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DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE E GESTÃO

A IMPORTÂNCIA DO PLANEAMENTO TRIBUTÁRIO NO


AGRONEGÓCIO: ESTUDO DE CASO APLICADO NA JARDINS DA YOBA.

ELABORADO POR: ELIAS JOSÉ HOSSI CHIVELA

LUBANGO, 2022
DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE E GESTÃO

A IMPORTÂNCIA DO PLANEAMENTO TRIBUTÁRIO NO


AGRONEGÓCIO: ESTUDO DE CASO APLICADO NA JARDINS DA YOBA.

Monografia para obtenção do grau


de licenciatura no curso de
economia, na especialidade de
Contabilidade e Fiscalidade

ORIENTADOR: ANA DE FÁTIMA FARO DE ALMEIDA, MSC.

LUBANGO, 2022
DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus pais Antonio Chivela (em memoria) e
Joaquina Donana, aos meus queridos irmãos pelo apoio e carinho imenso
que me foi dado, aos meus amigos e aos meus colegas de trabalho. De
igual modo, a todos que directa e indirectamente me apoiaram para a
concretização desse estudo.

I
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus por me ter dado saúde, paz de espirito, determinação, paciência
e discernimento, força de vontade, e coragem de vencer os obstáculos para continuar este trabalho e
permitiu que tudo isso sucedesse, ele que esteve presente ao longo da minha caminhada em todos os
momentos.

Palavras são poucas para descrever a minha gratidão, mesmo assim, aqui vão as minhas palavras de
agradecimento, a todos que apoiaram e contribuíram para o meu sucesso acadêmico, especialmente,
ao Pedro Chivela meu irmão, pela paciência, apoio, força e investimento que realizou em mim.
Agradeço a todos que sempre trouxeram paz e alegria, isto é minha mãe, meus irmãos, a Iracelma de
Matos, amigos, colegas da faculdade e aos meus colegas de trabalho pelo amparo e incentivo e por
estarem sempre ao meu lado, mesmo a vida ter-nos levado para caminhos diferentes.

Agradeço de coração e com máximo respeito e admiração ao Sr. Walter Fortunato, pela oportunidade
que me concedeu de crescer profissionalmente e academicamente e pelo apoio moral que sempre me
foi dado quando necessário.

Manifesto uma gratidão especial a todos os professores que com elevado estímulo me ensinaram o
abc da ciência e, sem os quais, eu não poderia nunca ter chegado até aqui.

Agradeço com elevado apraz ao Dr. Domingos Kalumana, pelo apoio incondicional na minha vida
profissional e académica. À professora Ana de Fátima Faro de Almeida, muito agradeço, pela
orientação e por facultar todos os meios para desenvolver esta monografia.

A todos, o meu muito obrigado!

II
EPÍGRAFE

“Só tem o direito de criticar aquele que pretende


ajudar”

(Abraham Lincoln)

III
RESUMO

As empresas instaladas em Angola, para ganharem maior competitividade, estão direccionando seus
esforços para, além de outros assuntos, também para o planeamento tributário e iniciativas para que
os efeitos da carga tributária vigente no país sejam reduzidos ao máximo, sem que com isso, fujam
do segmento da legislação que rege o sistema tributário do país. Assim, carga fiscal desempenha um
papel muito importante no agronegócio. O aumento da carga tributária desincentiva o investimento,
ou vice-versa. É nos actos de gestão praticados pelos dirigentes empresariais ou por aqueles que
detenham o poder de mando visando essencialmente às finalidades empresariais, podemos verificar
a necessidade de cada vez mais emergente a prática de actos visando à economia fiscal em virtude da
altíssima carga tribuária. Daí que os Empresários para aumentarem seus investimentos no
agronegócio têm que recorrer a especialistas que os ajudam a reduzir o ónus fiscal.

O objectivo deste trabalho é apresentar a importância do planeamento tributário no agronegócio, suas


vantagens seus principais conceitos e a contabilização dos activos biológicos, dentro do cenário actual
e entender o impacto que o mesmo apresenta na sua implementação por parte dos empresários uma
vez que sua a aplicação é de extremo interesse para os mesmos ajudando na maximização dos lucros
culminando assim com o aumento da sua riqueza.

Com o auxílio dos métodos utilizados e a análise efectuada aos dados, permitiu-se dar resposta ao
problema científico formulado e chegar a conclusões satisfatórias quanto ao impacto significativo do
alinhamento e domínio das normas fiscais no processo contabilístico e a adopção de melhores
práticas, no processo de tomada de decisão, relacionadas a essas matérias, a fim de trazer melhorias
a gestão da empresa em seus diversos domínios.

Palavras-chave: Contabilidade Agrícola; Sistema Fiscal Angolano; Desenvolvimento sustentável.

IV
ABSTRACT

The companies installed in Angola, in order to gain greater competitiveness, are directing their efforts
to, in addition to other matters, also to tax planning and initiatives so that the effects of the current
tax burden in the country are reduced to the maximum, without, escape the segment of legislation that
governs the country's tax system. Thus, tax burden plays a very important role in agribusiness. The
increase in the tax burden discourages investment, or vice versa. It is in the acts of management
practiced by business leaders or by those who hold the power of command essentially aimed at
business purposes, we can verify the ever-emerging need for the practice of acts aimed at tax savings
due to the very high tax burden. Hence, in order to increase their investments in agribusiness,
Entrepreneurs have to resort to specialists who help them to reduce the tax burden.

The objective of this work is to present the importance of tax planning in agribusiness, its advantages,
its main concepts and its accounting of biological assets, within the current scenario and to understand
the impact that it has on its implementation by entrepreneurs since its application is of extreme interest
to them, helping to maximize profits, thus culminating in an increase in their wealth.

With the help of the methods used and the analysis carried out on the data, it was possible to respond
to the scientific problem formulated and to reach satisfactory conclusions regarding the significant
impact of the alignment and mastery of tax rules in the accounting process and the adoption of best
practices, in the decision-making processes related to these matters, in order to improve the company's
management in its various domains.

Keywords: Agricultural Accounting; Angolan Tax System; Sustainable development.

V
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS

AIPEX Agência de Investimentos Privados e Promoção a Exportações


AGT Administração Geral Tributária
CC Código Comercial
CGT Código Geral Tributário
CIAC Código do Imposto sobre Aplicação de Capitais
CII Código do Imposto Industrial
CIRT Código do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho
CRA Constituição da República de Angola
DFs Demonstrações Financeiras
DR Demonstração de Resultados
IAS International Accounting Standards (Normas Internacionais de Contabilidade)
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Economico
OCPCA Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola.
PGCA Plano Geral de Contabilidade Angolano
POC Plano Oficial de Contas
RJFDE Regime Jurídico de Faturas e Documentos Equivalentes
SNC Sistema de Normalização Contabilística

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1. Taxas de reintegrações e Amortizações – Agricultura 25

VI
ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ...................................................................................................................................I

AGRADECIMENTOS........................................................................................................................ II

EPÍGRAFE......................................................................................................................................... III

RESUMO ........................................................................................................................................... IV

ABSTRACT ........................................................................................................................................ V

LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS............................................................................................... VI

LISTA DE FIGURAS E TABELAS ................................................................................................. VI

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. X

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 1

1 Gestão e Planeamento Fiscal ......................................................................................................... 1

1.1 Gestão Fiscal ........................................................................................................................... 1

1.1.1 Conceito de Gestão Fiscal ................................................................................................ 1

1.2 Planeamento Fiscal ................................................................................................................. 3

1.2.1 Conceito de planeamento fiscal ....................................................................................... 3

1.2.2 Planeamento Fiscal elemento da planificação estratégica ............................................... 5

1.2.3 O princípio da “Arm´s Length” no planeamento fiscal ................................................... 7

1.2.4 Importância do Planeamento Fiscal para a empresa ........................................................ 8

1.2.4.1 Os tributos na elisão fiscal......................................................................................... 9

1.2.5 Administração tributária no combate á concorrência fiscal prejudicial ......................... 10

1.2.5.1 A evasão fiscal......................................................................................................... 10

1.2.5.1.1 Características do relato fraudulento na evasão fiscal ...................................... 11

1.2.5.2 Medidas de prevenção da evasão fiscal por parte da Administração Tributaria


Angola.............................................................................................................................. 13

1.3 Formas de Financiamento no planeamento fiscal ................................................................. 14

2. Regime Contabilístico e Fiscal da Actividade Agrícola ............................................................ 16

VII
2.1 Conceito Geral ...................................................................................................................... 16

2.2 Actividade Agrícola .............................................................................................................. 17

2.2.1 Os Activos Biológicos ................................................................................................... 17

2.2.1.1 Transformação Biológicas ....................................................................................... 18

2.2.1.2 Gestão da Transformação Biológica ....................................................................... 18

2.2.2 Contabilidade dos Activos Biológicos e dos Produtos Agrícola ................................... 19

2.2.2.1 Reconhecimento dos Activos Biológicos na Contabilidade.................................... 19

2.2.2.2 Divulgação a efectuar nas Demonstrações Financeiras .......................................... 19

2.2.3 Regime dos activos biológicos da entidade (Fazenda) .................................................. 21

2.2.3.1 Reconhecimento dos activos biológicos na contabilidade ...................................... 21

2.2.3.2 Mensuração dos activos biológicos ......................................................................... 21

2.2.3.3 Activos biológicos consumíveis .............................................................................. 23

2.2.3.3.1 Regime contabilístico e fiscal das existências dos activos biológicos de


consumo ........................................................................................................................... 23

2.2.3.4 Activos biológicos de produção .............................................................................. 24

2.2.3.4.1 Regime contabilístico e fiscal das existências dos activos biológicos de


produção .......................................................................................................................... 24

CAPÍTULO 2. METODOLOGIA DO ESTUDO .............................................................................. 26

2.1. Tipo de Pesquisa .................................................................................................................. 26

2.2. Métodos Utilizados .............................................................................................................. 26

2.2.1. Métodos de Nível Teórico............................................................................................. 26

2.2.2. Métodos de Nível Empírico .......................................................................................... 26

2.2.3. Método Matemático-Estatístico .................................................................................... 27

2.3. Instrumentos para Recolha dos Dados ................................................................................. 27

2.4. População e Amostra ....................................................................................................... 27

2.4.1. Técnica de Amostragem................................................................................................ 28

2.5. Procedimentos para Análise da Informação .................................................................... 28

VIII
2.6. Limitações da Pesquisa ........................................................................................................ 28

2.7. Apresentação e Caracterização da Empresa ........................................................................ 28

CAPÍTULO 3. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA


INVESTIGAÇÃO .............................................................................................................................. 30

3.1 Análise e Discussão dos Resultados ..................................................................................... 30

3.1.1 Do Inquérito ................................................................................................................... 30

3.1.2 Da Informação Técnica .................................................................................................. 33

CONCLUSÕES ................................................................................................................................. 38

SUGESTÕES ..................................................................................................................................... 39

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................... 41

ANEXOS ........................................................................................................................................... 44

IX
INTRODUÇÃO

Com o alargamento da base tributária e a reforma fiscal do Estado para maximização das receitas
angolanas, tem exigido das empresas mais planeamento, organização e controlo, isto é, no âmbito
económico, contabilístico e fiscal de forma a dar resposta a dinâmica tributária do país.

Na verdade, além de se assumirem como uma verdadeira fonte do Estado de Direito e Democrático,
os impostos constituem um dos pilares essenciais da construção do um sistema de bem-estar
constitucionalmente previsto e garantido, na medida em que sem a sua existência dificilmente as
prestações jurídicas (tais como: aprovação de diplomas normativos como leis, decretos-lei,
regulamentos) e materiais (construção e manutenção de escolas, hospitais e habitações, atribuição de
pensões ou subsídios, etc.) que os actores públicos estão obrigados a efectivar, não seriam levadas à
consecução. (Nabais, 2009)

Neste contexto, e por estes motivos, a não declaração fiscal ou subtracção ao pagamento dos
impostos, além de consubstanciar a violação de um dever fundamental constitucionalmente previsto,
evidencia uma patologia ética, pois as pessoas ou entidades que assim procedem frequentemente
adoptam um comportamento não deixam de beneficiar dos bens públicos e semi-públicos produzidos
pelo Estado, já que estes, na grande generalidade dos casos (pense-se, por exemplo, no tratamento do
ar ou na iluminação pública), assumem propriedades não excludentes e produzem utilidades de
natureza indivisível.

Por outro lado, a protecção da esfera jurídica dos contribuintes (garantias dos contribuintes, princípio
da legalidade e o direito da resistência fiscal), conseguida precisamente pela via da imposição de
limites ao poder tributário. Tal protecção ganha corpo no reconhecimento de determinados princípios
jurídicos fundamentais que, de um modo mais ou menos unânime, são vulgarmente reconhecidos
pelos diversos Ordenamentos/Constituição da República de Angola (CRA) e que, de acordo com uma
metodologia meramente expositiva. (Sanches J. L., 2006)

Assim sendo, muitos especialistas na matéria de Fiscalidade usam de uma forma correcta esse direito
de liberdade fiscal e as garantias dos contribuintes para reduzir a carga fiscal de uma forma justa,
sustentável e a luz dos normativos legais, com intuito de aumentar a riqueza das empresas (e as dos
detentores dos capitais) e consequentemente a sociedade em geral.

X
A agricultura e a pecuária estão entre as principais atividades em Angola. Estes setores são
responsáveis pelo abastecimento alimentar da população urbana, que cresce aceleradamente, e pela
geração de produtos para exportação, como é pretendido nos planos do Executivo da diversificação
da economia e a independência dos produtos da cesta básica, uma vez que o nosso país tem um grande
potencial agrícola que está adormecido e muito poderá movimentar o PIB e a economia no país. Para
os profissionais da área, é essencial saber o valor de seus ativos e como mensurá-los. Mas, além dos
ativos tangíveis e intangíveis, é necessário mensurar também os ativos biológicos que consistem,
basicamente, em plantas e animais vivos. Os principais conceitos relacionados aos ativos biológicos
e a maneira de calculá-los são padronizados pela IAS 41 – Agricultura.

Porém, o ativo biológico é facilmente reconhecido, entretanto, sua mensuração é complexa. Segundo
a IAS 41, um produtor agrícola deve reconhecer um ativo biológico ou produto agrícola quando
controla o ativo como resultado de eventos passados, for provável que benefícios econômicos futuros
associados com o ativo fluirão para a entidade e quando o valor justo ou o custo do ativo poder ser
mensurado com fiabilidade.

O presente projecto de monografia surge com a pretensão de explicar e dar a conhecer a importância
do planeamento tributário no agronegócio e estabelecer a sua relação com os termos Elisão, Evasão
e Fraude Fiscal e a mensuração dos Activos Biológicos a luz da IAS 41 – Agricultura.

Justificação da Investigação
Considerado a base para o desenvolvimento do país e factor decisivo na diversificação da economia,
o sector da agricultura é um estimulador do desenvolvimento de outros sectores económicos através
da criação de excedentes que podem ser transformados e comercializados. Neste contexto, apoiando-
se na ideia do Executivo de desenvolver acções viradas na intensificação à produção agrícola,
pecuária e florestal, a implementação de programas de fomento da actividade produtiva, de
desenvolvimento da agricultura familiar que muito ajuda as grandes economias e de apoio à produção
animal, nomeadamente através de reabilitação e de construção de infraestruturas, do fornecimento de
factores de produção e da prestação de apoio técnico aos produtores em articulação com o sector
privado.

Assim, o presente tema será abordado pois é um desafio para cada investidor, empresário e
empreendedor no sector em análise, uma vez que muito em detrimento da não informação dos vários
benefícios fiscais e económicos que a lei proporciona para estimular este sector e alavancar a nossa
economia. Deste modo, as empresas precisam estar preparadas para elaborar planos fiscais, de forma

XI
a reduzir a carga tributaria e ajudar aumentar excedentes que muitas vezes têm como fins, na criação
de empregos e outros de caracter sociais que muito ajuda o Estado nas suas tarefas com os cidadãos.

Um outro desafio que será abordado é o da contabilização dos activos biológicos na nossa realidade
económica, uma vez que o PGC nos remete para as Normas Internacionais de Contabilidade
relativamente a seu reconhecimento e mensuração. Daí verifica-se a importância do planeamento
tributário no agronegócio.

Problema de Investigação
Qual é a importância do planeamento tributário no agronegócio?

Objectivo Geral

O presente trabalho tem como objectivo geral identificar a importância do planeamento tributário no
agronegócio.

Objectivos Específicos
 Apresentar a necessidade que a empresa tem na elaboração do planeamento fiscal, de modo a
poupar a sua carga fiscal;
 Identificar a partir do balanço o método para o reconhecimento e mensuração dos activos
biológicos e dos produtos agrícolas;
 Analisar o dossiê permanente, corrente, fiscal e os relatórios e contas da empresa em análise
para verificar a sua situação fiscal;
 Elaborar o relatório que facilita nas decisões dos gestores ou empresários, face o planeamento
fiscal de a forma a proporcionar um desenvolvimento sustentável nas empresas.

Estrutura do Trabalho

O projecto de investigação que, ora se apresenta está estruturado em cinco capítulos, correspondendo
o primeiro com à introdução onde contextualiza-se o tema em estudo, uma breve descrição dos
objetivos bem como o problema a ser investigado.

O segundo capítulo esta relacionado ao enquadramento teórico “Revisão da Literatura” para


abordarmos os vários pontos existentes na literatura sobre a temática. Inicia com uma apresentação
sobre o tema posteriormente aborda a gestão e planeamento fiscal, conceitos, caracterização e a sua
importância. Aborda ainda temas como: evasão fiscal, maximização da eficiência fiscal, medidas de

XII
prevenção da evasão fiscal, regime contabilístico e fiscal da actividade agrícola e os activos
biológicos.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada, de modo a explicar, entre outros aspectos, o
tipo de pesquisa, os métodos utilizados, bem como os instrumentos de pesquisa. De seguida no
próximo capítulo, dedicamo-nos a devida apresentação, análise e discussão dos resultados obtidos,
uma pequena demonstração prática sobre como este instrumento pode ser muito mais do que um
instrumento fiscal, pode ser um instrumento estratégico para a gestão.

Finalmente, no último capítulo, empenhamo-nos, conforme nossa tarefa científica, em tecer algumas
sugestões para a empresa e outras que se revêm nesse estudo e queiram ter performance em suas
actividades. Por fim, incorpora-se às referências bibliográficas que permitira a fundamentação
teórica.

XIII
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1 Gestão e Planeamento Fiscal


1.1 Gestão Fiscal
1.1.1 Conceito de Gestão Fiscal
O conceito de Gestão Fiscal como actividade que, em face de um determinado objectivo, analisa de
forma crítica e comparativa os meios disponíveis e o seu tratamento fiscal, com vista à identificação
das opções disponíveis à escolha das mais adequadas, segundo uma lógica de maximização da
eficiência fiscal. Gestão Fiscal é uma questão de boa governação das empresas e é, nessa medida,
essencial ao desempenho da sua função primordial criar valor para os sócios ou accionistas
(Sequeira, 2016).

Esta Gestão Fiscal é tão importante quanto à actividade do planeamento fiscal. Reconhece-se, em
primeiro lugar, que as opções da empresa podem ser condicionadas de forma decisiva pelo seu
tratamento fiscal. Evidencia-se, depois, que as opções disponíveis compartam um nível de risco
diferente, que deve ser previsto e acautelado pela gestão da empresa. (Azevedo, 2011)

Assim sendo, podemos desdobrar este conceito em quatro pontos:

 A maximização da eficiência fiscal é o objectivo da actividade de Gestão Fiscal;


 A existência de um objectivo prévio e distinto da actividade da Gestão Fiscal propriamente
dita pretende destacar que esta é instrumental em relação à estratégia da empresa, servindo
para apoiar a sua concretização;
 A análise de meios disponíveis e do seu tratamento fiscal é a parte central da gestão fiscal,
uma vez que ela permite a identificação das opções disponíveis. Nessa medida, importa que
ela seja comparativa, de modo evidenciar as diferenças relevantes existentes entre diversas
opções, e que seja crítica, procurando identificar os custos e os riscos das opções;
 A identificação das opções é resultado da análise feita e realça o papel da gestão fiscal como
meio de apoio à tomada de decisão pela empresa.

Em face de um objectivo prévio que justifica a gestão, pretende-se que a empresa tenha uma opção
que maximize a eficiência fiscal da actividade ou operação que pretende desenvolver. Esta
maximização de eficiência é distinta da maximização da carga tributária.

1
Portanto, nos dias de hoje, o lucro de qualquer pessoa singular ou colectiva difere do conceito de
rendibilidade, onde este último conceito, a finalidade é de, mais um factor limitativo para a empresa
e para actividade empresarial no contexto da gestão fiscal. Os lucros não são a explicação, a causa,
os fundamentos lógicos do comportamento empresarial e das decisões de negócio, mas sim um teste
à sua validade.

“Se se sentassem arcanjos ao invés de empresários nas cadeiras de direcção, eles também deveriam
preocupar-se com à rentabilidade, apesar da sua total falta de interesse em gerar lucros. É o cliente
que determina o que é um negócio. Apenas o cliente, cuja disposição para pagar por um bem ou
serviço converte recursos económicos em riqueza e coisas em bens. Aquilo que o cliente compra
considera de valor nunca é apenas um produto, mas tem uma utilidade, o que o produto ou serviço
faz por ele. Assim, a finalidade última de um negócio é criar cliente”. (Krieck, 2010)

Em economia, o negócio é referido como um comércio ou empresa, que é administrado por pessoas
para captar recursos, para gerar bens e serviços, e consequentemente proporcionar a circulação de
capital giro entre os diversos sectores. Em apertada síntese, podemos dizer que se entende por
negócio toda e qualquer actividade económica com objectivo de gerar lucro, e quando gerar lucro,
nasce a obrigação fiscal, ou seja, o dever de pagar imposto. (Sequeira, 2016)

Etimologicamente, a palavra “negócio” deriva do Latim e quer dizer “negação do ócio”, ou seja,
“não-aceitação do descanso/desocupação”, não se trata de negócio financeiro ou comercial, mas sim
toda actividade humana que tem efeitos jurídicos e fiscais. (Drucker, 2013)

A tributação deve promover igualmente a estabilidade financeira do Estado, através da


diversificação das suas fontes de receitas. A obrigação do pagamento do imposto depende da
capacidade económica dos contribuintes (pessoa singular ou colectiva) revelada pelo rendimento ou
o património e sua utilização. A obrigação de pagamento de taxas e outras contribuições especiais
tem por base o princípio da equivalência, onerando os sujeitos passivos na medida dos custos que
estes provoquem ou dos benefícios que para neles resultem, em concretização de um princípio da
igualdade tributaria, ou seja, a tributação respeita os princípios da legalidade e da igualdade, isto
segundo o Código Geral Tributário.

O Executivo Angolano tem estado preocupado em estruturar um modelo tributário mais justo na
distribuição do rendimento económico e financeiro dos contribuintes. Neste sentido, a reforma
tributaria em curso é um dos principais instrumentos políticos que visa a modernização e
alavancagem da máquina fiscal Angolana.

2
1.2 Planeamento Fiscal

O planeamento fiscal busca reduzir ou diferir no tempo os custos tribuários utilizando os métodos
mais adequados para realizar os investimentos e os instrumentos financeiros. (Sanches J. L., 2006)

A gestão empresarial voltada para o planeamento estratégico tem importância fundamental para
garantir a competitividade no mercado mundial, nacional, regional e local.

Com o objectivo de reduzir e, até mesmo, evitar a incidência da carga tributária, os contribuintes,
principalmente empresários, buscam planear as suas actividades de modo a atenderem os princípios
da organização, do profissionalismos e da economicidade.

Pelo critério do profissionalismo, abrangem-se todas as actividades que, sendo económico e


organizadas, são exercidas habitualmente e sistematicamente, não se incluindo neste conceito as
empresas ocasionais. Já pelo critério economicidade, atingem-se as actividades referentes à criação
de riquezas, ou seja, bens e serviços para o mercado.

As pessoas jurídicas planeiam a gestão empresarial no sentido de buscar, licitamente, a menor carga
tributário possível. Assim, o planeamento fiscal é elemento fundamental, quanto um planeamento
económico, técnico, comercial, de mercadoria, deve ser inserido na gestão financeira da empresa e
preceder a qualquer novo negócio ou alteração empresarial. (Sequeira, 2016)

1.2.1 Conceito de planeamento fiscal


A constituição de empresas vem ganhando espaço nos modelos de planeamento fiscal, seja pela
redução de encargos fiscais, seja pela blindagem patrimonial.

Denomina-se “planeamento fiscal ou tributário” a análise do conjunto de actividades actuais ou dos


projectos de actividades económico-financeiras do contribuinte (pessoa física ou jurídica), em
relação ao seu conjunto de obrigações fiscais com o objectivo de organizar suas finanças, seus bens,
negócios, rendas e demais actividades com repercussões tributários, de modo que venham a sofrer
o menor ônus fiscal possível (Marins, 2002, p. 33).

Segundo (Sanches J. L., 2006, p. 21) “O planeamento fiscal (legítimo) consiste numa técnica de
redução da carga fiscal pela qual o sujeito passivo renuncia a um certo comportamento por este estar
ligado a uma obrigação tributária ou escolhe, entre as várias soluções que lhe são proporcionadas
pelo ordenamento jurídico, aquela que, por ação intencional ou omissão do legislador fiscal, está
acompanhada de menos encargos fiscais. O planeamento fiscal ilegítimo consiste em qualquer

3
comportamento de redução indevida, por contrariar princípios ou regras do ordenamento jurídico-
tributário, das ordenações fiscais de um determinado sujeito passivo.”

Planeamento Fiscal, qualquer esquema que determine, ou se espere que determine, de modo
exclusivo, a obtenção de uma vantagem fiscal por sujeito passivo de imposto, ou seja, é uma forma
de minimizar os custos fiscais, em que se terá de respeitar a lei de forma integral, procurando, no
entanto, negócios jurídicos com menor ou nula tributação1.

Assim podemos dizer que:

i. Esquema, qualquer plano, projecto, proposta, conselho, instrução ou recomendação,


exteriorizada de forma expressa ou tacitamente, objecto ou não de concretização em acordo
ou transacção.
ii. Vantagem Fiscal, a redução ou a eliminação de imposto ou a obtenção de benefício fiscal,
que não se alcançaria, no todo ou em parte, sem a utilização de esquema.

É nos actos de gestão praticados pelos dirigentes empresariais ou por aqueles que detenham o poder
de mando visando essencialmente às finalidades empresariais, podemos verificar a necessidade de
cada vez mais emergente da prática de actos visando à economia fiscal em virtude da altíssima carga
tribuária.

É a actividade desenvolvida pelo administrador em carácter preventivo com o objectivo de conhecer


dentre as opções legais existentes, qual traz o menor ônus tributário para a empresa. Uma técnica de
gestão que visa projectar as operações industriais, os negócios mercantis e as prestações de serviços,
visando conhecer as obrigações e os encargos tributários inseridos em cada uma das respectivas
alternativas legais pertinentes para, mediante meios e instrumentos legítimos, adoptar aquela que
possibilite, anulação ou adiamento do ônus fiscal (Shingaki, 2002, p. 33)

Segundo (Shingaki, 2002) existem três vias de planeamento fiscal:

1. Conversão de rendimento de um tipo para outro;


2. Mudança do rendimento de um bolso para outro;
3. Mudança de rendimento de um período para outro.

1
Decreto-lei 29/2008, de 25 de Fevereiro, que estabelece deveres de comunicação, informação e
esclarecimento à administração tributária sobre esquemas propostos ou actuações adoptadas que tenham
como finalidade, exclusiva ou predominante, a obtenção de vantagens fiscais, em ordem ao combate ao
planeamento fiscal abusivo. Legislação Portuguesa.
4
Procurar formas lícitas para reduzir o pagamento de tributos e ao mesmo tempo estar atento às
mudanças da legislação é uma necessidade imprescindível para a maximização dos lucros das
empresas, para a manutenção dos negócios e melhorar os níveis de empregos. Em época de mercado
competitivo e recessivo, de aumento da concorrência entre as empresas nacionais, o planeamento
tributário assume um papel de extrema importância na estratégia e finanças das empresas, pois,
quando se analisam as demonstrações financeiras das mesmas, percebe-se que os encargos relativos
a impostos, taxas e contribuições são, maioria dos casos, mais representativos do que os custos de
produção. (Martinez, 2010)

Planeamento fiscal trata-se, na verdade, de uma organização na vida do contribuinte (pessoa física
ou jurídica), que, atento às normas fixadas pela legislação tributária, escolhe os meios legais com
menor incidência tributária.

Segundo (Amaral, 2010) existem três finalidades do Planeamento fiscal:

1. Evitar a incidência do tributo: tomam-se providências com o fim de evitar a ocorrência do


facto gerador de tributo;
2. Reduzir o montante do tributo: as providências são no sentido de reduzir a base de cálculo
tributário;
3. Retardar o pagamento do tributo: o contribuinte adopta medidas que têm por fim postergar
o pagamento do tributo, sem ocorrência de multa.

Em suma, o planeamento fiscal correcto consiste, em procurar os meios legais de evitar ou


prostergar a incidência ou reduzir o montante do tributo possivelmente devido efectivamente. É
importante observar que o intuito de economizar tributos, além de não ser ilegal, representa, no caso
das pessoas jurídicas, até mesmo uma obrigação dos respectivos administradores, já que a estes
importa gerir os negócios da forma mais rentável possível.

1.2.2 Planeamento Fiscal elemento da planificação estratégica


Os contribuintes detêm liberdade de escolha para obter uma poupança fiscal, desde que esta
poupança seja obtida dentro dos limites legais. Tal situação redunda no chamado planeamento fiscal
legítimo situado na esfera da liberdade do contribuinte, mais propriamente legitimado pela livre
iniciativa económica das pessoas singulares e coletivas, alicerçada no próprio princípio do Estado
Fiscal.

5
Segundo (Santos A. C., 2008, p. 2), o sujeito passivo pode reduzir a sua carga fiscal, agindo:

a) Intra legem – quando a poupança fiscal é expressa ou implicitamente desejada pelo


legislador que estabelece normas negativas de tributação como exclusões tributárias,
deduções específicas, abatimentos à matéria coletável personalizadas, ou estabelece isenções
fiscais, zonas francas, etc.;
b) Extra legem – (elisão fiscal ou “tax avoidance’’) quando a poupança fiscal é obtida através
da utilização de negócios jurídicos que não estão previstos nas normas de incidência fiscal
e/ou que, estando previstos nessas normas, têm um regime menos oneroso;
c) Contra legem, quando a poupança fiscal resulta da prática de atos ilícitos

Para (Silva, 2006) e muitos outros autores, muitas pessoas consideram o planeamento fiscal
sinónimo de evasão e fuga ao pagamento de impostos de forma ilícita.

Ainda diz que o planeamento fiscal é entendido como uma prática só acessível a um pequeno grupo
de contribuintes que recorrem a mecanismos complexos de redução ou eliminação da tributação
como, por exemplo, a utilização de paraísos fiscais. Ou seja, o planeamento fiscal é encarado como
uma realidade distante e ao serviço daqueles que dispõem conhecimentos e meios financeiros para
o efeito. A análise e discussão dos principais mecanismos de planeamento fiscal, bem como dos
“remédios” ou medidas adotadas pela administração fiscal para combater alguns tipos de
planeamento fiscal mais agressivo remetem-nos para a tradicional imagem do jogo do “gato e do
rato”: o Estado define as regras e, de imediato, os contribuintes tentam encontrar meios de evitar a
tributação.

O sujeito passivo atual tem uma postura proactiva relativamente aos investimentos e despesas, ao
inserir uma variável fiscal nas suas decisões, e deste modo minimizar o custo fiscal que iria recair
sobre a operação, desde que isso reflita em aumento do rendimento após impostos. O objetivo de
aumentar o rendimento após imposto leva á que as empresas criam valor para a distribuição dos
sócios. Conforme se refere no Projeto do Código de Bom Governo das Sociedades, as “sociedades
devem ser geridas com o objetivo de criação sustentada de riqueza para os seus acionistas”. Mas o
objetivo de criar valores para os acionistas não devera ultrapassar os limites legais.

Segundo (Sanches J. S., 2008),a definição de tais limites foi feita em duas vias:

a) Pela via legislativa: criação da cláusula geral anti-abuso, no n.º 2 do artigo 38.º Lei Geral
Tributaria, que introduziu no ordenamento jurídico tributário a possibilidade de o juízo

6
administrativo sobre a natureza do negócio jurídico escolhido pelo sujeito passivo e a
intenção que presidiu a escolha do mesmo;
b) Pela via judicial, quando o Tribunal Constitucional rejeitou a conceção da tipicidade fechada
pronunciando sobre o grau exigível para as normas de previsão, veio permitir o uso pelo legislador
de tipo suficientemente aberto para neutralizar as formas mais elementares de fraude à lei
fiscal ou comportamentos abusivos.

Segundo (Pereira, 2018) quando se procede ao planeamento Fiscal, importa ter em linha de conta
três aspetos:

1. Uma abordagem multilateral: o planeamento fiscal deve tomar em consideração as


consequências fiscais para todas as partes envolvidas no negócio e nas transações;
2. A consideração quer dos chamados impostos explícitos (os que são pagos as autoridade
fiscais) quererem dos impostos implícitos ou ocultos (os que estão associados às condições
em que se efetivam as opções favorecidas fiscalmente, que podem implicar um eventual
menos rendibilidade antes de imposto dessas opções).
3. A importância dos custos fiscais já que certas opções podem minimizar os impostos a pagar
mas acarretar o aumento de outros custos.

1.2.3 O princípio da “Arm´s Length” no planeamento fiscal


Uma das formas do planeamento fiscal é o uso do princípio da “Arm´s Length”, cuja tradução é “à
distância de um braço”.

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) utilizou como


parâmetro, para a aplicação dos métodos de apuramento de operações empresas vinculadas, um
princípio que levou o nome de “arm´s length principle”. Tal princípio, tido como o princípio da
igualdade, consiste em tratar as empresas vinculadas pertencentes ao mesmo grupo multinacional,
como se fossem independentes. (Shouri, 2006, p. 10)

Ao analisar as condições do mercado, verifica-se que as operações entre empresas independentes


possuem seus preços fixados pelo mercado, enquanto as empresas pertencentes ao mesmo grupo
fixam seus preços livremente, sem um agente regulador, ou, de acordo com o pensamento de Adam
Smith, “sem mão invisível”, capaz de controlar e estabelecer as regras de mercado. (Sequeira, 2016)

O princípio arm´s length busca alcançar o valor da operação praticada entre pessoas relacionadas
como se estivessem a negociar em condições de livre comércio. Busca-se a comentada conversão
de valores “reias de grupo” em “reias de mercado”.
7
Em regra, sempre que uma empresa vende um bem ou presta um serviço a outra pessoa, deve ser
fixado um “preço correspondente”, e, quando as pessoas envolvidas são “partes vinculadas”, o preço
é chamado de “preço de transferência”.´ (Tôrres, 2001)

Aplicação do princípio para possibilitar um tratamento igualitário entre empresas.

Enquanto o Administrador Público só pode actuar segundo as condutas e os procedimentos


determinados na lei, aplicando-os de ofício, as pessoas privadas podem realizar negócios que
atendem os seus objectivos particulares, tendo com um único limite as normas proibitivas. São livres
para escolherem a estrutura societária que entenderem conveniente aos seus interesses (sociedade
por quotas, anónima, comandita, etc.) ou promoverem a abertura de filiais em qualquer parte do
território nacional. Podem optar pela compra, locação ou mesmo construção de estabelecimento, ou,
ainda, proceder à aquisição, locação ou arrendamento mercantil de bens.

1.2.4 Importância do Planeamento Fiscal para a empresa

A grande importância para uma empresa no planeamento fiscal é aplicação da Elisão Fiscal.

Elisão é a forma de evitar o pagamento de impostos e consequente redução da carga fiscal, de forma
lícita. A elisão fiscal visa evitar a incidência do tributo, adoptando-se medidas que evitem a
ocorrência do factor gerador, a redução do montante a ser pago, reduzindo-se a base de cálculo a ser
aplicada, e, ainda retardamento do pagamento do tributo, sem que isto implique a ocorrência de
multa para o contribuinte. (Sequeira, 2016)

A elisão fiscal é um conjunto de procedimentos previstos em lei ou não vedados por ela, que visam
diminuir o pagamento de tributos. O contribuinte tem o direito de estruturar o seu negócio da
maneira que melhor lhe pareça, procurando a diminuição dos custos de seu empreendimento,
inclusive dos impostos. Se a forma celebrada é jurídica e lícita, a administração tributária deve
respeita-la (Huck, 1997).

A elisão fiscal, como obra da criatividade e engenho dos planeadores tributários, aspira a uma
condição de legalidade que a distingue de evasão. Entretanto, é muito tênue a linha divisória
existente entre elas, não faltando quem já tenha sugerido uma análise conjunta dos dois institutos
devido a seu notável grau de semelhança, muitas vezes de complementaridade, e sobretudo pelo
impacto análogo que causam no sistemas tributários modernos. É certo que análise e o
enquadramento dos conceitos variam profundamente no cenário mundial, de país para país,
dependendo das leis internas e os tratados internacionais existentes, como também diferem em

8
função de ideologias políticas com que são analisados. Um planeamento tributário pode ser legal
em determinado país e ilegal noutro. (Martins, 2006)

Certas legislações consideram como fraude a simples frustração do objectivo da lei tributaria, ainda
que o agente se tenha utilizado de formas legais em seu acto de negócio. Não seria exagero afirmar
que a elisão distingue-se da evasão tão-somente por uma questão de tempo. Essa diferença é posta
não no sentido de que a fuga ou redução do imposto teria uma outra característica se ocorrida antes
ou depois da ocorrência do facto imponível, como antes já comentado, mas sim por uma questão de
tempo histórico, pois um planeamento tributário específico, em certo momento, pode ser
considerado como elisão fiscal, segundo um sistema tributário nacional e, sendo detectado e
identificado pelas autoridades fiscais, passa a ser por elas expressamente proibido, transformando-
se, desse ponto em diante.

A “elisão fiscal” configura-se num planeamento fiscal que utiliza métodos legais para diminuir o
peso da carga tributaria num determinado orçamento. Respeitando o ordenamento jurídico, o
administrador faz escolhas prévias (antes dos eventos que sofrerão agravo fiscal) que permitem
minorar o impacto tributário nos gastos do ente administrado. (Martins, 2006)

A elisão fiscal representa a execução de procedimentos, antes do facto gerador, legítimos, éticos,
para reduzir, eliminar, ou atrasar a tipificação da obrigação tributária, caracterizando assim, a
legitimidade do planeamento tributário. Elisão é uma conduta lícita do contribuinte antes da
ocorrência do facto gerador, que ele pratique sem que esteja revestida de nenhuma prática
simulatória, com a qual ele obtenha uma menor carga tributária legalmente possível.

Na elisão fiscal, através do planeamento, evita-se a ocorrência do facto gerador. E, por não ocorrer
o facto gerador, o tributo não é devido. Dessa forma, o planeamento não caracteriza ilegalidade,
apenas se usa das regras vigentes para evitar surgimento de uma obrigação fiscal, ou seja, é a
realização de operações que aparentem um negócio jurídico legítimo e valido, com único objectivo
de se obter os efeitos de causas daquele negócio para não recolher tributos ou diminuir a carga
tributária. (Dória, 2001, p. 49)

1.2.4.1 Os tributos na elisão fiscal


Quanto aos tributos na elisão fiscal, de acordo (Yamashita, 2005) podemos destacar os seguintes:

i. Os impostos têm impacto significativo e permanente nas transações das empresas, pelo que
a fiscalidade deve ser incorporada no seu processo de decisão.

9
É desta falta de neutralidade do sistema fiscal que surge a questão planeamento fiscal;

ii. O planeamento fiscal deve ser definido em função do seu objectivo e não do seu resultado,
significando que deve ser visto como uma actividade lícita desenvolvida pela empresa como
meio de apoio às suas decisões, uma vez que a fiscalidade tem sobre ela um impacto
permanente;
iii. O planeamento fiscal é instrumento relativamente à estratégia da empresa, servindo para o
seu desenvolvimento e concretização, permitindo a identificação das melhores opções para
o seu exercício;
iv. O planeamento fiscal deve ser analisado com recurso à ideia de eficiência fiscal, significando
que deve identificar a opção com menor tributação possível dentro das limitações impostas
pelos objectivos da empresa e pelos custos fiscais;
v. O planeamento fiscal tem associado um risco próprio e específico, que deve ser devidamente
identificado e medido pela empresa, de modo a permitir a sua gestão;
vi. O planeamento fiscal, quando abusivo, pode resultar numa combinação de dois riscos:
 O primeiro, é o risco de se escolher uma opção não permitida por lei,
 O segundo, é o risco de uma determinada opção não permitida por lei ser identificada
e punida pelas autoridades fiscais;

1.2.5 Administração tributária no combate á concorrência fiscal prejudicial

A teoria económica vigente sobre a missão de uma empresa e do comportamento empresarial, a


maximização dos lucros (que é simplesmente uma forma complicada de formular a velha máxima
de comprar barato e vender caro), pode explicar bem como é que os negócios se faziam no passado,
no entanto, diz pouco como é que os negócios funcionam ou deviam funcionar.

Segundo (Sequeira, 2016) o conceito de lucro é na realidade insignificante nos dias de hoje. O perigo
do conceito de maximização de lucro é que faz com que o conceito de rentabilidade, possa ser
desvirtuado pelo lucro abusivo em determinadas situações. No entanto, lucro e a rentabilidade são
cruciais, para a sociedade ainda mais do que para um negócio individual.

1.2.5.1 A evasão fiscal


Evasão fiscal é uma forma de evitar o pagamento dos impostos, e consequente redução da carga
fiscal, de forma ilícita. Caracteriza-se, quando contribuinte deixa de transferir ou pagar
integralmente ao Fisco uma parcela do tributo devida, através de atitudes que sabe não serem lícitas.
(Sequeira, 2016)

10
A evasão tributária é a economia ilícita ou fraudulenta de tributos porque a sua realização passa,
necessariamente, pelo incumprimento de regras de conduta tributária ou pela utilização de fraudes.
A transgressão às regras tributárias caracteriza a evasão.

Sempre que o sujeito passivo utilize formas jurídicas anormais, inadequadas ou atípicas para
alcançar efeito económico, sem que tais formas jurídicas sejam justificáveis senão pelo interesse em
obter a vantagem tributária.

Em sede de fiscalização nos termos do contencioso da Administração Geral Tributaria (AGT), todas
variações positivas encontradas pelo fiscal da AGT são sempre levadas acabo como Proveitos
Omissos pelos sujeitos passivos ocorrendo a pagamentos de impostos, isto segundo o CGT.

A evasão fiscal são actos qualificados como fraudulentos, pois não são realizados com o propósito
verdadeiro daquele negócio, ou seja, traduz-se numa simulação, divergência entre a vontade real e
a declarada, isto é, as partes celebram aparentemente um negócio para esconder outro, que é
realmente pretendido.

1.2.5.1.1 Características do relato fraudulento na evasão fiscal


De acordo a Lei 21/14 Código Geral Tributário, o processo de fuga ou falseamento dos dados
caracteriza-se pela conjugação de dois elementos distintos:

 A transgressão da legalidade;
 O propósito deliberado de fugir ou falsear, no todo ou em parte.

Deste modo, segundo (Mendes, 1995, p. 332), a fraude traduz-se, basicamente, na adopção, por
parte de um sujeito, de um procedimento de dissimulação intencional de algo que as normas
obrigatórias, definem, ou seja, são actos qualificados como fraudulentos, pois não realizados com o
propósito verdadeiro daquele negócio. Essa adulteração da realidade pode revestir, deste modo, três
formas principais:

1. Dissimulação Material: sempre que dispensado por Lei ou uma norma obrigatória de manter
uma contabilidade “organizada”, omite ou falseia deliberadamente a declaração ou
procedimentos obrigatórios de que detém;
2. Dissimulação contabilística: onde se incluem todos os procedimentos ilícitos destinados a
minimizar ficticiamente o resultado, seja por empolamento dos custos seja por redução dos
proveitos;

11
3. Dissimulação jurídica: através do qual uma situação real é disfarçada sob aparência jurídica
de natureza diferente, simulando uma figura menos onerosa.

Para caracterizar a figura da evasão fiscal, segundo o Art. 144º do CGT, o contribuinte deve utilizar-
se de um comportamento proibido pelo ordenamento jurídico, visando com isto à redução ou a
supressão do imposto devido, logo os métodos usados para evadir são “relatos fraudulentos”, tanto
em termos físicos quanto monetários, através de:

1. Manipulação, falsificação (incluindo a acção de forjar) ou alteração dos registos


contabilísticos ou da documentação de suporte;
2. Representação indevida ou omissões intencionais dos acontecimentos, transacções ou outras
informações significativas;
3. Aplicação indevida e intencional de princípios contabilísticos relativos a quantias e
classificação;
4. Registo de lançamentos fictícios, sobretudo, em vésperas do final do ano, com fim de
manipular os resultados operacionais ou para atingir outros objectivos;
5. Omissão, antecipação ou deferindo o reconhecimento de transações que tenham ocorrido
durante o período;
6. Produção de documentos que contenham informações falsas ou distorcidas, como facturas
duplicadas, etc.;
7. Omissão de informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fiscais;
8. Fraude de fiscalização tributária, inserindo elemento inexatos, ou omitindo operações de
qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
9. Falsificação ou alteração da nota fiscal, factura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributária;
10. Elaboração, distribuição, fornecimento, emissão ou utilização de documento que saiba ou
deva saber falso ou inexato;
11. Negação no fornecimento, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente,
relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efectivamente realizada, ou fornecê-
la em desacordo com a legislação;
12. Declaração falsa ou omissão de declaração sobre rendas, bens ou factos, ou emprega de outra
fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo.

12
Segundo (Huck, 1997) existem outras características que identificam a evasão fiscal:

 A presença de um negócio artificial, o qual ocorreria de outra forma, se não fosse


preocupação do agente fraudador com o não pagamento de tributo devido, ou seja, economia
fiscal;
 A utilização de lacunas da lei para a obtenção de vantagens ilícitas e a utilização de institutos
jurídicos para finalidades diversas das que se destinam;
 O sigilo nas operações evasivas.

1.2.5.2 Medidas de prevenção da evasão fiscal por parte da Administração Tributaria


Angola
Segundo (Sequeira, 2016) podemos destacar as seguintes medidas de prevenção:

 Reforço das medidas e controlo dos investimentos privados com isenção de impostos;
 Agravamento das multas para os infractores;
 Imposição de taxas liberatórias a factos patrimoniais pouco claros e sem o pagamento
do respectivo tributo;
 Obrigatoriedade de emitir factura e documento equivalente;
 Reforçar as medidas de combate a branqueamento de capitais, nos termos das
Convenções Internacionais das quais Angola é membro;
 Reforço das medidas de segurança e vigilância nos postos fronteiriços;
 Reforços de efectivos da administração fiscal com especialistas em matérias de
fiscalidade, contabilidade, auditoria, direito, economia, etc.;
 Suspensão do NIF, para os contribuintes que tenham dívidas tributárias há mais de 1
(um) ano, caso não regularizem essa situação fiscal. Acarretando, desta forma, as
seguintes consequências:
 Impossibilidade de realizar exportações;
 Impossibilidade de tratar do embaraço aduaneiro no caso de importação;
 Impossibilidade de poder enviar remessas para o exterior nas operações invisíveis
correntes;
 Impossibilidade de solicitar vistos de trabalho;
 Impossibilidade nos concursos públicos.
 Propostas de alterações legislativas de acordo com a realidade fiscal do Pais.

13
1.3 Formas de Financiamento no planeamento fiscal

De acordo com a Lei n.º1/04 da Lei das Sociedades Comercias, podemos destacar as seguintes
formas:

1. Prestação suplementares (sociedades por quota)

As prestações suplementares têm sempre o dinheiro como obejectivo, e apenas se tornam


obrigatórias, quando estipulados no contrato da sociedade ou, na ausência, mediante uma
deliberação dos sócios, sempre que o contrato permita.

Na contabilidade, não são registadas como passivo na entidade beneficiária, mas sim no Capital
Próprio. Mas, na esfera da contabilidade da entidade concedente, são registadas na rubrica de
investimentos financeiros (Decreto 82/01 Plano Geral de Contabilidade).

As prestações suplementares não vencem juros. Caso vençam juros, deverão ter tratamento idêntico
á de um suprimento concedido pelos sócios e serem sujeitos à tributação, isto de acordo a alínea d)
do n.º 1 do Art. 9º Decreto Legislativo Presindecial nº 02/14 do Código do Imposto sobre Aplicação
de Capitais.

2. Prestações acessórias (Sociedades Anónimas)

As prestações acessórias têm sempre o vencimento dos juros como objectivo. As condições estão
previstas no contrato da sociedade, todos os elementos essenciais dessa obrigação e se as mesmas
são cumpridas a titulo oneroso ou gratuito.

Caso o contrato vença juros, deverá ter o tratamento idêntico á de um suprimento concedido pelos
accionistas e ser sujeito a tributação. Neste caso, o pagamento de juros pode ocorrer,
independentemente da existência de lucros do exercício.

Caso não vença juros, deverá ter o tratamento idêntico às prestações suplementares, ser registada
em capital próprio da sociedade beneficiária (Decreto Lei 82/01 Plano Geral de Contabilidade).

3. Suprimentos

O contrato de suprimento é o contrato pelo qual o sócio empresta à sociedade dinheiro, ficando a
empresa obrigada a restituir o crédito concedido, em que o prazo da restituição seja superior a um
(1) ano, e o capital não pode ser reembolsado antes desse período. Os suprimentos estão sujeitos à
tributação, requer que o concedente detenha directamente partes sociais da empresa.

14
As condições para ser um suprimento, são:

 Contabilização das dívidas no passivo;


 Vencimento de juros;
 Fixação dos juros em Assembleia Geral, devidamente redigidos;
 Participação em acções ou quotas nas outras empresas.
4. Capital Mútuo

As condições para ser um mútuo são:

 Contabilização das dívidas no passivo;


 Possibilidade de participações em acções ou quotas nas outras empresas;
 Vencimentos juros;
 Aplicação dos juros estipulados no contrato entre as partes, com presunção da taxa de juros
de 6% ao ano, quando a estipulada no contrato for inferior a esta ou não houver taxa
acordada, excepto se podem ser ilididas por meio de contrato assinado e selado em data
anterior ao pagamento dos juros ou por decisão judicial proferida em acção intentada, nos
tribunais comuns, pelo contribuinte contra o Estado, em que se declare ter ficado provado
que não foram recebidos juros antecipadamente, nem eram ou são devidos, ou, sendo-o, têm
taxa inferior a 6%.

15
2. Regime Contabilístico e Fiscal da Actividade Agrícola

2.1 Conceito Geral

Actividade agrícola inclui todos os ramos e, entre outras coisas, o cultivo e o preparo do solo, a
produção leiteira, a produção, o cultivo e a colheita de quaisquer produtos agrícolas e hortícolas, a
criação de animais ou aves e quaisquer práticas realizadas por um fazendeiro em uma fazenda como
um incidente ou em conjunto com essas operações agrícolas, incluindo a fabricação ou
processamento de açúcar, coco, tabaco, abacaxi ou outros produtos agrícolas. (Mundo Ecologia,
2017).

A Empresa Agrícola constitui a unidade base de produção do Sector Agrícola. Tendo com
obejectivo alcançar de um modo regular um certo resultado económico, desenvolver a sua actividade
de forma autónoma, procurando tirar o máximo partido dos factores de produção de que dispõe,
trabalho, terra e capital, consumindo, por um lado, bens e serviços e produzindo, por outro lado,
novos bens e serviços. (Costa F. V., 1989)

O agronegócio deve ser entendido como um processo, na produção agropecuária intensiva é


utilizado uma série de tecnologias e biotecnologias para alcançar níveis elevados de produtividade,
para isso é necessário que alguém ou uma empresa forneça tais elementos. (Freitas, 2022)

Segundo (Costa F. , 1989) a gestão Agrícola é um conjunto de processos e técnicas que permite ao
empresário agrícola refletir economicamente sobre sua empresa, tomar decisões e desenvolver as
acções tendentes ao racional aproveitamento dos recursos disponível, à sua rentabilidade e à
melhoria do resultado económico.

"O agronegócio, também conhecido por agrobusiness, compreende as atividades econômicas


ligadas à agropecuária, ao manuseamento de florestas para comércio e serviços (silvicultura) e ao
extrativismo vegetal. Esse termo foi cunhado na década de 1950, mas popularizou-se na década de
1970, no auge da Revolução Verde. Todas as empresas que fornecem insumos agrícolas aos
agricultores, remédio ao gado e máquinas para a agricultura e os bancos que fornecem empréstimos
financeiros aos grandes empresários do campo também estão relacionados com o agronegócio".
(Matias, 2018).

O tratamento contabilístico “na fazenda” (Activos Biológicos), relativamente aos activos


biológicos, é analisar durante o período de crescimento, degeneração, produção e procriação e da

16
mensuração inicial do produto agrícola (no ponto da colheita) IAS 41 (International Accounting
Standard) – Agricultura – paragrafo 3.

Na actividade agrícola, adianta algumas vezes será chamado de “fazenda”, procura-se estabelecer
o método preferencial para o reconhecimento e mensuração dos activos biológicos e dos produtos
agrícolas (no ponto da colheita), o “método do justo valor” e o “método do custo histórico”. O
objectivo é de enunciar o tratamento contabilístico, apresentação e divulgações relacionadas com a
actividade agrícola. A actividade agrícola é definida como a gestão de activos biológicos, por uma
entidade da transformação biológica, em produto agrícola ou em activos biológicos adicionais, para
venda, isto segundo a IAS 41 – Agricultura – paragrafo 5.

2.2 Actividade Agrícola

2.2.1 Os Activos Biológicos


A IAS 41 – Agricultura, define activo biológico como sendo um animal ou planta vivas, e produto
agrícola como colhido, originando dos activos biológicos no momento da colheita. Temos os
seguintes exemplos:

 Gado produtor de leite, leitões, porcos, carneiros e cabritos;


 Árvores numa plantação florestal;
 Plantas sujeita à colheita (ex: trigo e cana de açúcar);
 Árvores, plantas e arbustos de que se possam colher produtos agrícolas (ex: chá, fruta,
tabaco);

Segundo a IAS 41 – Agricultura, os activos biológicos são maduros (quando adultos) ou imaturos
(quando juvenis) e estão classificados em:

1. Activos Biológicos Consumíveis;


2. Activos Biológicos de produção.

Activos biológicos de consumo: são aqueles que serão objecto de colheita como produto agricola,
para serem vendidos como activos biológicos (gado de corte), ou para colheita de culturas (trigo).
Estes activos biológicos são considerados maduros, quando já atingiram as especificações
necessárias para a colheita IAS 41 – Agricultura.

Activos biológicos de produção: são activos a partir dos quais os outros activos biológicos ou
produtos agrícolas são obtidos (árvores de fruto e gado leiteiro). Estes activos encontram-se em
condições de serem sujeitos a colheitas regulares.

17
2.2.1.1 Transformação Biológicas
De acordo ao normativo IAS 41 – Agricultura, a transformação biológica compreende os processos
de “procriação, crescimento natural, produção e consumo” que causem alterações qualitativas e
quantitativas num activo biológico. Temos como exemplos:

 Procriação: nascimento do bezerro;


 Crescimento Natural: bezerro que cresce, tornando-se um bovino adulto;
 Produção: produção de leite gado leiteiro;
 Consumo: gado de corte abatido para consumo de carne.

No conceito de transformação estão implícitas alterações observáveis e mensuráveis e com


correlação directa nos benefícios económicos futuros. Ou seja, a transformação possui um impacto
derecto na valorização dos activos biológicos e, como tal, é de extrema importância na mensuração
do activo (inicial e subsequente).

2.2.1.2 Gestão da Transformação Biológica


Conforme já referido, o conceito de actividade agrícola implica a gestão da transformação biológica.
A gestão consiste em actividades que permitam a estabilização, ou a melhoria das condições
necessárias para o processo de transformação. Um exemplo desta gestão será, caso do gado, a
efectuada através da disponibilização de estábulos, de rações e de acompanhamento veterinário
adequado, e, no caso aquicultura, a disponibilização de viveiros, rações e acompanhamento
veterinário. Esta gestão distingue a actividade agrícola de outras actividades, como a extração de
recursos não geridos, como a pesca no alto mar. (Sequeira, 2016, p. 106)

Adicionalmente, salienta-se o caso de jardins zoológicos, dos aquários e outros parques temáticos
que apesar de eventualmente apresentarem uma gestão de transformação biológicas (sobre tudo nos
casos de crescimento natural), não tem finalidade principal a venda de activos biológicos, ou, a
transformação em produtos agrícolas, de facto, a sua finalidade específica será eminentemente
recreativa.

Os produtos agrícolas no ponto de colheita estão relacionados com activos biológicos.

Exemplo: uma fazenda situada em Camabatela faz criação de gado bovino para posterior abate num
restaurante pertencente à mesma fazenda e venda a terceiros. O gado bovino é tratado como activo
biológico enquanto os animais estiverem vivos, no momento do abate a transformação biológica
cessa e as carcaças passam a preencher a definição de produto agrícola.

18
2.2.2 Contabilidade dos Activos Biológicos e dos Produtos Agrícola

2.2.2.1 Reconhecimento dos Activos Biológicos na Contabilidade


Segundo o normativo IAS 41 – Agricultura, os critérios de reconhecimento como activos biológicos
e produtos agrícolas são os mesmos que qualquer outro activo, em linha com a estrutura conceptual.
Assim, os activos biológicos e produtos agrícolas deverão ser reconhecidos, quando:

 A entidade controla o activo decorrente de eventos passados;


 Seja provável que benefícios económicos associados ao activo fluirão para entidade;
 Justo valor ou custo do activo possa ser fiavelmente mensurado.

De forma a exemplificar os pressupostos acima, considera-se agora o seguinte caso do ponto de


reconhecimento inicial de um activo biológico, mais especificamente para a prole de um activo
biológico.

Uma vaca prenha é um activo biológico, sendo que as suas crias também serão activos biológicos.
No entanto, não poderão ainda ser reconhecidos como activos biológicos separados da vaca prenha,
uma vez que ainda não cumpriram todos os pressupostos do reconhecimento, mais especificamente,
o critério de controlo será facilmente observável por via da propriedade o bovino (por exemplo, da
verificação da etiqueta ou marca do produtor), nesta base, a dificuldade está em determinar a partir
de que momento (normalmente a partir do nascimento) é que será provável que os benefícios
económicos futuros associados aos vitelos venham fluir.

2.2.2.2 Divulgação a efectuar nas Demonstrações Financeiras


Segundo o normativo IAS 41 – Agricultura, nas divulgações obrigatórias, deve-se fazer distinção
entre os conceitos de activos biológicos consumíveis e de produção, bem como ainda os classificar,
dentro destas categorias, como maduros e imaturos. Esta distinção e classificação são relevantes
para se poder analisar as Demonstrações Financeiras, com finalidade e qualidade:

 A perspectiva de tomada de decisão face à natureza e maturidade dos activos biológicos;


 O impacto futuro destes activos biológicos nos resultados e na posição financeira da
empresa.

A distinção acima referida entre activos biológicos consumíveis e de produção e sua posterior
classificação entre maduros e imaturos disponibilizarão às “partes interessadas” informação
financeira dos conjuntos de activos que contribuirão para os influxos de benefícios económicos
futuros, numa perspectiva de médio e longo prazo.

19
Portanto, de acordo a IAS 41 – Agricultura, uma empresa deve divulgar nas DF´s as seguintes
informações, à data de relato, quando os activos biológicos e produtos agrícolas no ponto de venda,
mensurado pelo justo valor:

 A descrição de cada um dos grupos de activos biológicos, bem como dos métodos utilizados
na quantificação física de cada um;
 A menção dos métodos e presunções considerados aquando da determinação do justo valor,
para cada grupo de activos biológicos e produtos agrícolas no ponto de venda;
 O “justo valor, menos custo estimados no ponto de venda”, determinado aquando da colheita
dos produtos agrícolas, quando esta tenha ocorrido durante o período;
 A existência e valor registado dos activos biológicos, cujo uso seja restrito;
 O montante contabilizado relativo a activos biológicos dados garantias de passivos;
 O montante dos compromissos assumidos, referentes ao desenvolvimento ou futuro compra
de activos biológicos e às estratégias de gestão dos financeiros relacionados com a actividade
agrícola.

Ainda de acordo ao normativo IAS 41 – Agricultura, caso o justo valor dos activos biológicos não
seja determinável, à data de relato, a empresa deve divulgar as seguintes informações:

 A descrição de cada um dos grupos de activos biológicos, bem como das razões que
impossibilitam a empresa de mensurar estes activos ao justo valor, menos os custos
estimados no ponto de venda. No entanto, se possível, ainda, deverá divulgar qual o
intervalo, onde, com maior probabilidade, se situaria o justo valor;
 O método, vidas úteis e taxas associadas à depreciação dos activos biológicos e à menção
do valor mensurado inicial, da depreciação acumulada, no início e fim do período.

Caso seja possível que a empresa venha mensurar com fiabilidade o justo valor os activos biológicos
que se encontram mensurados ao custo, menos qualquer depreciação acumulada, ainda no corrente
exercício deverá divulgar a seguinte informação:

 A descrição dos activos biológicos, bem como das razões e alterações que possibilitam à
empresa poder vir a mensurar esses activos ao justo valor;
 O efeito da alteração.

20
2.2.3 Regime dos activos biológicos da entidade (Fazenda)
2.2.3.1 Reconhecimento dos activos biológicos na contabilidade
De acordo ao normativo IAS 41 – Agricultura, os activos biológicos podem ser valorizados ao custo
histórico (reconhecimento inicial), ou pelo justo valor

1. Reconhecimento pelo custo histórico

Compreende os seguintes:

 Custo de aquisição, relativamente aos activos biológicos adquiridos a terceiros a título


oneroso, em que o custo de aquisição é o preço de compra acrescido dos gastos suportados;
 Custo corrente, relativamente aos activos biológicos recebidos através e doação.

Devem ser revalorizado pelo valor de mercado em cada data de balanço, através de valor de
mercado.

2. Reconhecimento pelo justo valor

O reconhecimento dos activos biológicos pelo justo valor será contabilizado como activo
imobilizado “enquanto os animais estiverem vivos”, em contrapartida de ganhos de exercício.

2.2.3.2 Mensuração dos activos biológicos


De acordo ao normativo IAS 41 – Agricultura, os activos biológicos deverão ser mensurados pelo
justo valor, e actualizados em cada data de balanço através do valor do mercado, pelo justo valor
deduzido dos custos estimados no ponto de venda, excepto quando o justo valor não for fiavelmente
mensurado.

O modelo do justo valor tem como implicação o acréscimo de valor no activo biológico resultante
da transformação biológica, até ao momento da colheita. Tal como já referido, trata-se de uma
situação similar ao facto dos produtos agrícolas serem mensurados ao justo valor deduzidos dos
custos estimados no ponto de venda, no momento da colheita, e que representará o custo inicial,
para efeitos contabilísticos.

Os custos no ponto de venda incluem:

 Comissões a correctores e negociadores;


 Taxa de agências reguladoras e de bolsas de mercadorias;
 Taxa de transporte de mercadorias.

21
Os custos no ponto de venda não incluem:

 Gastos de transportes;
 Outros gastos necessários, para levar o produto ao mercado.

Estes custos não são incluídos nos custos no ponto de venda, uma vez que estes já estão considerados
na determinação do justo valor. O justo valor de um activo é baseado na sua localização e condições
de presentes, por exemplo, “o justo valor do gado numa fazenda será o preço do gado no mercado
relevante, menos o custo do transporte e outros necessários de incorrer para levar o gado para o
mercado”.

Adicionalmente, o facto de uma entidade ter celebrado um contrato de venda numa data futura os
activos biológicos, ou produtos agrícolas, implicará que os preços aí acordados não sejam relevantes
para a determinação do justo valor, atendendo o justo valor reflecte o preço corrente do mercado.
Consequentemente, o justo valor do activo biológico ou produto agrícola não poderá ser ajustado
por força da existência de um contrato.

Quando não é possível estimar de forma fiável o justo valor, conforme já referido, existe a presunção
subjacente de que o justo valor dos activos biológicos pode ser estimado de forma fiável. Tal
pressuposto só pode ser refutado no reconhecimento inicial do activo biológico. Quando não for
possível estimar de forma fiável o justo valor, este deverão ser valorizados ao custo deduzidos das
amortizações acumuladas, neste caso o enquadramento contabilístico.

Apesar de não existirem estimativas fiáveis do justo valor no momento de reconhecimento inicial
do activo biológico, poderão existir casos em que esta situação deixe de acontecer (exemplo, na
abertura de um mercado activo para activo biológico”. Nesta base, com a alteração dos pressuposto
utilizados, para não mensurar o activo biológico ao justo valor, tais pressupostos inicias deixam de
ser aplicáveis, sendo a entidade obrigada a mensurar os seus activos biológicos ao justo valor
deduzido dos custos estimados no ponto de venda, a partir desse momento.

 Mensuração do justo valor pelo preço de mercado

O conceito de justo valor, pode ser encontrado nas Normas Internacionais de Contabilidade e é
similar ao encontrado noutras Normas Contabilísticas de Relatos Financeiros do SNC, definem,
justo valor é quantia pela qual um activo trocado ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras
e dispostas a isso, numa transacção em que não exista relacionamento entre elas.

22
Adicionalmente, conforme já referido, a norma também engloba na definição de justo valor a sua
localização e condição presente e, nessa base, os preços de transporte também impactarão a
estimativa do justo valor. Assim, a consideração dos custos de transporte nos custos de vender pode
originar uma perda instantânea no momento da aquisição.

 Mensuração do justo valor, quando não existam preços ou valores baseados no


mercado

O justo valor de activos de produção será normalmente determinado através do recurso à técnica de
avaliação pelo valor presente do fluxo de caixa líquidos descontados a uma taxa apropriada,
determinada no mercado corrente, caso não estejam disponíveis os preços e indicadores acima
definidos. O justo valor deste tipo de activo é calculado a partir dos fluxos de caixa líquidos
expectáveis da produção agrícola obtida desses activos. Adicionalmente, no cálculo do valor
presente dos fluxos de caixa líquidos, tal como definido nas Normas Contabilidade e Relato
Financeiro, não serão incluídos quaisquer fluxos financeiros relativos a:

 Financiamento;
 Impostos;
 Custo de reposição dos activos biológicos após a colheita (ex: replantação).

2.2.3.3 Activos biológicos consumíveis


Os activos biológicos podem ser consumidos, no momento em que eles são destinados ao consumo,
podendo ser:

 Para venda a terceiros (exemplo: gado levado ao matadouro);


 Para ser transformado (exemplo: processo de fabrico de latarias);
 Para a produção agrícola (exemplo: no momento do abate às carcaças).

No momento da aquisição ou da procriação (mensurados pelo justo valor), serão considerados como
activos biológicos enquanto os animais estiverem vivos, mas após serem abatidos, serão transferidos
nas contas de existências.

2.2.3.3.1 Regime contabilístico e fiscal das existências dos activos biológicos de consumo
De acordo ao normativo IAS 41 – Agricultura, os activos biológicos para consumo, após serem
abatidos, serão contabilizados como existências, e terão dois destinos:

1. Se forem para venda serão reconhecidos como mercadorias;


2. Se forem para a fábrica serão reconhecidos como matéria-prima.

23
Segundo os artigos 20º e 21º do Código do Imposto Industrial Lei nº 26/20 de 20 de Julho, a
valorização das existências (activos biológicos) devem:

Os valores das existências de materiais, produtos ou mercadorias a considerar nos proveitos e custos,
ou a ter em conta na determinação dos proveitos ou gastos do exercício, são os que resultarem da
aplicação de critérios valorimétricos que, podendo ser objecto de controlo inequívoco, estejam na
tradição da industria e sejam geralmente reconhecidos pela técnica contabilística como validos para
exprimirem o resultado do exercício e, alem disso:

 Venham sendo uniformemente seguidos em sucessivos exercícios;


 Utilizem preços de aquisição realmente praticados e documentados, ou preços de reposição
ou de venda constantes dos elementos oficiais ou de outros considerados idóneos.

É permitido o registo de custos como existências a título de depreciação, obsolescência ou possíveis


perdas de valor dos seus elementos, nos termos e limites da legislação em vigor, estando este registo
dependente de aprovação por parte da AGT.

2.2.3.4 Activos biológicos de produção


Os activos biológicos são considerados de produção, no momento em que eles são destinados a
procriação ou trabalhos de campo, e poderão ser:

 Para reprodução biológica (exemplo: gados leiteiros);


 Para produção (exemplo: produção de milho)

No momento da criação ou procriação (mensurados pelo justo valor), serão considerados como
activos biológicos enquanto os animais e plantas estiverem vivos, mas no caso de haver intenção da
entidade de abater o consumo, enquanto vivos, serão considerados activos biológicos de consumo.
E, no momento que abater, deverá ser considerado como existência, nos termos acima citado.

2.2.3.4.1 Regime contabilístico e fiscal das existências dos activos biológicos de produção
Segundo (Sequeira, 2016, p. 113), os activos biológicos de produção são considerados como
amortizáveis e sujeitos a deperecimento, em que serão contabilizados como activos imobilizados
corpóreos, uma vez que o nosso normativo contabilístico (PGC) nada aborda.

Assim, os activos biológicos de produção consideram-se sujeitos a deperecimento:

 Para os activos adquiridos pelo custo histórico, no momento que forem contabilizados como
imobilizados corpóreos;

24
 Para os procriados, no momento do seu nascimento e reconhecido o seu montante, pelo
método do justo valor.

Segundo os artigos 24º e 40º do Código do Imposto Industrial Lei nº 19/14 de 22 de Outubro, são
aceites para efeitos fiscais apenas os custos e perdas com amortizações que estiverem contabilizados
como tal no exercício a que respeitem e que tenham sido calculados sobre activos amortizáveis.

Para os activos biológicos de produção, não são aceites amortizações por aquisição, da qual o
contribuinte não possua sequer a documentação válida que comprove os gastos, nos termos
definidos pelo regime jurídico das facturas e dos documentos equivalentes. Mas segundo os artigos
nº1, nº2 e o nº6 do Decreto Presidencial nº 194/20 – Regime Jurídico da Autofacturação, diz: as
entidades que no exercício de actividades económicas adquiram, produtos nos sectores de
agricultura, silvicultura, aquicultura, apicultura, avicultura, pescas, pecuária e outros que tenham
contabilidade organizada podem emitir fatura/recibo por parte de adquirentes de bens e serviços,
em substituição dos seus fornecedores transmitente de bens e prestadores de serviços e deduzir até
60% dos custos referentes a esta autofacturação.

Assim, o quadro a baixo ilustra as taxas usadas no sector agrícola para redução da matéria coletável.

Figura 1. Taxas de reintegrações e Amortizações – Agricultura

25
CAPÍTULO 2. METODOLOGIA DO ESTUDO

2.1. Tipo de Pesquisa

Para (Marconi & Lakatos, 2011), a pesquisa é considerada como “um procedimento formal com
método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para
conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.

Pelo exposto acima, e tendo em conta a melhoria do conhecimento sobre a temática e o objeto em
estudo, a pesquisa usada caracterizou-se, quanto ao modo de abordagem do problema, como uma
pesquisa mista, pois englobou uma componente quantitativa e outra qualitativa.

Para a resolução do problema apresentado, recorreu-se, quanto aos fins “objectivo geral”, a uma
pesquisa descritiva, para se extrair o máximo de informações sobre o tema e enfatizar a importância
do estudo dada a sua complexidade.

Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa caracterizou-se como bibliográfica, documental e de


campo (estudo de caso).

2.2. Métodos Utilizados

Tendo em conta o objectivo primordial deste trabalho, os métodos utilizados, com a intenção de dar
resposta ao problema científico formulado e a alcançar os objectivos preconizados, foram,
nomeadamente, o método teórico, método empírico e o método matemático e estatístico.

2.2.1. Métodos de Nível Teórico

 Histórico-lógico: foram relevantes para descrever os factos que pretendíamos analisar ao


longo do tempo e usar o procedimento lógico para explica-los;
 Analítico-sintético: permitiu analisar toda a bibliografia recolhida e demais informações do
campo sobre o assunto, facilitando a redacção das considerações finais e respectivas
recomendações.

2.2.2. Métodos de Nível Empírico

 Observação: possibilitou a recolha e registo dos factos em estudo, sobre a forma como os
mesmos ocorrem na realidade, bem como permitiu evidenciar outros dados não constantes
no questionário;

26
 Entrevista: com esse método foi possível conhecer o nível de conhecimento e visão geral
que o gestor e o contabilista têm sobre o tema em estudo;
 Inquérito por questionário: foi dirigido ao contabilista e ao gestor da empresa e viabilizou a
colecta de informações complementares úteis para o estudo;
 Análise documental: esse método serviu para análise da bibliografia e dos documentos
normativos da actividade contabilística e fiscal.

2.2.3. Método Matemático-Estatístico

Serviu para descrever os dados brutos recolhidos, apresentá-los, e dar o devido tratamento e
divulgação sintética dos resultados.

2.3. Instrumentos para Recolha dos Dados

Considerando os métodos de investigação expostos acima, os instrumentos para recolha de dados,


usados nesse trabalho investigativo, com o intuito de explorar o máximo de informações sobre o
tema, e por forma a melhor responder a questão científica levantada, foram a grelha de entrevista,
observação, o questionário e a análise bibliográfica.

Com a entrevista foi útil para saber o conhecimento por parte do entrevistado sobre o assunto objecto
de estudo, a sua capacidade de síntese e decisão, e que muito ajudaram na conclusão do presente
trabalho.

A grelha de observação foi útil para recolher as constatações da realidade sobre a prática
contabilística e fiscal.

Com o questionário foi possível fazer perguntas fechadas e abertas, de forma objectiva sobre a
investigação, e colher informações diversas a respeito do estudo, e que a posterior foram alvo de
análise e discussão.

Outro instrumento usado para obter os dados foi a análise bibliográfica, que facilitou a obtenção de
dados teóricos sobre o tema, bem como adquirir as informações da investigação, a partir de discursos
escritos e orais, artigos de imprensa, livros, conversas e leis.

2.4. População e Amostra

População: 15 empresas (Fazendas) da Huíla, com Contabilidade Organizada.

Amostra: Empresa Jardins da Yoba, Limitada.


27
2.4.1. Técnica de Amostragem

Aplicou-se uma amostragem não probabilística intencional, que possibilitou inquerir todos os
elementos possíveis de cada estrato da população seleccionada.

2.5. Procedimentos para Análise da Informação

Para analisar toda a informação recolhida, tanto bibliográfica quanto a do campo, recorreu-se à
análise de conteúdo, e aos seguintes procedimentos:

 Fichas bibliográficas, possibilitou a análise e síntese da bibliografia. Inclui o seguinte:


leituras e análise, do título, do resumo, do prefácio, da introdução, do corpo do texto;
 Tabela dos normativos existentes que regulam o objecto de estudo, para síntese da legislação
consultada;
 Averiguação, antes da respectiva redacção, da viabilidade dos dados recolhidos no campo e
síntese por meio de tabelas, gráficos e outras ferramentas de análise de dados para facilitar
o estudo.

2.6. Limitações da Pesquisa

Os obstáculos sempre estão presente em qualquer parte da vida, e ao longo da investigação nos
deparamos com inúmeras dificuldades que, primeiro, podemos apontar algumas empresas se
recusavam a ceder as Demonstrações Financeiras, alegando o sigilo profissional. Segundo, o recurso
capital para fazermos um estudo mais generalizado. Outra limitação encontrada está associada ao
método de pesquisa utilizado, que embora sendo muito usado, constitui também uma limitação, dada
a subjetividade que lhe está implícita pelo facto de não fornecer uma base acentuada para
generalizações científicas.

2.7. Apresentação e Caracterização da Empresa

A Jardins da Yoba, Lda – é uma sociedade por quota registada no Cartório Notarial do Guiché Único
da Empresa de Luanda, com designação “JARDINS DA YOBA – Produção Agrícola, Limitada”,
cujo NIF: 5417257389, localizada na Província da Huila, Município da Chibia, comuna da Yoba,
Rua Eurico Miranda Pereira nº 7. Fundada em 2014 e tem como objecto social a produção e o
comércio a grosso, de produtos agrícolas e sementes.

Os produtos comercializados pela empresa:

 Sementes (cereais e batata rema);

28
 Produção agrícola de batata;
 Produção de mel, doces e frutas enlatadas.

A empresa tem como visão em contribuir para a diversificação da economia e substituir a


importação de forma continua, sustentável e permanente.

A missão da Jardins da Yoba, Limitada baseia-se na sustentabilidade e competitividade com criação


de mais emprego e melhor emprego (mão-de-obra qualificada).

Os valores da empresa são: honestidade, seriedade, dedicação e competência.

Constituída por três sócios, nomeadamente, Paulo Jorge do Amaral Pereira, Svetlana Veniaminovna
Laukhina Pereira e Cristina Feleciano Mussolovela. O capital social é totalmente nacional, cujas
quotas estão assim distribuídas: (1) Paulo Jorge do Amaral Pereira, com 60%, (2) Svetlana
Veniaminovna Laukhina Pereira, com 25% e (3) Cristina Feleciano Mussolovela, com 15%.

A Jardins da Yoba, Limitada conta com 300 funcionários todos inscritos no INSS, com objectivo
de garantir as condições para protecção social dos mesmos e com contratos a tempo indeterminado.
Ainda conta com 500 funcionários em regime sazonal (Trabalhadores eventuais).

Em termos organizativos, a empresa dispõe de um modelo de organigrama vertical com tomadas de


decisões alongado, onde os chefes de departamentos tomam algumas decisões sem passar
direitamente para o chefe máximo (director geral).

A empresa esta enquadrada em sede do regime geral do IVA de forma voluntaria, sendo a primeira
empresa na Província da Huila a aderir a este regime em Agosto de 2019 em função da Lei nº 7/19
de 24 de Abril, quanto ao regime de Imposto Industrial em função da Lei nº 26/20 de 20 de Julho
foi oficiosamente enquadrada para o regime geral.

29
CAPÍTULO 3. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA
INVESTIGAÇÃO

3.1 Análise e Discussão dos Resultados

Os resultados obtidos foram recolhidos e organizados de forma a atender a questão científica


levantada e ao objetivo da investigação. Deste modo, nesta secção abordamos, primeiramente, os
dados recolhidos com o inquérito dirigido ao contabilista e ao gerente, e a posterior fizemos uma
análise da informação técnica, ou seja, nas DFs, Modelo 1 e as demais peças contabilísticas, para
melhor alcance dos objectivos.

3.1.1 Do Inquérito

A primeira parte efectuada pretende analisar a característerização do contabilista e do gestor da


empresa, para responder as exigências. As áreas de formação do contabilista e do gestor relaciona-
se com as ciências Agrónomas e da ciência de Economia, pois os mesmos são formados em Gestão
de Empresas e Engenharia Agrónoma, o que podemos denotar como uma mais-valia, uma vez que
o mesmo está revestido de conhecimentos combinando duas grandes áreas do saber científico,
nomeadamente, a Agronomia e a Gestão de Empresa. Por outra, estas áreas de formação lhe
permitem responder os desafios actuais das organizações, que se consubstancia-se na
implementação do planeamento tributário como instrumento de poupança da carga tributária no
sector agrícola.

Quanto a segunda parte nomeadamente as questões (Q1; Q2; e Q2.1) o gestor e o contabilista da
empresa têm conhecimento do planeamento tributário. Neste aspecto não há muito a realçar pois a
empresa reconhece a devida relevância a aplicação deste instrumento e tem vindo a proporcionar
enormes benefícios na redução da incidência de alguns impostos, nomeadamente no IRT por conta
própria, Imposto Industrial e no Imposto Predial Urbano.

Quanto aos motivos que levaram a empresa aplicar o planeamento fiscal (Q3) o gestor reconhece
que é devido a necessidade de honrar com as contribuições fiscais e para planear a redução da carga
tributária nos impostos regulares. Esta prática adoptada pela empresa evita o surgimento de multas
e juros, quando as declarações forem submetidas fora do prazo ou não serem declarada uma vez que
é de lei a participação das pessoas (colectivas/singulares) na principal receita do Estado conforme
plasmado na CRA.

30
O gestor reconhece que a implementação do planeamento tributário (Q4) na empresa trouxe
algumas vantagens, como, um enquadramento fiscal em um sistema harmonizado entre a
Contabilidade Geral e a Contabilidade Analítica, a Gestão Financeira do Cash Flow como forma de
antecipação do controlo da liquidez e a adequação e classificação de normas gerais os regimes
específicos da actividade agrícola.

O planeamento fiscal tem proporcionado maior competitividade face aos concorrentes da empresa
(Q5 e Q5.1) e segundo o gestor os motivos que levaram a sua utilização, é que o planeamento fiscal
obriga a organização de modelo de gestão com melhorias no processo de planear, controlar e gerir
a empresa. Por outro lado, com essas medidas que empresa utiliza para implementar o planeamento
fiscal face a concorrência podemos notar claramente que há um conhecimento profundo que o gestor
tem nas suas tarefas para desempenhar com êxito a sua função e melhorar os níveis da produção
agrícola, uma vez que a empresa tem respondido a demanda dos seus produtos e neste momento é
a uma das maiores empresas produtoras de batata e semente de sereias do sul de angola.

Quanto as questões (Q6.1; Q6.2 e Q7) o contabilista tem conhecimento da evasão fiscal e aplicação
da mesma tem prejudicado o Estado na arrecadação das receitas Publicas, culminando assim com o
atraso ao desenvolvimento socio-económico do pais, uma vez que o mesmo acaba por impactar a
vida do cidadão em particular. O contabilista destacou algumas medidas para prevenção a evasão
fiscal, como, a educação fiscal a todos os agentes económicos, a capacitação dos técnicos tributários
com enfase os da AGT e por ultimo a fiscalização generalizada, sem exclusão de contribuintes,
todavia com maior destaque nas pequenas e medias empresas uma vez que são o coração de qualquer
economia visto que as mesmas geram maiores fontes de empregos e rendas de um país, apesar que
no nosso país essa fiscalização tem sido selecionada.

Quanto a forma de financiamento no planeamento fiscal (Q8) o contabilista reconhece que a


empresa tem sido financiada com a constituição de prestação suplementares, a fim de aumentar o
capital da empresa com vista no alargamento do mesmo ou de outros mercados/negócios que
venham surgindo. Por outra, esta prática facilita maximizar as receitas dos Estado, bem como na
criação de riqueza dos sócios e consequentemente na criação de postos de trabalho.

Com relação aos activos biológicos (Q9 e Q10) o gestor tem conhecimento do conceito de activos
biológicos em conformidade com a IAS 41, que define activos biológicos como sendo um animal
ou plantas vivas, e produtos agrícolas como colhido, originado dos activos biológicos no momento
da colheita, sendo que o mesmo classifica gado produtor de leite, arvores para produção de madeira

31
e gado para o matadouro como activos biológicos e estão em conformidade com a definição da IAS
41. Apesar do gestor ser formado em agronomia mostra claramente que empresa tem lidado bem de
uma forma geral com classificação dos activos biológicos (nos campos, pomares e corrais) uma vez
que estes mesmos activos ficam em posse da empresa há mais de um (1) ano como é realçado num
dos critérios de classificação dos activos no PGC.

O gestor declara que (Q11) a empresa respeita toda fase de classificação dos activos biológicos que
compreende os processos de procriação, crescimento natural, produção e consumo. Uma vez que
este processo só é concretizado num período superior a um (1) ano, e no caso da produção agricola
varia muito em função do clima uma vez que o ano económico/fiscal é totalmente diferente do ano
agrícola.

Quanto ao critério de mensuração (Q12; Q13 e Q13.1) tanto o gestor como o contabilista declaram
que a empresa tem reconhecido os activos biológicos pelo justo valor, isto devido a inflação que o
país vive desde de 2016 e pela taxa de câmbio instável permitindo assim classificar os activos com
valores razoáveis e o mais próximo a realidade económica uma vez que os mesmos geram benefícios
económicos para a empresa, como orienta a IAS 41. Apesar de serem mensurado pelo justo valor o
contabilista afirmou que a empresa não tem divulgado nem classificado no balanço os activos, tanto
como a sua distinção entre equipamento biológicos (Classe 4 – Investimentos - activos fixos
tangiveis), activos biológicos de produção e de consumo (Classe 3 – Inventario e Activos
biológicos) como é recomendado no SNC uma vez que o PGC nada diz.

O contabilista declarou (Q14) que não tem adoptado nenhum procedimento contabilístico no caso
do nascimento de um activo biológicos. Uma vez que a empresa não distingue nas rubricas do
balanço os activos biológicos de produção, fica difícil a separação de uma cria de um gado por
exemplo e o um gado adulto e nem tão pouco das arvores e o seus frutos. Ainda sobre esta questão
o gestor declarou que a empresa controla esses activos com mapas em execel que facilitam essa
separação apesar que a contabilidade não consegue dar resposta da mesma uma vez que o nosso
normativo contabilístico PGC nada diz.

Finalmente, as últimas questões (Q15 e Q16) tal como qualquer outra empresa sujeita em regime
de tributação do imposto industrial estão sujeitas a amortizar os seus activos fixos tangíveis e
intangíveis, a actividade agrícola não é excepção. A empresa adopta o critério das quotas constantes
para amortizar os seus activos, uma vez que a implementação desse critério tem gerado uma redução

32
da carga fiscal, isto é, em sede do imposto industrial uma vez que a adoção desse critério tem como
implicação direita na matéria colectável do imposto industrial.

3.1.2 Da Informação Técnica

Neste ponto a nossa incidência foi, maioritariamente, nas contas das DFs, com impacto fiscal, ou
seja, aqueles relacionadas com as contas dos activos fixos tangíveis e dos custos com amortizações.
Porém, analisamos também outros aspectos que se mostraram prudentes para o objectivo deste
estudo.

a) Análise dos factos e sua classificação contabilística

O processo contabilístico e fiscal na Jardins da Yoba, Lda, tal como em qualquer empresa do ramo,
começa com a recepção dos documentos pela empresa, através dos vários departamentos
especializado, como, os departamento das compras, das vendas e do recursos humanos, que a
posterior remetem ao departamento da contabilidade. A empresa Jardins da Yoba, Lda dispõe de um
departamento de contabilidade composto por dois (2) funcionários que tratam da contabilidade da
empresa e posteriormente são analisados e validados por uma empresa terceirizada em serviços de
consultoria de contabilidade e fiscalidade.

Após a recepção da documentação e remessa ao departamento de contabilidade, são efectuados a


análise e lançamento no software de gestão, denominado Primavera Bss/Licença V10, nos módulos
das compras, tesouraria (caixa e bancos), logística (Vendas) e nos recursos humanos, que depois são
integrados pela empresa de contabilidade e fiscalidade terceirizada.

Uma tarefa importante nesta fase, a fim de cumprir com os requisitos legais, consiste em verificar
se os documentos correspondem ao período da transação e se cumpre com os pressupostos do
Decreto Presidencial n.º 292/18, de 3 de Dezembro – Que aprova o Regime Jurídico das Facturas e
Documentos Equivalentes. Só assim, os documentos contabilísticos são lançados no sistema
informático, nos diversos módulos e diários criados, dada a estrutura e o plano de conta da empresa.

Na Jardins da Yoba, Lda, são utilizados, essencialmente e primordialmente, o diário de


Clientes/Vendas, Recebimentos e Adiantamentos; Fornecedores/Compras, Pagamentos e
Adiantamento; Despesas de Caixa; Despesas de Bancos; Impostos; Vencimentos e operações
diversas. Tratados nos diversos módulos acima descritos.

33
A utilização do Software Primavera denota-se como uma ferramenta poderosa, dada a
particularidade de integração com outros módulos existente, no mesmo software, e a possibilidade
de disponibilização da informação em tempo real sobre a posição financeira e patrimonial da
empresa.

Porém, um aspecto que vale ressaltar, consiste na inexistência de pelo menos um técnico capaz de
responder pelas contas de forma integra dentro da empresa, pois a empresa terceirizou os serviços
de consultoria e a responsabilidade das declarações, o que demostra que a Jardins da Yoba, Lda,
opta por um tipo de contabilidade com muita qualidade uma vez que há uma neutralidade na
preparação das demonstrações financeiras e a empresa prepara a sua informação para efeitos fiscais
e para fins de gestão tendo em conta a dimensão da mesma, considerada como Media Empresa.

Assim, como aponta alguns autores, as consultorias deviam ser vistas como verdadeiros consultores
de negócio, existindo para assessoria e aconselhamento empresarial metodológico.

b) Imobilizações Corpóreas

O registo dos bens, do imobilizado corpóreo, seguiu os critérios para reconhecimento, valorimetria
e divulgação definidos pelo PGC, e naquilo que esse é omisso supletivamente poder-se-ia recorrer
as Normas Internacionais de Contabilidade (IAS).

Dado o objecto social da empresa, como se afigura no Balanço ela possui um nível de investimento
em imobilizado muito alto de 2.119.776.033,16 Kz (Dois mil milhões, cento e dezanove milhões,
setecentos e setenta e seis mil e trinta e três kwanzas com dezasseis cêntimos) se comparado com o
activo circulante, mas em 2021 esse investimento baixou na ordem dos 5%. De realçar que tal como
muitas empresas do ramo agrícola em função da não especificação no PGC (normativo
contabilístico vigente no país) a Jardins da Yoba optou em classificar o activo biológico na rubrica
11 (Activos Fixos Tangíveis) influenciando assim muitas vezes na leitura da analise dos utentes uma
vez que os activos estão todos agregados e não separados como no SNC.

Os valores dessa rubrica na DF, para ambos os anos, são apresentados pelo seu valor líquido, das
respectivas amortizações, como indicado pelo PGC. O método de cálculo das amortizações para os
dois exercícios está de acordo ao plasmado no n.º1, do art. 27.º, da Lei n.º 19/14, de 22 de Outubro
– CII, que obriga que seja o método das quotas constantes, bem como obedece as taxas legais
previstas pelo Decreto Presidencial n.º 207/15, de 5 de Novembro – Estabelece o regime de

34
reintegrações e amortizações aplicáveis aos bens do activo imobilizado de todas as sociedades e
entidades sujeitas ao Imposto Industrial, mesmo que delas isentas.

Na rubrica (11) do imobilizado da empresa, em 2020, existem bens relacionados com os activos
biológicos nomeadamente máquinas agrícolas, equipamentos administrativos, veículos pesados,
mistos e ligeiros, Instalações, edifícios administrativos e comerciais, taras e vasilhames retomáveis
e outros activos não específicos, todos devidamente documentadas e passadas em nome da empresa
e como consequência, para efeitos da redução da carga tributável/poupança fiscal, e como estabelece
RJFDE, de 03 de Dezembro. Tal prática teve um impacto fiscal positivo para a empresa, pois o
respectivo valor é totalmente aceite como custo fiscal.

Um aspecto negativo que podemos trazer aqui é o da não contabilização dos animais, nem das
plantas como activo biológico e a não amortização dos terrenos afectos a exploração agrícolas, este
aspecto contribui-o no aumento do Lucro Tributável.

Em 2021, verificou-se a transferências dos imobilizados que estavam registado com Obras em curso
(14) para as respectivas rubrica (11) Imobilizados Corpóreos, porém a empresa adoptou um
procedimento correcto que é a periodização das amortizações, ou seja, usou-se o mesmo método de
cálculo das amortizações anual uma vez que os bens já estavam prontos e úteis para serem utilizados
no final do exercício de 2020, conforme orienta o n.º 29.º, da Lei n.º 19/14, de 22 de Outubro e o
PGC.

Dá análise feita ao balancete e ao mapa de amortizações de 2021 e 2020, verifica-se que em 2020
os os terrenos ligados a exploração agrícola e pomares não foram amortizados, sendo que no
exercício posterior, neste caso em 2021, já foram alvo de amortização uma vez que os pomares já
estavam evidenciados nos imobilizados corpóreos e foi feito um reajuste nas amortizações referentes
aos terrenos ligado a exploração agrícolas.

c) Imposto sobre os Lucros

Para análise e discussão da conta de Imposto sobre o lucro, de cada exercício, três contas mereceram
a nossa análise, propriamente, a conta do imposto industrial no acto de encerramento das contas
(Imposto apurado), a conta do imposto provisório sobre as vendas e a conta das retenções na fonte
efectuadas.

35
Quanto ao imposto industrial liquidado na Modelo 1, procedeu-se aos devidos acréscimo e
deduções, ou seja, correções fiscais ao lucro tributável e na matéria colectável, segundo os art.13º;
18º e 47º do CII. De realçar também que por força da Lei 10/18 – Lei do Investimento Privado, de
26 de Junho foi concedido pela AIPEX um benefício de uma redução de 37% da taxa do imposto
industrial, ou seja, uma taxa efectiva aplicada na matéria colectável de 4%.

Em 2020, existe um valor a crédito ao Estado rubrica (34) no valor de 4.845.274,01 Kz, pago apenas
em 2021 o valor de 934.984,00 Kz valor já ajustado com as deduções a colecta respeitante o Imposto
Industrial que foi objecto de liquidação provisória sobre as vendas, por referência exercício fiscal
de 2020. A liquidação foi efectuada, cumprindo o limite até final do mês de Agosto, mediante a
aplicação da taxa de 2% sobre o volume total das vendas efectuadas pela Jardins da Yoba, Lda nos
primeiros 6 meses de 2020 no valor de 2.386.533,00 Kz. Já no exercício económico de 2021
registou-se um valor a debito na rubrica (34) Estado no valor 7.191.951,51 Kz valor já ajustado com
as deduções a colecta respeitante o Imposto Industrial que foi objecto de liquidação provisória sobre
as vendas.

Para as retenções na fonte sofridas, uma vez que a Jardins da Yoba, Lda para além de fornecer
produtos agrícolas, presta também alguns serviços ao Estado, essa entidade pública (Ministério da
Agricultura) procede a retenção na fonte no momento da emissão do pagamento das OS, pelo serviço
que lhe foi prestado à taxa de 6,5%, como dispõe o art. 67.º do CII. Em 2020 não houve qualquer
serviço prestado assim o valor da retenção foi de 0 Kz e respeita 6,5% das prestações de serviço no
mesmo ano, já em 2021 o valor de 771.833,00 Kz.

Essas retenções na fonte, se analisadas as Declarações modelo 1, dos ambos os períodos, têm uma
natureza provisória e relevaram na liquidação definitiva de Imposto Industrial, deduzindo-se à
colecta, na linha das outras deduções a colecta.

d) Amortizações do Exercícios

Se analisamos a DF de ambos exercícios veremos claramente que a estratégica de Investir nos


Activos Tangíveis tem ajudado muito a empresa na poupança tributaria uma vez que 2020 teve um
impacto de 6% no Resultado Operacional e 18% em 2021. De realçar que essa estratégica acaba por
sere considerado um planeamento tributário levado pela empresa para redução do imposto
industrial. Tal como já foi abordado na alínea b) da presente secção.

36
e) Outros aspectos

Outro aspecto, refere-se a nota 35 que para ambos os anos foi calculada com base a taxa efectiva do
imposto industrial, relação entre a quantia de imposto sobre os lucros contabilístico (Proveitos
menos custos conforme na DR), porém este imposto foi ajustado como preconizado pelo PGC que
o imposto evidenciado será o imposto fiscal apurado com os métodos imposto pela AGT.

37
CONCLUSÕES

Uma das funções do Estado na economia de um país é fornecer o bem-estar as populações. A


existência do bem-estar requer investimentos em energia eléctrica, água potável, estradas asfaltadas,
educação, saúde, habitação e outros. O Estado por si só não consegue efectuar investimentos em
todos estes sectores da economia. Deste modo surgem três tipos de investimentos, que são os
investimentos públicos, privados e as parcerias público privadas. No caso dos investidores privados
quer sejam eles nacionais ou estrangeiros, os impostos têm uma vital importância, porque existe
uma relação directa entre os impostos e os lucros obtidos dos seus investimentos.

Assim, através dos métodos utilizados e a análise efectuada aos resultados, permitiu-se dar resposta
ao problema de investigação, como já evidenciamos a longo do trabalho, e atingir com êxito o
objectivo preconizado.

Examinando o processo contabilístico e o tratamento fiscal adoptado pela empresa, em termos


conclusivos, a empresa dispõe de um processo contabilístico ordenado e dá tratamento aos factos
fiscais com certa prudência, seguindo os parâmetros legais definidos, pois que, também todo facto
patrimonial é tratado pelo departamento de contabilidade e pela empresa de consultoria que é
especialista nestas matérias, mas com vista a fortalecer os procedimentos relativo a esse estudo, ao
longo da nossa análise e discussão dos dados recolhidos, retratamo-nos, já, algumas sugestões e
opções alternativas mais favoráveis para a empresa, bem como outras recomendações que são
apresentadas na secção a seguir.

Os resultados do estudo de caso evidenciam que os procedimentos contabilísticos, servem de


linguagem universal dos negócios e, de modo conceptual, têm vindo a sofrer uma forte influência
das normais fiscais, isto é, no âmbito da Fiscalidade, e esta separação deve ser evidente, pois a
Contabilidade é e deve ser uma ferramenta de gestão e de decisão da actividade económica das
empresas, permitindo a redução da informalidade, bem como uma articulação e gestão eficaz com
as funções da gestão, e só com esta ferramenta a empresa conseguirá aproveitar os diversos
benefícios, incentivos, e conhecer as opções com menos ónus que o sistema fiscal angolano oferece,
para maior poupança fiscal.

38
SUGESTÕES

Para atrair o investimento privado quer seja nacional ou estrangeiro e melhorias na apresentação e
divulgação das contas por parte do agronegócio, sugerimos:

 Criação de um regime de contabilidade agrícola como é feito nos países com o sistema de
normalização contabilístico implementado pela IAS, uma vez que com esse sistema ajudara
e muito na contabilização dos activos biológicos nas DF´s;
 Melhorias no regime fiscal por parte do Imposto Industrial no sector do agronegócio, isto é,
na apresentação das declaração desse mesmo imposto uma vez que até ao momento as taxas
aplicadas nos activos biológicos de produção e de consumo são as mesmas (no caso do gado
bovino leiteiro e do gado bovino criado e levado para o matadouro). Se analisarmos os
períodos de duração de um e do outro são completamente distintos, assim não faz nenhum
sentido a aplicação das mesmas taxas para os mesmos;
 Uma vez que esta ser feito um processo de normalização do nosso sistema contabilístico,
nesta senda, vale realçar aos Empresários, a AGT e OCPCA os três (3) utentes importantes
e muito interessados nesse processo de normalização, procurarem de forma conjunta
intercâmbios e palestras aos seus parceiros direitos a visão de como poderá funcionar este
processo uma vez que muito trará desafios para os três utentes. Assim, os Empresários
devem procurar sair da zona de conforto e contratarem colaboradores com competências e
profissionalismo, quanto a AGT deverá capacitar os seus técnicos a darem soluções rápidas
e eficientes ou convincentes aos contribuintes de forma a facilitar essa dinâmica que serve
como ferramenta para arrecadação de tributos e a OCPCA capacitar os Contabilistas e os
Peritos Contabilista para conseguirem darem respostas a este processo e facilitar a relação
com os empresários e a AGT sendo que serão eles a representar as empresas a nível do fisco;
 Deve-se desencorajar a atitude dos empresários de apenas solicitarem os serviços de
Contabilidade e fiscalidade quando são notificados pela AGT sobre as asserções contidas
nas demonstrações financeiras, uma vez que essas situações acabam por serem mais
onerosas e desacreditando o trabalho dos gestores das empresas sendo que os mesmos são
os responsáveis pela preparação dos relatórios gestão e contas, este relatório não serve
apenas para efeitos fiscais como muitos gestores olham.

39
Assim, com base no estudo feito tecemos as seguintes sugestões à empresa Jardins da Yoba, Lda, a
fim de ter sucesso e melhorar suas acções no âmbito contabilístico e fiscal:

 Reforçar sempre os laços com a repartição fiscal de domicílio, a fim de sempre que possível
receber melhores recomendações fiscais;
 Além da criação do dossier permanente, que se mostra prudente e constatamos não existir,
a empresa dispor de um arquivo digital de suporte, para facilitar o processo de pesquisa das
informações mais remotas e tê-las em tempo útil, como é o caso das fiscalizações levadas a
cabos pela AGT;
 Consultar um contabilista, sempre que estiver diante de uma decisão com impactos fiscais
ou simplesmente noutros aspectos empresariais relevantes. Tal consulta deve ocorrer, quer
na resolução de litígios ou dilemas com a AGT, quer no momento da definição de uma
alternativa empresarial qualquer, pois esses profissionais são o guia para empresa,
fornecendo detalhes para análise económica, financeira, fiscal, contabilística e outras áreas
afins;
 Acrescer, no relatório e contas da empresa, a componente da análise económica e financeira,
dada sua utilidade em diversos aspectos, e principalmente, para avaliar o estado financeiro
da empresa, identificar fragilidades, projectá-la em diversos cenários e prevenir problemas
a curto, médio e longo prazo;
 Elaborar uma ferramenta de controlo, para monitoramento e acompanhamento das acções
relacionadas ao planeamento fiscal, a fim de reduzir a carga tributária da empresa.
 Classificar e contabilizar os activos biológicos tendo como espelho as Normas Internacionais
de Contabilidade como por exemplo o POC uma vez que está mais próximo da nossa
realidade económica;
 Controlar e separar os activos biológicos de consumo e os de produção, como inventariando
em planilhas fácies de serem geridas e controladas.

40
BIBLIOGRAFIA

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42
Legislação consultada

Constituição da República de Angola de 2010

Decreto Legislativo Presindecial nº 2/14, de 20 de Outubro - Código do Imposto sobre Aplicação

de Capitais.

Decreto-lei 29/2008, de 25 de Fevereiro que estabelece deveres de comunicação, informação e


esclarecimento à administração tributária sobre esquemas propostos ou actuações adoptadas que
tenham como finalidade, exclusiva ou predominante, a obtenção de vantagens fiscais, em ordem ao
combate ao planeamento fiscal abusivo.

Decreto nº 82/01, de 16 de Novembro – Plano Geral de Contabilidade.

Decreto Presidencial nº 292/18, de 3 de Dezembro – Regime Juridico das Facturas e do Documentos


equivalentes.

IAS (Normas Internacionais de Contabilidade) 41 – Agricultura

Lei 08/22, de 14 de Abril - Código dos Benefícios Fiscais.

Lei n.º 14/15, de 11 de Agosto que aprova a Lei do Investimento Privado.

Lei nº 21/14, de 22 de Outubro que Aprova o Código Geral Tributário.

Lei 26/20 , de 20 de Julho- Alteração do Código do Imposto Industrial.

Lei nº 01/04, de 13 de Fevereiro - Lei das Sociedades Comercias.

Lei nº 19/14, de 22 de Outubro – Lei que aprova o Código do Imposto Industrial

Sistema de Normalização Contabilística

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ANEXOS

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47
48
49
50
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53
54
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