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Instituto Politécnico de Gestão, Logistica e Trasportes

IPGEST

TRABALHO DE FISCALIDADE

A importância do IVA no Contesto


Angolano

Docente:

___________________________

Manuela Fernanda dos Santos

Luanda, 2022
Instituto Politécnico de Gestão, Logistica e Trasportes

IPGEST

TRABALHO DE FISCALIDADE

A importância do IVA no Contesto


Angolano

Nome: Josefina Kimuene Paulo António


Nº 20200130
Curso: Gestão Aeronáutica
Período: Manhã
2º Ano

Docente:

___________________________

Manuela Fernanda dos Santos

Luanda, 2022

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Dedicatória

Dedico este trabalho ao povo Angolano em


especial aos homens que actuam na área de
economia e finanças.

Epígrafe

“Para o Crente Deus está no


Principio de todas as coisas, e para
o Cientista Deus está no fim de todo
Pensamento” Albert Ainstein.

Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus todo poderoso pela sua proteção e cuidado que
sempre me tem concedido e as suas incontáveis benção em minha vida.

De seguida agrademos aos meus pais pelo esforço que têm evidenciado em prol
da minha formação, não só como estudante mas também como pessoa.

E por fim os meus agradecimentos vão para a Sua Excelência Senhora


Professora Manuela Fernanda dos Santos pelo tema que foi tão proveitoso e bastante
importante para mim.

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Resumo
A implementação do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) em Angola,
aprovado pela Lei n.º 7/19, de 13 de agosto, tornou-se um tema com significativa
relevância no seio da sua sociedade. A expectativa por parte do Estado Angolano
resumia-se em dois preceitos, por um lado a garantia de proximidade com as diretrizes
da SADC – comunidade Africana da qual é membro – e por outro, a implementação da
designada “Máquina Fiscal”. No entanto, a expectativa por parte dos cidadãos era de
que a implementação do IVA alavancaria o encarecimento do seu nível de vida e a isto
acresce a situação económica financeira que o país está a atravessar.

Palavras Chaves: Imposto sobre o Valor Acrescentado; Reforma Tributária; Crise


Económica; Nível de Vida

Objectivo Geral
O presente trabalho tem como objectivo de conhecer a importância da inclusão
do IVA no sistema tributário Angolano.

Objectivos Específicos
Identificar os impactos pisitivos e negativos que a implementação do IVA trouxe sobre
o sistema tributário angolano destacando a importância da implementação do IVA

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Índice
Introdução..........................................................................................................................6
1- O Imposto sobre o Valor Acrescentado.................................................................7
2- Princípios estruturantes do IVA.............................................................................8
3- O sistema fiscal Angolano.....................................................................................9
4- O IVA Angolano..................................................................................................11
5- As vantagens do IVA em Angola........................................................................16
Conclusão........................................................................................................................18
Referâncias Bibliográficas...............................................................................................19

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Introdução

Para que um Estado possa satisfazer as necessidades da população, fruto das


suas responsabilidades, são necessários recursos materiais e humanos. Para que estes
sejam alcançados, o Estado desenvolve diversos mecanismos e entre eles os
rendimentos dos bens patrimoniais, os tributos e os empréstimos públicos.

É pelos tributos que o Estado tem os seus maiores rendimentos, e dentro deles
encontramos os impostos, estes são sem sombra de dúvida uma das maiores fontes de
receitas de um Estado, isso quando são cobrados de forma equitativa e justa.

O que são então impostos? A doutrina define imposto como sendo uma
prestação pecuniária, definitiva, unilateral, estabelecida por lei não sancionatória,
exigida a detentores de capacidade contributiva, a favor de uma entidade que exerça
funções públicas.

Este trabalho irá cingir-se a apenas um dos diversos impostos


implementados em Angola, iremos versar sobre o IVA e a sua importância no contexto
Angolano, o chamado imposto justo. Não é novidade que este imposto tem vindo a
conquistar diversos sistemas jurídicos, sendo que já mais de 200 países o têm nos seus
ordenamentos jurídicos, e os que não o têm de forma específica baseiam nele o seu
sistema de tributação de consumo.

Conhecer o imposto, o que ele significa, qual a sua classificação, qual a sua
história, em que princípio está baseado, quais as características-chaves são questões
importantes para levarmos a um melhor esclarecimento.

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1- O Imposto sobre o Valor Acrescentado

O sucesso do IVA fala por si, como vimos, diversos países optaram por este
imposto e os que não o fizeram tiveram os seus impostos de consumos influenciados
por ele. Este êxito nada tem que ver com as competências governamentais, mas sim com
a capacidade de arrecadação de receitas, a estrutura em que está apoiado e as
características natas do imposto.

Afinal o que é o IVA? O IVA é um imposto geral sobre o consumo, de


obrigação única, não periódica, neutro, baseado na sua maioria pelo princípio do
destino, incide sobre todas as fases do processo produtivo, com o auxílio do método
subtrativo indireto.

Por se tratar de imposto geral, permite a tributação de todos os atos de consumo,


trazendo à tona uma diferença aparente entre os outros impostos especiais de consumo,
que se encontram limitados a um único ato de consumo, já o IVA é aplicado às
transmissões de bens e prestações de serviços, ou seja, desde o produtor ao retalhista,
abrangendo todas as fases da cadeia económica.

É um imposto plurifásico, sem ser cumulativo ou desempenhar um efeito


cascata, pois abrange o montante líquido de cada transação, ou seja, sobre o valor
acrescentado que o produto sofre dentro do circuito económico. Isto deve- se ao método
subtrativo indireto ou método das faturas, permitindo a dedução e liquidação do imposto
em cada fase deste circuito económico, quer isso dizer que o consumidor final e
detentor da capacidade contributiva é o responsável pelo pagamento do imposto, porque
cabe ao sujeito passivo que prestou um serviço ou vendeu um bem ao consumidor final
fazer a liquidação do imposto, daí ser o consumidor final o detentor da carga fiscal do
IVA, sendo o produtor, vendedor ou o prestador de serviço meros condutores do
imposto. Este facto dá ao imposto também um carácter indireto.

A abrangência do imposto é vasta, estando a ele sujeitos os agentes que


desenvolvam uma atividade ou apenas uma operação tributável. Estas características
tornam o imposto enraizado no modo de vida da população, pois todos consumimos, e o
IVA vem tornar a tributação do consumo mais «natural», de modo a que o agente
económico não se preocupa com o que irá pagar de imposto e sim com o preço final do
produto, possuindo um efeito quase que anestésico, originado pela neutralidade, fruto

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natural deste imposto. A neutralidade faz com que as escolhas tanto do produtor como
do consumidor não sejam influenciadas em função do imposto, independentemente das
fases do circuito, a carga fiscal manter-se-á.

O imposto exige uma estrutura fiscal bem organizada, tanto a nível


administrativo como tecnológico, pois só num sistema organizado a fiscalidade do
mesmo será bem-sucedida. Isso é possível graças ao método de fatura utilizado e as
regras de contabilidade organizada exigidas pelo mesmo.

O IVA assenta em diversos princípios. Entre eles destacam-se o princípio


da neutralidade, princípio do destino e o princípio da igualdade.

2. Princípios estruturantes do IVA

2.1 Princípio da Neutralidade

A neutralidade no IVA é sem dúvida um dos grandes pilares deste tributo,


traz ao imposto um caráter justo. O princípio da neutralidade barra a hipótese de
mercadorias ou prestações de serviços semelhantes serem tributadas de forma diferente,
a neutralidade fiscal evitará as distorções na concorrência, expressando um pouco o
princípio da não discriminação. Implica que o IVA deva incidir da mesma forma em
todas as operações, independentemente da extensão da cadeia de produção ou
distribuição.

Este princípio permite que o IVA não interfira nas tomadas de decisões dos
agentes económicos, tanto do lado do produtor, como do consumidor final. Isto
acontece porque permite ao produtor a escolha do que produzir e como produzir, ou
seja, não influencia a organização do processo produtivo, a chamada neutralidade
no produto. Devido ao método de dedução do imposto, excluído o valor do imposto da
sua atividade, o método de crédito aderente a este princípio permite um IVA sem efeitos
cumulativos ao longo da cadeia de distribuição e produção, dando ao imposto uma
fluidez quase que natural.

2.2 Princípio da Igualdade

Para o direito, o princípio da igualdade representa um dos maiores pilares, e o


direito fiscal não ficou atrás ao dizer que a carga fiscal deve ser suportada numa lógica
de igualdade entre os cidadãos, evitando a discriminação. Autores há que a dividem em

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igualdade horizontal e igualdade vertical, ou seja, a obrigação do pagamento de
imposto pressupõe a capacidade contributiva a que cada cidadão está sujeito, deste
modo a igualdade vertical consiste em que distintos impostos, para os que auferem uma
capacidade contributiva distinta, e a igualdade horizontal pressupõe uma igualdade de
impostos para os que auferem a mesma capacidade contributiva. Mas como se processa
esse princípio em sede de IVA?

2.3 Princípio do Destino

Atualmente, as fronteiras dos países estão cada vez mais ligadas, a existência de
convenções, tratados e o fluxo de turismo entre eles faz com que as trocas comerciais
fluam. Dado a este facto fica a questão em torno deste imposto, quanto à tributação das
transações e prestações de serviços transfronteiriças.

Para essa resolução temos dois princípios, o da tributação na origem e o da


tributação no destino. O princípio da tributação na origem defende a tributação onde os
serviços são realizados e os bens são expedidos, nestes casos o país onde o consumo é
efetuado fica excluído6. O princípio do destino defende o contrário, pois vai tributar
apenas os serviços ou bens nos países em que o ato de consumo é realizado, excluindo
desta maneira o país de origem.

3. O sistema fiscal Angolano

Angola por ser um país em vias de desenvolvimento, abriga um sistema fiscal


com um baixo nível de fiscalização e assenta, na sua maioria, numa estrutura fiscal
sobre os impostos indiretos e especialmente nos impostos ligados as exportações, tendo
assim uma ineficiência da administração fiscal (marcada pela ausência de técnicos
qualificados), forte dependência do sector petrolífero, diamantífero e com um mercado
informal bastante forte.

3.1 O Imposto de Consumo angolano

Este imposto incidia sobre o consumo, somente quando o bem fosse exposto
para este ato, sendo através da produção ou do fabrico de bens, importação de
mercadorias, arrecadação e da utilização dos bens ou matérias-primas fora do
processo produtivo e que tivessem benefícios fiscais associados. De carácter
indireto, tributando apenas o uso das riquezas ou dos rendimentos, monofásico, pois a

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sua liquidação acontecia apenas numa única vez, no momento em que o bem era
introduzido no consumo, não sofrendo liquidação nas fases subsequentes (casos há em
que era liquidado o IC sobre bens e serviços que eram compostos por outros bens e
serviços, já tendo sido liquidados, gerando um «efeito cascata», violando assim o
princípio da neutralidade em regra característico de uma tributação indireta). Gerando
assim a implementação do IVA.

3.2 A reforma do Imposto de Consumo

Foram previstas para esta reforma duas fases, sendo que a primeira tinha um
carácter transitório e como objetivo a clarificação e racionalização do imposto. Esta
entrou em vigor em 1 de janeiro de 2012, pelo Decreto Presidencial. Tornando o
imposto de consumo mais simples, moderno e com alterações-chaves da lei anterior,
este foi marcado por um alargamento da incidência objetiva do imposto, para se poder
incluir novas prestações de serviços, simplificar de forma clara o conceito de sujeito
passivo e as suas responsabilidades.

Na segunda fase desta reforma, buscou-se uma evolução do imposto de consumo


para um imposto tipo IVA, tendo os seguintes objetivos:

• Elaboração do anteprojeto de diploma de criação do IVA;

• Divulgação dos procedimentos administrativos informáticos de sistemas de


informação necessários para pôr em prática o novo modelo de tributação do consumo;

• Realização de estudos conducentes à substituição do IC por um imposto tipo


IVA, adequado à estrutura socioeconómica angolana, em conjunção com o
aprofundamento da harmonização comunitária no quadro da SADC;

• Instituição de certos impostos especiais de consumo, justificada por razões


financeiras e extra-financeiras, sobre produtos como o álcool e bebidas alcoólicas,
tabaco, eventualmente veículos pesados ou de luxo e sobre os derivados.

Ficam excluídos do imposto os produtos agrícolas e pecuários não


transformados, produtos primários de silvicultura, produtos de pesca não transformados
e os produtos minerais não transformados110. O pagamento do IC deve ser feito pelo
sujeito passivo mensalmente respeitante ao imposto de consumo liquidado no mês
anterior.

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4. O IVA Angolano

Angola começou os seus trajetos para a implementação do IVA, na reforma


tributária ocorrida no ano de 2012, com a atualização da LGT e as atualizações do IC
que conduziam ao IVA. Esta decisão adveio das várias vantagens do imposto.

O IVA é um imposto justo, neutro, com uma base tributária abrangente e com
exigências muito específicas. A sua aplicação demanda dos órgãos da administração um
bom, eficaz e organizado sistema de fiscalização. Por isso, o Estado angolano teria de
implementar mudanças e capacitar os seus quadros de modo a responder à
demanda que acompanha este imposto.

O mercado angolano, como vimos, tem um grande número de negócios


informais, este facto dificulta a atuação do imposto, visto que para o seu
funcionamento este precisa que os sujeitos tenham uma economia organizada.

É pela Lei n.º 7/19, de 24 de abril, que o IVA deu entrada no sistema fiscal de
forma oficial, aprovando o CIVA e determina a sua entrada em vigor a 1 de julho de
2019. Entretanto, a 13 de agosto, o governo lançou a Lei n.º 17/19 que altera o CIVA e
determina a sua entrada em vigor em 1 de outubro de 2019, estando na base desta
alteração problemas organizacionais, então desde 1 de outubro de 2019 que temos o
IVA como modelo de tributação indireta do consumo.

O IVA angolano é administrativamente eficiente e busca a neutralidade, a nível


interno ou internacional, tem um historial de arrecadação de receitas muito elevadas,
para a liquidação e cobrança, usa do método do crédito do imposto, o método subtrativo
que dá possibilidade de neutralidade e de cobrança a todo o ato de consumo.

Tem uma taxa única de 14%, entretanto, abrange situações de isenções completa
ou tributação a taxa zero, existindo também uma taxa de 2%, a aplicável à Cabinda, de
acordo com o respectivo regime especial. O método do reporte, a semelhança do que
vimos em Moçambique, é também aqui adotado como regra geral, e a preferência para o
princípio da tributação do destino para as operações internacionais.

Neste sentido, o governo angolano deixou a desejar tendo implicado a sua


entrada em vigor, de julho para outubro de 2019;

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Esta taxa é aplicável aos bens considerados essenciais, como o feijão, o leite,
alguns arrozes, o milho, os açúcares de cana, o sabão em barra, entre outros;

Existe uma divisão das categorias, tendo uma limitação aos sujeitos que
usufruem do regime normal e uma maior abrangência na rede de sujeitos com pequenas
e médias empresas, fazendo esta parte do regime especial ou transitório, existindo
também regime específicos como é o caso dos regimes das sociedades investidoras
petrolíferas, o regime de não sujeição, o regime especial de Cabinda, etc.

O IVA angolano apesar das suas bases europeias, teve do legislador a atenção
para adaptá-lo à realidade nacional, comportando o seu leque regras especiais para o
sector petrolífero, uma possibilidade de a Administração Fiscal poder corrigir o preço
praticado quando seja manifesto que o valor da contraprestação, faturada ou paga pelo
adquirente dos bens ou destinatários dos serviços é inferior ao preço corrente de
mercado.

A existência de uma figura do imposto cativo representa uma novidade tendo em


conta as suas bases europeias, assemelha-se a uma retenção no IVA, é aplicada às
sociedades investidoras petrolíferas, ao Estado, ao Banco Nacional de Angola, bancos
comerciais, às seguradoras e resseguradoras e às operações de telecomunicações. Os
subsídios ou subvenções foram excluídos do valor tributável.

A implementação do IVA em Angola, trouxe algumas dificuldades, o que é


normal dado a complexidade do mesmo, entretanto, as dificuldades não são de longe um
motivo para a sua não aplicação. Vejamos então algumas:

• Um aumento significativo do número de contribuintes, devido ao


alargamento da base de incidência, com inclusão do comércio a retalho,
tributação sistemática das prestações de serviços, e muitas isenções;
• As entraves expostas por alguns órgãos políticos, órgãos de
comunicação social, representantes associativos e académicos angolanos,
que criticaram o governo por não dar atenção aos produtos essenciais, pondo
em causa a justiça tributária característica deste imposto124;
• Dificuldades administrativas (com uma administração fiscal que
necessitava de reforço em meios humanos e materiais, exigindo desta uma
renovação, com uso intensivo dos procedimentos informáticos);

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• Reeducação dos contribuintes;
• Fiscalização das empresas com um sistema desorganizado
contabilístico;
• Falta de qualificação por parte dos contabilistas e auditores;
• A necessidade de um sistema informático, quer na AGT quer nas
empresas;
• A inexistência de um software de faturação certificado pela
Administração Tributária;

A implementação do IVA foi feita tendo em conta as condições do mercado


angolano, sendo implementada de forma gradual. Numa primeira fase, a cobrança do
imposto atingiu os grandes contribuintes cadastrados na Repartição Fiscal, para
os restantes sujeitos há um regime transitório ou de tributação simplificada e o regime
da não sujeição. Quanto a estes regimes nota-se:

Regime Geral

Deste fazem parte os contribuintes cadastrados na Repartição Fiscal dos Grandes


Contribuintes, importação de bens (independente do enquadramento cadastral do
contribuinte). É necessária a submissão de uma declaração de início de atividade,
enquanto sujeito passivo, no prazo de 60 dias após 1 de outubro de 2019. A entrega do
valor ao Estado é efetuada através da Declaração Periódica de IVA.

Regime de Não Sujeição

Este regime consiste na não liquidação do IVA, nas transmissões de bens e


prestações de serviço, suportando apenas o imposto nas importações ou aquisições de
bens e serviços, exclui-se o direito a dedução do Imposto suportado.

Ainda que não sejam obrigadas a liquidar e a deduzir o IVA nas suas operações,
estas entidades podem optar por aderir ao Regime Geral se assim o entenderem.

Regime Transitório ou de Tributação Simplificada127 – 2019 e 2020

Este regime é temporário e trata-se de um regime (intermédio), entre o regime


geral e o de não sujeição. Veio atender aos contribuintes que sendo enquadrados no
regime normal teriam dificuldades em responder com a estrutura administrativa que tal
regime demanda.

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Se a empresa não estiver registada como Grande Contribuinte e tiver um volume
de negócios superior a 250 000 USD, pode optar por este Regime da Tributação
Simplificada durante o período transitório de 2019 e 2020. Ao fazê- lo, não liquidará
IVA nas faturas de venda, nem poderá deduzir o IVA das faturas de compra, mas terá de
entregar um mapa com uma lista de todas as compras, com identificação dos
fornecedores e faturas, indicação dos valores totais dos documentos e montantes de
imposto. Além disso, estará obrigado a pagar até 4%, aplicável sobre o volume de
negócios. No entanto, a 1 de janeiro de 2021, serão aplicadas as leis do CIVA com
carácter obrigatório a todos os sujeitos passivos. É uma solução bastante inteligente
tendo em conta a realidade económica do país e as condições dos pequenos
contribuintes, uma maneira de preparar tais sujeitos para o regime normal.

4.1 Incidência

O IVA em Angola conta com uma incidência objetiva e subjetiva. Um bom


elemento de diferenciação em termos práticos é questionar, O que é tributável
(incidência objetiva) e quem é tributado (incidência subjetiva).

Incidência objetiva

Diz respeito às operações que se encontram sujeitas ao IVA. Estão sujeitas ao


IVA as transmissões de bens, as prestações de serviços e as importações efetuadas no
território nacional, a título oneroso por sujeitos passivos, agindo nessa qualidade.

As importações de bens, a transmissão ou prestação de serviços acessórios a


outra transmissão de bens ou a outra prestação de serviços, consideram-se integrados na
mesma, exceto situações em contrário expressas na lei. Encontram-se pautadas pelos É
necessário reunir em simultâneo três requisitos, a saber: territorialidade, carácter da
operação e elemento subjetivo.

Incidência Subjetiva

São sujeitos passivos do imposto, aqueles que prestam serviços ou transmitem o


bem, de modo independente e com carácter de habitualidade, cabe a estes a tarefa de
liquidar o imposto. São então sujeitos passivos clássicos do IVA.

• As pessoas singulares, coletivas ou entidades (quer públicas ou privadas)


que exerçam, de modo independente, atividades económicas (incluindo de

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produção, de comércio ou de serviços, profissões liberais, atividades
extrativas, agrícola, aquícola, apícola, avícola, pecuária, piscatória e silvícola);

Não havendo uma explicação clara por parte do legislador, do que é uma
atividade económica independente, «a doutrina faz uma interpretação e denomina como
sendo uma exclusão do regime, os sujeitos que se encontrem vinculados por qualquer
relação jurídica, que estabeleça veículos de subordinação no que diz respeito as
condições de trabalho e de remuneração e a responsabilidade da entidade patronal».

O Estado, as entidades governamentais e outros organismos públicos, incluindo,


Institutos Públicos, Autarquias, Instituições Públicas de Previdência e Segurança Social,
exceto quando atuam dentro dos poderes de autoridade e daí não resultem distorções de
concorrência.

Existem, no entanto, situações em que o sujeito passivo do IVA é o adquirente e


não o que presta serviço ou transmite o bem, nestes casos estamos perante uma
autoliquidação. Simplificando desta forma a atuação da administração, não obrigando
as entidades não residentes a se registarem.

a) Entregar a declaração de início, de alteração ou de cessação de


atividade;
b) Emitir uma fatura ou documento equivalente por cada transmissão de
bens ou prestação de serviço;
c) Entregar mensalmente a declaração periódica e seus anexos
relativamente às operações efetuadas no decurso do mês precedente;
d) Dispor de contabilidade adequada ao apuramento das obrigações;
e) Entregar os anexos de regularizações, bem como os demais anexos da
dedução periódica.

4.2 Taxas

O IVA em Angola conta com uma taxa única de 14%, existe também uma taxa
de 0 % para as operações isentas que conferem direito à dedução. Os contribuintes
sujeitos ao Regime Transitório contam com uma taxa de 7% sobre a faturação recebida
em cada trimestre. De acordo com as condições desfavoráveis de afastamento
geográfico de Cabinda em relação ao restante território, o governo achou e bem, a

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concessão de um regime especial aduaneiro, portuário e de transmissão de bens para
esta província, tendo esta uma taxa de IVA de apenas 2%.

A escolha por uma taxa única traz consigo diversas vantagens, entre elas a
redução dos encargos de gestão do imposto pela Autoridade Tributária, permite obter
maiores ganhos de eficiência, maiores níveis de receita, maior simplificação das regras
de incidência e de cobrança e evita fraudes, vindas da diferenciação de taxas de
imposto. Por isso, pode dizer-se que a simplificação do IVA traz uma vantagem
competitiva do imposto, isto é, a taxa única na tributação dos bens e serviços prestados
é neutra, eliminando distorções na concorrência entre produtos equivalentes. Implica
também uma menor gestão para as empresas, sendo um sistema muito mais simples e
que demanda um menor número de agentes administrativos focados nas exigências
fiscais. Angola tem uma das taxas do IVA mais baixas da SADC.

A taxa única não trás apenas vantagens, uma das desvantagens é, sem dúvida, a
ligada com as classes com um rendimento mais baixo, que no caso de Angola são mais
da metade da população. Para esta classe que tem a totalidade dos seus rendimentos
virados para o consumo torna-se quase incomportável uma taxa única, nota-se na prática
tal mudanças, entretanto o legislador criou as isenções para os produtos considerados
por este essenciais, cabe saber se na prática tal solução tem tido bons resultados.

5- As vantagens do IVA em Angola

Este imposto tem a capacidade de impedir o aumento da evasão fiscal em


comparação com outros impostos que incidem sobre o consumo. E, por se provar ser
um imposto mais justo para todos os níveis de consumidores, as vantagens da sua
adopção por parte dos governos torna-se tentadora.

Impede a “dupla tributação”.

Os impostos sobre o consumo, com excepção do IVA, por vezes, permitem a


dupla tributação, pois o imposto cobrado em cada uma das fasesadicionado ao preço. O
Imposto do Consumo actualmente em vigor em Angola implica a cascata do imposto,
ou seja, como o imposto de consumo incluído nas compras não é dedutível, haverá um
acréscimo do valor sujeito a imposto na fase seguinte.

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O IVA impede esta “dupla tributação”, por ter uma taxa que se aplica apenas ao
valor acrescentado em cada fase do processo. Por exemplo, com uma taxa de IVA de
14%, quando um supermercado vende 1.000Kz em mercadoria, ele entregará ao Estado
Angolano 140Kz subtraído do valor de IVA que ele suportou na compra das
mercadorias ao produtor.

O próximo operador na cadeia de valor, por exemplo um restaurante que venda


refeições no valor de 5.000kz, irá entregar ao Estado 560Kz, pois já pagou 140 Kz ao
supermercado.

Reduz a Evasão Fiscal

À semelhança do que acontece em outros países, a economia informal é uma


realidade constatada e verificada pelos cidadãos, empresas e Estado angolanos.

Um dos objectivos da implementação do IVA em Angola é o combate à evasão e


a fraude fiscal. Com base nisto, o contributo do IVA para este objectivo virá da emissão
de documentos por parte dos operadores económicos. Partindo do princípio que as
vendas de alguns serão as compras de outros, a AGT terá ferramentas para aferir as
entidades que exercem uma qualquer actividade comercial, industrial ou até de
prestação de serviços e não estão a cumprir com as suas obrigações fiscais,
nomeadamente, em sede de IVA. Outro patamar que ajudará no combate à evasão fiscal,
será a necessidade de as entidades cumpridoras suportarem as suas compras em
documentos de compra emitidos pelos seus fornecedores, segundo o regime das facturas
e documentos equivalentes. O que obrigará, com certeza, ao cumprimento das regras
fiscais no processo de facturação para os fornecedores. Ou seja, um contribuinte irá
controlar o outro contribuinte.

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Conclusão

O nosso trabalho debruçou-se sobre a importância do IVA em Angola, tendo


sido uma das nossas preocupações explicar de forma sucinta qual é a estrutura do
imposto dentro deste território.

Encontramo-nos, enquanto angolanos, na linha de necessidades de mudanças,


onde o bem-estar da população deve ser de uma vez por todas posto a prioridade e
deixemos de olhar para as nossas satisfações pessoais. Angola enfrenta tempos difíceis e
são medidas como estas que ajudam no desenvolvimento económico da população.

Por último, mas não menos importante, devemos ter atenção à distribuição das
receitas obtidas, para que a razão de ser de um imposto, não seja esquecida e as
necessidades básicas da população sejam o alvo principal.

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Referâncias Bibliográficas

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