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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA

Criado pelo Decreto nº 24/07 do Conselho do Ministros, em 07 de Maio de 2017


DEPARTAMENTO DE CIÊNIAS SOCIAS E HUMANAS
CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE

ECONOMIA

INCIDÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO IVA NAS


FAMÍLIAS ANGOLANAS

LUANDA 2022/2023
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA
Criado pelo Decreto nº 24/07 do Conselho do Ministros, em 07 de Maio de 2017
DEPARTAMENTO DE CIÊNIAS SOCIAS E HUMANAS
CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE

ECONOMIA

INCIDÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO IVA NAS


FAMÍLIAS ANGOLANAS

Trabalho apresentado ao Curso de Contabilidade, do


Instituto Superior de Angola – ISTA, como
requisito de avaliação na cadeira de Economia

Docente
_________________________
Mário Macuéria
INTERGRANTE DO GRUPO
Nome do/a discente Apresentação Trabalho Total
Zacarias Fernando de oliveira
Henoc Fernando Zanga
Rebeca Gertrudes Cativa
Lau David LuisTumua
Wilson Corado António
Tania Marisa Gaspar Jorge
Zumira Pinto Mateque
Victor Dala Nicolau
Jussofi Domingos
Isabel Serafim
Francisca Gamboa Curso: Contabilidade
1º Ano
Período: Manhã
Turma: B
ÍNDICE
I. DEDICATÓRIA
II. EPÍGRAFE
III. AGRADECIMENTOS
IV. RESUMO
V. Lista de abreviatura
VI. INTRODUÇÃO
VII. • OBJETIVOS GERAL:
VIII.• ESPECÍFICOS:
IX. • METODOLOGIA DA PESQUISA
X. JUSTIFICATIVA
XI. CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
XII. ISENÇÕES VANTAGENS DO IVA
XIII. DESVANTAGENS DO IVA
XIV.Incidência
XV. CONCLUSÃO
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho a toda nossa família em geral, pela força,


coragem e apoio financeiro em toda essa trajetória académica, e
também pela oportunidade proporcionada de realizar o presente
trabalho, a todos os professores e estudantes do curso de
Contabilidade, em especial o nosso professor Mário Macuéria, da
Cadeira em questão.
EPÍGRAFE

"Quando o mundo estiver unido na busca do


conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder,
então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo
nível."
Augusto Cury (2016 , p2)
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, ao bondoso Deus por ter nos dado a oportunidade de desfrutar esta maravilha que é a vida.
Carinhosamente, aos nossos familiares, pelo amor incondicional, ensinamentos e apoio, todo o incentivo,
encorajamento e afinidade.
Agradecemos especialmente, a Coordenação do Curso de Contabilidade do Instituto Superior Técnico de Angola
(ISTA), e ao seu corpo docente. Aos colegas que conosco trabalharam o mesmo caminho. E por fim, a todos aqueles que, de
uma maneira ou de outra, contribuíram para a concretização desta pesquisa.
RESUMO
Este presente trabalho tem como finalidade o estudo do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), INCIDÊNCIA DA
IMPLEMENTAÇÃO DO IVA NAS FAMÍLIAS ANGOLANAS.

Trata-se de um estudo que tem como propósito, não apenas dar a conhecer o regime jurídico deste imposto em diversas
instâncias, mas também saber quais são os impactos que este imposto tem na gestão da economia das familias angolanas.
.
Verificar a importância e o contributo do IVA para à receita fiscal angolana e saber como é que às familias se adaptaram
com o mesmo, visto que é um imposto que vigora desde 01/10/2019.

Apresentar o por quê a implementação do mesmo no nosso País, tendo em conta que o IVA veio substituir o imposto de
consumo que vigorava no nosso País, e poderemos fazer uma resenha histórica do mesmo.

Palavras - chave: IVA, Famílias.


Lista de abreviatura

IVA - Imposto sobre Valor Acrescentado

AGT - Admistração Geral Tributaria

GTIIVA - Grupo Técnico de Implementação do Imposto sobre


Valor Acrescentado

OGE - Orçamento Geral do Estado

CIVA - Código do Imposto sobre Valo Acrescentado

IC- Imposto de Consumo


INTRODUÇÃO
O presente trabalho vai ajudarmos a termos uma visão mais clara ou mais elucidada sobre o
tema em questão, INCIDÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO IVA NAS FAMÍLIAS
ANGOLANAS.

Sem necessariamente conhecer a sua verdadeira estrutura ou os princípios sobre que assenta, o
cidadão comum identifica o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) como um montante
adicional que aparece discriminado, invariavelmente ou num talão ou numa factura, sempre que
adquire um bem ou alguém lhe presta um serviço, montante esse que inflaciona o preço a pagar.
Mas o mesmo cidadão nem sempre tem consciência do encargo que suporta, pois quando negocia
um preço, quando paga uma factura, a sua atenção é dirigida ao montante final a pagar, sem
atender ao imposto nele incluído.

O exercício de tentar antecipar as repercussões da implementação de um determinado imposto


num determinado país é sempre interessante para um Fiscalista. Este interesse é ampliado ao tratar-
se de um imposto com a complexidade do IVA.
• OBJETIVOS GERAL:

Analisar o impacto da implementação do IVA,na gestão da economia das Famílias Angolanas.


• ESPECÍFICOS:
 Descrever o impacto do IVA, na economia das Famílias;
 Identificar o regime jurídico do IVA;

• METODOLOGIA DA PESQUISA

• Pesquisa bibliográfica:
A fundação teórica sera desenvolvida a partir de materiais publicadas em livros, artigos, dissertações e teses sobre o
tema, INCIDÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO IVA NAS FAMÍLIAS ANGOLANAS.

.
JUSTIFICATIVA
Este tema vem a esclarecer aspetos no que concerne incidência da Implementação do IVA nas
Famílias Angolanas, considerando desde logo que o IVA é um imposto cuja base conceptual
provém da economia.
CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O sistema fiscal Angolano


A doutrina apresenta três grandes tipos de sistemas fiscais, que podem agrupar-se segundo critérios que atendem quer ao grau
de desenvolvimento quer ao sistema socioeconómico. Assim, como bem nos ensina Sousa Franco, "existem os sistemas fiscais das
economias capitalistas desenvolvidas, economias subdesenvolvidas e os sistemas fiscais socialistas coletivistas".

São características dos sistemas das economias desenvolvidas de mercado a pressão fiscal alta, elevada eficiência do sistema
fiscal, elevado rendimento da administração financeira e a complexidade do sistema fiscal. Os sistemas fiscais das economias
subdesenvolvidas caracterizam-se por um fraco rendimento, preponderância dos impostos indiretos, peso excessivo da fiscalidade
externa (em muitos países, e particularmente entre os exportadores de matérias-primas, regista-se uma tendência para fazer as
receitas públicas dependerem quase totalmente das receitas de exportação, com todas as vulnerabilidades que tal circunstância
provoca) e má administração financeira.

De facto, normalmente existe nestes países uma administração pouco eficiente, por vezes pesada em efetivos, ao que acresce
muitas vezes a circunstância de as próprias leis fiscais herdadas de situações coloniais serem inadequadas às estruturas
económicas e às necessárias políticas de desenvolvimento. Além disso, são sistemas com pessoal técnico pouco especializado.
Finalmente, temos os sistemas fiscais das economias socialistas coletivistas, que reúnem as seguintes características: são sistemas
ligeiros, a fiscalidade está ao serviço da planificação, predominam os impostos indiretos e são sistemas relativamente simples.
Já para Pierre Beltrame, Richard Musgrave e Manuel Henrique de Freitas Pereira (2013), existe outra classificação,
que divide os sistemas fiscais em sistemas fiscais dos países industrializados e sistemas fiscais dos países em
desenvolvimento. É nestes últimos que podemos facilmente encontrar o sistema fiscal angolano. Nos sistemas fiscais dos
países industrializados, o nível de fiscalidade é medido pela relação entre receitas fiscais e produto interno bruto. O
sistema fiscal é constituído por vários impostos, cujo peso no total se encontra relativamente repartido entre eles.

Nestes sistemas, o imposto sobre o rendimento das pessoas singulares assume grande importância, pelo facto de o
nível de industrialização e o fenómeno do urbanismo permitirem a existência de um elevado volume de população ativa
trabalhando por conta de outrem e criando importantes fluxos de aplicações de capitais. Do ponto de vista técnico e de
organização, são sistemas com certo grau de sofisticação.

Já no outro prisma, nos sistemas fiscais dos países em vias de desenvolvimento, o nível de fiscalização é baixo e a
estrutura fiscal assenta em grande medida nos impostos indiretos e sobretudo nos impostos relacionados com o comércio
externo, em especial a exportação. A organização da administração fiscal é incipiente e a legislação fiscal, muitas vezes,
herdada do tempo colonial.
O IVA é um imposto cuja base conceptual provém da economia.

Segundo Samuelson e Nordhaus(1999) “O valor acrescentado é a diferença entre as vendas duma empresa e as suas
compras de matérias-primas e de serviços de outras empresas.”
O valor acrescentado é constituído pelos salários, juros e lucros acrescentados à produção pela empresa ou sector de
atividade.

O IVA é um imposto Indireto que tributa o valor acrescentado nas transmissões de bens e prestações de serviço.
Classificação do imposto

No que respeita à sua axiologia, o IVA classifica-se como um imposto plurifásico. A sua liquidação processa-se em
todas as fases de produção e distribuição dos produtos, ou seja, em toda a cadeia de fornecimento, na qual se incluem o
produtor, o grossista e o retalhista.

O imposto é fraccionado por todos os operadores que participam nesse mesmo circuito.
Porém, é sobre o consumidor final, na qualidade de verdadeiro suportador económico do imposto, e titular da
capacidade contributiva, que recai, de facto, o ónus do seu pagamento. O sujeito passivo, que vendeu um bem ou prestou
um serviço ao consumidor final, apenas está obrigado a liquidar e a cobrar a este último, determinada quantia a título de
imposto. Quantia essa, sobre a qual o sujeito passivo deve deduzir os montantes por si devidos ou pagos a título de
imposto que incidiu sobre os seus inputs, e apurar o seu resultado líquido que deve entregar nos cofres do Estado. Por isso,
com o propósito de tributar apenas o consumo, este imposto afigura-se neutro para o sujeito passivo que exerce uma
atividade económica.
Taxas percentual do IVA de diferentes realidades de Africano

Ao optar pela implementação do IVA em substituição do imposto de consumo elegeu o modelo de taxa única de 14% para
o regime geral e de caixa, de acordo com nº 1 do artº15 do CIVA e com uma exceção de 3º para Províncias mais ao norte de
Angola, Cabinda

A taxa do IVA, foi determinado em 14 % em Angola, no espirito do estudo realizado na região da SADC, pois Angola tem
por objetivo, aderir ao comércio transfronteriço. Dos 14 Países da SADC, Angola é o último a implementar o IVA. Nesta região
da África Austral, a taxa medida do Imposto sobre o Valor Acrescentado na SADC é de 15,97%, segundo o Grupo Técnico de
Implementação do Imposto sobre Valor Acrescentado, GTIIVA, sendo que Angola se fixou quase a dois percentuais abaixo da
média.

Entre a taxa mais baixa é a do Botswana com 12 % e a mais alta de Madagáscar com 20%, a taxa estabelecida por Angola,
etc. em conformidade com a de Lesoto e Suazilândia ambos com 14% e está a menos 1% da África do Sul, Namíbia, Zimbabwe
e das Ilhas Maurícias e Seicheles com 15%, menos 2% a RDC e Zâmbia com 16% e menos 3% que Moçambique com 17%.

A África do Sul maior potência económica da região. Foi o primeiro País a implementar o IVA e Moçambique, o primeiro
país africano de língua oficial portuguesa apartar pelo IVA.
ISENÇÕES

As isenções em IVA classificam-se em:


1. Simples ou incompletas - o operador econômico não liquida IVA nas suas operações mas também não
pode deduzir o imposto suportado nas suas aquisições;
2. Completas ou taxa 0 - o operador econômico não liquida IVA nas suas operações mas pode deduzir o
imposto suportado nas suas aquisições;
Estas isenções estão subdivididas em 4 grupos:
 Isenções nas operações internas;
 Isenções nas importações;
 Isenções nas exportações;
O IVA só é dedutível quando mencionado em documento devidamente emitido nos termos legais, que
seja pago pela aquisição, importação ou utilização de bens ou serviços que visem a realização pelo sujeito
passivo de operações tributáveis ou das operações não tributáhveis previstas no CIVA; só os sujeitos
passivos de IVA que pratiquem operações tributáveis ou isentas com direito a dedução podem deduzir o
imposto suportado.

A autoridade tributária aglomerou os motivos de isenção de IVA por códigos.


Isenções internas

 Bens alimentares
 Medicamentos para fins profiláticos e terapêuticos;
 Transmissões de Livros físicos e digitais;
 Transporte coletivo de passageiros;
 Operações de intermediação financeira;
 Operações de seguro e resseguro, de vida
 Bens da indústria petrolífera;
 Jogos de Fortuna e azar;
 Locação dei móveis para fins habitacionais com exceção
dos serviços de hotelaria e similares;
 Operações sujeitas a sisa ainda que isentas;
Isenções nas importações

 Isenção nos custos:


 Importação de moedas, notas e ouro pelo BNA;
 Importações com o objetivo de acudir calamidades;
 Importações no âmbito das relações diplomáticas e consulares;
 Importações no âmbito de tratados e acordos internacionais que Angola seja parte
integrante;
 Bens alimentares;
 Bens da indústria petrolífera;

Isenções nas exportações

 Transmissões de bens de abastecimento abordo de embarcações se a aeronaves pertencentes


a companhias aéreas que fazem o tráfego internacional ou navegação em alto mar;
 Transporte coletivo de passageiro a nível internacional;
 No âmbito de tratado e acordos internacionais;
 No âmbito das relações diplomáticas e consulares
 Nas transmissões feitas com de Restinho a organizações internacionais e a seus membros;
Regimes do IVA

Existem três regimes do IVA que são:

1. Regime de Geral
2. Regime Simplificado
3. Regime Exclusão

Regime Geral

Estão enquadrados neste regime todos os contribuintes cadastrados na repartição Fiscal dos Grandes contribuintes, bem como
aqueles que voluntariamente solicitem a sua adesão a este regime, desde que verificados os requisitos previstos no artigos 62.º do
código do Imposto sobre valor Acrescentado; volume de negócios ou operações de importação igual ou superior a kz
350.000.000,00(nos 12 meses anteriores). Neste regime a empresa tem o IVA cobrado aos clientes e o IVA suportado que paga aos
fornecedores. Ainda nesse regime temos três situações:

 Se o IVA cobrado ao cliente, for maior que o suportado (ou seja pago ao fornecedor) logo a empresa tem a obrigação de
contabilizar o IVA e pagar tanto o suportado como o cobrado.

 Se o IVA cobrado aos clientes for menor que o IVA suportado, logo a empresa não pode pagar o IVA.

 Se o IVA cobrado ao cliente for igual ao IVA suportado (ou seja pago ao fornecedor a empresa também não paga o IVA.
Regime Simplificado

Estão enquadrados neste regime todos os contribuintes com um volume de negócios ou operações de importações igual ou
inferior a kz 350.000.000,00(nos 12 meses anteriores). Pois nesse regime simplificado ou transitório as empresas pagam o IVA
com uma percentagem de 7% no acto que recebe do cliente, ele não cobra o mas paga o IVA sobre o recibo do cliente, mas
também pode deduzir o IVA suportado.

Regime de Exclusão

Estão enquadrados neste regime todos os contribuintes que possuem um volume de negócios ou operações de importações
inferior a kz 10.000.000,00.
Pois nesse regime as empresas pagam o IVA suportado quando vai comprar em seus fornecedores inscritos no regime geral,
embora que nesse regime as empresas apenas pagam o imposto de selo e o imposto de consumo.

VANTAGENS DO IVA

Com a implementação do IVA permitirá o alargamento da base tributária. E isto acontecerá não só porque a abrangência
setorial é maior quando comparada com a do Imposto de Consumo, mas também porque todos os agentes económicos a actuar
no
mercado passarão a estar envolvidos, na medida em que para que um agente económico possa deduzir o IVA pago na
aquisição de um bem ou serviço, deverá obrigatoriamente ter em sua posse uma factura com a indicação do mesmo. E para que
tal aconteça, o seu fornecedor deverá emitir faturas com IVA através de um software devidamente acreditado pela AGT, e
assim sucessivamente em toda a cadeia de valor.

O próprio mercado acaba por se autofiscalizar numa primeira instância: o operador económico não só controla que o
fornecedor emite a factura (sendo, desta forma, obrigado a liquidar o IVA), como comunica ao Estado a realização da operação
e o valor do IVA que lhe foi liquidado.

As vendas de uns serão as compras de outros, e que estas operações carecem de registo informático e documental e de
devida comunicação à AGT, esta Instituição terá ferramentas para identificar as entidades que não estão a cumprir com as suas
obrigações fiscais, nomeadamente em sede de IVA. Para além disso, todas os agentes que operem no mercado informal
passarão a ser considerados como “consumidores finais” na relação que estabelecem com a economia formal, sendo, por isso,
menos competitivos que os seus pares, uma vez que não poderão deduzir o IVA que liquidarão nas compras que realizarem.
Esta poderá ser uma forma de os aproximar e integrar no mercado formal, o que, mais uma vez, levará ao alargamento da base
tributária.

O IVA vem colmatar e impedir esta dupla tributação, uma vez que irá incidir apenas sobre o valor que uma operação
acrescenta ao circuito económico, deduzido do valor pago anteriormente.
DESVANTAGENS DO IVA

Por um lado, se podemos considerar o IVA como um imposto neutro sobre os vários agentes que integram um determinado
circuito económico e sobre os preços, por outro lado, ao incidir numa taxa única (14%) sobre todos os bens e serviços, este
imposto acaba por tornar-se mais oneroso para as camadas da população com menores níveis de rendimento – progressividade
do imposto –, uma vez que o seu peso no rendimento das mesmas será maior face a outras camadas da população com
rendimentos superiores.

No entanto, para atenuar esta questão, o Estado Angolano decidiu isentar alguns sectores e produtos da aplicação do IVA,
sectores e produtos esses que, tendencialmente, representarão grande parte das despesas de um agregado familiar com menores
rendimentos e que se constituem como bens públicos e passíveis de não-exclusão (no caso da Saúde e Educação). São exemplo
de alguns deles: sector da Educação, sector da Saúde e alguns itens da cesta básica considerados de primeira necessidade.

Há, entretanto, um outro aspecto que deve ser referido: o facto de determinados sectores serem isentos de IVA não deve ser
considerado um fator positivo em toda a sua plenitude, na medida em que realizando operações isentas de incidência deste
imposto, e caso um agente económico dessa cadeia de valor tenha suportado IVA em algum momento do processo, esse agente
não poderá deduzir o imposto a montante, o que significa que este valor irá acrescer aos seus custos operacionais. Como
exemplos de agentes económicos que poderão vir a ser afetados por esta questão pode-se referir os bancos e seguradoras.
Uma outra desvantagem apontada a este imposto relaciona-se com o elevado custo de cumprimento para os agentes
económicos, na medida em que o mesmo exige que estes cumpram uma série de requisitos e procedimentos burocráticos
para garantir que toda a cadeia de valor realiza a liquidação e dedução do IVA e respectiva comunicação à AGT.

Ora, estes novos procedimentos exigem que as empresas despendam tempo, num momento inicial, a formar os seus
colaboradores de forma a que estejam alinhados com as novas práticas instituídas e à realização de investimento em
software específico para o efeito e, posteriormente, à internalização de novos procedimentos nas suas atividades correntes
com os custos que daí advém. Para além disso, o não cumprimento dos prazos e dos requisitos fixados poderá levar a
penalizações, de forma a de incentivar possíveis tentativas de contorno da lei.

Incidência

Passa a incidir sobre a produção em angola de mercadorias ou bens, assim como sobre a sua importação, a
arrematação ou venda de mercadorias ou bens pelas autoridades aduaneiras ou por outros serviços públicos, a utilização de
bens ou matérias-primas fora do processo produtivo que tenham já beneficiado da desoneração de imposto, o consumo de
água e energia, os serviços de telecomunicações, os serviços de hotelaria e outras atividades a si conexas ou similares,
locação de áreas especialmente preparadas para recolha ou estacionamento de veículos, locação de máquinas ou outros
equipamentos, bem como os trabalhos efectuados sobre bens móveis corpóreos, excluindo as que pela sua natureza se
considerem royalties nos termos do código do imposto de aplicação de capitais.
Locação de áreas preparadas para conferências, colóquios, exposições, publicidade ou outros eventos, serviços de
consultoria, serviços fotográficos, de revelação de filmes e tratamento de imagens, serviços de informática e construção de
páginas de internet, serviços portuários e aeroportuários e de despachantes, serviços de segurança privada, serviços de turismo
e viagens prestados por agências de viagens ou operadores
turísticos equiparados (nestes casos, ficam excluídos o valor de quaisquer passagens, reservas ou quaisquer outros bens ou
serviços vendidos pelos operadores, em seu nome ou em nome de terceiros), serviços de gestão de cantinas, refeitórios,
dormitórios, imóveis e condomínios, acesso a espetáculos ou eventos culturais, artísticos ou desportivos, aluguer de viaturas,
transportes marítimos e aéreos de passageiros, cargas e contentores, inclusive armazenagem relacionada com estes transportes,
desde que realizados exclusivamente em angola.

Ficam excluídos do imposto os produtos agrícolas e pecuários não transformados, produtos primários de silvicultura,
produtos de pesca não transformados e os produtos minerais não transformados. O pagamento do IC deve ser feito pelo sujeito
passivo mensalmente respeitante ao imposto de consumo liquidado no mês anterior.
CONCLUSÃO

O nosso trabalho debruçou-se sobre a implementação do IVA em Angola, tendo sido uma das nossas preocupações
explicar de forma sucinta qual é a estrutura do imposto dentro deste território, e como territórios com boas relações com
Angola lidaram com o mesmo. Os aspetos económicos foram também analisados.

As vantagens do IVA são inegáveis, a possibilidade da adoção de taxas moderadas e a respetiva distribuição por vários
sujeitos passivos, veta, em princípio, efeitos inflacionistas, provocados com os impostos cumulativos. O IVA dá uma
sensação de efeito de anestesia fiscal, não estimula o recurso à fraude ou à evasão fiscal tanto como os outros sistemas de
tributação, uma vez que a cada fase corresponde um montante reduzido de imposto.

Traz, sem dúvida, um aumento exponencial das receitas fiscais, a sua natural neutralidade interna e internacional, que
torna a carga tributária igual, independentemente do sistema de produção e de comércio, facilita o progresso tecnológico por
supressão do incentivo à integração vertical. Um imposto com tamanhas vantagens não poderia de forma alguma ficar de
fora do leque de impostos angolanos, ainda mais com a reforma tributária que o país enfrenta e necessita.
Encontramo-nos, enquanto angolanos, na linha de necessidades de mudanças, onde o bem-estar da população deve
ser de uma vez por todas posto a priori e deixemos de olhar para as nossas satisfações pessoais. Angola enfrenta tempos
difíceis e são medidas como estas que ajudam no desenvolvimento económico da população.

Sim, as vantagens do imposto são inconfundíveis, é, no entanto, importante tomarmos notas sobre a legislação que
tem sido aplicada. A professora Clotilde Palma chama a atenção para as questão da incidência subjetiva dos órgãos
públicos, que na letra da lei, o legislador no art.º 4.º, n.º 2 vem dar exceção a alguns casos em que o Estado não atua como
sujeito passivo de IVA, o que de uma certa forma causa impasse na aplicação do imposto, o que a levou a chamar de
delimitação negativa da incidência, pois fica por responder: quando é que o Estado está a usar do seu ius imperi? Em
quais circunstâncias estamos na presença de uma distorção na concorrência?

Questões que são muitas vezes difíceis de responder na prática, pois existe uma linha bastante ténue para a sua
resolução, pondo em causa a concorrência e a neutralidade do próprio imposto para estes casos.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Universidade de Lisboa (faculdade de Direito) Trabalho de fim do curso
De Mestrado em direito e Pratica Jurídica /especialidade de direito financeiro e Fiscal
Tema: Implementação do IVA em Angola Vantagens e Desvantagens
Autora do trabalho Stelvia Bernardo Guilherme.

Lisboa

2020
Referencias complementares www.google.com
Informações pontuais dos meios de difusões Nacionais.

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