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ActualizaçÃO-IRS - 2016 SUMÁRIOS Desenvolvidos DE


Direito Fiscal
Direito Fiscal I (Universidade Lusófona de Humanidades e Technologias)

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SUMÁRIOS DESENVOLVIDOS DE DIREITO FISCAL

PARTE ESPECIAL
O IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES

Ano lectivo de 2015/2016


2.ºsemestre

MARIA ODETE OLIVEIRA

Faculdade de Direito da Universidade Lusófona do Porto

Aulas leccionadas ao 2º ano do curso de Direito

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Nota prévia

O presente texto destina-se a servir de apoio à leccionação da parte especial


da Disciplina de Direito Fiscal do curso de Direito da Universidade Lusófona
do Porto. Aborda os princípios informadores do modelo de tributação do
rendimento em geral e do IRS em especial, não tendo sido em consonância
com o novo acordo ortográfico.
Tendo em conta a abordagem, circunscrita as algumas horas numa disciplina
semestral, destina-se essencialmente a servir de guião, não dispensando,
obviamente, e para maior aprofundamento das matérias, a consulta da
bibliografia aconselhada nesta Disciplina.
Embora sem descer a um profundo detalhe, na versão agora actualizada tem
em conta as recentes alterações introduzidas na disciplina do Imposto, pela
Lei do Orçamento de Estado para 2016, recentemente aprovada

Os destinatários são, desde logo, os alunos da turma por mim


leccionada

Porto, aos 15 de Abril de 2016


Maria Odete Oliveira

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LISTA DE ABREVIATURAS

AT Autoridade Tributária e Aduaneira


CAE Classificação das Actividades Económicas
CRP Constituição da República Portuguesa
EEE Espaço Económico Europeu
EM Estado-Membro da UE
IRC Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas
IRS Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
LGT Lei Geral Tributária
LOE Lei do Orçamento do Estado
MF Ministério das Finanças
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico
SEAF Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
UE União Europeia

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O IMPOSTO SOBRE AS PESSOAS SINGULARES (IRS)

Considerações prévias gerais

Como é sabido, a tributação do rendimento em Portugal foi objecto, em 1989,


de uma profunda reforma, cujos resultados se concretizaram com a entrada
em vigor, em Janeiro desse ano de novos impostos, entre os quais o Imposto
sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS – o Decreto-Lei n.º 442-
A/88 de 30 de Novembro aprovou o respectivo Código).

Antes, existia um conjunto de impostos específicos sobre os vários tipos de


rendimento, qualificados segundo a sua fonte ou origem (sistema cedular),
com um imposto de sobreposição. Os impostos cedulares eram o Imposto
Profissional, o Imposto de Capitais, a Contribuição Industrial, a Contribuição
Predial, o Imposto sobre a Indústria Agrícola, o Imposto de Mais-Valias e o
Imposto do Selo. O imposto de sobreposição denominava-se Imposto
Complementar.

O novo modelo adoptado desde 1989 materializa um tratamento unitário do


rendimento, pondo cobro a algumas fragilidades do sistema cedular, fruto em
grande medida do facto de o Imposto Complementar, a quem se pedia que
fizesse a verdadeira personalização da tributação do rendimento, ter tido um
papel puramente marginal.

Nos termos do artigo 104.º do n.º 1 da CRP, “o imposto sobre o rendimento


pessoal visa a diminuição das desigualdades e será único e progressivo,
tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar”.

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O IRS incide sobre o rendimento efectivamente auferido pelas pessoas


singulares, assentando numa concepção de rendimento normalmente
designada de „rendimento acréscimo‟ ou „teoria do acréscimo patrimonial
líquido‟. É directo, pessoal, estadual, periódico, global (único), e é progressivo
em geral, na medida em que a colecta aumenta mais do que
proporcionalmente em relação à matéria colectável, adoptando-se uma
estrutura progressiva de taxas (14,50% - 48,00%), fruto do imperativo
constitucional, não obstante se constatar que a partir de um determinado
nível de rendimentos ele passa a funcionar por recurso a uma taxa
proporcional.

O modelo unitário de tributação adoptado, recebe, numa primeira fase, do


anterior modelo cedular, o recurso a uma fase analítica, em que os
rendimentos auferidos são distinguidos por origens ou fontes, denominadas
categorias de rendimentos. Tal opção foi justificada pelo legislador como
pressuposto indispensável a uma justa e eficiente aferição do rendimento
sujeito a tributação, sendo materializada na introdução de discriminações de
natureza qualitativa e quantitativa no tratamento inicial desses rendimentos,
em fase prévia à respectiva aglutinação.

A via utilizada é a de considerar os rendimentos agrupáveis em seis


categorias:
 Categoria A: trabalho dependente;
 Categoria B: empresariais e profissionais;
 Categoria E: capitais;
 Categoria F: prediais;
 Categoria G: incrementos patrimoniais;
 Categoria H: pensões,

consignando a cada uma delas deduções específicas, variáveis de acordo


com o objectivo de tratamento diferenciado.

Partindo-se do rendimento bruto de cada categoria, faz-se operar categoria a


categoria a respectiva dedução específica, por subtracção, apurando em
consequência o rendimento líquido de cada uma delas.

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Segue-se o processo de aglutinação dos rendimentos líquidos das várias


categorias de rendimentos auferidos para determinar o Rendimento Líquido
Total.

Alguns abatimentos legalmente admitidos conduziam inicialmente à


passagem do Rendimento Líquido Total ao Rendimento Colectável, o qual
servia de base à aplicação das taxas (segundo um sistema de escalões) para
a determinação do valor do respectivo imposto (a colecta). Tais abatimentos
foram transformados em Deduções à colecta, pelo que, actualmente, o
Rendimento Líquido Total é igual ao Rendimento Colectável ao qual são
aplicadas as taxas, determinando-se a colecta do imposto. Na categoria dos
abatimentos fica hoje englobado apenas um artigo visando os sujeitos
passivos portadores de deficiência.

A personalização que se quer para este imposto, associada a factores de


técnica fiscal, justificam a existência de um conjunto de deduções à colecta,
as quais, após operarem nos termos previstos no Código do imposto
fornecem o exacto valor do IRS devido.

Esquematicamente:

1. Determinação do rendimento bruto por categoria de


rendimentos

2. (-) Dedução específica da respectiva categoria

3. (=) Rendimento líquido por categoria

4. Soma dos rendimentos líquidos por categoria = Rendimento


englobado (atentas regras para o englobamento)

5.(-) Perdas legalmente admitidas

6. (=) Rendimento global líquido

7. (-) Abatimentos

8. (=) Rendimento colectável

9. (x)Taxa (s)

10. (=) Colecta

11. (-) Deduções à colecta

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12. (=) Imposto a pagar ou Imposto a receber

Existem, todavia, aspectos da mecânica e funcionamento do imposto que


permitem afirmar que o IRS acaba por não se apresentar, a final, como um
imposto único e progressivo como exige o n.º 1 do artigo 104.º da
Constituição da República Portuguesa. 1 Há, de facto, um conjunto de
rendimentos que estão sujeitos a taxas liberatórias, proporcionais, o que
significa que não são chamados à determinação do Rendimento Líquido
Total. Este tratamento, que aparece logo na lei inicial que disciplina o
imposto, tem sido mantido e até alargado ao longo da vigência do IRS.

Como se refere no Relatório GRUPO PARA O ESTUDO DA POLÍTICA


FISCAL COMPETITIVIDADE, EFICIÊNCIA E JUSTIÇA DO SISTEMA
FISCAL, de 3 de Outubro de 2009, da Secretaria de Estado dos Assuntos
Fiscais 2 , “ não parece, assim, muito apropriado que o IRS continue a ser
denominado «imposto único», ainda que se possa dizer que não existe outro
imposto sobre o rendimento pessoal. O acentuar, na sua evolução, da
cedularização, nomeadamente no que se refere aos rendimentos de capitais,
latu sensu, afastou-o decisivamente do modelo compreensivo e fê-lo
caminhar no sentido dos modelos ditos semi-duais, embora sem coerência,
estabilidade e evolução previsível.”

Também no Projecto de Reforma do IRS apresentado, em Setembro de


2014, pela Comissão a que presidiu o Prof. Doutor Rui Morais se explicita: “O
princípio da unicidade do imposto foi sempre matizado, de forma a assegurar
a eficiência do imposto e a sua adaptabilidade à realidade. A demonstração
de que este princípio nunca foi concretizado na íntegra nota-se, por exemplo,
na existência de rendimentos de capitais ou de mais-valias que sempre
estiveram sujeitos a taxas proporcionais, que podem ser liberatórias ou

1
Deve referir-se que não existem no mundo actual impostos sobre o rendimento que se conformem totalmente a
este modelo conceptual.

2
Disponível em info.portaldasfinancas.gov.pt/.../GPFRelatorioGlobal_VFinal.pdf

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especiais, pois a concorrência fiscal internacional - que se faz sentir


especialmente em relação a estes rendimentos, dada a facilidade de
deslocação das suas fontes geradoras - tem criado um conflito permanente
com o ideal de maior justiça na distribuição da carga tributária.”

O IRS evoluiu ainda em outros aspectos, curiosamente, também aqui, em


sentido oposto ao do desenvolvimento verificados nos concretos sistemas de
«imposto único», de cujo modelo se reclama, assumindo-se mais como um
imposto de características semi-duais.

É que quando se fala de tributar o rendimento, existem sistemas


diversificados de operar em função da base de incidência do imposto e da
forma como são discriminadas as várias componentes desse rendimento.
Referenciamos, como mais relevantes3:

- O sistema de tributação unificada ou compreensiva, também


denominado clássico, de base alargada (comprehensive income
tax), que tributa o conjunto ou a maior parte dos rendimentos
obtidos pelo contribuinte, líquidos das deduções específicas,
segundo uma mesma tabela de taxas. Significa isto que tanto os
rendimentos de trabalho como os de capital são tributados às
mesmas taxas, geralmente por aplicação de uma tabela de taxas
progressivas, e que o valor dos abatimentos aumenta
paralelamente ao nível dos rendimentos;
- O sistema de tributação dual (dual system), que aplica uma taxa de
tributação proporcional a todos os rendimentos líquidos
(rendimentos brutos de trabalho, de capital e pensões, diminuídos
das deduções específicas), a que se soma um imposto progressivo
sobre os rendimentos brutos do trabalho e sobre as pensões (os
rendimentos do trabalho são, portanto, submetidos a taxas
superiores às que se aplicam aos rendimentos de capital). O valor
dos abatimentos é independente do nível do rendimento;

3
Utilizando o Relatório citado. Para um conhecimento mais desenvolvido desta temática consultar o Relatório .

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- O sistema de tributação proporcional (flat tax system), que propõe a


aplicação de uma só taxa proporcional a todos os rendimentos
líquidos (de capitais, de trabalho e de outras fontes, diminuídos de
deduções específicas). A tributação dos rendimentos do trabalho e
dos rendimentos de capitais é, assim, idêntica; o valor dos
abatimentos é independente do nível de rendimentos. Distingue-se
da single-rate tax, modelo que se limita a aplicar uma única taxa ao
rendimento pessoal, deixando por resolver questões fundamentais
relativas à equidade do sistema, tais como deduções, abatimentos,
créditos de imposto, benefícios fiscais etc;
- O sistema de tributação semi-dual (semi-dual system), que não
aplica as mesmas taxas nominais aos diferentes tipos de
rendimentos. Regra geral, os rendimentos de capitais, incluindo as
mais-valias, suportam taxas proporcionais moderadas, enquanto as
restantes categorias de rendimentos são sujeitas a taxas mais
elevadas e progressivas.

Sobretudo tendo em conta o actual ambiente de concorrência fiscal induzida


pela globalização da economia, e exigências de competitividade fiscal, o
sistema de tributação unificada ou compreensiva deixou de se apresentar
como solução consensual, assistindo-se até ao regresso da defesa de uma
certa “cedularização” do imposto associada, em termos de taxas, à mistura
de taxas progressivas com taxas proporcionais.

O modelo da flat tax (ou tributação linear do rendimento), sendo um modelo


simplificador e virtualmente competitivo, recentemente introduzido em alguns
países do Leste Europeu e da América Central, pode apresentar também, em
determinados contextos efeitos indesejáveis (motivo porque foi
desaconselhado no relatório referido), sendo certo que nenhum país da UE-
15 o adoptou.

O modelo de tributação dual do rendimento pessoal, introduzido no final dos


anos 90 do século passado pelos países nórdicos (Finlândia, Noruega,
Suécia e Dinamarca), combina um imposto de taxa única ou linear sobre os

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rendimentos totais com uma sobretaxa progressiva sobre os rendimentos de


trabalho.

Dentro dos modelos semi-duais, que admitem diferentes concretizações, o


princípio informador é o de não aplicar as mesmas taxas às diversas
categorias de rendimentos. A prática mais comum é que algumas formas de
rendimentos de capitais sejam tributadas por taxas proporcionais
(moderadas), enquanto que os rendimentos de outra origem suportem taxas
progressivas.

Os modelos duais e semi-duais são, obviamente, em termos teóricos, menos


justos de que o modelo compreensivo, mas atendendo a que este não pode,
no actual contexto económico, ser aplicado qua tale (sobretudo tendo em
conta a forte liberdade dos movimentos de capitais), aqueles constituem
respostas “defensivas e pragmáticas ao problema da deslocalização dos
factores móveis de produção derivados da concorrência fiscal internacional”,
não ignorando que a mobilidade internacional dos capitais é bem superior à
mobilidade da mão-de-obra.

As alterações à disciplina do IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS


PESSOAS SINGULARES (pela Comissão de Reforma do IRS)

Por Despacho n.º 4168-A/2014, o Governo procedeu à “Nomeação de


Comissão para a Reforma do IRS – 2014″, presidida pelo Professor Rui
Duarte Morais com a “missão de rever as bases legais fundamentais do
sistema de tributação das pessoas singulares, de forma a promover a
simplificação do IRS, valorizar o trabalho e o mérito e assegurar a proteção
da família, enquanto instituição fundamental da sociedade.”

Nos termos e no prazo estabelecidos no mandato recebido, a Comissão


apresentou o Projeto de cuja elaboração foi incumbida, em Setembro de
2014, o qual veio a determinar alterações relevantes à disciplina do IRS para
o ano de 2015, concretizadas através das Leis n.º 82-D/2014 e 82-E/2014, de
31 de Dezembro .

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A abordagem feita ao IRS neste curso terá em conta essa disciplina, com as
alterações que lhe foram agora introduzidas pela Lei do Orçamento para
2016, a Lei n.º 7- A/2016, de 30 de Março.

I. A incidência do imposto

1. Incidência pessoal

1.1. Sujeitos passivos residentes

São sujeitos passivos do imposto as pessoas singulares residentes em


território nacional e as que não sendo residentes aqui obtenham rendimentos
considerados, nos termos legalmente estabelecidos, como obtidos em
Portugal (artigos 13º e seguintes).
Os considerados como residentes estão sujeitos a este imposto pela
globalidade dos rendimentos auferidos, com origem dentro ou fora do
território nacional, ou seja estão sujeitos por obrigação pessoal, universal ou
mundial de imposto (worldwide income taxation) – artigo 15º n.º 1.
Diferente é a obrigação fiscal que impende sobre os não residentes que
apenas se encontram sujeitos a IRS pelos rendimentos considerados
legalmente como obtidos em território português, na pessoa do respectivo
titular. Trata-se de obrigação real ou limitada (source income taxation) –
artigo 15 n.º 2.

Entretanto, e fruto da proposta da Comissão de Reforma do IRS, veio a ser


admitida na disciplina do IRS (artigo 15.º n.º 3 e artigo 16.º n.ºs 3 e 4) a figura
da residência fiscal parcial “como modo de responder a situações de
alteração de residência no decurso do ano fiscal, que tantas vezes têm
levado a situações jurídicas de enorme complexidade.”

A ideia é a de que se uma pessoa muda a sua residência para outro Estado,
durante a período do imposto (o ano) passe a ser qualificado como residente

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no novo Estado apenas a partir da data da mudança, sendo residente fiscal


do Estado onde antes residia até à data da partida.

Destaque também para o facto de o conceito de residente ser aferido para


cada sujeito passivo do agregado familiar, o que antes não se verificava.

O conceito de residente em território nacional consta dos artigos 16º e 17º,


nos seguintes termos, e tendo como definição de dia de presença em
território nacional considera-se como dia de presença em territ rio portugu s
qualquer dia, completo ou parcial, que inclua dormida no mesmo :

- Hajam aqui permanecido mais de 183 dias, seguidos ou


interpolados, em qualquer período de 12 meses com início ou fim
no ano em causa – artigo 16.º n.º 1 a);

- Possuam em território português, num qualquer dia do período


referido na alínea anterior, de habitação que faça supor a intenção
de a manter e ocupar como residência habitual, no caso de a
situação anterior não se verificar – artigo 16.º n.º 1 b);

- Sejam, em 31 de Dezembro, tripulantes de navios ou aeronaves ao


serviço de entidades com residência, sede ou direcção efectiva em
território português – artigo 16.º n.º 1 c);

- Desempenhem no estrangeiro funções ou comissões de carácter


público ao serviço do Estado português – artigo 16.º n.º 1 d)

São ainda consideradas residentes em território português, no ano que se


verifique a mudança e nos quatro anos seguintes, as pessoas de
nacionalidade portuguesa que deslocalizem a sua residência fiscal para país,
território ou região, sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável,
constante de lista aprovada por portaria do membro do Governo responsável
pela área das Finanças4, no ano em que se verifique a mudança e nos quatro

4
Trata-se de um conjunto de países referidos na Portaria n.º 292/2011, de 8 de Novembro: 1) Andorra; 2) Anguilha;
3) Antígua e Barbuda; 4) Antilhas Holandesas; 5) Aruba; 6) Ascensão; 7) Bahamas; 8) Bahrain; 9) Barbados; 10)
Belize; 11) Ilhas Bermudas; 12) Bolívia; 13) Brunei; 14) Ilhas do Canal (Alderney, Guernesey, Jersey, Great Stark,
Herm, Little Sark, Brechou, Jethou e Lihou); 15) Ilhas Cayman; 16) Ilhas Cocos o Keeling; 17) (Revogado.); 18) Ilhas

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anos subsequentes5, salvo se provarem que a mudança se deve a razões


atendíveis (vg. exercício naquele território de actividade temporária por conta
de entidade patronal domiciliada em território nacional). Trata-se pois de uma
presunção que admite prova em contrário.

Estamos perante uma norma anti-abuso, enquadrada no âmbito do combate


à fuga e evasão fiscal, certo que é que amiudadas vezes a mudança de
residência em análise é motivada exactamente por razões meramente fiscais.

Embora, como se disse, juridicamente seja sujeito passivo cada pessoa


singular titular de rendimentos nos termos legalmente estabelecidos, sempre
que exista agregado familiar poderá haver opção por tributação conjunta,
considerando como unidade económica da tributação o agregado familiar–
artigo 13.º n.º 3 –.

Todavia, e a partir de 1 de Janeiro de 2015, a regra é a da tributação


separada dos membros do agregado familiar, quando este existir. É a nova
disciplina do n.º 2 do artigo 13.º:

Quando exista agregado familiar o imposto apurado individualmente em


relação a cada c njuge ou unido de facto sem preju o do disposto
relativamente aos dependentes a não ser que seja exercida a opção pela
tributação conjunta.

Ou seja, no que se refere aos sujeitos passivos residentes, a existência de


um agregado familiar deixou de conduzir, como regra, a que a obrigação de

Cook; 19) Costa Rica; 20) Djibouti; 21) Dominica; 22) Emiratos Árabes Unidos; 23) Ilhas Falkland ou Malvinas; 24)
Ilhas Fiji; 25) Gâmbia; 26) Grenada; 27) Gibraltar; 28) Ilha de Guam; 29) Guiana; 30) Honduras; 31) Hong Kong; 32)
Jamaica; 33) Jordânia; 34) Ilhas de Queshm; 35) Ilha de Kiribati; 36) Koweit; 37) Labuán; 38) Líbano; 39) Libéria; 40)
Liechtenstein; 41) (Revogado.) 42) Ilhas Maldivas; 43) Ilha de Man; 44) Ilhas Marianas do Norte; 45) Ilhas Marshall;
46) Maurícias; 47) Mónaco; 48) Monserrate; 49) Nauru; 50) Ilhas Natal; 51) Ilha de Niue; 52) Ilha Norfolk; 53)
Sultanato de Oman; 54) Ilhas do Pacífico não compreendidas nos restantes números; 55) Ilhas Palau; 56) Panamá;
57) Ilha de Pitcairn; 58) Polinésia Francesa; 59) Porto Rico; 60) Quatar; 61) Ilhas Salomão; 62) Samoa Americana;
63) Samoa Ocidental; 64) Ilha de Santa Helena; 65) Santa Lúcia; 66) São Cristóvão e Nevis; 67) São Marino; 68)
Ilha de São Pedro e Miguelon; 69) São Vicente e Grenadinas; 70) Seychelles; 71) Suazilândia; 72) Ilhas Svalbard
(arquipélago Spitsbergen e ilha Bjornoya); 73) Ilha de Tokelau; 74) Tonga; 75) Trinidad e Tobago; 76) Ilha Tristão da
Cunha; 77) Ilhas Turks e Caicos; 78) Ilha Tuvalu; 79) Uruguai; 80) República de Vanuatu; 81) Ilhas Virgens
Britânicas; 82) Ilhas Virgens dos Estados Unidos. Entretanto, e a propósito dos Panama papers, a comunicação
social noticiou que Portugal tinha indicado às autoridades europeias uma lista de 85 países ou territórios,

5
Segundo o n.º 7 do artigo 16.º “ em preju o do per odo definido no n mero anterior a condição de residente a
prevista subsiste apenas enquanto se mantiver a deslocação da resid ncia fiscal do sujeito passivo para pa s
territ rio ou região sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável constante de lista aprovada por portaria do
membro do overno responsável pela área das finanças deixando de se aplicar no ano em que este se torne
residente fiscal em pa s territ rio ou região distinto daqueles.

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imposto seja calculada em função do conjunto dos rendimentos das pessoas


que o compõem, determinando a entrega de uma única declaração anual de
rendimentos. Só assim será, nos termos do n.º 3 do artigo 13.º “ o caso de
opção (expressa na declaração de rendimentos) por tributação conjunta o
imposto devido pela soma dos rendimentos das pessoas que constituem o
agregado familiar, considerando-se como sujeitos passivos aquelas a quem
incumbe a sua direção. “

Utilizando a sua autonomia, o Direito Fiscal cria aqui o conceito de agregado


familiar relevante nesta sede.

O agregado familiar é constituído (artigo 13.º n.º 3):

 Pelos dois cônjuges (pessoas a quem incumbe a direcção desse


mesmo agregado) não separados judicialmente de pessoas e bens e
os seus dependentes;
 Por cada um dos cônjuges ou ex-cônjuges, respectivamente, nos casos
de separação judicial de pessoas e bens ou de declaração de nulidade,
anulação ou dissolução do casamento, e os dependentes a seu cargo;
 Pelo pai ou a mãe solteiros e os dependentes a seu cargo;
 Pelo adoptante solteiro e os dependentes a seu cargo.

Dependentes são:

 Os filhos, adoptados e enteados, menores não emancipados e os


menores sob tutela, os quais se possuírem rendimentos e os
administrarem na sua globalidade poderão ser sujeitos passivos
autónomos
 Os filhos, adoptados e enteados, maiores, bem como aqueles que até
à maioridade estiveram sujeitos à tutela de qualquer dos sujeitos a
quem incumbe a direção do agregado familiar, que não tenham mais
de 25 anos nem aufiram anualmente rendimentos superiores ao valor
da retribuição mínima mensal garantida;
 Os filhos, adoptados, enteados e os sujeitos a tutela, maiores, inaptos
para o trabalho e para angariar meios de subsistência, quando não
aufiram rendimentos superiores ao salário mínimo nacional, mantendo-

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se a possibilidade de opção pela qualificação como sujeitos passivos


autónomos.

Sendo certo que:


- Os dependentes serão, quando caso disso, objecto de tributação
autónoma, excepto se, tratando-se de filhos, adotados e enteados,
menores não emancipados, ou de menores sob tutela, a
administração dos rendimentos por eles auferidos não lhes
pertencer na totalidade;

- Cada dependente não pode fazer parte de mais de um agregado


familiar ou, sendo sujeito passivo autónomo, integrar qualquer
agregado;

- Nos casos de divórcio, separação judicial de pessoas e bens,


declaração de nulidade ou anulação do casamento, quando as
responsabilidades parentais forem exercidas em comum por ambos
os progenitores, os filhos, adotados e enteados, menores não
emancipados, e os menores sob tutela são considerados como
integrando:

a) O agregado do progenitor a que corresponder a residência


determinada no mbito da regulação do exercício das
responsabilidades parentais;
b) O agregado do progenitor com o qual o dependente tenha
identidade de domicílio fiscal no último dia do ano a que o
imposto respeite, quando, no mbito da regulação do
exercício das responsabilidades parentais, não tiver sido
determinada a sua residência ou não seja possível apurar a
sua residência habitual.

Referência também para as uniões de facto, estabelecendo-se que a


exist ncia de identidade de domic lio fiscal dos sujeitos passivos durante o
per odo exigido pela lei para verificação dos pressupostos da união de facto

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e durante o per odo de tributação fa presumir a exist ncia de união de facto


quando esta seja invocada pelos sujeitos passivos.

A situação pessoal e familiar dos sujeitos passivos, relevante para efeitos de


tributação, é aquela que se verificar no último dia do ano a que o imposto
respeite.

1.2. Sujeitos passivos residentes na Região Autónoma dos Açores e da


Madeira

Fruto da faculdade concedida pela Constituição da República Portuguesas,


as Regiões Autónomas podem adaptar o seu sistema fiscal às
especificidades regionais (artigo 227º n.º 1 i)), e fizeram-no já, estabelecendo
a favor dos seus residentes taxas do IRS inferiores às que se aplicam aos
residentes no Continente. Em consequência, são necessários critérios que
permitam determinar quando é que uma pessoa singular se considera
residente numa daquelas Regiões Autónomas (o mesmo acontecendo, em
geral, às pessoas que constituam agregado familiar).

Essa disciplina consta do artigo 17º do CIRS, qualificando como aí residente


aquele que cumpra os seguintes requisitos:

 Seja considerado residente em território português, nos termos do


artigo16º CIRS;
 Tenha residência habitual numa Região Autónoma e nela esteja
registado para efeitos fiscais;
 Tenha permanecido na Região Autónoma por mais de 183 dias no ano
a que respeitam os rendimentos.

Se por aplicação destes critérios não resultar claramente estabelecida a


residência em Região Autónoma, prevê-se, supletivamente, que seja
considerado residente numa Região Autónoma aquele que aí tenha o seu
principal centro de interesses, considerando-se como tal o local onde obtenha
a maior parte do seu rendimento sujeito a tributação. Nesta obtenção atende-
se às seguintes regras:

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a) Os rendimentos do trabalho consideram-se obtidos no local onde é


exercida a actividade;
b) Os rendimentos empresariais e profissionais consideram-se obtidos no
local do estabelecimento ou do exercício habitual da profissão;
c) Os rendimentos de capitais consideram-se obtidos no local do
estabelecimento a que deva imputar-se o pagamento;
d) Os rendimentos prediais e incrementos patrimoniais provenientes de
imóveis consideram-se obtidos no local onde estes se situem;
e) Os rendimentos de pensões consideram-se obtidos no local onde são
pagas ou colocadas à disposição.

1.3. Sujeitos passivos não residentes

Não residentes são todos aqueles que não preencham os requisitos que a lei
consagra para a qualificação como residentes.
Como já antes se referiu e analisou, os não residentes devem imposto em
Portugal pelos rendimentos considerados nele obtidos. É a relevância do
princípio da territorialidade.
Os não residentes apenas podem ser tributados pelos rendimentos, sujeitos
em alguma das 6 categorias consagradas no CIRS, desde que os mesmos se
considerem obtidos em Portugal,
Sendo para tal utilizados elementos ou factores de conexão a saber (artigo
18.º -. Consideram-se obtidos em território português):

a) Os rendimentos do trabalho dependente decorrentes de actividades


aqui exercidas, ou quando esses rendimentos sejam devidos por
entidades que tenham residência, sede, direcção efectiva ou
estabelecimento estável a que deva imputar-se o pagamento em
Portugal;
b) As remunerações dos membros dos órgãos estatutários das pessoas
colectivas e outras entidades, devidas por entidades que tenham
residência, sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável a que
deva imputar-se o pagamento em Portugal;

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c) Os rendimentos de trabalho prestado a bordo de navios e aeronaves,


desde que os seus beneficiários estejam ao serviço de entidade com
residência, sede ou direcção efectiva em Portugal;
d) Os rendimentos provenientes da propriedade intelectual ou industrial, da
prestação de informações respeitantes a uma experiência adquirida no
sector comercial, industrial ou científico, ou do uso ou concessão do uso
de equipamento agrícola, comercial ou científico, quando não
constituam rendimentos prediais, bem como os derivados de assistência
técnica, devidos por entidades que tenham residência, sede, direcção
efectiva ou estabelecimento estável a que deva imputar-se o pagamento
em Portugal;
e) Os rendimentos de actividades empresariais e profissionais imputáveis
a estabelecimento estável situado em Portugal;
f) Os rendimentos que não se encontrem previstos na alínea anterior
decorrentes de actividades profissionais e de outras prestações de
serviços, incluindo as de carácter científico, artístico, técnico e de
intermediação na celebração de quaisquer contratos, realizadas ou
utilizadas em território português, com excepção das relativas a
transportes, telecomunicações e actividades financeiras, desde que
devidos por entidades que nele tenham residência, sede, direcção
efectiva ou estabelecimento estável a que deva imputar-se o pagamento
g) Outros rendimentos de aplicação de capitais devidos por entidades que
tenham residência, sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável a
que deva imputar-se o pagamento em Portugal;
h) Os rendimentos respeitantes a imóveis situados em território português,
incluindo as mais-valias resultantes da sua transmissão;
i) As mais-valias resultantes da transmissão onerosa de partes
representativas do capital de entidades com sede ou direcção efectiva
em território português, incluindo a sua remição e amortização com
redução de capital e, bem assim, o valor atribuído aos associados em
resultado da partilha que, nos termos do artigo 81.º do código do IRC,
seja considerado como mais-valia, ou de outros valores mobiliários
emitidos por entidades que aí tenham sede ou direcção efectiva, ou
ainda de partes de capital ou outros valores mobiliários quando, não se

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verificando essas condições, o pagamento dos respectivos rendimentos


seja imputável a estabelecimento estável situado no mesmo território;
j) As mais-valias resultantes da alienação dos bens referidos na alínea c)
do n.º 1 do artigo 10.º, quando em Portugal tenha sido feito o registo ou
praticada formalidade equivalente;

l)As pensões e os prémios de jogo, lotarias, rifas, totoloto e apostas


mútuas, bem como importâncias ou prémios atribuídos em quaisquer
sorteios ou concursos, devidos por entidade que tenha residência, sede,
direcção efectiva ou estabelecimento estável a que deva imputar-se o
pagamento em Portugal;

m) Os rendimentos de actos isolados praticados em território português;


n) Os incrementos patrimoniais não compreendidos nas alíneas anteriores,
quando os bens, direitos ou situações jurídicas a que respeitam se
situem em Portugal, incluindo, designadamente, os rendimentos
provenientes de operações relativas a instrumentos financeiros
derivados, devidos ou pagos por entidades que aí tenham residência,
sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável a que deva imputar-
se o pagamento;
o) Os rendimentos derivados do exercício, em território português, da
actividade de profissionais de espectáculos ou desportistas, ainda que
atribuídos a pessoa diferente.

Dada a relevância, neste contexto, da figura do estabelecimento estável, o


artigo 18.º n.º 2 determina que se entenda como tal qualquer instalação fixa
ou representação permanente através das quais seja exercida uma das
actividades previstas no artigo 3.º.

A tributação dos não residentes tem, em geral, natureza liberatória, e é


efectuada mediante retenção na fonte, dada a impossibilidade de
englobamento dos rendimentos por eles obtidos.

Uma referencia, posto que breve, para o regime especial dos residentes não
habituais em Portugal que consta do rtigo . - - egime opcional para

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os residentes noutro stado membro da nião uropeia ou do spaço


con mico uropeu .

Os sujeitos passivos residentes noutro Estado membro da União Europeia ou


do Espaço Económico Europeu com o qual exista interc mbio de
informaç es em matéria fiscal, quando sejam titulares de rendimentos obtidos
em território português, que representem, pelo menos, 90 da totalidade
dos seus rendimentos relativos ao ano em causa, incluindo os obtidos fora
deste território, podem optar pela respetiva tributação de acordo com as
regras aplicáveis aos sujeitos passivos não casados residentes em território
português.

2. Incidência real

2.1 Considerações introdutórias. A delimitação negativa de incidência

O conceito de rendimento adoptado na reforma tributária de 1989,


influenciando directamente o imposto de que tratamos, foi o conceito de
rendimento-acréscimo em substituição do até então utilizado – o rendimento-
produto.
È habitual, de facto, identificar essencialmente duas teorias básicas sobre o
conceito de rendimento: a teoria do rendimento periódico, ou teoria de fonte
ou do rendimento-produto, e a teoria do rendimento-acréscimo ou do
aumento patrimonial líquido. Na primeira, considera-se que apenas deverão
ser alvo de tributação os elementos do rendimento que, periodicamente, são
gerados por determinada fonte. No rendimento-acréscimo entende-se que o
mesmo deriva de toda e qualquer fonte, sendo a pois a soma de todas as
receitas que melhor definem a capacidade contributiva de uma pessoa ou
entidade, prescindindo-se da característica de “periodicidade” do rendimento,
o que faz abarcar no rendimento tributável ganhos não periódicos ou
irregulares – os “ganhos extraordinários”.

Pôr em execução estes modelos revela-se, obviamente, muito difícil, senão


mesmo impossível. Se as ideias mais modernas defendem que quanto maior

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for a base de tributação mais se revelará possível praticar taxas mais


reduzidas de tributação, a opção vem recaindo sempre num conceito de
rendimento que se apresente amplo e compreensivo, o qual deveria significar
a abrangência de todos os rendimentos, independentemente da fonte ou
origem de onde provêm (capital, trabalho, etc.); de todos os ganhos
extraordinários de capital ou mais-valias obtidas por alienação de activos
(acções, imóveis, etc.); de todos os aumentos/incrementos patrimoniais a
título gratuito (doaç es) ou “mortis causa” (heranças, sucess es); e dos
restantes ganhos ocasionais (“windfall gains”) como os provenientes do jogo,
lotarias, etc.
Na prática não é respeitada tal abrangência, variando as opções de país para
país. O desiderato é chegar a um conceito que sirva de bom indicador da
capacidade de pagar, e para isso entra-se com a consagração da faculdade
de dedução ao rendimento de certas despesas ou encargos, entendidos
como despesas fiscalmente relevantes, e cuja actuação vai permitir passar
do rendimento-bruto ao rendimento líquido (considerando este como melhor
aproximação ao valor da capacidade contributiva).
Estas deduções abrangem tanto aquelas que estão relacionadas com a
obtenção do rendimento (deduções específicas), como acontece com as
despesas suportadas com a obtenção de rendimentos do trabalho (v.g.
contribuições sociais obrigatórias; despesas de conservação e manutenção
de imóveis) e as outras que o não estão (deduções genéricas), onde
poderemos incluir as deduções relativas ao número de dependentes do
agregado familiar, as despesas de saúde, de educação, etc.
As deduç es, como veremos podem ser deduç es ao rendimento (“tax
allowances”) e/ou deduç es à colecta ou créditos de imposto (“tax credits”).
São, porém, afastados da sujeição ao imposto um conjunto de rendimentos.
A matéria consta do artigo 12.º relativo à “ Delimitação negativa de
incidência”.
Trata-se de indemnizações; prémios literários artísticos ou científicos;
prémios atribuídos aos praticantes de alta competição e aos respectivos
treinadores, e ainda aos rendimentos e montantes referidos nos seus n.º 3 e
4 (rendimentos provenientes do exercício da actividade de profissionais de
espectáculos ou desportistas e subsídios para manutenção, ou montantes

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necessários à cobertura de despesas extraordinárias relativas à saúde e


educação, pagos ou atribuídos pelos centros regionais de segurança social e
pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ou pelas instituições particulares
de solidariedade social.

Nas indemnizações incluem-se, essencialmente, as devidas (e pagas ou


atribuídas) em consequência de lesão corporal, doença ou morte, nelas se
incluindo as pensões e indemnizações auferidas em resultado do
cumprimento do serviço militar pelo Estado, e outros entes públicos; as
pens es de preço de sangue, bem como a transmissão ao c njuge ou unido
de facto sobrevivo de pensão de deficiente militar auferida; pagas pelo
Estado, pelas associações mutualistas ou ao abrigo de contrato de seguro,
decisão judicial ou acordo homologado judicialmente.

Os prémios literários, artísticos ou científicos estão também afastados da


incidência do IRS, desde que não envolvam a cedência temporária ou
definitiva, dos respectivos direitos do autor, e sejam atribuídos em concurso,
mediante anúncio público em que se definam as respectivas condições de
atribuição.

Nos prémios atribuídos aos praticantes de alta competição e aos respectivos


treinadores, incluem-se as bolsas atribuídas aos praticantes de alto
rendimento desportivo pelo Comité Olímpico de Portugal ou pelo Comité
Paralímpico de Portugal, no âmbito do contrato-programa de preparação para
os Jogos Olímpicos ou Paralímpicos e pela respectiva federação; as bolsas
de formação desportiva, reconhecidas por despacho do Ministro das Fi-
nanças e do membro do Governo que tutela o desporto, atribuídas pela
respectiva federação aos agentes desportivos não profissionais,
nomeadamente praticantes, juízes e árbitros, até ao montante máximo anual
correspondente a cinco vezes o valor do Indexante de Ápios Sociais (IAS); os
prémios atribuídos aos praticantes de alto rendimento desportivo, bem como
aos respectivos treinadores, por classificações relevantes obtidas em provas
desportivas de elevado prestígio e nível competitivo, nomeadamente Jogos
Olímpicos e Paralímpicos, campeonatos do mundo ou campeonatos da
Europa.

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A exclusão tributária dos rendimentos da actividade de profissionais de


espectáculo ou desportistas aplica-se apenas se tais rendimentos forem
tributados em sede do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas
(IRC), nos termos da alínea d) do n.º 3, do artigo 4.º, do respectivo Código.

Também os incrementos patrimoniais provenientes de transmissões gratuitas


sujeitas ao imposto do selo (heranças e doações), e aqueles que se
encontrem legal e expressamente previstos, estão afastados da incidência
deste imposto

2.2 A caracterização dos rendimentos. Fase analítica – definição dos


rendimentos brutos de cada categoria.

Os rendimentos auferidos (e sujeitos) são, ab initio, divididos em diferentes


categorias, segundo a sua origem ou proveniência, materializando uma fase
analítica nesta tributação do rendimento global que se pretende única. São as
seguintes as categorias a considerar:

 Rendimentos de trabalho dependente (Categoria A);


 Rendimentos empresariais e profissionais (Categoria B);
 Rendimentos de capitais que sejam englobados (Categoria E);
 Rendimentos prediais (Categoria F);
 Mais-valias da venda de imóveis (Categoria G);
 Outros incrementos patrimoniais (Categoria G);
 Pensões (Categoria H);

A categoria A engloba os rendimentos resultantes do trabalho por conta de


outrem, o mesmo é dizer, do trabalho prestado com subordinação jurídica ao
empregador. Englobam a globalidade das remunerações auferidas
independentemente da respectiva designação – salários, ordenados,
vencimentos, e quaisquer outras manifestações retributivas, tais como
percentagens, comissões, gratificações, emolumentos e outras, fixas ou
variáveis, em dinheiro ou em espécie (art.º 2.º n.º 2).

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Subjaz à percepção das remunerações um contrato de trabalho ou contrato


equiparado, e também o trabalho resultante de função ou serviço públicos.

“Contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante


retribuição, a prestar a sua actividade a outra pessoa ou outras pessoas, sob
a autoridade e direcção destas”, e contratos que lhe estão legalmente
equiparados serão todos aqueles em que se verifica dependência económica
do trabalhador perante o empregador, sendo exemplos relevantes o trabalho
prestado no domicilio ou no estabelecimento do trabalhador.

No trabalho resultante de função, serviço ou cargo público compreendem-se


as remunerações dos funcionários e agentes da administração pública,
central, regional ou local e ainda as remunerações dos militares e dos
titulares de cargos políticos.

A amplitude do conceito de rendimento do trabalho dependente pretendida


pelo legislador faz com que outras situações tipificadas nas várias alíneas do
n.º 3 do artigo 2.º devam ainda ser qualificadas como trabalho dependente
para efeitos deste imposto. Salientam-se a este propósito as remunerações
auferidas pelo exercício do cargo de titulares dos órgãos estatutários 6 das
pessoas colectivas e entidades equiparadas; os benefícios, regalias ou
abonos auferidos pela prestação ou em razão da prestação de trabalho
dependente; os abonos para falhas7; as ajudas de custo e as importâncias
auferidas pela utilização de automóvel próprio em serviço da entidade
patronal, na parte em que excedam os limites legais ou quando não sejam
observados os pressupostos da sua atribuição aos servidores do Estado; as
verbas para despesas de deslocação, viagens ou representação na parte em
relação à qual não tenham sido prestadas contas até ao termo do exercício;
as importâncias auferidas, ainda que a título de indemnização, pela mudança
de local de trabalho; as gratificações auferidas pela prestação ou em razão
da prestação de trabalho, quando não atribuídas pela entidade patronal (v.g.

6
Gerência, administração, direcção, conselho fiscal, conselho geral ou qualquer outro órgão previsto no pacto social
ou estatutos, com funções deliberativas, executivas ou de fiscalização.

7
Devidos a quem, no seu trabalho, tenha que movimentar numerário, na parte em que exceder 5% da remuneração
mensal fixa.

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chamadas gorjetas) 8 ; os subsídios de residência ou equivalente ou a


utilização de casa de habitação fornecida pela entidade patronal; os
benefícios resultantes de empréstimos sem juro ou a taxa de juro inferior,
concedidos ou suportados pela entidade patronal9; as viagens e estadas de
turismo e similares não conexas com as funções exercidas pelo trabalhador
ao serviço da mesma entidade; a utilização, pelo trabalhador ou membro de
órgão social, de viatura automóvel que gere encargos para a entidade
patronal; a aquisição, pelo trabalhador ou membro de órgão social 10 , por
preço inferior ao valor de mercado, de qualquer viatura automóvel que gere
encargos para a entidade patronal11. Relativamente ao subsídio de refeição,
o mesmo não constitui rendimento sujeito a tributação se:

- não exceder o limite legal estabelecido ou


- excedendo o limite legal estabelecido em 60%, seja pago em vales
de refeição.
Referência expressa para as indemnizações recebidas pela cessação do
trabalho cuja tributação poderá, no todo ou em parte, ser considerada
rendimento sujeito, tendo em conta a situação em que a mesma é verificada,
o número de anos de trabalho anterior no empregador, a valor da
remuneração e a situação laboral que se lhe pode seguir12.

8
Não obstante a exemplificação apresentada, integram o conceito algumas outras situações que, embora
verificáveis com certa frequência e entendidas como relevantes na matéria, não serão, todavia, abordadas neste
curso por razões de tempo. É, entre outros, o caso das importâncias dispendidas pelas entidades patronais,
obrigatória ou facultativamente, em seguros de vida, contribuições para fundos de pensões, em fundos de
poupança-reforma ou quaisquer regimes complementares de segurança social em benefício dos trabalhadores
(artigo. 2º, n.º 3, al. b), 3) e dos ganhos resultantes de acordos de opções sobre acções, ou outros valores
mobiliários, celebrados com a entidade patronal, relativamente à subscrição, à venda ou à renúncia onerosa e à
recompra pela entidade patronal, na parte em que revistam carácter remuneratório.
9
Em condições legalmente definidas – artigo 2º, n.º 3, al. b), 5.

10
Ou qualquer membro do seu agregado familiar ou pessoa por si indicada.

11
De acordo com o Orçamento de Estado para 2013, presume-se que a viatura foi adquirida pelo trabalhador ou
membro de órgão social, quando seja registada no seu nome, no de qualquer pessoa que integre o seu agregado
familiar ou no de outrem por si indicada, no prazo de dois anos a contar do exercício em que a viatura deixou de
originar encargos para a entidade patronal.
12
A matéria, constante do artigo 2.º números 4 a 8, não será abordada, em detalhe, no âmbito deste curso .

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13
Na categoria B, compreendem-se, desde 2001 , os rendimentos
empresariais e profissionais, incluindo os rendimentos de natureza comercial,
industrial, agrícola silvícola e pecuária e as prestações de serviços, com
referência também às de carácter científico, artístico ou técnico14.

Provenientes de origens diversas, é necessário cuidar da respectiva


definição, tarefa que o legislador efectua no articulado do respectivo código.
No âmbito deste curso referiremos apenas os contornos dessas definições.
Assim:

- Quanto às prestações de serviços no âmbito do exercício dos profissionais


independentes, e tendo em conta a previsão dos artigos 1154.º a 1156.º do
Código Civil15, ficam abrangidos nesta categoria os rendimentos auferidos por
conta própria no exercício de qualquer actividade de prestação de serviços,
ainda que conexa com uma actividade comercial, industrial ou agrícola, que
terá um Código de Actividade Económica (CAE). Incluem-se também os
direitos de autor e direitos conexos, os direitos da propriedade industrial (v.g.
direito sobre marcas e patentes), e da prestação de informações respeitantes
a uma experiência adquirida no sector industrial, comercial ou científico
(“Know How” ou segredo industrial), desde que auferidos pelo seu titular
originário;

 As actividades de natureza comercial ou industrial não resultam


expressamente definidas, ai devendo incluir-se todas as actividades de
comércio em geral e todas as actividades de produção. Enumeram-se
apenas e exemplificadamente, um conjunto de actividades que assim
devem ser qualificadas (Compra e venda; Fabricação; Pesca;
Explorações mineiras e outras indústrias extractivas; Transportes;
Construção civil; Actividades urbanísticas e exploração de loteamentos;
Actividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas, bem como a
13
Até 2001 havia três categorias autónomas – a Categoria B, relativa aos rendimentos do trabalho independente, a
categoria C, para os rendimentos comerciais e industriais e a categoria D abrangendo os rendimentos agrícolas. Em
2001 as categorias foram fundidas numa só, a B, designada de Rendimentos Empresariais e Profissionais.

14
E ainda os rendimentos imputados por entidades sujeitas ao regime da transparência fiscal e heranças indivisas,
que sendo matéria conexa com a disciplina do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas, não será
abordada neste curso.
15
Que define o contrato de prestação de serviços como aquele em que uma das partes se obriga a proporcionar à
outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem retribuição, correspondendo a uma forma
de trabalho autónoma, não vinculado a qualquer poder de direcção ou de fiscalização e no qual o risco corre por
conta de quem o exerce),

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venda ou exploração do direito real de habitação periódica; Agências de


viagens e de turismo; Artesanato e Actividades agrícolas e pecuárias não
conexas com a exploração da terra ou em que esta tenha carácter
manifestamente acessório);
 As actividades agrícolas, englobam as de cultivo vegetal (fruticultura,
horticultura, floricultura, entre outros), a actividade pecuária ligada à
criação animal, incluindo a aquicultura abrangendo os animais aquáticos e
hoje em dia algumas espécies vegetais) e a silvicultura voltada
essencialmente para a cultura das matas e respectivo reflorestação.

Nem sempre resulta fácil estabelecer a fronteira entre cada um dos tipos de
rendimento. Veja-se o caso de uma exploração vinícola, onde o vinho não é
vendido a granel, mas já engarrafado – deve ser qualificada como agrícola ou
já industrial e comercial? A lei fornece a este respeito alguns critérios para os
quais se remete, para maior desenvolvimento, sendo certo que a unificação
que hoje tem a categoria B resolveu uma boa parte das dificuldades. Por
outro lado, e de acordo com um “princípio da atracção” são ainda englobados
nesta categoria aqueles outros rendimentos que, mesmo que individualmente
qualificados se poderiam incluir noutras categorias, são todavia obtidos no
âmbito do exercício de actividades profissionais, comerciais, industriais ou
agrícolas.

A categoria E reporta-se aos denominados rendimentos de capitais.

O âmbito dado aos rendimentos de capitais passa pela consagração de uma


noção geral, (constante do n.º 1 do artigo 5.º), seguida de uma enumeração
exemplificativa feita no n.º 2 do mesmo artigo.

Em geral consideram-se rendimentos de capitais, os frutos e demais


vantagens económicas, qualquer que seja a sua natureza ou denominação,
sejam pecuniários ou em espécie, procedentes, directa ou indirectamente, de
elementos patrimoniais, de bens, de direitos ou situações jurídicas, de
natureza mobiliária, bem como da respectiva modificação, transmissão ou
cessação, com excepção de ganhos e outros rendimentos que sejam
tributados noutras categorias de rendimentos.

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Exemplificativamente, enumeram-se os juros e outras formas de


remuneração provenientes de diversos contratos (mútuo, abertura de crédito,
reporte e outros que proporcionem, a título oneroso, a disponibilidade
temporária de dinheiro ou outras coisas fungíveis, depósitos à ordem ou a
prazo em instituições financeiras e certificados de depósito, remuneração de
suprimentos, abonos ou adiantamentos de capital feitos pelos sócios à
sociedade, contrato de conta corrente); os juros e outras formas de
remuneração provenientes de instrumentos de aplicação financeira; os lucros
e outros rendimentos decorrentes de participações sociais ou rendimentos
similares; os rendimentos relativos à propriedade intelectual, industrial e
know-how (de contratos que tenham por objecto a cessão ou utilização
temporária de direitos da propriedade intelectual ou industrial ou a prestação
de informações respeitantes a uma experiência adquirida no sector industrial,
comercial ou científico, quando não auferidos pelo respectivo autor ou titular
originário, bem como os derivados de assistência técnica); os ganhos
decorrentes de instrumentos financeiros derivados (swaps cambiais, swaps
de taxa de juro, swaps de taxa de juro e divisas e de operações cambiais a
prazo) e outros que embora aparecendo como de carácter residual, se
subordinam à definição geral apresentada no sentido de garantir o respeito
pelo princípio da legalidade e tipicidade, não obstante a dificuldade do
legislador na respectiva tipificação.

Alguns dos rendimentos são objecto de presunções, as quais constam de


artigo específico – o artigo 6.º. É o caso da presunção relativa a letras e
livranças (carácter comercial ou contrato de mútuo); presunção relativa aos
mútuos e aberturas de crédito (existência e remuneração); presunção relativa
a lançamentos em conta corrente (lucros e adiantamento por conta de
lucros). As presunções estabelecidas, podem ser elididas através de decisão
judicial; acto administrativo (praticado por qualquer órgão ou agente da
administração pública que intervenha na situação em apreço); declaração do
Banco de Portugal (quando ocorra a sua intervenção); ou reconhecimento
pela Administração Tributária e Aduaneira.

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Os rendimentos prediais integram a Categoria F, dispondo o artigo 8.º, logo


no seu n.º 1 que são rendimentos prediais as rendas dos prédios rústicos,
urbanos ou mistos.

A noção de renda aqui adoptada revela, uma vez mais, a autonomia do


Direito Fiscal já estudada. Porque o conceito do Direito Civil tal como se
encontra definido não satisfaz bem os interesses desta tributação, é
estabelecido no artigo 8.º um conceito de renda específico para este efeito,
de natureza bem mais ampla, recaindo essencialmente sobre a cedência do
uso de bens imóveis para arrendamento ou outros fins de natureza especial,
ou do uso de maquinismos e bens móveis instalados no prédio arrendado.

Também é fornecido neste âmbito, o conceito de predito rústico, urbano ou


misto para este fim, embora não apreça especificamente o conceito de prédio
(que consta do Imposto Municipal sobre Imóveis onde, todavia, a tributação
assenta no valor patrimonial e não no rendimento obtido por seu intermédio).
Por disposição expressa (artigo 8.º n.º 4) é estendido o conceito de prédio a
todo o bem móvel assente no mesmo local por um período superior a 12
meses

A categoria G reporta-se aos incrementos patrimoniais, incluindo as mais-


valias e determinados incrementos patrimoniais tais como algumas
indemnizaç es e os “incrementos patrimoniais não justificados”.

As mais-valias, como é sabido, são ganhos de carácter ocasional ou fortuito,


e que não decorrem de uma actividade do sujeito passivo especificamente
dirigida à sua obtenção. São muitas vezes designados na doutrina por
ganhos trazidos pelo vendo, e conhecidos pela expressão inglesa de
windfalls. Não se trata aqui da tributação de todas as potenciais mais valias,
uma vez que a opção do legislador recaiu essencialmente sobre as
transmissões onerosas de bens imóveis, participações sociais e outros
valores mobiliários (artigo 10.º n.º 1), como mais-valias tributáveis fora do
âmbito de uma actividade empresarial ou profissional16.

16
Os ganhos que não estavam sujeitos ao imposto de mais-valias só ficam sujeitos a IRS se a aquisição dos bens
ou direitos de que provêm foram adquiridos após 01/01/1989, data da (entrada em vigor do IRS.

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Sem entrar em detalhes, por não ser objectivo deste curso, as mais valias na
transmissão de imóveis são dadas pela diferença entre o valor de realização
(comummente valor de venda) e o valor de aquisição, devidamente corrigida
pelos coeficientes de desvalorização monetária.

Quando se trate da transmissão onerosa de imóveis destinados à habitação


própria permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar, o ganho
não relevará para efeitos de IRS se, no prazo de 36 meses, o valor de
realização (todo o valor de venda) 17 , for reinvestido na aquisição da
propriedade de outro imóvel, de terreno para construção ou na construção,
ampliação ou melhoramento de imóvel, exclusivamente com o mesmo
destino de habitação própria permanente do SP ou do seu agregado familiar,
e o imóvel estiver situado em território nacional ou no território de outro
Estado-membro da União Europeia ou do espaço económico europeu 18
desde que, neste último caso, exista intercâmbio de informação em matéria
fiscal. O reinvestimento considera-se ainda concretizado se o valor de
realização, for utilizado no pagamento da aquisição daquele imóvel efectuada
nos 24 meses anteriores (artigo 10º n.º 5 alínea b)).

No caso de ocorrer apenas reinvestimento parcial do valor de realização, a


mais-valia não tributável será proporcional ao reinvestimento efectuado
(artigo 10º n.º 7).

Como se disse são também ganhos desta categoria os obtidos pela


transmissão onerosa de partes sociais e de outros valores mobiliários,
embora com ajustamentos resultantes da política económico-financeira do
Governo.

Em matéria de indemnizações, incluem-se nesta categoria as que visem


reparar danos emergentes não comprovados (se tais danos se encontrarem

17
Deduzido da amortização de eventual empréstimo contraído para aquisição do imóvel, se caso disso.
18
O Espaço Económico Europeu (EEE) nasceu de uma série de acordos entre a Comunidade Económica Europeia
(CEE) e os estados-membros da Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), excepto a Suíça (devido ao
resultado negativo no referendo provido não pôde fazer parte), no sentido da criação de uma zona de comércio livre
para os 380 milhões de consumidores dos países das duas organizações europeias. São Países do Espaço
Económico Europeu: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha,
Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Letónia, Liechtenstein, Lituânia,
Luxemburgo, Malta, Noruega, Polónia, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia e Suíça.

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comprovados não representam qualquer acréscimo patrimonial, visando


apenas colocar o lesado no estado em que se encontrava antes da lesão, ou
seja, compensá-lo estritamente pelo decréscimo patrimonial sofrido); por
lucros cessantes (as destinadas a ressarcir os benefícios líquidos deixados
de obter em consequência da lesão); por reparação de danos não
patrimoniais, excepto as fixadas em decisão judicial ou arbitral ou em
resultado de acordo judicialmente homologado (danos morais cuja
compensação não se destina a repor a situação anterior à lesão, traduzindo-
se pois num acréscimo de património efectivo)19.

São também tributadas no âmbito desta categoria as importâncias recebidas


pelo cumprimento ou assunção de uma obrigação de não concorrer com
outrem (artigo 9º n.º 1 c)). O recebimento, em princípio, significa receita sem
actividade e daí a sua qualificação como ganhos patrimoniais, não
esquecendo que se as mesmas forem recebidas no âmbito do exercício de
uma actividade empresarial ou profissional (pelo não exercício no mesmo
local ou pelo não exercício de uma parte apenas das operações) elas serão
tributadas no âmbito da categoria B.

Merecem ainda referência como enquadrados na categoria G, os acréscimos


patrimoniais não justificados, em que subjaz uma desproporcionalidade entre
o rendimento declarado e o rendimento padrão resultante de certas
manifestações de fortuna que a lei taxativamente enumera nos seguintes
termos (artigo 89.º - A da LGT):

Manifestações de fortuna Rendimento padrão (valores médios de


mercado) a comparar com o rendimento
declarado pelo sujeito passivo
Imóveis de valor de aquisição igual ou 20% do respectivo valor de aquisição
superior a € 250.000,00

Automóveis ligeiros de passageiros de valor 50% do valor da viatura no ano de matrícula


igual ou superior a € 50.000,00 e motociclos com o abatimento de 20% por cada um dos
de valor igual ou superior a € 10.000,00 anos seguintes.

Barcos de recreio de valor igual ou superior a Valor da embarcação no ano de registo com o
€ 25.000,00 abatimento de 20% por cada um dos anos

19 Não deve esquecer-se que certas indemnizações são tributadas no âmbito da categoria A (designadamente
quaisquer indemnizações resultantes da constituição, extinção ou modificação de relação jurídica que origine
rendimentos do trabalho dependente, incluindo as que respeitem ao incumprimento das condições contratuais ou
sejam devidas pela mudança de local de trabalho; outras integram a categoria B (as indemnizações recebidas no
âmbito do exercício de uma actividade profissional) e que outras se encontram fora da incidência, como veremos –
artigo. 12.º, n.º 1.

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seguintes.
Aeronaves de turismo Valor da aeronave no ano de registo com o
abatimento de 20% por cada um dos anos
seguintes.
Suprimentos e empréstimos feitos no ano, de 50% do valor anual dos rendimentos.
valor igual ou superior a € 50.000,00

Sendo a desproporção superior a 30%, para menos, a AT corrigirá para mais


(pela diferença) os valores declarados pelo contribuinte - avaliação indirecta -
, sendo, todavia, admitida prova em contrário pelo sujeito passivo – i.e. de
que os bens em questão provêm de outras fontes não objecto de declaração,
como poderá ser o caso de heranças ou doações, de recurso ao crédito, de
utilização de capitais antes aforrados, etc.

A categoria H engloba as prestações que, não sendo consideradas de


trabalho dependente, sejam pagas ou colocadas à disposição a título de
Pensões (de aposentação, reforma, velhice, sobrevivência, viuvez, alimentos,
orfandade social, doença profissional, invalidez e outras pensões ou
subvenções); de Rendas temporárias e vitalícias; de Prestações regulares e
periódicas de Planos de Poupança Reforma e as Prestações que sejam
pagas por companhias de seguros, fundos de pensões ou quaisquer outras
entidades, devidas no âmbito de regimes complementares de segurança
social em razão de contribuições da entidade patronal.
As rendas que aqui consideramos são as que se consubstanciam em
prestações periódicas em dinheiro ou outra coisa fungível, que alguém se
obriga a realizar em benefício de outrem.

No contrato de renda perpétua, verifica-se que uma pessoa aliena (de forma
gratuita ou onerosa), a favor de outra, certa quantia em dinheiro ou outra
coisa móvel ou imóvel ou ainda um direito, com a obrigação para esta de
pagar como renda, e sem limite de tempo, determinada soma em dinheiro ou
outra coisa fungível. No caso de o período ser a vida do alienante ou de
terceiro estamos perante o contrato de renda vitalícia.

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As rendas (essencialmente temporárias, embora também podendo incluir as


vitalícias) decorrem de contratos celebrados ao abrigo do princípio da
autonomia da vontade ou da liberdade contratual; de responsabilidade civil
(artigo 567.º do Código Civil) ou de negócios jurídicos unilaterais (v. g.
testamentos).

Quando as rendas temporárias e vitalícias compreenderem importâncias


pagas a título de reembolso de capital, dever-se-á deduzir, na determinação
do valor tributável, a parte correspondente ao capital, concretizando assim o
princípio da tributação de rendimentos reais e efectivos. Para tal é
indispensável que a entidade devedora desses rendimentos faça a
discriminação da parte correspondente ao reembolso de capital no
documento que é obrigada a entregar ao beneficiário, credor dos
rendimentos, estabelecendo-se que se essa discriminação não puder ser
efectuada o valor a considerar nesta categoria será determinado através da
subtracção de 85% ao valor global da renda.

2.3 Fase analítica – definição dos factos geradores de cada categoria.

Como analisamos na I Parte deste Curso, o facto gerador de imposto é o


facto constitutivo da obrigação tributária, i.e., a obrigação de imposto, como
qualquer relação obrigacional, nasce no momento da verificação dos
pressupostos de facto abstractamente previstos na lei (incidência real e
subjectiva do imposto). O acto de liquidação reveste-se portanto de natureza
meramente declarativa da obrigação já constituída no momento da existência
de rendimento tributável.
Sendo característica do imposto tributar os rendimentos reais e efectivamente
percebidos, a sujeição a tributação (facto tributário) há-de ocorrer no
momento em que forem recebidos ou colocados à disposição do respectivo
titular.

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Para os rendimentos do trabalho dependente – Categoria A – o pressuposto


nasce no momento em que os rendimentos que integram a categoria sejam
pagos ao respectivo titular ou colocados à sua disposição20
Na categoria B, os rendimentos sujeitos a tributação são regidos pelo
princípio da especialização dos exercícios de acordo com regras
contabilísticas. A consequência é a de que os rendimentos ficam sujeitos a
IRS desde o momento em que, para efeitos de IVA, seja obrigatória a
emissão de factura ou documento equivalente 21 . Ou seja, o pressuposto
ocorre mais cedo e é independente do efectivo recebimento das
importâncias, sendo muito importante que se cumpra o prazo de facturação e
que se emitam documentos distintos para facturação e recebimento/quitação,
porque se emitir recibo de quitação e não vier a ocorrer o recebimento o
rendimento será considerado como recebido (mesmo não o tendo sido) e,
portanto, sujeito a tributação.

Na categoria E de Rendimentos de capitais, o legislador definiu no artigo 7.º


do Código do IRS momentos diversos para o facto gerador conforme as
características próprias de cada um dos tipos de rendimentos englobados na
categoria. Sem entrar em detalhes, por não ser objecto deste curso, estão
previstos como tais a data da colocação à disposição; o apuramento do
respectivo quantitativo; o momento em que se vencem ou se presume o
vencimento; o momento da liquidação da operação e a data da transmissão
dos títulos.
Em relação aos juros de Mútuos, Depósitos; e Aberturas de crédito, o
legislador considera que os mesmos se vencem na data estipulada pelos
respectivos contratos, ou na sua falta, na data do reembolso do capital
(exceptuando os juros totalmente presumidos cujo vencimento se considera
ocorrido em 31 de Dezembro de cada ano, ou na data do reembolso, se
anterior) e ainda que as aberturas de crédito se consideram utilizadas na

20
Artigo 2.º do Código do IRS “Consideram-se rendimentos do trabalho dependente todas as remunerações pagas
ou postas à disposição do seu titular, …” .

21
A exigibilidade no IVA consta do artigo 8.º do respectivo Código, que a estabelece no momento em que a factura
ou documento equivalente, sempre obrigatória nos termos do artigo 29.º e 36.º do mesmo Código, sejam emitidos
no prazo legal de 5 dias úteis após a transmissão dos bens ou a prestação dos serviços (ou quando esse prazo se
esgote se não foi cumprido).

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totalidade sempre que o contrato possibilite ao creditado levantar o crédito


posto à sua disposição sem necessidade de escritura ou instrumento notarial.
Nas rendas, que integram a categoria F, e mais uma vez como expressão do
principio geral da tributação de rendimentos reais e efectivos, as rendas
apenas estarão sujeitas no data em que sejam pagas ou colocadas à
disposição dos seus titulares (artigo 8.º, n.º 1).
Quanto aos incrementos patrimoniais da categoria G, e tendo em conta o
conjunto diversificado de situações aí englobadas, existe também uma
adequação do momento da verificação do facto gerador ou sujeição a
imposto às especificidades de cada uma delas.
Mais uma vez, e apenas para elencar, sem todavia entrar em detalhe, estão
designadamente previstos como factos geradores (artigo 9.º n.º 4 e artigo
10.º n.º 3):

 O momento da alienação (para os ganhos resultantes da alienação


onerosa de direitos reais sobre imóveis) ou o momento da tradição ou
posse dos bens e direitos objecto do contrato (promessa de compra e
venda ou permuta de imóveis);
 O momento da posterior alienação onerosa dos bens em causa (ou da
ocorrência de outro facto que determine o apuramento de resultados
em condições análogas) nos casos de afectação de bens do património
particular a actividade geradora de rendimentos empresariais e
profissionais exercida pelo seu proprietário (verifica-se aqui um
diferimento devido à opção de apenas tributar as mais-valias rea-
lizadas, as quais apenas se verificam nesse momento);
 O ano em que são pagas ou colocadas à disposição, se se tratar de
indemnizações tributadas;
 O ano do pagamento ou colocação à disposição, para as importâncias
recebidas pelo cumprimento ou assunção de uma obrigação de não
concorrer com outrem.

Finalmente, em relação à categoria H de rendimentos, o facto gerador do


imposto ocorre no momento do pagamento ou colocação à disposição.

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2.4 O período do imposto.

Os impostos sobre o rendimento são, em geral periódicos, correspondendo o


período ao espaço de um ano (ano fiscal).
No domínio do anterior modelo, o de tributação cedular em vigor até 1989,
fazia-se coincidir o ano fiscal com o ano civil, para melhor se identificarem as
datas que delimitam os períodos tributários.
A tradição foi mantida no Código do IRS, dispondo o artigo 143º que “Para
efeitos do IRS, o ano fiscal coincide com o ano civil”.

2.5 Fase analítica. As deduções específicas da cada uma das categorias


de rendimentos. A determinação do rendimento líquido de cada
categoria.

Se o princípio da capacidade contributiva que analisamos com algum detalhe


na parte geral deste curso aponta para a conveniência de tributar o
rendimento global, o mesmo princípio em desenvolvimento define tal
rendimento como o rendimento global líquido. Como refere Sérgio Vasques 22,
“o rendimento bruto não exprime a verdadeira capacidade que ele
(contribuinte” possui para suportar o imposto, só podendo esta ser
apreendida quando se lhe subtraiam, primeiro as despesas necessárias à
sua própria obtenção, depois as despesas necessárias à sobrevivência
condigna do contribuinte e da sua família”.
E aqui podemos distinguir entre deduções subjectivas e deduções objectivas.
Estas englobam aquelas que sejam susceptíveis se ser entendidas como
inerentes e indispensáveis à obtenção do rendimento, e como tal devem
relevar para a determinação do rendimento líquido, devendo ainda ser vistas
como uma exigência do princípio da capacidade contributiva.
As despesas elegíveis para este efeito devem variar consoante a natureza
dos rendimentos, sendo certo que existem rendimentos cuja obtenção não

22
Cf. Sérgio Vasques, disponível em
ttp://www.sergiovasques.com/xms/files/Capacidade_Contributiva_Rendimento.pdf

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exige que se suportem despesas como será o caso dos ganhos de jogo,
onde obviamente o custo associado é ínfimo ou inexistente.
Quanto às deduções subjectivas, considerando como tais aquelas que
tenham a ver com o rendimento disponível, ou seja que excluam da base de
tributação as despesas necessárias à sobrevivência e manutenção das suas
necessidades vitais. É o caso das despesas de saúde, de educação, de
habitação, que ao cabo e ao resto são necessárias para a qualificação do
imposto como pessoal. A generalidade destas é concedida pelo legislador
sob a forma de deduções à colecta (antes apareciam como abatimentos ao
rendimento, no artigo 56.º hoje revogado), não havendo nenhuma que opere
por dedução ao rendimento.

2.5.1 Deduções objectivas

Rendimentos do trabalho dependente – Categoria A

Na categoria de rendimentos do trabalho dependente, as deduções


concedidas encontram nos artigos 25.º a 27.º.

Nos termos do n.º 1 do artigo 25º, a dedução específica da categoria A consiste


em deduzir ao respectivo rendimento bruto23:
- A import ncia fixa de € 4 10424.
Todavia, esta dedução pode ser elevada para 75% de 12 vezes o
Indexante de Apoios Sociais, o que equivale a € 4.275 (0,75 x 12 x 475)
(artigo 25º n.º 4), desde que a diferença resulte de quotizações para
ordens profissionais suportadas pelo próprio sujeito passivo, e
indispensáveis ao exercício da respectiva actividade desenvolvida,
exclusivamente por conta de outrem. Do mesmo se as contribuiç es

23 O artigo 27.º permite para as denominadas profissões de desgaste rápido, a dedução ao rendimento, e até à sua
concorrência, das importâncias despendidas na constituição de seguros de doença, de acidentes pessoais e de
seguros de vida que garantam exclusivamente os riscos de morte, invalidez ou reforma por velhice, neste último
caso desde que o benefício seja garantido após os 55 anos de idade, desde que os mesmos não garantam o
pagamento e este se não verifique, nomeadamente, por resgate ou adiantamento, de qualquer capital em dívida
durante os primeiros cinco anos, com o limite de cinco vezes o valor do IAS.

24
A redacção até 31.12.2014 era a seguinte:72% de 12 vezes o Indexante de Apoios Sociais, o que em 2013
equivale a € 4.104 - (0,72 x 12 x 475)24, até à sua concorrência – al. a).

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obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais


de saúde excederem aquele limite de € 4 104 a dedução será pelo
montante total dessas contribuiç es;

- As indemnizações pagas pelo trabalhador à sua entidade patronal por


rescisão do contrato de trabalho sem aviso prévio em resultado de
sentença judicial ou de acordo judicialmente homologado ou, nos casos
restantes, a indemnização de valor não superior à remuneração de base
correspondente ao aviso prévio (al. b));

- As quotizaç es sindicais, na parte em que não constituam contrapartida


de benefícios de saúde, educação, apoio à terceira idade, habitação,
seguros ou segurança social e desde que não excedam, em relação a
cada sujeito passivo, 1 % do rendimento bruto desta categoria, sendo
acrescidas de 50 %.

Rendimentos profissionais e empresariais – Categoria B

Nos rendimentos profissionais e empresariais, não se pode falar propriamente


em deduções ao rendimento bruto, uma vez que ele próprio é já o rendimento
líquido, ou seja e grosso modo, a diferença entre os proveitos e os custos da
actividade exercida. O que faz sentido é que se fale das formas como se podem
determinar os rendimentos líquidos. Elas são duas: com base na contabilidade
(artigos 28º e 33º) e através da aplicação das regras do regime simplificado de
tributação (artigos 28º e 31º, nº 2), para além da situação específica que
constitui o regime aplicável a actos isolados (artigo 30º) e o tratamento dos
rendimentos acessórios (artigo 31º, nº 6).

A lei postula que, tratando-se de rendimentos desta categoria B, mas tais


rendimentos hajam sido obtidos apenas de uma única entidade pagadora, se
poderão, por opção do seu titular, aplicar regras de determinação da matéria
colectável da Categoria A (artigo 28º, nº8) 25.

25
Há também a especificidade de os rendimentos obtidos por sócios de sociedades transparentes a que se aplicam
as regras de determinação da matérias colectável do Código do IRC, serem imputados, já líquidos, na Categoria B

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O Regime Simplificado (RS) aplica-se aos sujeitos passivos cujo montante


anual ilíquido de rendimentos desta categoria no ano anterior igual ou inferior a
€ 200.000 (artigo 28º n.º 2), e que não optem pelo regime de tributação com
base na contabilidade organizada 26 .
Neste regime, o rendimento líquido (rendimento tributável) a englobar
determina-se pela aplicação dos seguintes coeficientes 27 (artigo 31º n.º 1):
• 15 , sobre o valor das vendas de mercadorias ou produtos (excluindo
a variação da produção), e às prestações de serviços efectuadas no
âmbito de actividades hoteleiras, de restauração e bebidas (alínea a));
• 75 , sobre prestaç es de serviços integradas nas actividades
profissionais previstas na tabela do artigo 151.º 28 ;

(artigo 29º e 31º, nº 2), situação que não abordaremos com detalhe uma vez que a abordagem do IRC não é feita
neste curso.

26
Nos termos do artigo. 28º n.º 6, cessa obrigatoriamente a aplicação do regime simplificado quando este limite for
ultrapassado durante dois períodos consecutivos ou se num só período for ultrapassado em montante superior a
25% (ou seja, quando o montante anual ilíquido de rendimentos ultrapasse € 187.500).

27
Ao montante obtido por aplicação dos coeficientes referidos, deverão ser adicionados, se caso disso, os rendi-
mentos decorrentes de prestações de serviços efectuadas pelo sócio a uma sociedade abrangida pelo regime da
transparência fiscal.

28
- rquitectos engenheiros e t cnicos similares

gentes t cnicos de engenharia e arquitectura

1001 Arquitectos;
1002 Desenhadores;
1003 Engenheiros;

ngenheiros t cnicos
e logos
op grafos.

- rtistas plásticos e assimilados actores e m sicos

rtistas de teatro bailado cinema rádio e televisão

2011 Artistas de circo;

2019 Cantores;
2012 Escultores;
sicos
2014 Pintores;
2015 Outros artistas.

- rtistas tauromáquicos

3010 Toureiros;

utros artistas tauromáquicos.

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- conomistas contabilistas actuários e t cnicos similares

ctuários
4011 Auditores;
4012 Consultores fiscais;
4013 Contabilistas;
4014 Economistas;
cnicos oficiais de contas
cnicos similares.

- nfermeiros parteiras e outros t cnicos param dicos

5010 Enfermeiros;
5012 Fisioterapeutas;
5013 Nutricionistas;
5014 Parteiras;
5015 Terapeutas da fala;
*5016 . Terapeutas ocupacionais.
utros t cnicos param dicos.

6 - Juristas e solicitadores:
6010 Advogados;
6011 Jurisconsultos;
6012 Solicitadores.

- dicos e dentistas
7010 Dentistas;
dicos analistas;
dicos cirurgi es
dicos de bordo em navios
dicos de cl nica geral
dicos dentistas
dicos estomatologistas
dicos fisiatras
dicos gastroenterologistas
dicos oftalmologistas
7 dicos ortopedistas
dicos otorrinolaringologistas

dicos pediatras
dicos radiologistas
dicos de outras especialidades.

- rofessores e t cnicos similares


8010 Explicadores;
8011 Formadores;
8012 Professores.

- rofissionais dependentes de nomeação oficial


9010 Revisores oficiais de contas.
otários

- sic logos e soci logos


sic logos
oci logos.

- u micos
1110 Analistas.

12 - Sacerdotes:
1210 Sacerdotes de qualquer religião.

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- 35% aos rendimentos das restantes prestações de serviços;


- 30 aos subsídios ou subvenç es não destinados à exploração;
- 10 aos subsídios destinados à exploração e restantes rendimentos
da categoria não previstos nas alíneas anteriores (estes
rendimentos são considerados, depois de aplicado o coeficiente
correspondente, em fraç es iguais, durante cinco exercícios, sendo o
primeiro o do recebimento do subsídio):

- 100 aos rendimentos decorrentes de prestaç es de serviços


efetuadas pelo sócio a uma sociedade abrangida pelo regime da
transparência fiscal, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 6.º do
Código do IRC.

- utras pessoas exercendo profiss es liberais t cnicos e assimilados

1310 Administradores de bens;


1311 Ajudantes familiares;
1312 Amas;
1313 Analistas de sistemas;
rque logos
1315 Assistentes sociais;
str logos
1317 Parapsic logos
i logos
1319 Comissionistas;
1320 Consultores;
actil grafos
1322 Decoradores;
1323 Desportistas;
1324 Engomadores;
1325 Esteticistas, manicuras e pedicuras;
uias-int rpretes
ornalistas e rep rteres
1328 Louvados;
1329 Massagistas;
ediadores imobiliários
1331 Peritos-avaliadores;
rogramadores informáticos
ublicitários
1334 Tradutores.
armac uticos
**1336 Designers

- eterinários
eterinários.

15 - Outras actividades exclusivamente de prestação de serviços

utros prestadores de serviços.

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Os sujeitos passivos que obtenham rendimentos das atividades profissionais


especificamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º) e
rendimentos de outras prestaç es de serviço após aplicação dos coeficientes aí
previstos, podem deduzir, até à concorrência do rendimento líquido desta
categoria, os montantes comprovadamente suportados com contribuiç es
obrigatórias para regimes de proteção social, conexas com as atividades em
causa, na parte em que excedam 10 % dos rendimentos brutos, quando não
tenham sido deduzidas a outro título.

O regime simplificado pode significar prejuízo para os contribuintes cujas


despesas conexas com a obtenção do rendimento sejam elevadas e portanto
não tomadas em conta na sua globalidade na determinação do rendimento
líquido.

O regime de contabilidade ou a opção por ele (passível de ser exercida pelos


sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado29), permite deduzir essas
despesas, e como tal diminuir os montantes sujeitos a imposto. O regime de
contabilidade é obrigatório para os sujeitos passivos que tenham atingido, no
período de tributação imediatamente anterior, um valor anual ilíquido de
rendimentos desta categoria de € 200.000 (art.º 28.º, n.º 1, b) e n.º 2 e 3). No
regime de contabilidade a determinação do rendimento do sujeito passivo será
feita com utilização das regras do IRC (tendo em conta, obviamente, as
especificidades das pessoas singulares), conforme a remissão feita pelo
legislador no artigo 32.º.

Nos actos isolados, a determinação do rendimento tributável está sujeita ao

29
Para os sujeitos passivos enquadrados no Regime Simplificado, a opção pela contabilidade organizada deve ser
formalizada na declaração de início de actividade ou até ao fim do mês de Março do ano em que pretendem a sua
utilização, mediante a apresentação de declaração de alterações. A aplicação do regime simplificado cessa apenas
quando o montante a que se refere o n.o 2 seja ultrapassado em dois períodos de tributação consecutivos ou,
quando o seja num único exercício, em montante superior a 25 , caso em que a tributação pelo regime de
contabilidade organizada se faz a partir do período de tributação seguinte ao da verificação de qualquer desses
factos.

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regime simplificado ou de contabilidade organizada, dependendo do montante


do acto isolado:
- Se for de montante inferior a € 200.000 serão aplicadas as regras do regime
simplificado (e respectivos coeficientes);
- Caso contrário, a determinação do rendimento tributável faz-se de acordo com
as regras da contabilidade., deduzindo-se ao montante do rendimento os
gastos necessários e indispensáveis à sua obtenção.

Os sujeitos passivos que pratiquem atos isolados estão sempre dispensados de


dispor de contabilidade por referência a esses actos. Na determinação do
rendimento tributável dos atos isolados aplicam-se os coeficientes previstos
para o regime simplificado, quando o respetivo rendimento anual ilíquido seja
inferior ou igual a (euro) 200 000 e se o rendimento anual ilíquido for superior a
(euro) 200 000, aplicam-se, com as devidas adaptaç es, as regras aplicáveis
aos sujeitos passivos com contabilidade.

Na categoria de rendimentos de capitais não estão contempladas quaisquer


deduções específicas pelo que o rendimento nela enquadrável é líquido por
natureza. Todavia, e para eliminar a dupla tributação económica, os lucros
devidos por pessoas coletivas sujeitas e não isentas do IRC são, no caso de
opção pelo englobamento, considerados em apenas 50 do seu valor.

Em sede de rendimentos prediais, o n.º 1 do artigo 41º possibilita a dedução


aos rendimentos brutos (valor das rendas recebidas) relativamente a cada
prédio ou parte de prédio, todos os gastos efetivamente suportados e pagos
pelo sujeito passivo para obter ou garantir tais rendimentos, com excepção dos
gastos de natureza financeira, dos relativos a depreciaç es e dos relativos a
mobiliário, eletrodomésticos e artigos de conforto ou decoração.

No caso de fração autónoma de prédio em regime de propriedade horizontal,

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são dedutíveis, relativamente a cada fração ou parte de fração, outros encargos


que, nos termos da lei, o condómino deva obrigatoriamente suportar e que
sejam efetivamente pagos pelo sujeito passivo.

Podem ainda ser deduzidos gastos suportados e pagos nos 24 meses


anteriores ao início do arrendamento relativos a obras de conservação e
manutenção do prédio, desde que entretanto o imóvel não tenha sido utilizado
para outro fim que não o arrendamento.

Todos os gastos passíveis de dedução devem ser documentalmente


comprovados.

De salientar que quanto o rendimento resulte de contrato de sublocação, não é


concedida a prática de qualquer dedução, uma vez o rendimento predial a
considerar corresponde à diferença entre o valor da renda ou da importância
recebida e a parte por cada um paga.

Nos rendimentos qualificados como incrementos patrimoniais a regra geral é a


de que não são admitidas quaisquer deduções, com excepção dos rendimentos
de mais-valias (artigos 9.º, 10.º e 42.º CIRS).

Para as mais valias, o legislador estabeleceu um conjunto de regras para o


apuramento do valor sujeito a tributação, sendo este o correspondente ao saldo
apurado entre as mais-valias e as menos-valias realizadas no mesmo ano,
determinadas nos termos dos artigos 43.º a 52.º do CIRS.

Para o apuramento desse saldo relativamente a direitos reais sobre bens


imóveis, é indispensável o conhecimento do valor de aquisição (e despesas que
a este podem acrescer – artigo 51.º)), do valor de realização, dos coeficientes
de correcção monetária (há lugar à correcção monetária do valor de aquisição,
com aplicação de coeficientes de actualização, para corrigir os efeitos da
desvalorização da moeda, e lograr-se a tributação das mais-valias reais e não

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das meramente nominais (artigo 50º.), sendo tais coeficientes anualmente


aprovados por Portaria do membro do Governo responsável pela área das
Finanças).

Como o objectivo é tributar ganhos reais e efectivos, aos ganhos anuais de


Mais-Valias realizados serão abatidas as eventuais Menos Valias sofridas no
mesmo período de tempo.
E porque se trata de ganhos cuja formação foi gerada, no comum das situações
ao longo de um horizonte temporal alargado, pelo que a sua imputação a um só
ano (o da respectiva obtenção) poderia gerar uma acrescida tributação em
virtude de estarmos perante um imposto progressivo, o legislador estabelece a
consideração como valor tributável de apenas 50% desse saldo, quando ser
trate de operações referidas nas alíneas a), c) e d) do n.º 1 do artigo 10º 30, cujo
englobamento é obrigatório (n.º. 2 artigo 43º), como veremos (apenas o saldo
positivo será englobado).

Na categoria H, relativa a rendimentos de pensões, é o artigo 53º vem


estabelecer as regras para cálculo da dedução específica ao rendimento de
pensões, nos seguintes termos:

Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 53º, conclui-se que a dedução é igual ao
valor do rendimento para todos os rendimentos da categoria H cujo valor não
exceda (euro) 4 104. Se, porém, esses rendimentos ultrapassarem aquele
valor, beneficiarão de uma dedução específica igual àquele montante (€ 4.104),
nos termos do n.º 2 do artigo 53º.

A alínea a) do n.º 4 permite ainda a dedução das “ quotizaç es sindicais, na

30
a) Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis e afetação de quaisquer bens do património particular
a atividade empresarial e profissional exercida em nome individual pelo seu proprietário;

c) Alienação onerosa da propriedade intelectual ou industrial ou de experiência adquirida no setor comercial,


industrial ou científico, quando o transmitente não seja o seu titular originário;

d) Cessão onerosa de posiç es contratuais ou outros direitos inerentes a contratos relativos a bens imóveis;

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parte em que não constituam contrapartida de benefícios relativos à saúde,


educação, apoio à terceira idade, habitação, seguros ou segurança social e
desde que não excedam, em relação a cada sujeito passivo, 1 % do rendimento
bruto desta categoria, sendo acrescidas de 50 %; e a alínea b) do n.º 4 do
artigo 53º prevê a possibilidade de serem deduzidas, aos rendimentos brutos
desta categoria, as contribuições obrigatórias para regimes de protecção social
e para subsistemas legais de saúde, na parte que exceda o montante da
dedução prevista nos números 1 do artigo 53.º.

2.6 – Situações especiais. Contitularidade de rendimentos. Imputação


especial.

No caso da existência de rendimentos que pertençam, em comum, a várias


pessoas, cada uma delas deverá considerar como seus os rendimentos que lhe
caibam, na proporção da respectiva quota, presumindo-se que as quotas são
iguais quando indeterminadas. É a disciplina do artigo 19º.
Um caso de contitularidade tributária a “herança indivisa”, sendo cada herdeiro
tributado relativamente à sua quota-parte nos rendimentos por ela gerados. No
caso de se tratar de rendimentos da categoria B (v.g. estabelecimento
comercial) será a sua quota-parte no resultado obtido. No caso de rendimentos
de outras categorias (compropriedade de edifícios arrendados) serão os
rendimentos ilíquidos e as deduções legalmente admitidas, também de acordo
com a sua quota nos mesmos (artigo 19º e alínea b, n.º 2, do artigo 22º,
respectivamente).

A imputação especial tratada no artigo 20º do Código do IRS resulta do facto


de a tributação de certas pessoas colectivas ser realizada através de uma
forma específica denominada transparência fiscal.

A transparência fiscal é uma técnica tributária que ignora em sede de IRC a


tributação dessas pessoas colectivas enquanto sujeitos passivos da obrigação

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de imposto, em sede de IRC, em que isso afaste a sua personalidade tributária


ou a sua qualificação como sujeitos passivos no Imposto sobre o rendimento
das pessoas colectivas (IRC)31.

Sendo a matéria colectável determinada nos termos do IRC, a obrigação de


imposto a ela associada é transferida para os respectivos sócios, associados ou
membros, com as seguintes fundamentações:
- Eliminar a dupla tributação económica dos lucros distribuídos, sendo estes
apenas tributados na esfera desses associados ou membros;
- Operar a tributação independentemente da forma jurídica adoptada no
exercício da actividade, nomeadamente nos casos em que tal resulte de
diferente pressão fiscal;
- Prevenir alguma evasão fiscal 32 , uma vez que a imputação aos sócios,
associados ou membros dessas entidades será efectuada (de harmonia com o
acto constitutivo da entidade ou, na sua falta, em partes iguais) mesmo que não
haja distribuição de lucros.

As entidades que o Código do IRC coloca neste regime de transparência fiscal,


desde que disponham de sede ou direcção efectiva em território português são:
a) As sociedades civis não constituídas sob forma comercial,
b) As sociedades de profissionais,
c) As sociedades de simples administração de bens,
d) Os Agrupamentos Complementares de Empresas (ACE),
e) Os Agrupamentos Europeus de Interesse Económico (AEIE),

As sociedades civis não constituídas sob forma comercial são reguladas nos
termos do Código Civil, sendo apenas permitida a sua constituição em
determinadas situações especiais, como é o caso dos advogados.

31
De facto essas entidades estão inequivocamente enquadradas pela incidência subjectiva do IRC, sendo a
respectiva matéria colectável determinada nos termos do Código do IRC, e estão vinculadas a todas as demais
obrigações tributárias – declarativas, contabilísticas e outras obrigações acessórias – como qualquer sujeito passivo
do IRC outro sujeito passivo de IRC.

32
Esta evasão fiscal resulta da utilização por essas sociedades de expedientes para evitar a tributação dos sócios,
como eram ou são a sistemática não distribuição de dividendos ou a constituição de reservas.

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As sociedades de profissionais são, para este efeito, sociedades constituídas


para o exercício de uma qualquer actividade profissional constante da tabela
anexa ao CIRS, à qual se refere o artigo 151º do mesmo; quando todos os
sócios forem profissionais dessa actividade e, se individualmente considerados,
ficassem abrangidos pela categoria B.

As sociedades de simples administração de bens limitam a sua actividade à


administração de bens ou valores mantidos como reserva ou para fruição, ou à
compra de prédios para a habitação dos seus sócios e ficam abrangidas por
este regime sempre que a maioria do seu capital social pertença, directa ou
indirectamente, durante mais de 183 dias do exercício social, a um grupo
familiar33 ou cujo capital social pertença, em qualquer dia do exercício social, a
um número de sócios não superior a cinco e nenhum deles seja pessoa
colectiva de direito público.

As pessoas singulares ou colectivas e as sociedades podem agrupar-se (sem


prejuízo da sua personalidade jurídica), a fim de melhorar as condições de
exercício ou de resultado das suas actividades económicas, em Agrupamentos
Complementares de Empresas (ACE)34. Também nos AEIE35 o objectivo é o
mesmo. Em ambos os casos a actividade do agrupamento deve estar ligada à
actividade económica dos seus membros e apenas pode constituir um
complemento a esta última.

No que respeita aos três tipos de sociedade referidos, a imputação aos sócios
terá por objecto a matéria colectável determinada na sociedade, sendo os
eventuais prejuízos reportados na esfera das sociedades. Já quanto aos ACE e
AEIE, a imputação aos sócios não se limita aos lucros, abrangendo também os
prejuízos do exercício

33
Grupo familiar é o constituído por pessoas unidas por vínculo conjugal ou de adopção e bem assim de
parentesco ou afinidade na linha recta ou colateral até ao 4º grau, inclusive.

34
Lei n.º 4/73, de 4 de Junho e do DL n.º 430/73, de 25 de Agosto.

35
Regulamento n.º 2137/87, de 25 de Julho de 1985 do Conselho das Comunidades Europeias.

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É o artigo 20º do Código do IRS que disciplina, em termos de sócios,


associados ou membros que sejam pessoas singulares, aquela imputação.

Assim, e nos termos do n.º 2 deste artigo, os valores imputados devem


integrar-se no rendimento pessoal dos sócios, associados ou membros, como
rendimento líquido da categoria B (rendimentos empresariais e profissionais),
o que significa pois que não será operada neles qualquer dedução específica.

De realçar ainda que devem ser integrados no rendimento pessoal dos sócios
que sejam pessoas singulares residentes em território português (e
detenham, directa ou indirectamente, pelo menos, 25% ou 10% das partes
de capital, dos direitos de voto ou dos direitos sobre os rendimentos ou
elementos patrimoniais dessas entidades), os lucros obtidos por sociedades
residentes em países com regime fiscal privilegiado, nomeadamente paraísos
fiscais, determinando o n.º 4 do artigo 20º CIRS que os valores a imputar
sejam considerados rendimento líquido da Categoria B ou da Categoria E,
consoante as partes de capital ou direitos estejam ou não afectos a uma
actividade empresarial e profissional.

3. A fase sintética. A determinação do rendimento colectável.

3.1 Considerações gerais

Vimos até agora que na primeira fase, de carácter analítico, os rendimentos


obtidos por pessoas singulares sujeitas ao imposto, se distinguiam,
consoante a sua fonte ou origem, em várias categorias de rendimentos, com
o fim de conceder a cada um dos tipos de rendimento um tratamento
diferenciado, através de deduções específicas, também elas diferenciadas.

Todavia, e visando a boa aferição da capacidade contributiva como


instrumento para concretizar a justiça e igualdade de sacrifício na carga
tributária de cada um, o rendimento mais próximo da efectiva tributação há-
de ser o que resultar do englobamento dos rendimentos das várias categorias
auferido no período de tributação, o ano, conforme estabelece o artigo 22º n.º
1.

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Passamos assim da fase analítica para uma fase sintética de aglutinação dos
vários rendimentos auferidos, aglutinação que mais não é do que o somatório
dos rendimentos líquidos de cada uma das categorias. Nisto consiste o
englobamento.

Como se analisou logo inicialmente, o englobamento do rendimento de todas


as categorias resulta pois qualificado como a característica fundamental
deste imposto, como um imposto único e global, em que a totalidade do
rendimento auferido por uma pessoa singular resulta sujeito a um único
imposto, com uma tabela progressiva de taxas.

Acontece que este englobamento, que constitui então a regra fundamental do


imposto, é derrogada em algumas situações particulares, em que visam tratar
rendimentos cuja natureza e especificidade justifica que sejam sujeitos a
taxas específicas, tanto por razões de prevenção de evasão fiscal como de
agilização da gestão do imposto pela Administração Fiscal. É o caso de
alguns rendimentos de capitais e o anonimato que caracteriza os depósitos
em Instituições Financeiras, o regime dos títulos ao portador, ou as
especificidades conexas com a realização de ganhos de mais valias.

Estas condicionantes levaram o legislador a optar pela criação de regimes de


tributação diferenciados, e autonomamente tributados, sem esquecer todavia
a pretendida unicidade da tributação que tem como principal alicerce o
englobamento, e por isso se permite, em muitas dessas situações que o
titular faça o englobamento de rendimentos tributados por taxas específicas,
desde que manifeste expressamente essa vontade.

Prosseguiremos com as principais regras que regem a operação de


englobamento e com as excepções à mecânica do englobamento.

Fala-se em excepção à regra do englobamento para abranger certas


espécies de rendimentos que estão sujeitos a taxas específicas – taxas
especiais e taxas liberatórias – que apresentam carácter proporcional e real,
distintas portanto das taxas progressivas a aplicar aos rendimentos globais.

3. 2. – Rendimentos não englobáveis

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Nos termos do artigo 22º n.º 3 são excluídos do englobamento os


rendimentos sujeitos às taxas específicas (liberatórias e especiais) aplicáveis
nos termos dos artigos 71º e 72º.

Para alguns desses rendimentos essa exclusão do englobamento é definitiva,


ou seja, absoluta. É o caso dos Rendimentos de não residentes em Portugal
titulares de rendimentos de trabalho dependente (Categoria A), de algumas
actividades profissionais e empresariais (Categoria B), de pensões (Categoria
H) ou de rendimentos de aplicação de capitais (Categoria E), a quem está
vedada a hipótese de englobamento, o que se justifica face à impossibilidade
prática de aferir da sua situação tributária global.

Os restantes rendimentos sujeitos às taxas liberatórias do artigo 71º e do


artigo 72.º, são apesar disso passíveis de serem englobados, se essa for a
opção do sujeito passivo. Nesse caso ser-lhe-ão também aplicáveis as taxas
progressivas e já não as taxas proporcionais (artigo 22º n.º 3 e artigo 71º n.º
6).

A opção pelo englobamento abrange ainda o saldo positivo entre as mais-


valias e menos-valias, resultante das operações previstas nas alíneas b), e),
f) e g) do n.º 1 do artigo 10.º e todos os rendimentos mencionados no n.º 1 do
artigo 71.º devidos por entidades não residentes, quando não sujeitos a
retenção na fonte (artigo 71.º, n.º 2, aplicável aos rendimentos de valores
mobiliários).

Saliente-se, também, a este respeito que, nos termos do artigo 22º n.º 5,
quando o sujeito passivo exerça a opção pelo englobamento fica, por esse
facto, obrigado a englobar a totalidade dos rendimentos compreendidos no
n.º 6 do artigo 71.º, no n.º 7 do artigo 72.º e no n.º 7 do artigo 81º.

Finalmente há que referir que também não são, em geral, englobáveis os


rendimentos que beneficiem de isenção36, isto é, os rendimentos isentos (n.º

36
O Código do IRS não contém explicitamente normas de isenção, as quais constam essencialmente do Estatuto
dos Benefícios Fiscais (EBF). Podem ser referidos neste contexto o artigo 37º relativo à Isenção do pessoal das
missões diplomáticas e consulares e das organizações estrangeiras ou internacionais; o artigo 38º relativo à isenção
de pessoal em missões de salvaguarda de paz; o artigo 39º para Acordos e relações de cooperação; o artigo 40º

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4, do artigo 22º), excepto se a lei impuser que o sejam para efeitos de


determinação da taxa a aplicar aos restantes rendimentos (artigo 22º, nº 4,
CIRS) – a chamada “isenção com progressividade”.

No âmbito do novo regime fiscal aplicável aos sujeitos passivos residentes


não habituais em território nacional, prevêm os n.ºs 6 e 7 do artigo 81º que os
rendimentos isentos (aplicação do método da isenção para eliminação da
dupla tributação jurídica internacional) são obrigatoriamente englobados para
efeitos de determinação da taxa a aplicar aos restantes rendimentos37.

Havendo englobamento de rendimentos que dão direito a crédito de imposto


por dupla tributação internacional (artigo 22º n.º 6 e artigo 81º), os
correspondentes rendimentos devem ser considerados ilíquidos do imposto
pago no estrangeiro

3. 3. – Rendimentos englobáveis. Regras gerais

Os artigos 23.º e 24.º estabelecem um conjunto de regrar gerais a observar


para ao englobamento dos rendimentos.

Logo no artigo 23.º trata-se da determinação em euros dos encargos ou


rendimentos fixados em moeda sem curso legal em Portugal (o euro a partir
de 2002), remetendo para a cotação oficial de venda ou de compra da
respectiva divisa à data em que se efectua a transferência ou se efectua o
pagamento desses encargos ou rendimentos a converter 38, desenvolvendo
essa regra nas várias alíneas do seu n.º 1, para onde se remete.

Os rendimentos em espécie serão determinados, nos termos do artigo 24.º,


através da equivalência pecuniária dos bens ou serviços. Destaque para
rendimentos tributados na categoria A – utilização de habitação, atribuição do

para Empreiteiros e arrematantes de obras e trabalhos das infra-estruturas comuns da NATO e o artigo 33º n.º 8 e
n.º 9 relativo às Remunerações de tripulantes de navios – Zonas Francas da Madeira e Ilha de Santa Maria

37
Isentam-se os rendimentos das várias categorias desde que comprovadamente tenham sido sujeitos a tributação
no Estado da fonte.

38
No caso de se tratar da determinação do rendimento colectável com base na contabilidade - categoria B nos
termos descritos -, o artigo 23.º n.º 4 manda aplicar as regras próprias aplicáveis nesse domínio (SNC – Sistema de
Normalização Contabilístico).

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uso de viatura automóvel pela entidade patronal, aquisição dessa viatura, etc.
-.

No caso de utilização, pelo trabalhador ou membro de órgão social, de


viatura automóvel que gere encargos para a entidade patronal, o valor
tributável corresponde ao produto de 0,75% pelo valor de aquisição da
viatura, multiplicado pelo n.º de meses de utilização no ano a que respeitam
os rendimentos (conforme dispõe o artigo 24º n.º 5).

No caso de aquisição de viatura pelo trabalhador ou membro de órgão social,


o rendimento irá corresponder à diferença positiva entre o respectivo valor de
mercado e o somatório dos rendimentos anuais tributados como rendimentos
decorrentes da atribuição do uso com a importância paga a título de preço de
aquisição (cf. n.º 6 do artigo 24.º). Considera-se valor de mercado o que
corresponder à diferença entre o valor de aquisição e o produto desse valor
pelo coeficiente de desvalorização constante de tabela a aprovar por portaria
do Ministro das Finanças

3.4 Rendimentos englobáveis. Dedução de perdas.

A regra geral no englobamento deveria ser a do somatório dos rendimentos


líquidos das várias categorias (com excepção, como vimos de alguns deles).
E se os rendimentos líquidos forem negativos? O artigo 55.º n.º 1 estabelece:

“ elativamente a cada titular de rendimentos o resultado l quido negativo


apurado em qualquer categoria s dedut vel aos seus resultados l quidos
positivos da mesma categoria, nos seguintes termos:

a) O resultado líquido negativo apurado na categoria só pode ser


reportado, de harmonia com a parte aplicável do artigo 52.º do Código
do IRC, aos 12 anos seguintes àquele a que respeita;
b) O resultado líquido negativo apurado em determinado ano na categoria
F só pode ser reportado aos seis anos seguintes àquele a que respeita.
Mas o direito ao reporte do resultado líquido negativo fica sem efeito
quando os prédios a que os gastos digam respeito não gerem rendimentos

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da categoria F em pelo menos 36 meses, seguidos ou interpolados, dos


cinco anos subsequentes àquele em que os gastos foram incorridos.

c) A percentagem do saldo negativo a que se refere o n.º 2 do artigo 43.º


só pode ser reportada aos cinco anos seguintes àquele a que respeita;
d) O saldo negativo apurado num determinado ano, relativo às operaç es
previstas nas alíneas b), c), e), f), g) e h) do n.º 1 do artigo 10.º, pode
ser reportado para os cinco anos seguintes quando o sujeito passivo
opte pelo englobamento. “

Tratando-se de rendimento apurado pelo regime simplificado da categoria ,


estabelece-se a faculdade de dedução dos prejuízos fiscais apurados em
períodos anteriores àquele em que se iniciar a aplicação do regime.

3.5 Os abatimentos ao rendimento líquido total. O rendimento


colectável.

Os abatimentos que antes abrangiam vários tipos de despesas pessoais e


familiares, com o objectivo de personalização do imposto, foram sendo
convertidos em deduções específicas ou em deduções à colecta do imposto,
com o objectivo de aumentar a justiça fiscal, passando a operar, de maneira
mais explícita, a favor dos sujeitos passivos ou agregados familiares de
rendimentos mais baixos.
Hoje em dia apenas está previsto nesta rubrica de abatimentos ao
rendimento líquido total (Secção IX), o relativo aos sujeitos passivos com
deficiência, nos seguintes termos:

Artigo 56.º-A
ujeitos passivos com defici ncia
1 - s rendimentos brutos de cada uma das categorias e auferidos por
sujeitos passivos com defici ncia são considerados para efeitos de
apenas por 90 %.
2 - em preju o do disposto no n mero anterior a parte do rendimento
exclu da de tributação não pode exceder por categoria de rendimentos
(euro) 2 500.

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4. As taxas

As taxas são percentagens cuja aplicação à matéria colectável permite


apurar a colecta.
Como é sabido, as taxas deste imposto podem agrupar-se da seguinte forma:

 As progressivas, aplicáveis segundo a sua mecânica geral, aumentando à


medida que aumenta o rendimento. Trata-se de uma progressividade por
escalões, como exige o princípio da equidade;
 As taxas proporcionais, aplicáveis a situações especiais, de valor
constante independentemente do montante da matéria colectável.

Sendo certo que tanto umas como outras são aplicáveis na determinação da
colecta final deste imposto, podemos dizer que as taxas progressivas e
pessoais são taxas gerais enquanto as proporcionais e reais são taxas
especiais.

As proporcionais podem ser liberatórias ou especiais. Da aplicação das taxas


liberatórias resulta o IRS devido a título definitivo, ficando os titulares de
rendimentos a elas sujeitas libertos de qualquer outra obrigação, maxime da
obrigação acessória de entrega da Declaração periódica de imposto (a
declaração Modelo n.º 3), a menos que exerçam a opção de englobamentos
de rendimentos, nos casos em que a lei o permite. A retenção na fonte a
estas taxas liberatórias é efectuada pela entidade devedora dos rendimentos
sempre que os rendimentos a elas sujeitos são recebidos.

Não se deve esquecer, porém, que existem outras taxas de retenção


aplicáveis a rendimentos sujeitos a IRS que não são taxas de apuramento da
colecta final, como acontece com as taxas liberatórias, mas tão só taxas
aplicadas a título de pagamento por conta do IRS devido no final do período
de tributação. O seu objectivo mais não é do que o de aproximar o
pagamento do imposto do momento em que os rendimentos são recebidos
pelo sujeito passivo (momento do pressuposto do imposto), sendo esse

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quantitativo retido posteriormente tido em conta no cálculo do IRS devido no


fim do período de tributação, através de dedução à colecta.

Para os residentes das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira há


especificidades: para a Região Autónoma dos Açores, todas as taxas têm
uma redução que começou por ser de 15%, e que actualmente é de 20%,
como estabelecido no Decreto Legislativo Regional, nº 33/A/99, de 30 de
Dezembro; para os residentes na Região Autónoma da Madeira, apenas as
taxas gerais e as tabelas de retenção na fonte a que se refere o Decreto-Lei
42/91, de 22 de Janeiro, têm uma redução, conforme o Decreto Legislativo
Regional, nº 3/2001/M, de 22 de Fevereiro.

4.1 Taxas gerais

Com taxas gerais progressivas dá-se cumprimento à imposição constitucional


de progressividade do imposto sobre o rendimento, fazendo-as pois
aumentar à medida que aumenta a matéria colectável.
Existem vários modelos de progressividade tendo o legislador do IRS optado
por um modelo de progressividade por escalões.
Assim, o rendimento de cada sujeito passivo é fraccionado em vários
escalões39, aplicando-se a cada um desses segmentos de rendimento uma
taxa que aumenta à medida que sobe o escalão, e para atenuar a
progressividade da tributação, foi adoptada uma única tabela de taxas com
um reduzido número de escalões40.

As taxas gerais para o ano de 2016, segundo o artigo 68.º do CIRS são as
seguintes:

39
O IRS começou por ter uma tabela com 5 escalões, entre 01.01.1989 e 31.12.1990. Em 1991 houve redução
para 4 escalões, modelo que se manteve até 1998. A Lei do Orçamento para 1999 criou um novo escalão, voltando-
se assim aos 5 escalões. No Orçamento de Estado para 2001 foi introduzido um novo escalão, pelo que a tabela
passou a comportar 6 escalões, até que o Orçamento para 2006 adicionou novo escalão ficando a tabela de taxas
com 7 escalões. Em chegou aos 8 escalões.
Para 2013 foi introduzida uma significativa redução do número de escalões das taxas gerais do IRS (de 8 para 5),
com o aumento das taxas marginais de cada escalão e alterações dos intervalos de cada escalão. A taxa mínima
aplicável passou de 11,5 % para 14,5 % e a taxa máxima de 46,5 % para 48%.

40
No anterior Imposto Complementar – Secção A, havia 11 escalões de rendimento, desdobrados por 2 tabelas
distintas (uma para contribuintes casados e outra para contribuintes não casados).

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Rendimento colectável Taxa Taxa


normal média
(%) (%)
Até sete mil e trinta e cinco euros 14,5 14,5
Mais de sete mil e trinta e cinco euros e até vinte mil e cem euros 28,5 23,6
Mais de vinte mil e cem euros e até quarenta mil e duzentos euros 37,00 30,30
Mais de quarenta mil e duzentos euros e até oitenta mil euros 45,00 37,613
Mais de oitenta mil euros 48,00 -

Aos rendimentos colectáveis até 7 000€ inclusive aplicar-se-á a taxa de


14,5%;

Os rendimentos superiores a 7 000€, serão divididos em duas partes:

 Uma, igual ao limite do maior dos escalões que nele couber, à qual se
aplica a taxa da coluna (B) correspondente a esse escalão;
 Outra, igual ao excedente, a que se aplica a taxa da coluna (A)
respeitante ao escalão imediatamente superior41

Já desde 2012 e também para 2015 está em vigor uma taxa adicional de
solidariedade (artigo 68.º -A do CIRS). Para 2016, quando o rendimento
colectável superior a 80 000 € as taxas adicionais de solidariedade serão
as seguintes:
- Rendimento superior a 80 000€ e inferior a 250 000€ - 2,5%;
- Superior a 250 000€ – 5%

Operando da seguinte forma: O quantitativo da parte do rendimento


colectável que exceda 80 000, quando superior a 250 000, é dividido em
duas partes: uma, igual a 170 000, à qual se aplica a taxa de 2,5%;
outra, igual ao rendimento colectável que exceda 250 000, à qual se
aplica a taxa de 5%.

Tratando-se de sujeitos passivos casados e não separados judicialmente


de pessoas e bens ou unidos de facto, e no caso de tributação conjunta,
este procedimento aplica-se a metade do rendimento colectável, sendo

41
Exemplo: Contribuinte solteiro com rendimento colectável de € 45.000, em 2 013. A colecta será:
€ 40.000 x 30,30 = € 12.120 ; (€ 45.000 - € 40 000) x 45 = € 2 250; Colecta total = € 12 120 + € 2 250 = € 14 330

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a colecta obtida pela multiplicação do resultado por dois.

A Lei do Orçamento para 2016 revogou o anterior “sistema de quociente


familiar” resultante da Reforma do IRS de 2015 e que substituiu o
anterior sistema do quociente conjugal, também conhecido por splitting,
que consistia num englobamento com divisão por 2 (os dois cônjuges), o
qual vigorou desde a implementação do imposto em 1989 até ao ano de
2014 inclusive 42 . O sistema do quociente familiar foi agora reposta
voltando a estar em vigor para o ano de 2016.

No caso de opção pela tributação conjunta, o imposto é apurado pela


soma dos rendimentos das duas pessoas que constituem o agregado
familiar.

O quociente conjugal (artigo 69.º) significa que, no caso de optar pela


tributação conjunta, o rendimento colectável para efeitos de aplicação da
taxa(s) do artigo 68.º é o rendimento conjunto (rendimento colectável)
dividido por dois. Consoante o resultado apura-se o escalão, a taxa ou
taxas e a coleta (multiplicando o resultado obtido por dois) de IRS.

O Código do IRS contém, no artigo 70.º, um mecanismo denominado


“mínimo de existência”. Com ele visa garantir-se que o IRS não pode ser
de tal ordem que deixe um contribuinte com menos de um determinado
valor líquido de rendimento, estabelecido em (euro) 8 500. Determina o
artigo 70.º que a aplicação das taxas estabelecidas no artigo 68.º não

42
O rendimento colectável era fraccionado em duas partes, sendo as taxas aplicáveis as que
correspondam ao respectivo quociente, ou seja a metade do rendimento conjunto (artigo 69.º do CIRS).
Assim encontradas as taxas aplicáveis, apurava-se o IRS correspondente ao rendimento dado pelo
quociente (metade do global) e o valor encontrado era, depois, multiplicado por dois para apurar a
colecta.

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pode resultar, para os titulares de rendimentos predominantemente


originados em trabalho dependente ou em pensões, a disponibilidade de
um rendimento líquido de imposto inferior a (euro) 8 500.
Concretamente o n.º 2 do artigo 70.º concretiza que não serão aplicadas
as taxas estabelecidas no artigo 68..º

a) Ao rendimento coletável do agregado familiar com três ou


quatro dependentes cujo montante seja igual ou inferior a (euro)
11 320;

b) Ao rendimento coletável do agregado familiar com cinco ou


mais dependentes cujo montante seja igual ou inferior a (euro) 15
560.

Para os sujeitos passivos casados e unidos de facto, que não optem


pela tributação conjunta, estes valores referidos são reduzidos para
metade, por sujeito passivo.

Diga-se em abono da verdade, como aliás é expressamente referido no


Relatório GRUPO PARA O ESTUDO DA POLÍTICA FISCAL
COMPETITIVIDADE, EFICIÊNCIA E JUSTIÇA DO SISTEMA FISCAL,
de 3 de Outubro de 2009, da Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais
já antes referido, “que o IRS nunca garantiu, verdadeiramente, um
«mínimo de existência» tributariamente intangível. Inicialmente, o
«mínimo de existência», apenas assumidamente garantido para titulares
de rendimentos de trabalho dependente, resultava da combinação das
deduções específicas das categorias, do abatimento mínimo garantido e
da dedução pessoal à colecta. Ora, sabendo-se que na categoria A a
dedução específica se reconduz, essencialmente, aos encargos
obrigatórios para a segurança social, tem de reconhecer-se que tal
mínimo de existência, por incluir já esses encargos, será tudo, menos
um «mínimo de existência».
Hoje a redacção do artigo 70.º melhorou o seu alcance. Atente-se,
todavia, ao facto de ser limitado aos rendimentos de trabalho

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dependente e de pensões.

Por outro lado, a subjectivização do imposto que antes se fazia através


de abatimentos ao rendimento líquido global (despesas de saúde, de
educação, despesas com aquisição de habitação própria, etc.), com a lei
a consagrar um abatimento mínimo garantido, independente da
proveniência do rendimento líquido global, passou depois a ser feita
através de deduções à colecta (para onde se transferiram, mutatis
mutandis os anteriores abatimentos ao rendimento), em nome da
«equidade», face às críticas de que era alvo em nome da regressividade
do modelo.
Ora, operando o mínimo de existência do artigo 70.º ao nível do
rendimento líquido ele traduz-se numa grande complexidade e é sempre
uma entorse ao princípio da igualdade na medida em que não abrange
todas as categorias de rendimentos e que os mecanismos que visam a
personalização do imposto se encontram muito dispersos pelo Código,
pelo que deveriam ser feitos estudos mais aprofundados nesta definição
do mínimo de existência para efeitos tributários, de tal forma que esse
mínimo se adequasse bem em termos de relação quantum de imposto
versus situação pessoal e familiar.

4.2 – Taxas liberatórias

Designam-se por taxas liberatórias aquelas cuja aplicação libera o titular dos
rendimentos da obrigação do englobamento dos rendimentos a elas sujeitos.
Ou seja, os rendimentos sobre que incidem as taxas liberatórias têm um
tratamento fiscal autónomo, sendo essas taxas, de valor proporcional,
aplicadas ao rendimento previamente ao pagamento do mesmo (com
retenção na fonte).

Algumas das situações sujeitas a taxas liberatórias admitem opção pelo


englobamento, caso seja essa a a vontade dos sujeitos passivos, na
condição de que se trate de sujeitos passivos residentes em território
nacional. Sendo exercida a opção, os contribuintes identificam os

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rendimentos, englobam-nos, e a tributação sofrida (pelas taxas liberatórias)


passa a funcionar como retenção na fonte com a natureza de pagamento por
conta do imposto devido a final. É a disciplina dos números 6 e 7 do artigo
71º e do número 2 do artigo 78º.

4.3 - Taxas especiais

O artigo 72º estabelece taxas proporcionais, também elas de tributação


final dos rendimentos a que se aplicam, mas que não têm natureza
liberatória. De facto tais rendimentos são obrigatoriamente declarados em
fim de ano (na Declaração Modelo 3) e tributados, autonomamente, a
essas taxas.
As taxas do artigo 72º, são as seguintes:
. 35%

 Os rendimentos de capitais, e mencionados nas alíneas a) e b) do n.o


1 do artigo anterior, devidos por entidades não residentes sem
estabelecimento estável em território português, que sejam
domiciliadas em país, território ou região sujeitos a um regime fiscal
claramente mais favorável, constante de lista aprovada por portaria do
membro do Governo responsável pela área das finanças, quando não
sujeitos a retenção na fonte nos termos da alínea b) do n.º 12 do artigo
anterior;
 O saldo positivo entre as mais-valias e menos-valias, resultante das
operaç es previstas nos n.ºs 4) e 5) da alínea b) do n.º 1 do artigo 10.º,
quando respeitem a valores mobiliários cujo emitente seja entidade não
residente sem estabelecimento estável em território português, que
seja domiciliada em país, território ou região sujeitos a um regime fiscal
claramente mais favorável, constante de lista aprovada por portaria do
membro do Governo responsável pela área das finanças;
 Os ganhos previstos no n.º 3) da alínea b) do n.º 1 do artigo 10.º
relativos a estruturas fiduciárias domiciliadas em país, território ou
região sujeitos a um regime fiscal claramente mais favorável, constante

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de lista aprovada por portaria do membro do Governo responsável pela


área das finanças.

 28%
 Sobre o saldo positivo entre as mais-valias e menos-valias resultantes
de valores mobiliários e instrumentos financeiros derivados, salvo se for
exercida opção pelo englobamento;
 Os rendimentos de capitais, tal como são definidos no artigo 5º, quando
não sujeitos a retenção na fonte, nos termos do artigo anterior;
 Os rendimentos prediais.

 25%
 Os rendimentos auferidos por não residentes em território português
que sejam imputáveis a estabelecimento estável aí situado; e

 20%
- As pens es de alimentos, quando enquadráveis no artigo 83.º-A
- Os rendimentos líquidos das categorias A e auferidos em
atividades de elevado valor acrescentado, com carácter científico,
artístico ou técnico, a definir em portaria do membro do Governo
responsável pela área das finanças, por residentes não habituais
em território português

 10%
Sobre o valor das gratificações não atribuídas pela entidade patronal;

Os rendimentos auferidos por não residentes, não sujeitos a retenção a taxa


liberatória, serão tributados de acordo com as seguintes taxas:

 Rendimentos imputáveis a estabelecimento estável: 25%;


 Rendimentos prediais: 28%;
 Saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias de valores
mobiliários e instrumentos financeiros derivados: 28%;

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 Outros rendimentos e outras mais-valias: 28%.

A sobretaxa extraordinária, prevista no artigo 72.º-A, cessou a sua vigência.

Finalmente uma palavra para umas outras taxas de tributação autónoma,


estas previstas no artigo 73.º.

Aplicam-se ao valor de determinadas despesas ou encargos e não a


rendimentos a encargos e não a rendimentos, visando penalizar tais
encargos quando sejam suportados por titulares de rendimentos da categoria
B. E a penalização é conseguida por duas vias: por um lado não são
considerados dedutíveis ao rendimento bruto e por outro são ainda objecto
de tributação a uma taxa que se lhes aplica autonomamente, destacando-os
do resultado obtido no apuramento do rendimento liquido da Categoria B e
não os sujeitando quer a englobamento quer à taxa geral do artigo 68º antes
os adicionado ao imposto apurado com base nas taxas gerais do artigo 68º,
após todas as deduções a que haja lugar, razão pela qual não se insere no
apuramento do rendimento liquido da Categoria B nem é objecto de retenção
na fonte, sendo antes apurado com base na sua inscrição na declaração
Modelo 3.

Trata-se de taxas incidentes sobre algumas despesas sempre que sejam


verificadas por sujeitos passivos com rendimentos da categoria B.

É desde logo o caso das despesas não documentadas e das importâncias


pagas ou devidas, a qualquer título, a pessoas singulares ou colectivas
residentes fora do território português e aí sujeitas a um regime fiscal
claramente mais favorável, salvo se for feita prova de que se trata de
operações efectivamente realizadas, que não têm carácter anormal ou um
montante exagerado, que estão sujeitas a uma tributação autónoma à taxa
de 35%.

É o caso das Despesas não documentadas e dos Encargos dedutíveis


relativos a despesas de representação (v.g. recepções, refeições, viagens e
passeios, espectáculos), com taxas de 50% e de 35%, respectivamente.

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Quando disponham ou devam dispor de contabilidade, os sujeitos passivos


da categoria B, além dessas estão também sujeitas a:

• Os encargos dedutíveis relativos a despesas de representação


e a viaturas ligeiras de passageiros ou mistas cujo custo de aquisição seja
inferior a (euro) 20 000, motos e motociclos, à taxa de 10 . Consideram-se
despesas de representação, nomeadamente, os encargos suportados com
recepç es, refeiç es, viagens, passeios e espectáculos oferecidos no país ou
no estrangeiro a clientes ou a fornecedores ou ainda a quaisquer outras
pessoas ou entidades;

 Os encargos dedutíveis relativos a automóveis ligeiros de passageiros ou


mistos, cujo custo de aquisição seja igual ou superior a (euro) 20 000, à
taxa de 20 (excluindo os encargos relacionados com viaturas ligeiras
de passageiros ou mistas, motos e motociclos, afetos à exploração do
serviço público de transportes, destinados a serem alugados no exercício
da atividade normal do sujeito passivo, bem como as reintegraç es
relacionadas com as viaturas relativamente às quais tenha sido celebrado
o acordo previsto no n.º 9) da alínea b) do n.º3 do artigo 2.º ). No caso de
viaturas ligeiras de passageiros ou mistas híbridas plug-in, as taxas
referidas nas alíneas a) e b) do n.º 2 são, respetivamente, de 5 e 10 .
No caso de viaturas ligeiras ou mistas de passageiros movidas a gases de
petróleo liquefeito (GP ) ou gás natural veicular (GNV), as taxas referidas
nas alíneas a) e b) do n.o 2 são, respetivamente, de 7,5 e 15

São também tributados autonomamente, à taxa de 5 , os encargos


dedutíveis relativos a despesas com ajudas de custo e com compensação
pela deslocação em viatura própria do trabalhador, ao serviço da entidade
patronal, não faturadas a clientes, escrituradas a qualquer título, exceto na
parte em que haja lugar a tributação em sede de IRS na esfera do respetivo
beneficiário, bem como os encargos da mesma natureza, que não sejam
dedutíveis nos termos do Código do IRC (alínea f) do n.º 1 do artigo 42.º) e
sejam suportados por sujeitos passivos que apresentem prejuízo fiscal no
exercício a que os mesmos respeitam

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4.4 – As taxas de tributação dos não residentes.

Para os não residentes, tributados pelos rendimentos considerados obtidos


em território nacional, não haverá englobamento como já foi largamente
referido, aplicando-se as taxas de tributação por retenção na fonte, no
momento do pagamento ou colocação à disposição, incidindo a taxa sobre o
valor bruto, e tendo tal retenção natureza definitiva.
As taxas foram já referidas acima.

4.5 – Os pagamentos por conta

A vontade de aproximação do pagamento do imposto ao momento da


verificação do seu facto gerador que justificou o estabelecimento lato da
técnica da retenção na fonte (substituição fiscal), contemplou também a
consagração dos chamados pagamentos por conta. Trata-se ainda de
antecipações do pagamento do imposto com a natureza de dedução à
colecta (podendo conduzir ao reembolso do imposto pago em excesso),
sendo efectuados no próprio ano em que se verificam os factos tributários.
Não há nos pagamentos por conta qualquer substituição tributária, como
acontece nas retenções na fonte. São os próprios sujeitos passivos ou
titulares dos rendimentos que são chamados ao seu cumprimento. Respeitam
aos rendimentos da categoria B, devem ser efectuados em três prestações.
Tal como acontece com as retenções na fonte, também os pagamentos por
conta têm a vantagem para os respectivos sujeitos passivos de diluírem a
carga fiscal ao longo do ano (não a concentrando num único momento),
facilitando a respectiva gestão de tesouraria, ao mesmo tempo que dão aos
cofres públicos a vantagem de permitirem uma continuidade e regularidade
na arrecadação de receitas.

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Para o respectivo cálculo é utilizada uma fórmula matemática que por poder
significar alguma dificuldade fez com que a própria Administração Fiscal
efectue ela própria e comunique aos obrigados o valor de cada pagamento.

Os três pagamentos por conta do imposto devido a final, devem ser


efectuados até ao dia 20 dos meses de Julho, de Setembro e de Dezembro,
sendo a globalidade dos mesmos igual a 76,5% do montante calculado com
base na seguinte fórmula:

C x (RLB: RLT) – R

em que:

C é a colecta do penúltimo ano, líquida das deduções a que se refere o n.º 1


do artigo 78.º, com excepção da dedução constante da alínea i);

R é o total das retenções efectuadas no penúltimo ano sobre os rendimentos


da categoria B;

RLB é rendimento líquido positivo do penúltimo ano da categoria B;

RLT é rendimento líquido total do penúltimo ano.

O valor dos pagamentos por conta será comunicado pela Autoridade


Tributária e Aduaneira aos sujeitos Passivos na nota demonstrativa da
liquidação do imposto respeitante ao penúltimo ano.

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Não haverá obrigatoriedade de efectuar pagamentos por conta quando: o


montante de cada pagamento por conta a efectuar for inferior a € 50,00; deixem
de ser auferidos rendimentos da categoria B; ou os sujeitos passivos
verifiquem, pelos elementos de que disponham, que os montantes das
retenções que lhes tenham sido efectuadas sobre os rendimentos da categoria
B, acrescidos dos pagamentos por conta eventualmente já efectuados e
relativos ao próprio ano, sejam iguais ou superiores ao imposto total que será
devido no final, poderá cessar esses pagamentos, ou limitar a entrega ao
montante correspondente à diferença entre os pagamentos eventualmente já
efectuados e o valor que julgar devido no final. Todavia, se se verificar que em
consequência da limitação ou cessação dos pagamentos por conta, deixou de
se pagar uma importância superior a 20% da que, em condições normais, teria
sido entregue, há lugar a juros compensatórios desde o termo do prazo em que
o pagamento deveria ter sido efectuado até à data do pagamento do imposto.

5. As deduções à colecta

Aplicadas as taxas, são posteriormente abatidas as Deduções à colecta (artigo


78º e seguintes).
Da diferença entre a colecta e as deduções à colecta correspondentes chega-
se ao valor do imposto a pagar ou a receber.

As deduções à colecta têm por objectivo a personalização do imposto e podem


ser de natureza pessoal, segundo a composição do agregado familiar, ou real,
referentes a dupla tributação, como por exemplo o crédito de imposto relativo a
Retenções na Fonte e aos Pagamentos por conta. Apenas as retenções na
fonte e os pagamentos por conta, porque são “adiantamentos por conta do
imposto devido a final” conferem direito a um eventual reembolso de IRS.

As deduções à colecta visam um conjunto de despesas normalmente


efectuadas pelos sujeitos passivos como acontece com as despesas de
educação, de saúde, de habitação, de seguros de saúde, de encargos com

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lares, etc.

O artigo 78º CIRS define as seguintes deduções à colecta a efectuar pelos


sujeitos passivos residentes em território português:
a) Aos dependentes do agregado familiar e aos ascendentes que vivam
em comunhão de habitação com o sujeito passivo;

b) s despesas gerais familiares;

c) s despesas de saúde e com seguros de saúde;

d) s despesas de educação e formação;

e) Aos encargos com imóveis;

f) s import ncias respeitantes a pens es de alimentos;

g) exigência de factura;

h) Aos encargos com lares;

i) Às pessoas com deficiência;

j) À dupla tributação internacional;

k) Aos benefícios fiscais.

A efectivação destas deduç es só ocorre mediante a identificação fiscal dos


dependentes, ascendentes, colaterais ou beneficiários a que se reportem, feita
na declaração anual de rendimentos. Estas deduções e as da alínea) j) se não
forem de montante fixo, só podem ser realizadas se constarem de documentos
comunicados pelos emitentes à Autoridade Tributária e Aduaneira, com
identificação do sujeito passivo ou do membro do agregado a que se reportam

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através do número de identificação fiscal correspondente, que sejam:

1) Factura, factura-recibo ou recibo, emitidos nos termos do Código do


IVA ou da alínea a) do n.º 1 do artigo 115.º; ou

2) Outro documento, quando o fornecedor dos bens ou prestador dos


serviços esteja dispensado daquela obrigação.

Todas as deduções apresentadas são efectuadas pela ordem indicada no artigo


78.º, apenas se aplicando aos sujeitos passivos residentes em território
nacional.

Para além disso há as deduções financeiras, que são as correspondentes a


retenções na fonte e pagamentos por conta as quais, quando superiores ao
imposto devido, conferem direito ao reembolso da diferença (artigo 78º n.º 3)43.

A soma das seguintes deduç es à coleta relativas a :

s despesas de saúde e com seguros de saúde c);

s despesas de educação e formação (d);

Aos encargos com imóveis (e);

s import ncias respeitantes a pens es de alimentos (f);

exigência de fatura (g);

Aos encargos com lares (h);;

Aos benefícios fiscais (k).

43
Com a transposição da Directiva Comunitária 2003/48/CE118, de 3 de Junho, relativa à tributação dos
rendimentos da poupança sob a forma de juros, passou a ser possível também deduzir à colecta a retenção na fonte
que tenha sido efectuada nos termos do art. 11º daquela Directiva, dedução que confere ainda direito a reembolso.
As deduções referidas no art. 78º são efectuadas pela ordem nele indicada.
De salientar que as deduções à colecta previstas no n.º 1 do art. 78º apenas se aplicam aos sujeitos passivos
residentes em território nacional

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não pode exceder, por agregado familiar, que opte pela tributação conjunta,os
limites seguintes:

a) Para contribuintes que, depois de aplicados os divisores previstos no


artigo 69.º, tenham um rendimento colectável inferior a (euro) 7 035, sem
limite;

b) Para contribuintes que, depois de aplicados os divisores previstos no


artigo 69.º, tenham um rendimento colectável superior a (euro) 7 035 e
inferior a (euro) 80 000, o limite resultante da aplicação da seguinte
fórmula:

€ 1 000 + [(€ 2 500 - € 1 000) x [€80 000 - Rendimento Coletável]] /€ 80 000 - € 7 035c)

Para contribuintes que, depois de aplicado os divisores previstos no


artigo 69.º, tenham um rendimento coletável superior a (euro) 80 000, o
montante de (euro) 1 000.

Nos agregados com três ou mais dependentes a seu cargo, os limites previstos
no número anterior são majorados em 5 por cada dependente ou afilhado
civil que não seja sujeito passivo do IRS.

Sempre que o mesmo dependente ou ascendente conste de mais do que uma


declaração de rendimentos, o valor das deduç es à coleta previstas no
presente Código por referência a dependentes

A fruição da coleta prevista no artigo 83.º-A (pens es de alimentos pagas)


impede a consideração das demais deduç es referentes ao dependente por
referência ao qual o sujeito passivo efetua pagamentos de pens es de
alimentos.

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No caso de sujeitos passivos casados ou unidos de facto, sempre que o valor


das deduç es à coleta previstas no presente Código seja determinado por
referência ao agregado familiar, não havendo opção pela tributação conjunta,
esses valores são reduzidos para metade, por sujeito passivo.

Deduções pessoais (de dependentes e ascendentes):

São deduzidas à colecta até à concorrência do respectivo montante (da colecta,


obviamente), relativamente aos descendentes e ascendentes (artigo 78.º-A
CIRS):

a) Por cada dependente, o montante fixo de (euro) 600;

b) Por cada ascendente que viva efectivamente em comunhão de


habitação com o sujeito passivo, desde que aquele não aufira rendimento
superior à pensão mínima do regime geral, o montante fixo de (euro)
525.

A estas deduç es somam-se os seguintes montantes:

a) (euro) 125 por cada dependente que não ultrapasse três anos de
idade até 31 de dezembro do ano a que respeita o imposto;

b) (euro) 110 no caso de existir apenas um ascendente (enquadrável na


alínea b) nos termos previstos acima).

Despesas gerais familiares

A Dedução por despesas gerais familiares permite que um montante


correspondente a 35 do valor suportado, no ano, por qualquer membro do
agregado familiar em prestaç es de serviços e aquisiç es de bens (com
emissão datada desse ano), enquadradas em qualquer sector de atividade
(excepto saúde, formação e educação encargos com imóveis), e comunicadas

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à Autoridade Tributária e Aduaneira ou emitidas no Portal das Finanças, e


donde conste o número de identificação fiscal do adquirente, com o limite global
de 250 euros por sujeito passivo (o valor da dedução é apurada pela AT que
possui os respectivos valores, e disponibiliza esse conhecimento no Portal das
Finanças até ao final do mês de Fevereiro do ano seguinte ao da emissão dos
documentos)

A dedução não opera no caso de facturas relativas a inputs de uma actividade


empresarial sujeita ao IVA.

No caso de famílias monoparentais, a dedução em análise é de 45 do valor


suportado por qualquer membro do agregado familiar, com o limite global de
(euro) 335.

Despesas de saúde

No tocante a Despesas de saúde (artigo 78.º C), é passível de dedução um


montante correspondente a 15 % do valor suportado a esse título por qualquer
membro do agregado familiar, com o limite global de (euro) 1 000.
As despesas elegíveis são as que:

- as que constem de facturas relativas a prestaç es de serviços e


aquisiç es de bens, isentos de IVA ou tributados à taxa reduzida, comunicadas
à Autoridade Tributária e Aduaneira ou emitidas no Portal das Finanças, pelos
emitentes enquadrados em sectores devidamente referenciados na
Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (Atividade de saúde
humana; Comércio a retalho de produtos farmacêuticos, em estabelecimentos
especializados; Comércio a retalho de produtos médicos e ortopédicos, em
estabelecimentos especializados);
- correspondam a prémios de seguros ou contribuiç es pagas a
associaç es mutualistas ou a instituiç es sem fins lucrativos que tenham por
objeto a prestação de cuidados de saúde, e, em qualquer dos casos, cubram
exclusivamente os riscos de saúde relativamente ao sujeito passivo ou aos
seus dependentes, pagos por aquele ou por terceiros, desde que, neste caso,

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tenham sido comprovadamente tributados como rendimento do sujeito passivo.

Refira-se, a propósito, que os estabelecimentos públicos de saúde são


obrigados a comunicar à AT, o valor das taxas moderadoras pagas pelos
sujeitos passivos, cujos montantes são considerados para efeitos desta
dedução à coleta. A mesma obrigação têm outras entidades operando neste
sector, excepto quando emitam e comuniquem as respectivas facturas

Se as despesas de saúde tiverem sido realizadas noutro EM da UE, ou do


Espaço Económico Europeu, desde que exista interc mbio de informaç es em
matéria fiscal com o respectivo país, o sujeito passivo pode comunicá-las
através do Portal das Finanças, inserindo os dados essenciais da fatura ou
documento equivalente que as suporte.

Em qualquer caso não estão abrangidas as despesas que tenham sido


comparticipada por seguradoras, associaç es mutualistas ou instituiç es sem
fins lucrativos que tenham por objeto a prestação de cuidados de saúde.

Despesas de formação e educação

Em matéria de Dedução por despesas de formação e educação é dedutível um


montante correspondente a 30 do valor suportado a título de despesas de
formação e educação por qualquer membro do agregado familiar com o limite
global de (euro) 800, exigindo-se que para que as despesas sejam qualificáveis
como tal (artigo 78.º - D):

- Que respeitem a encargos com o pagamento de creches, jardins-de-


inf ncia, lactários, escolas, estabelecimentos de ensino e outros
serviços de educação, bem como as despesas com manuais e livros
escolares

- Que constem de faturas de aquisição de bens e serviços, isentos de


IVA ou tributados à taxa reduzida, comunicadas à AT, enquadradas
segundo a Classificação Portuguesa das Atividades Económicas

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(CAE), nas rubricas de Educação; Comércio a retalho de livros, em


estabelecimentos especializados;

- Que tais facturas hajam sido comunicadas à AT ou emitidas no Portal


de Finanças;

- Que a educação e formação sejam prestadas por estabelecimentos


de ensino integrados no sistema nacional de educação ou
reconhecidos como tendo fins análogos pelos ministérios
competentes, ou por entidades reconhecidas pelos ministérios que
tutelam a área da formação profissional e, relativamente a esta, desde
que o encargo não respeite a encargo no exercício de uma actividade
empresarial

Todo este tratamento pressupõe que:

- Os estabelecimentos públicos comuniquem à AT o valor das propinas


e demais encargos considerados dedutíveis neste mbito, até ao final
do mês de janeiro do ano seguinte àquele em que ocorreu o respetivo
pagamento;

- Se as despesas tiverem sido realizadas noutro EM da UE, ou nos


países do Espaço Económico Europeu (EEU) desde que exista
interc mbio de informaç es em matéria fiscal com esse país, pode o
sujeito passivo comunicá-las através do Portal das Finanças,
inserindo os dados essenciais da fatura ou documento equivalente
que as suporte, podendo assim considera-las para efeito da dedução.

Dedução por encargos com imóveis

Temos, de seguida, a Dedução de encargos com imóveis (artigo 78.º -E), que
está estabelecida de forma permitir que seja dedutível um montante
correspondente a 15 % do valor suportado por qualquer membro do agregado

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familiar, tratando-se das seguintes despesas:

a) Rendas de prédio urbano ou da sua fração autónoma para fins de


habitação permanente (import ncias, líquidas de subsídios ou
comparticipaç es oficiais), de contratos de arrendamento celebrados ao
abrigo do Regime do Arrendamento Urbano até ao ao limite de (euro)
502;

b) Juros de dívidas, por contratos celebrados até 31 de dezembro de


2011, com a aquisição, construção ou beneficiação de imóveis para
habitação própria e permanente ou arrendamento devidamente
comprovado para habitação permanente do arrendatário, até ao limite de
(euro) 296;

c) Prestaç es devidas em resultado de contratos celebrados até 31 de


dezembro de 2011 com cooperativas de habitação ou no mbito do
regime de compras em grupo, para a aquisição de imóveis destinados a
habitação própria e permanente ou arrendamento para habitação
permanente do arrendatário, devidamente comprovadas, na parte que
respeitem a juros das correspondentes dívidas, até ao limite de (euro)
296;

d) Import ncias pagas a título de rendas por contrato de locação


financeira celebrado até 31 de dezembro de 2011 relativo a imóveis para
habitação própria e permanente efetuadas ao abrigo deste regime, na
parte que não constituam amortização de capital, até ao limite de (euro)
296.

Estas deduções não são cumulativas.

Como já vimos acontecer com as outras deduções, as exigências são as


seguintes:

- As despesas devem constar de facturas de aquisição de prestaç es


de serviços, isentas de IVA, comunicadas à AT, e segundo a CAE

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qualificadas como Arrendamento de bens imobiliários;

- Tenha havido comunicação pelos senhorios que sejam sujeitos


passivos de IRS não abrangidos pela obrigação de emissão
electrónica de factura;

- Que constem de outros documentos, no caso de prestaç es de


serviços e transmiss es de bens efetuadas pelas entidades a que se
refere a subalínea ii) da alínea b) do n.º do artigo 78.º

O valor da dedução indica em primeiro lugar (Rendas de prédio urbano ou da


sua fração autónoma para fins de habitação permanente (import ncias, líquidas
de subsídios ou comparticipaç es oficiais), de contratos de arrendamento
celebrados ao abrigo do Regime do Arrendamento Urbano até ao ao limite de
(euro) 502) pode ser elevado se:

- As despesas devem constar de facturas de aquisição de prestaç es


de serviços, isentas de IVA, comunicadas à AT, e segundo a CAE
qualificadas como Arrendamento de bens imobiliários;

- Tenha havido comunicação pelos senhorios que sejam sujeitos


passivos de IRS não abrangidos pela obrigação de emissão
electrónica de factura;

- Que constem de outros documentos, no caso de prestaç es de


serviços e transmiss es de bens efetuadas pelas entidades a que se
refere a subalínea ii) da alínea b) do n.º do artigo 78.º

A lei, porém, estabelece também elevações do limite das outras deduções


(Juros de dívidas ...; Prestações devidas ...; Importâncias pagas...), nos
seguintes termos:

- Limite de (euro) 800 para contribuintes que, depois de aplicados os


divisores previstos no artigo 69.º, tenham um rendimento colectável

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inferior a (euro) 7 035;

- Para contribuintes que, depois de aplicado os divisores previstos no


artigo 69.º, tenham um rendimento coletável superior a (euro) 7 035 e
inferior a (euro) 30 000, o limite resultante da aplicação da seguinte
fórmula:

€ 502 + [(€ 800 - € 502) x [€30 000 - Rendimento Coletável]]/€ 30 000 - € 7 035

Não obstante o disposto nas alíneas b) a d) do n.º 1 , os limites das deduções à


coleta aí previstos são elevados para os seguintes montantes, sendo o
rendimento coletável, no caso de tributação conjunta, o que resultar da
aplicação do divisor previsto no artigo 69.º:

a) Para contribuintes que tenham um rendimento coletável inferior a € 7


035, um montante de €450;

b) Para contribuintes que tenham um rendimento coletável superior a € 7


035 e inferior a € 30000, o limite resultante da aplicação da seguinte
fórmula:

€ 296 + [(€ 450 - € 296) x [€ 30 000 - Rendimento Coletável]]/€ 30 000 - € 7 035

Se as despesas com imóveis tiverem sido realizadas noutro EM da UE ou nos


países do EEE, desde que exista interc mbio de informaç es em matéria fiscal
com o respectivo país, pode o sujeito passivo comunicá-los através do Portal
das Finanças, inserindo os dados essenciais da fatura ou documento
equivalente que as suporte.

ctura

coleta do IRS devida pelos sujeitos passivos é ainda dedutível um montante

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correspondente a 15 % do IVA suportado por qualquer membro do agregado


familiar, com o limite global de (euro) 250 por agregado familiar, que conste de
facturas que titulem prestaç es de serviços comunicadas à AT ou emitidas no
Portal das Finanças, pelos emitentes que estejam enquadrados, de acordo com
a CAE, nos seguintes sectores de atividade:

- Manutenção e reparação de veículos automóveis;

- Manutenção e reparação de motociclos, de suas peças e acessórios;

- Alojamento , restauração e similares;

- Actividades de sal es de cabeleireiro e institutos de beleza.

O valor do incentivo, calculado nos termos do presente artigo, pode ser


atribuído:

a) à igreja ou comunidade religiosa radicada em Portugal, a pessoa


coletiva de utilidade pública de fins de beneficência, de assistência ou
humanitários, ou a instituição particular de solidariedade social,
constante da lista oficial de instituiç es, escolhida pelo sujeito passivo
para receber a consignação de quota do IRS prevista na ei da
Liberdade Religiosa aprovada pela Lei n.º 16/2001;
b) À mesma organização não-governamental de ambiente e à mesma
pessoa coletiva de utilidade pública de fins ambientais constante da
lista oficial de instituições, escolhida pelo sujeito passivo para receber
a consignação de quota do IRS prevista nos n.ºs 5 e 7 do artigo14.º
da Lei n.º 35/98, de 18 de julho, que define o estatuto das
organizações não- governamentais de ambiente, alterada pela Lei n.º
82-D/2014, de 31 de dezembro;
c) À mesma pessoa coletiva de utilidade pública que desenvolva
atividades de natureza e interesse cultural, constante da lista oficial
de instituições, escolhida pelo sujeito passivo para receber a
consignação de quota do IRS prevista no artigo 152.º do CIRS.

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Dedução para E

Quando os sujeitos passivos tenham obtido rendimentos obtidos no estrangeiro


(os previstos nas alíneas c) a e) do n.º 1 do artigo 72.º), têm direito a um crédito
de imposto por dupla tributação jurídica internacional, dedutível até ao limite das
taxas especiais aplicáveis e, nos casos de englobamento, até à concorrência da
parte da coleta proporcional a esses rendimentos líquidos, considerados nos
termos do n.º 6 do artigo 22.º, que corresponde à menor das seguintes
import ncias:

a) Imposto sobre o rendimento pago no estrangeiro;

b) Fração da coleta do IRS, calculada antes da dedução, correspondente aos


rendimentos que no país em causa possam ser tributados, líquidos das
deduç es específicas previstas neste Código.

É o método de importação normal ou ordinária que estudamos na Parte Geral


deste curso.

No casos dos residentes não habituais em território português que obtenham,


no estrangeiro, rendimentos da categoria A aplica-se o método da isenção,
bastando que se verifique qualquer das condiç es previstas nas alíneas
seguintes:

a) Sejam tributados no outro Estado contratante, em conformidade com


convenção para eliminar a dupla tributação celebrada por Portugal com
esse Estado; ou

b) Sejam tributados no outro país, território ou região, nos casos em que


não exista convenção para eliminar a dupla tributação celebrada por
Portugal, desde que os rendimentos, pelos critérios previstos no n.o 1 do
artigo 18.º, não sejam de considerar obtidos em território português.

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Aos residentes não habituais em território português que obtenham, no


estrangeiro, rendimentos da categoria , auferidos em atividades de prestação
de serviços de elevado valor acrescentado, com carácter científico, artístico ou
técnico, a definir em portaria do membro do Governo responsável pela área das
finanças, ou provenientes da propriedade intelectual ou industrial, ou ainda da
prestação de informaç es respeitantes a uma experiência adquirida no setor
industrial, comercial ou científico, bem como das categorias E, F e G, aplica-se
o método da isenção, bastando que se verifique qualquer uma das condiç es
previstas nas alíneas seguintes:

a) Possam ser tributados no outro Estado contratante, em conformidade


com convenção para eliminar a dupla tributação celebrada por Portugal
com esse Estado; ou

b) Possam ser tributados no outro país, território ou região, em


conformidade com o modelo de convenção fiscal sobre o rendimento e o
património da OCDE, interpretado de acordo com as observaç es e
reservas formuladas por Portugal, nos casos em que não exista
convenção para eliminar a dupla tributação celebrada por Portugal,
desde que aqueles não constem de lista aprovada por portaria do
membro do Governo responsável pela área das finanças, relativa a
regimes de tributação privilegiada, claramente mais favoráveis e, bem
assim, desde que os rendimentos, pelos critérios previstos no artigo 18.º,
não sejam de considerar obtidos em território português.

Aos residentes não habituais em território português que obtenham, no


estrangeiro, rendimentos da categoria H, na parte em que os mesmos,
quando tenham origem em contribuiç es, não tenham gerado uma
dedução para efeitos do n.º 2 do artigo 25.º, aplica-se o método da
isenção, bastando que se verifique qualquer das condiç es previstas nas

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alíneas seguintes:

a) Sejam tributados no outro Estado contratante, em conformidade com


convenção para eliminar a dupla tributação celebrada por Portugal com
esse Estado; ou

b) Pelos critérios previstos no n.º 1 do artigo 18.º, não sejam de


considerar obtidos em território português.

Em geral, os rendimentos isentos são obrigatoriamente englobados para efeitos


de determinação da taxa a aplicar aos restantes rendimentos, com excepção
dos previstos nas alíneas c) a e) do n.º 1 e no n.º 6 do artigo 72.º

Dedução por i

coleta devida pelos sujeitos passivos são deduzidas 20 das import ncias
comprovadamente suportadas e não reembolsadas respeitantes a encargos
com pens es de alimentos a que o sujeito esteja obrigado por sentença judicial
ou por acordo homologado nos termos da lei civil, salvo nos casos em que o
seu beneficiário faça parte do mesmo agregado familiar para efeitos fiscais ou
relativamente ao qual estejam previstas outras deduç es à coleta ao abrigo do
artigo 78.º

A dedução de encargos com pens es de alimentos atribuídas a favor de filhos,


adotados, enteados e afilhados civis, maiores, bem como àqueles que até à
maioridade estiveram sujeitos à tutela, depende da verificação dos requisitos
estabelecidos na alínea b) do n.º 5 do artigo 13.º

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Dedução por E

coleta do IRS devido pelos sujeitos passivos é dedutível um montante


correspondente a 25 do valor suportado a título de encargos com lares, nos
termos do presente artigo, com o limite global de (euro) 403,75, nas seguintes
condições:

a) Que conste de faturas de aquisições de bens e serviços, isentos de


IVA ou tributados à taxa reduzida, comunicadas à AT e enquadradas,
de acordo com a CAE, nos seguintes sectores de atividade:

- Actividades de apoio social para pessoas idosas e com


deficiência, com alojamento;

- Atividades de apoio social para pessoas idosas e com


deficiência, sem alojamento;

b) Que o valor dos encargos em análise tenha sido objeto de


comunicação pelos estabelecimentos públicos comunicam à AT,
mediante a entrega de declaração de modelo oficial, até ao final do mês
de janeiro do ano seguinte àquele em que ocorreu o respetivo
pagamento.

Pessoa com deficiência aquela que apresente um grau de incapacidade


permanente, devidamente comprovado mediante atestado médico de
incapacidade multiúso emitido nos termos da legislação aplicável, igual ou
superior a 60 %.

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São dedutíveis à coleta por cada sujeito passivo com deficiência uma
import ncia correspondente a quatro vezes o valor do IAS e por cada
dependente com deficiência, bem como, por cada ascendente com deficiência
que esteja nas condiç es da alínea e) do n.º 1 do artigo 79.º, uma import ncia
igual a 1,5 vezes o valor do IAS.

São ainda dedutíveis à coleta 30 da totalidade das despesas efectuadas com


a educação e a reabilitação do sujeito passivo ou dependentes com deficiência,
bem como 25 da totalidade dos prémios de seguros de vida ou contribuiç es
pagas a associaç es mutualistas que garantam exclusivamente os riscos de
morte, invalidez ou reforma por velhice (dedução dos prémios de seguros ou
das contribuiç es pagas a associaç es mutualistas a que se refere o n.o 2 não
pode exceder 15 % da coleta de IRS).

É dedutível à coleta, a título de despesa de acompanhamento, um valor igual a


quatro vezes o valor do IAS por cada sujeito passivo ou dependente, cujo grau
de invalidez permanente, devidamente comprovado pela entidade competente,
seja igual ou superior a 90 %.

Os estabelecimentos públicos de saúde são obrigados a comunicar à


Autoridade Tributária e Aduaneira, através de modelo a aprovar por portaria do
membro do Governo responsável pela área das finanças, o valor das taxas
moderadoras pagas pelos sujeitos passivos, cujos montantes são considerados
para efeitos da dedução à coleta prevista no número anterior. Esta disciplina é
igualmente aplicável, com as necessárias adaptaç es, às prestaç es de
serviços e transmiss es de bens efetuadas pelas entidades a que se refere a
subalínea ii) da alínea b) do n.º 6 do artigo 78.º, excepto quando emitam e
comuniquem faturas.

Caso as despesas de saúde tenham sido realizadas noutro Estado membro da


União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, neste último caso desde

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que exista interc mbio de informaç es em matéria fiscal, pode o sujeito passivo
comunicá-las através do Portal das Finanças, inserindo os dados essenciais da
fatura ou documento equivalente que as suporte.

Em qualquer caso, a dedução em análise não abrange a parte das despesas no


mesmo referida que tenha sido comparticipada por seguradoras, associaç es
mutualistas ou instituiç es sem fins lucrativos que tenham por objeto a
prestação de cuidados de saúde.

6. A liquidação do imposto

A liquidação consiste, como sabemos, numa operação aritmética em que as


taxas gerais do artigo 68º são aplicadas ao valor do Rendimento Colectável
previamente determinado, para cálculo da colecta devida pelo contribuinte.
Esta colecta não corresponde, ainda, ao imposto a pagar ou receber, uma vez
que como veremos com maior detalhe, operarão ainda as chamadas deduções
à colecta.

Todavia, e quando falamos de liquidação em sentido amplo, queremos


abranger todo um conjunto de procedimentos necessários até chegar à
determinação final do imposto a pagar. O mesmo é dizer, a liquidação arrasta
vários procedimentos administrativos que se iniciam com a entrega da
declaração anual de rendimentos.
De facto, e como foi referido na primeira parte deste curso, o procedimento
normal é que o sujeito passivo entregue uma declaração identificando os
rendimentos auferidos ao longo do ano que terminou em Dezembro passado.
Apenas quando tal procedimento não se tenha verificado, devendo tê-lo sido, a
Administração Fiscal se substituirá emitindo uma liquidação oficiosa.

Como quer que seja, e como se estabelece no artigo 75.º do Código do IRS, é à
Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) que compete a liquidação, a efectuar

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através dos respectivos serviços centrais. E para isso vai ter como suporte a
declaração Modelo 3 entregue pelo sujeito passivo e os valores dela
constantes, os quais se presumem correctos, não obstante a AT os poder
alterar se se justificar esse procedimento (erros evidenciados nas declarações
ou divergências em factos relevantes para a liquidação).
Na ausência de Declaração Modelo 3 apresentada pelo sujeito passivo, a
liquidação oficiosa feita pela AT terá por base os elementos de que esta
disponha.
A declaração anual de rendimentos é pois a peça fundamental no processo de
determinação do rendimento colectável. Por isso se estabelece no artigo 66.º do
CIRS, em reforço das garantias do sujeito passivo que a AT deva notificar o
sujeito passivo quando altere os rendimentos declarados pelo sujeito passivo ou
proceda à respectiva fixação da decisão, com indicação dos respectivos
fundamentos, explicitando obrigatoriamente as razões de facto e de direito que
motivam a decisão.

A Declaração Modelo 3 é de modelo oficial, anualmente aprovada por portaria


do Ministro das Finanças, podendo (ou devendo em algumas situações) ser
entregue por via electrónica a entrega por transmissão electrónica de dados.
Integra vários anexos, correspondentes às categorias de rendimentos sujeitos a
tributação respeitantes ao ano anterior e de outros elementos informativos
relevantes:
- Anexo A: rendimentos das categorias A e H;
- Anexo B: rendimentos da categoria B (regime simplificado);
- Anexo C: rendimentos da categoria B (regime de contabilidade
organizada);
- Anexo D: transparência fiscal;
- Anexo E: rendimentos da categoria E;
- Anexo F: rendimentos da categoria F;
- Anexo G: rendimentos da categoria G;
- Anexo G1: categoria G – mais-valias não tributadas;
- Anexo H: benefícios fiscais e deduções;
- Anexo I: herança indivisa;

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- Anexo J: rendimentos obtidos no estrangeiro;


- Anexo L: residente não habitual,

estando dispensados de apresentação, nos termos do artigo 58.º: os sujeitos


passivos que, no ano a que o imposto respeita, apenas tenham auferido,
isolada ou cumulativamente:
 a) Rendimentos tributados pelas taxas previstas no artigo 71.º e
não optem, quando legalmente permitido, pelo seu englobamento;

 b) Rendimentos de trabalho dependente ou pensões, desde que o


montante total desses rendimentos seja igual ou inferior a (euro) 8
500 e estes não tenham sido sujeitos a retenção na fonte.

As situações de dispensa de declaração não abrangem os sujeitos passivos


que:

a) Optem pela tributação conjunta;


b) Aufiram rendas temporárias e vitalícias que não se destinam ao
pagamento de pensões enquadráveis nas alíneas a), b) ou c) do n.º 1 do
artigo 11.º;
c) Aufiram rendimentos em espécie; d) Aufiram rendimentos de pensões
de alimentos a que se refere o n.º 5 do artigo 72.º de valor superior a
(euro) 4 104.

A dispensa de apresentação de declaração não impede os sujeitos passivos de,


querendo, apresentarem declaração de rendimentos nos termos gerais.

Prazos de apresentação das declarações de rendimentos:

1 - A declaração será entregue:

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a) De 15 de março a 15 de abril, quando os sujeitos passivos apenas


hajam recebido ou tenham sido colocados à sua disposição rendimentos
das categorias A e H;
b) De 16 de abril a 16 de maio, nos restantes casos.

Locais de entrega:

As declarações e demais documentos podem ser entregues em qualquer


serviço de finanças ou nos locais que vierem a ser fixados ou, ainda, ser
remetidos pelo correio para o serviço de finanças ou direção de finanças da
área do domicílio fiscal do sujeito passivo.
O cumprimento das obrigações declarativas estabelecidas neste Código pode
ainda ser efetuado através dos meios disponibilizados no sistema de
transmissão electrónica de dados, para o efeito autorizado

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