidade, confirmando as asserções associadas às classes de transações, de
modo a obter uma opinião fidedigna.
Segundo a ISA 320, "a informação é material se a sua omissão ou distorção influenciarem
as decisões económicas dos utilizadores tomadas na base das DF´s”.
Quanto ao risco de auditoria, de acordo com a ISA 320, este é descrito como "o risco de
o auditor expressar uma opinião de auditoria inapropriada quando as DF´s estão
materialmente distorcidas". Neste contexto existem riscos que é essencial salientar. O
primeiro é o risco de distorção material, que se traduz no risco das DF’s se encontrarem
materialmente distorcidas, antes do revisor efetuar a auditoria, e este divide-se em:
O outro é o risco de deteção, que se relaciona com a qualidade dos trabalhos do auditor,
visto que é o risco de existirem distorções materialmente relevantes que não sejam
detetadas pelo auditor. Segundo Costa (2014) o risco de deteção é “(…) o risco de que o
auditor não detete tal distorção através da realização dos seus testes e procedimentos.”
Para Tavares (2012) “Os procedimentos de auditoria são um conjunto de técnicas que
visam obter evidência apropriada e suficiente e que forneçam segurança elevada de que
as demonstrações financeiras estão isentas de erros materiais”
Ricchiute (2006) refere que para atingir os objetivos de auditoria sobre cada asserção, que
seja considerada materialmente relevante, o auditor/revisor recorre a procedimentos de
auditoria para adquirir prova persuasiva. A seleção dos procedimentos é baseada na
materialidade, nível de risco e prova disponível em quantidade e qualidade.
13
Optou-se por mencionar os procedimentos de auditoria existentes, adaptado do Manual
da Normas Internacionais de Controlo de Qualidade, Auditoria, Revisão, Outros
Trabalhos de Garantia de Fiabilidade e Serviços Relacionados (2018).
Quanto aos procedimentos substantivos, abordados na ISA 330, são utilizados para detetar
distorções matérias ao nível das asserções. Estes compreendem os testes de detalhe que
abrangem classes de transações, saldos de contas e divulgações e os procedimentos
analíticos substantivos
Os testes dos controlos, referentes também à ISA 330, caracterizem-se pela avaliação da
eficácia operacional dos controlos na prevenção, ou deteção e correção de distorções
materiais ao nível de asserção.
No que toca aos procedimentos analíticos abordados na ISA 520, é referido que são
executadas apreciações da informação financeira pela análise de relações plausíveis não
só entre dados financeiros como também não-financeiros. Englobam também a
investigação sobre flutuações/relações identificadas que sejam inconsistentes com outra
informação relevante ou que defiram de valores esperados numa quantia significativa.
Alguns exemplos das comparações de informação financeira da entidade traduzem-se na
informação comprável de períodos anteriores, resultados antecipados da entidades, como
orçamentos ou previsões ou ainda informação similar do setor de atividade, comparando
as vendas e contas a receber da entidade com outras entidades do mesmo setor e com
dimensões semelhantes ou, em alternativa, com as médias do setor.
Estes procedimentos são utilizados perto do final da auditoria, com o objetivo de ajudar o
auditor a formular a sua opinião. É também de salientar que estes são também utilizados
na fase do planeamento e podem também ser aplicados a nível da asserção para obtenção
de prova.
14
A indagação consiste na procura de informação financeira e não financeira junto de
pessoas conhecedoras dentro ou fora da entidade. Este procedimento abrange toda a
auditoria podendo ser feito de forma formal por escrito ou de forma informal, oralmente.
Quanto à inspeção, esta envolve o exame de registos ou documentos, quer internos quer
externos, em papel, formato eletrónico ou outro meio, ou o exame físico de um ativo.
Alguns documentos podem constituir prova de auditoria direta quando evidenciam a
existência de um ativo, um exemplo disso são documentos que representam instrumentos
financeiros.
A observação, consiste em olhar para um processo que está a ser executado por outrem,
como por exemplo, a observação por parte do auditor do funcionamento do sistema de
controlo interno da entidade ou da contagem de inventário. O recálculo consiste na
verificação do rigor matemático de documentos ou registos, pode ser feito de forma
manual ou eletrónica. Por último temos a reexecução que se traduz na execução, por parte
do auditor, de procedimentos que foram originalmente executados pelo controlo interno
da entidade.
15
3 A Auditoria Tributária
De acordo com Canedo et al. (2009) a auditoria tributária é “aquela desenvolvida pela
administração fiscal, através dos seus inspetores tributários e consiste na análise de
contabilidades organizadas, a partir da verificação substantiva dos respetivos elementos
de suporte, com recurso a técnicas muito próprias, tendo sempre como objetivo, a
verificação e validação dos atos declarativos (confirmação da veracidade das declarações
fiscais) e a sua correspondência com as transações efetivamente praticadas pelo
contribuinte e ainda, a verificação da adequação das mesmas à situação económica e
patrimonial do contribuinte.”
Ainda para Canedo et al. (2009), quanto à materialidade da informação “em auditoria
tributária a sua definição é diferente da aplicada em auditoria financeira, pois, na auditoria
tributária todos os erros ou omissões devem ser considerados, independentemente dos
limites de materialidade estabelecidos pelo inspetor”.
Silva (1992) complementa ainda que “auditoria tributária quando comparada com a
auditoria financeira é mais limitada no seu âmbito, isto porque, a preocupação da auditoria
tributária centra-se nos resultados, isto é, na consideração de que todos os rendimentos
obtidos, independentemente da sua origem são registados, e ainda, atestar da
indispensabilidade de todos os gastos, sendo a fidelidade do património e da situação
financeira complementar, a menos que esta tenha repercussões tributárias”.
16
fins fiscais, económicos e de proteção da sociedade, de acordo com as políticas definidas
pelo Governo e o Direito da União Europeia.”
17
9. Tomar decisões sobre petições e reclamações dos contribuintes, e pronunciar-se
sobre os recursos hierárquicos apresentados;
• Princípio da Legalidade
Este princípio é suportado pelo facto de a Administração se reger na sua atuação e decisão
pela lei, não podendo atuar se a atuação não estiver consagrada na lei, estabelecendo assim
o limite para a sua atuação. O princípio da legalidade tem como objetivo evitar que cada
interveniente aja consoante a sua opinião, tendo de se limitar pelo que está previsto na lei
nos procedimentos de inspeção, sendo que o não cumprimento leva à anulabilidade e
nulidade do ato.
• Princípio da Imparcialidade
Este princípio obriga a Administração Tributária a não tomar partido ou beneficiar uma
das partes, devendo-se sempre reger pelo ordenamento jurídico e sempre com o objetivo
da prossecução do interesse público. É de salientar também que todas as atuações no
âmbito dos procedimentos tributários devem decorrer de boa fé, estando diretamente
ligado à imparcialidade.
18
• Princípio da Celeridade
Refere este princípio que a Autoridade Tributária deve dispensar qualquer tipo de atos
inúteis ou que retardem desnecessariamente o procedimento tributário, estando a
Administração impedida de utilizar procedimentos que não tenham qualquer tipo e
utilidade para retirar conclusões da inspeção. Por outro lado, é referido também que a
atuação da Autoridade Tributária deve ser feita de forma rápida e deve sempre recusar
iniciativas do sujeito passivo para tentar retardar a inspeção. Os conceitos de eficácia e
eficiência estão também associados a este princípio, pois quanto mais rapidamente a
inspeção se concretizar mais vantagens trará para a Administração e também para o
sujeito passivo, satisfazendo assim um interesse coletivo. É de referir também que este
princípio não se deve sobrepor a outros, ou seja, a Autoridade Tributária não deve deixar
de realizar diligências que ache necessárias, apenas para realizar a inspeção de forma
célere.
• Princípio da Igualdade
Este princípio rege-se pela máxima de que a administração tributária está obrigada a tratar
de forma idêntica os contribuintes que se encontram em situações semelhantes e de forma
desigual os contribuintes que se encontrem em situações desiguais. “Na dimensão deste
princípio aplicado à administração tributária, o mesmo implica que esta, nas suas relações
com os particulares, não pode privilegiar, beneficiar, prejudicar, privar de qualquer direito
ou isentar de qualquer dever nenhum contribuinte em razão de ascendência, raça, sexo,
língua, território de origem, religião, convicções políticas, ideologias ou religiosas,
situação económica ou condição social.”
20
(2006), o procedimento de inspeção tributária é “sucessão concatenada e ordenada de
atos e formalidades (atos e operações), estrutural e funcionalmente distintos uns dos
outros, tendendo à produção de um determinado resultado ou modificação
jurídicoadministrativa, consubstanciada numa “decisão final” ”.
21
identificação das áreas contabilístico-fiscais mais críticas para os trabalhos de auditoria.
É de salientar que o plano de auditoria deve ser sempre adaptado à dimensão da empresa
em análise sendo este sempre simples, flexível e dinâmico.
Por fim, na fase do planeamento, há a programação do trabalho que, através dos riscos e
áreas críticas detetadas anteriormente, vai determinar a definição dos objetivos
específicos da inspeção e os procedimentos a serem usados por cada objetivo a atingir.
Esta etapa ajuda também o inspetor a ter um fio condutor na execução de todos os
procedimentos previstos, havendo assim uma probabilidade maior de a inspeção ser
eficaz. De acordo com Costa (2010) “Um programa de trabalho é um documento escrito
destinado fundamentalmente a servir de guia à execução dos testes aos controlos e dos
procedimentos substantivos.”
• Direito de audição.
22
Capítulo II – Metodologias de investigação
23
1 Enquadramento Teórico
Godoy (1995) também apresenta a sua perspetiva sobre estes dois métodos “Num estudo
quantitativo, o pesquisador conduz seu trabalho a partir de um plano estabelecido a priori,
com hipóteses claramente especificadas e variáveis operacionalmente definidas.
Preocupa-se com a medição objetiva e com a quantificação dos resultados. Procura a
precisão, evitando distorções na etapa de análise e interpretação dos dados, garantindo
assim uma margem de segurança em relação às inferências obtidas. De maneira diversa,
24
a pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir eventos estudados. Parte de
questões ou focos de interesse amplo, que vão se definindo à medida que o estudo se
desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares, processos
interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando
compreender os fenómenos segundo a perspetiva dos participantes da situação de estudo”
Segundo Gil (2008), “a hipótese é uma suposta resposta ao problema a ser investigado. É
uma proposição que se forma e que será́ aceite ou rejeitada somente depois de
devidamente testada”.
25
Questões de Investigação Autor Hipóteses
Qual a importância da Canedo (2009); Attie H3: Na fase do planeamento,
utilização eficaz e adequada de (1998). A Global os procedimentos analíticos
são fulcrais para identificar
procedimentos analíticos, para Summary of the os riscos da auditoria, que
a obtenção de meios de prova Common Body of por sua vez são usados para
definir os objetivos da
sólidos e, consequentemente, Knowledge (2006)
inspeção, representando uma
conclusões fidedignas no base para a obtenção de
processo de inspeção meios de prova sólidos e
conclusões fundamentadas.
tributária?
3 Modelo de análise
As hipóteses estão interligadas através da H1, que vai ser o foco principal de estudo,
pretendendo-se fundamentalmente tirar conclusões sobre os procedimentos utilizados
pela Autoridade Tributária e pelos seus inspetores nas inspeções feitas às empresas, bem
como o papel que este órgão tem no combate e prevenção da fraude fiscal. Irá ser posta
em relevo também a intervenção de procedimentos utilizados em auditoria financeira no
ramo da auditoria tributária e como contribuem para o sucesso da inspeção, como ainda
avaliar se existe disparidade entre a capacidade de julgamento profissional entre um
auditor financeiro e um inspetor tributário, uma vez que um ramo é mais complexo que o
outro.
26
Capítulo III – Estudo empírico
27
Este capítulo tem como objetivo apresentar e estudar os resultados obtidos no questionário.
O mesmo encontra-se divido em duas partes: a primeira é composta por seis questões que
abordam o enquadramento e o diagnóstico do inquirido, com indicação de algumas
informações como a sua área académica, os meios ao seu alcance no desempenho das suas
funções, os procedimentos de auditoria aplicados e a importância que dá aos mesmos; a
segunda parte é composta por onze questões relacionadas com a temática da auditoria
tributária e financeira e com a recolha de prova.
A amostra é constituída por 26 pessoas, das quais 73% (dezanove pessoas) possuem
formação superior de Bacharelato/Licenciatura/Mestrado na área de Economia e os
restantes 23% (seis pessoas) de Bacharelato/Licenciatura/Mestrado noutra área e 4%
(uma pessoa) desconhece a formação académica dos seus colaboradores.
4%
23%
73%
28
Na segunda pergunta, é solicitado aos inquiridos que indiquem a disponibilidade de
meios técnicos para a realização das suas funções. Da amostra recolhida, 54% (14
inquiridos) têm disponibilidade na totalidade dos casos, 31% (8 elementos) na maioria
das vezes e 15% (4 inquiridos) apenas na minoria das vezes.
60%
54
50%
40%
31
30%
20%
15
10%
0
0%
Sim, na totalidade dos casos Sim, na maioria dos casos Sim, na minoria dos casos Não
60%
50
50%
39
40%
30%
20%
10% 8
0
0%
Sim, na totalidade dos casos Sim, na maioria dos casos Sim, na minoria dos casos Não
60%
54
55%
50%
45%
40%
35%
30%
25% 23
20%
15
15%
10%
4 4
5%
0%
30
70%
62
60%
50%
40%
30%
23
20% 15
10%
0 0
0%
60%
54
50%
40%
30%
23
19
20%
10%
4
0
0%
31
70%
60% 58
50%
40%
30%
23
20%
15
10%
4
0
0%
45% 42
40%
35
35%
30%
25%
19
20%
15%
10%
4
5%
0
0%
32
50%
46
45%
38
40%
35%
30%
25%
20%
15
15%
10%
5%
0 0
0%
No que toca à perceção da ética profissional, dos responsáveis pela gestão da entidade
inspecionada, relativamente à predisposição para o cumprimento das normas legais, 4%
(1 inquirido) considerou insignificante, 19% (5 elementos) dão importância moderada,
35% (9 elementos) dão muita importância e 42% (11 inquiridos) consideram
imprescindível.
45% 42
40%
35
35%
30%
25%
19
20%
15%
10%
4
5%
0
0%
33
No que respeita à compreensão dos reais objetivos da entidade relativamente a práticas de
gestão fiscal, planeamento fiscal abusivo e condutas de fraude e evasão fiscal, 4% (1
inquirido) considera insignificante, 27% (7 elementos) dão importância moderada, 38%
(10 inquiridos) acham que é muito importante e 31% (8 elementos) consideram
imprescindível.
40% 38
35%
31
30%
27
25%
20%
15%
10%
5% 4
0
0%
34
40% 38
35
35%
30%
27
25%
20%
15%
10%
5%
0 0
0%
Por fim, quando questionados pela expressão oral (assertividade), 19% (5 inquiridos)
consideram de importância moderada, 50% (13 elementos) dão muita importância e 31%
(8 elementos) consideram imprescindível.
60%
50
50%
40%
31
30%
19
20%
10%
0 0
0%
35
3.2Inspeção tributária e recolha de prova
Na segunda parte, inspeção tributária e recolha de prova, o inquérito foca-se quer na parte
prática do processo de inspeção tributária quer no processo de auditoria. São abordados
temas como os diferentes tipos de auditoria (financeira e tributária), a recolha e obtenção
de provas, a ética e imparcialidade, o julgamento profissional ou as diferentes fases do
processo de inspeção tributária.
Na primeira questão, é pedido aos inquiridos que avaliem a importância dada aos
processos analíticos de auditoria para a obtenção de resultados no processo de inspeção.
De acordo com o gráfico abaixo, 4% (1 inquirido) considera insignificante, 4% (1
elemento) dá pouca importância, 15% (4 inquiridos) dão importância moderada, 46% (12
inquiridos) dão muita importância e 31% (8 inquiridos) consideram imprescindível.
50
46
45
40
35
31
30
25
20
15
15
10
4 4
5
36
60%
50
50%
39
40%
30%
20%
10% 8
4
0%
Sim, na totalidade dos casos Sim, na maioria dos casos Sim, na minoria dos casos Não
70%
62
60%
50%
40%
30%
23
20%
15
10%
0
0%
Sim, na totalidade dos casos Sim, na maioria dos casos Sim, na minoria dos casos Não
37
Ainda no processo da fase de recolha de meios de prova, 62% (16 inquiridos) seguem
instruções escritas e padronizadas para a recolha de meio de prova, enquanto que 38%
(10 elementos) a recolha de meio de prova depende do julgamento profissional do
inspetor/colaborador/revisor.
70%
62
60%
50%
40% 38
30%
20%
10%
0%
70%
60% 58
50%
40%
31
30%
20%
11
10%
0%
45% 42
40%
35
35%
30%
25% 23
20%
15%
10%
5%
0%
39
50%
46
45%
40%
35%
30% 27 27
25%
20%
15%
10%
5%
0%
A questão seguinte evidencia-se por ser uma das mais fulcrais deste estudo, onde os
inquiridos classificam numa escala de insignificante a imprescindível, a importância das
inspeções na prevenção e combate à fraude fiscal. 19% (5 inquiridos) dão importância
moderada, 35% (9 elementos) dão muita importância e 46% (12 inquiridos) consideram
imprescindível.
50%
46
45%
40%
35
35%
30%
25%
19
20%
15%
10%
5%
0 0
0%
Nas três fases do processo de inspeção tributária é solicitado aos inquiridos que digam
qual das fases é mais crítica para a obtenção de conclusões sólidas. 58% (15 elementos)
40
optaram pelo planeamento, 35% (9 inquiridos) pela execução e 8% (2 inquiridos) dois
pela elaboração do relato.
70%
60% 58
50%
40%
35
30%
20%
10% 8
0%
31%
69%
Sim Não
41
Ainda no contexto da questão anterior, para os que responderam positivamente, é pedido
que deem um exemplo de uma possível alteração no processo de inspeção, tendo como
referencial a dimensão da empresa. As respostas foram as seguintes:
1. A amplitude de meios;
2. Existência de um normativo específico para pequenas entidades;
3. Os procedimentos a adotar no processo de inspeção variam consoante a dimensão
da empresa;
4. Empresas de grandes dimensões envolvem, em geral, mais complexidade o que
exige técnicos mais experientes;
5. Simplificação de processos varia consoante a dimensão da empresa inspecionada,
tal como a avaliação dos processos de decisão.
42
3.3 Interpretação dos resultados
43
Hipótese H1 - As competências individuais e técnicas revelam-se fundamentais para
o exercício da função de inspeção tributária por parte do auditor/revisor, com vista
à prevenção da infração tributária.
De acordo com as 26 respostas obtidas, 85% dos inquiridos consideram fulcral ou muito
importante a realização de inspeções tributárias, com vista a combater e prevenir a fraude
fiscal. Quanto às competências individuais, 77% dos inquiridos consideram a capacidade
de desenvolver soluções práticas no decorrer das inspeções muito importante, assim como
77% consideram a expressão escrita e 85% a expressão oral importantes para a inspeção
tributária. Referindo-se às competências técnicas, 85% consideram que os conhecimentos
nas áreas de contabilidade e auditoria são fulcrais para o exercício das funções de
auditoria/ inspetor tributário e, por fim, 84% da população considera muito importante a
compreensão precisa do negócio da entidade a inspecionar.
Tendo em conta as respostas apresentadas, com uma ponderação de 25% do total, esta
hipótese encontra-se validada em 20,50%.
Podemos então concluir que um profissional com conhecimentos técnicos em áreas como
auditoria, contabilidade ou fiscalidade e capacidades individuais de trabalho, como
expressão escrita e oral ou boa capacidade de comunicação e de resolução de conflitos, irá
ter maior facilidade nas inspeções tributárias, estando assim mais apto para o exercício das
suas funções. Com uma execução ótima da inspeção, consequentemente, a prevenção e
deteção das infrações tributárias terá uma taxa de sucesso superior.
Considerando as respostas dadas, com uma taxa de ponderação de 25% do total, esta
hipótese encontra-se validada em 15,38%.
Conseguimos verificar que praticamente todos os inquiridos, cerca de 92%, fazem uma
adaptação ao setor que a empresa auditada está inserida, agindo em concordância com a
44
literatura estudada. No que toca a adaptações à dimensão da empresa, já não se verifica a
mesma concordância do ponto anterior pois, apenas 31% dos inquiridos admitem fazer
adaptações consoante a dimensão da empresa. Ao longo deste estudo verificamos que
existem vários fatores que a dimensão da empresa auditada influencia. Um deles é a
materialidade. Uma determinada omissão/erro poderá ser materialmente relevante para
uma entidade de menor dimensão, ao passo que, para uma de maior dimensão, poderá não
ser relevante para a auditoria. Cabe ao auditor e ao seu julgamento profissional avaliar
quais a distorções materiais relevantes, tendo a dimensão e a complexidade do negócio um
peso importante. É de salientar também que a dimensão da firma influencia a elaboração
do plano de auditoria, verificando-se alterações na dimensão, conteúdo e extensão da
documentação.
Reportando-nos às 26 respostas obtidas, 85% dos inquiridos têm ao seu dispor, sempre ou
na maioria das vezes, os meios técnicos necessários para proceder ao planeamento e, mais
especificamente, à utilização dos procedimentos analíticos. Quando questionamos sobre a
importância dos procedimentos referidos anteriormente, 77% são da opinião que possuem
muita importância para a obtenção de resultados da inspeção tributária. Na resposta à
seguinte questão, 85% afirmam que os meios de prova recolhidos são suficientes e
apropriados às conclusões do procedimento na maioria ou totalidade dos casos. Na última
questão, 58% são da opinião que a fase do procedimento de inspeção que mais influencia
a obtenção de conclusões sólidas é o planeamento.
Considerando as respostas dadas, com uma taxa de ponderação de 25% do total, a hipótese
encontra-se validada em 19%.
É unânime que os procedimentos analíticos são essenciais para a identificação dos riscos,
estando em concordância com a revisão de literatura, onde se verifica também que estes
procedimentos são igualmente utilizados na compreensão da entidade a auditar e no
ambiente onde esta se insere. Nesta hipótese, tentou-se também avaliar se os profissionais
possuem sempre as ferramentas técnicas necessárias para a realização destes
45
procedimentos com elevados níveis de confiança, algo que se verificou na maioria dos
casos (cerca de 85% dos inquiridos), mas não na totalidade, o que revela um fator que
poderá ter influência nas áreas de risco detetadas que, eventualmente, resultará em
conclusões desajustadas. Verificou-se também que, a par dos recursos técnicos, nem todos
os meios de prova são apropriados às conclusões da inspeção. Tal poderá suceder em casos
em que as áreas de risco a auditar sejam identificadas incorretamente, devido à má
utilização dos procedimentos analíticos.
Ainda dentro da Hipótese 3, o objetivo passava também por tentar demonstrar que a fase
do planeamento representa a de maior complexidade e de maior importância para o
desenvolvimento da inspeção tributária. Como referido anteriormente, é na fase do
planeamento que se identificam as áreas de maior risco para a auditoria, se procede à
elaboração do plano de abordagem e de alguns procedimentos iniciais. Neste âmbito a
maioria dos inquiridos deu importância superior ao planeamento (cerca de 58%), no
entanto a fase da execução teve também uma percentagem considerável (cerca de 35%).
Estes números podem revelar que nem todos os profissionais dão a importância devida à
fase do planeamento. Fatores como a acumulação de trabalho, a necessidade de cumprir
prazos ou uma gestão de tempo deficiente ao longo da inspeção poderão ser alguns dos
motivos para que os inspetores não dispensem tanto tempo a planear os seus trabalhos de
auditoria, podendo resultar em resultados menos fidedignos.
Por fim, apenas 23% consideram que o julgamento profissional envolve mais
complexidade em auditoria tributária que em auditoria financeira e, quando questionados
se consideravam se a auditoria tributária era mais completa e rigorosa na deteção de
erros/omissões que a auditoria financeira, apenas 27% responderam afirmativamente.
Tendo como referência as respostas anteriores, com uma taxa de ponderação de 25% do
total, a hipótese encontra-se validada em 6,25%.
46
de possíveis distorções, o julgamento profissional do auditor transforma-se numa função
ainda mais árdua, devido ao aumento das variáveis envolvidas. Quando questionados
sobre a temática, apenas uma minoria partilha da opinião acima referida. Esta hipótese
poderá ter provocado dúvidas aos inquiridos, devido ao facto de necessitar da experiência
de profissionais que tenham já trabalhado nos dois tipos de auditoria, para conseguirem
responder corretamente às questões, algo que, na maioria dos casos, provavelmente não
sucedeu, pois, alguns auditores pertenciam à área financeira enquanto, que outros à área
tributária.
47
Capítulo IV – Conclusão
48
Com a evolução dos processos de auditoria, esta foi sofrendo várias alterações nos seus
ramos, desde a sua natureza e objetivo aos métodos que integram o processo inspetivo e,
independentemente destas alterações, passou a ser necessária a partir do momento em que
as empresas e os seus stakeholders começaram a usar a informação financeira para avaliar
o seu desempenho. Tal conduziu a um incentivo para a manipulação das demonstrações
financeiras para que estas representassem resultados mais saudáveis do que realmente
eram. A auditoria veio representar um papel fundamental nestes casos, contribuindo para
que a confiança dos stakeholders nas entidades aumentasse exponencialmente.
Com o objetivo de validar o modelo de análise, foi feito um inquérito que incidiu sobre
Sociedades de Revisores Oficiais de Contas inscritas na CMVM, alguns representantes da
Autoridade Tributária e profissionais com formação/experiência em áreas relacionadas
com auditoria.
49
tempo e recursos mais eficiente, tendo impacto em fatores como a tomada de decisão do
auditor ou a avaliação do ambiente de controlo da entidade.
Como ponto negativo, a comparação da auditoria financeira com a auditoria tributária não
foi feita com a mesma eficiência que nos outros pontos. É de salientar que neste campo, é
necessário um vasto conhecimento e experiência para conseguir dar um parecer sobre os
dois tipos de auditoria, uma população que provavelmente não foi alcançada com o
questionário.
Limitações do estudo
No decorrer deste estudo, foram várias as dificuldades com que nos confrontamos. Uma
delas foi o facto de todos os questionários serem feitos via correio eletrónico,
permanecendo a dúvida acerca de quem realmente respondeu, tendo sempre em conta, no
entanto que foram contactadas entidades e profissionais da área de auditoria.
Como sugestão para estudos futuros, sugere-se uma amostra superior e uma comparação
aprofundada entre a auditoria financeira e a auditoria tributária. Seria também interessante
explorar o modo de atuação da Autoridade Tributária nos seus procedimentos de
inspeção, bem como os procedimentos de auditoria utilizados nas mesmas.
50
Referências bibliográficas
51
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Lisboa: Direção de Geral de Impostos.
Batista da Costa, Carlos – Auditoria Financeira, Teoria e Prática. 9.ª ed. Lisboa
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Edição.
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1998-12-31.
Diehl, A. (2004). Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo.
52
Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social, 6ª edição. São Paulo: Editora
Atlas.
Nunes, Gonçalo N.C.A. Avelãs (2000). A cláusula geral anti abuso de direito em sede
fiscal.
Oliveira, Mário Esteves, Pedro Costa Gonçalves, João Pacheco de Amorim – Código do
Procedimento Administrativo, 2ª ed., 6ª reimp. - Coimbra : Almedina, 2006.
Ricchiute, David N. – Auditing (2006). 8.ª ed. Mason: South-Western Cengage Learning
Silva, José Manuel (1992). Auditoria Fiscal (I)- Auditoria Financeira e Auditoria Fiscal.
Fiscália n.º 3/4 de maio /agosto.
Teixeira, M. (2006). Contributo da auditoria interna para uma gestão eficaz. Universidade
Aberta.
53
Normas Internacionais de Auditoria (ISA´s) do International Auditing and
Assurance Standards Board
54
Apêndices
55
Apêndice 1
Exmos. Senhores
Eu, Ivo Gonçalo Magalhães Silva, residente em Matosinhos, natural do Porto, venho por
este meio informar vossa Ex.ª de que para efeitos de realização de um trabalho de
mestrado, na área de Auditoria, no Instituto Politécnico do Porto, com o tema A
importância da auditoria tributária na deteção e prevenção da fraude, estou a elaborar um
questionário que gostaria de ver respondido e como tal, necessito da vossa preciosa
colaboração: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScfLzD2SJI9ZHl2AXHlyiML
GYHJ9oghPQL0TryfDCDAbJUs1Q/formResponse
Ivo Silva
56
Apêndice 2
57
58
59
60
61
62
63
64