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Instituto Politécnico de Gestão, Logistica e Trasportes

IPGEST

TRABALHO DE FISCALIDADE

Impostos e a Dupla
Tributação

Docente:

___________________________

Manuela Fernanda dos Santos

Luanda, 2022
Instituto Politécnico de Gestão, Logistica e Trasportes

IPGEST

TRABALHO DE FISCALIDADE

Impostos e a Dupla
Tributação

Nome: Josefina Kimuene Paulo António


Nº 20200130
Curso: Gestão Aeronáutica
Período: Manhã
2º Ano

Docente:

___________________________

Manuela Fernanda dos Santos

Luanda, 2022

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Índice
Introdução......................................................................................................................... 4
Impostos e Dupla tributação............................................................................................. 5
Dupla Tributação Internacional (DTI).............................................................................. 6
Dupla Tributação em Angola e os ADTs assinados......................................................... 8
Benefícios dos Acordos da dupla Tributação ADT com outros países.......................... 11
Conclusão........................................................................................................................12
Referências Bibliográficas...............................................................................................13

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Introdução

A globalização e o aumento do investimento e comércio internacionais implicam


um potencial conflito de jurisdições fiscais ou, em certas circunstâncias, um vazio
jurisdicional. Um conflito jurisdicional reside na determinação do país a tributar quando
um evento tributável está sob a jurisdição de dois ou mais poderes soberanos.

A tributação pode ser realizada pelo país onde a actividade decorreu, onde o
contribuinte é residente, ou onde a entidade produtora de rendimento está situada; e/ou o
país onde as pessoas físicas ou jurídicas obtêm o rendimento, ou onde os proprietários
do activo que produz o rendimento têm a sua residência ou domicílio. Uma ocorrência
pode ser considerada como um evento tributável pelo país onde o rendimento ou sua
propriedade é proveniente (país de fonte), mas igualmente pelo país de residência,
porque o rendimento é acumulado ou a propriedade pertence a um de seus residentes.
Neste Trabalho abordou-se apuradamente sobre os impostos e a dupla tributação anivel
internacional e nacional concretamente em Angola, e seus beneficios.

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Impostos e Dupla tributação

Segundo a AGT um imposto é uma prestação pecuniária, definitiva, unilateral,


estabelecida por lei não sancionatória, exigida a detentores de capacidade contributiva, a
favor de uma entidade que exerça funções públicas.

Dupla Tributação: É um conceito com que no Direito Tributário se designam


os casos de concurso de normas. Isto é, situações em que o mesmo facto se integra na
previsão de duas normas diferentes. O mesmo facto integra na hipótese de incidência de
duas normas tributárias materiais distintas, dando origem à constituição de mais do que
uma obrigação de imposto.

A dupla tributação consiste na imposição de impostos comparáveis por dois ou


mais países soberanos, sobre o mesmo item de receita do mesmo sujeito passivo pelo
mesmo período tributável. Isso pode ocorrer, entre outros, se um país reivindicar
autoridade fiscal com base na residência ou na cidadania do contribuinte, enquanto um
outro país postular a autoridade tributária com base no local de origem do rendimento.

Consideram-se dois tipos de dupla tributação. Um primeiro tipo de dupla


tributação que ocorre quando o mesmo rendimento ou capital é tributado em mais de um
país, nas mãos de diferentes contribuintes (dupla tributação económica). Um segundo
tipo surge quando o mesmo rendimento ou capital é tributado em dois países (dupla
tributação jurídica). A eliminação dessa dupla tributação tem sido feita através de
Acordos de Dupla Tributação (ADT).

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Dupla Tributação Internacional (DTI)

Existe dupla tributação internacional sempre que um contribuinte seja tributado


sobre o mesmo rendimento em dois Estados diferentes, sendo comum sempre que o
Estado onde reside o contribuinte não seja o Estado de onde provêm os seus
rendimentos.

No mundo existem mais de três mil acordos tributários em vigor, e quase todos
se resumem em dois modelos influentes que são:

i.) O modelo tributário sobre a renda e sobre o património


ii.) O modelo da convenção das Nações Unidas sobre dupla Tributação entre
países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

Os dois modelos referenciados são da OCDE e da ONU. Estes diferenciam-se


principalmente pelo facto de que o Modelo da OCDE favorece os princípios da
residência (Estados mais desenvolvidos) ao passo que o Modelo da ONU favorece o
princípio da fonte, típico de países menos desenvolvidos.

No entanto, os modelos supra mencionados são muito utilizados nas discussões


para dirimir conflitos de natureza jurídico tributárias que inclui a dupla tributação, bem
como discussões que estabelecem equilíbrio entre as administrações tributárias e os
contribuintes e o consequente crescimento socioecónomico do Estado.

No actual cenário económico global, quase todos países têm os investimentos


conectados por meio das fronteiras (áreas, marítimas, fluviais e terrestre), por onde
passam os fluxos comerciais.

O comércio internacional de bens e serviços, a transferência de conhecimentos e


tecnologias, bem como a migração de pessoas, podem gerar diferentes tipos de renda
sujeitos à tributação, conforme a legislação interna de cada Estado.

Nesta conformidade, e caso não haja coordenação entre Estados por meio, por
exemplo, de um acordo de assistência mútua, podem-se gerar situações de dupla
tributação. Dentre outros, os acordos tributários internacionais prosseguem os seguintes
objectivos:

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i.) Eliminar as barreiras e as infracções transfronteiriças de natureza
tributária que afectam o comércio;
ii.) Fomentar a cooperação entre as administrações tributárias com
objectivo de impedir a fraude e evasão fiscal a nível internacional;
iii.) Contribuir para maximizar a riqueza global e assegurar uma
distribuição equitativa dos recursos;
iv.) Aumentar o fluxo de investimento entre as partes.

 Com efeito, percebe-se que a dupla tributação internacional pode ser eliminada,
total ou parcialmente, quando exista um acordo com este objectivo celebrado entre
Angola e o Estado de residência do contribuinte.

Note-se que pode existir a dupla tributação económica que não se confunde com
a dupla tributação jurídica. A dupla tributação económica verifica-se sempre que o
imposto de um Estado seja incidente sobre o mesmo período e rendimento na esfera de
dois sujeitos passivos distintos. O factor de distinção entre a dupla tributação jurídica e
a dupla tributação económica respeita ao aspecto subjectivo, em que a dupla tributação
jurídica respeita ao mesmo sujeito passivo e a dupla tributação económica refere-se a
sujeitos passivos distintos.

Acrescente que genericamente estes acordos podem contemplar um de dois


mecanismos de eliminação da dupla tributação internacional, dependendo dos seus
termos concretos e do tipo de rendimento em questão:

Método do crédito de imposto - Eliminação da dupla tributação internacional


mediante atribuição ao contribuinte de crédito de imposto em montante equivalente ao
imposto suportado, o qual poderá ser abatido, total ou parcialmente contra o imposto a
pagar no seu Estado de residência. Isto é, o contribuinte não residente pagará o imposto
em Angola, podendo, posteriormente, deduzir tal imposto, total ou parcialmente, no
cálculo do imposto a pagar no seu Estado de residência (caso haja lugar a imposto no
Estado de residência).

Método da isenção - O Estado da residência, não sujeita a imposto os


rendimentos que podem ser tributados pelo Estado contraparte do acordo.

Enfim, faz notar que, nos termos destes acordos, podem ser atribuídas
competências exclusivas para tributar determinados rendimentos apenas a um dos

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Estados Contratantes, nomeadamente o Estado de residência ou o Estado fonte dos
rendimentos.

Dupla Tributação em Angola e os ADTs assinados

Os Acordos para evitar a Dupla Tributação celebradas por Angola contêm vários
mecanismos a que os contribuintes poderão recorrer para eliminar ou mitigar, total ou
parcialmente, essa dupla tributação internacional.

Evitar a dupla tributação internacional

Actualmente existem vários mecanismos previstos nos ADTs celebrado por


Angola para se eliminar, total ou parcialmente, essa dupla tributação. Os ADT visam
eliminar a dupla tributação em matéria de impostos sobre o rendimento sem criar
oportunidades de não tributação ou de tributação reduzida através de fraude ou evasão
fiscal (designadamente através de construções abusivas que visem a obtenção dos
desagravamentos previstos nestes acordos para benefício indireto de residentes de
terceiros Estados.

Rendimentos passíveis de gerar situações de dupla tributação internacional


em Angola para não residentes

Uma vez que os não residentes estão sujeitos à IRT, IAC e IPU (rendas) sobre os
rendimentos obtidos em território angolano, serão estes os rendimentos passíveis de
gerar situações de dupla tributação internacional em Angola.

A título ilustrativo, consideram-se obtidos em território angolano os seguintes


rendimentos:

1- Os rendimentos do trabalho dependente decorrentes de actividades exercidas


em Angola ou devidas por entidades que tenham residência, sede, direcção
efectiva em Angola ou estabelecimento estável a que deva imputar-se o
pagamento.

Por exemplo, será este o caso do não residente que aufere um salário pago por
uma empresa sediada em território nacional.

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2- Os rendimentos decorrentes de actividades profissionais e de
outras prestações de serviços (incluindo de carácter científico, artístico, técnico e
de intermediação na celebração de quaisquer contratos), realizadas ou utilizadas
em território angolano, desde que devidos por entidades que tenham residência,
sede direccção efectiva ou estabelecimento estável em Angola a quem deva
imputar-se o pagamento.

Por exemplo, o não residente que exerce temporariamente uma actividade


profissional independente em Angola que seja paga por uma empresa sediada em
território nacional.

3- Rendimentos de aplicação de capitais devidos por entidades que


tenham residência, sede, direção efetiva em Angola ou estabelecimento estável a
que deva imputar-se o pagamento.

Por exemplo, o não residente que aufere juros de um depósito a prazo subscrito
junto de uma instituição de crédito com sede em Angola ou dividendos de uma empresa
sediada em território nacional e em que esses juros não constituam encargo de
estabelecimento estável situado fora deste território relativamente à atividade exercida
por seu intermédio.

4- Os rendimentos respeitantes a imóveis situados em Angola.

Por exemplo, o não residente que recebe rendas pelo arrendamento ou cedência
de exploração de imóveis de que seja proprietário em Angola.

Como pode ser elimindada a dupla tributação internacional entre angola E


o estado de residêcnia do contribuinte

Quando uma empresa de um país investe em outro, surge a questão sobre qual
jurisdição tributa e que partes da receita vai tributar, de todo o retorno que o
investimento gera. Assim, os países assinam tratados fiscais ou Acordos para evitar a
Dupla Tributação (ADT) entre si para resolver essas e outras questões. Um dos
objetivos é impedir que o mesmo rendimento seja tributado duas vezes: a chamada
"dupla tributação".

A dupla tributação internacional pode ser eliminada, total ou parcialmente,


quando exista um ADT celebrado entre Angola e o Estado de residência do contribuinte.

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Os ADT poderão contemplar um de dois mecanismos de eliminação da dupla
tributação internacional, dependendo dos termos concretos do ADT e do tipo de
rendimento em questão:

1- Método do crédito de imposto:

Eliminação da dupla tributação internacional mediante atribuição ao contribuinte


de crédito de imposto em montante equivalente ao imposto suportado em Angola, o qual
poderá ser abatido, total ou parcialmente, contra o imposto a pagar no seu Estado de
residência.

Isto é, o contribuinte não residente pagará o imposto em Angola, podendo,


posteriormente, deduzir tal imposto, total ou parcialmente, no cálculo do imposto a
pagar no seu Estado de residência (caso haja lugar a imposto no Estado de residência).

2- Método da isenção:

Pelo método da isenção o Estado da residência, não sujeita a imposto os


rendimentos que podem ser tributados nos termos do ADT em Angola.

Este método pode ser aplicado segundo dois princípios:

a) O rendimento tributável em Angola nunca é tomado em linha de conta pelo


Estado de residência para efeitos do seu imposto; o Estado de residência, não está
autorizado a tomar em consideração o rendimento deste modo isento, ao determinar o
imposto a cobrar sobre o remanescente do rendimento. Este método é designado por
“isenção integral”;

b) O rendimento tributável em Angola, não é tributado pelo Estado de


residência, mas o Estado de residência mantém o direito de ter em consideração esse
rendimento ao fixar o imposto a cobrar sobre o rendimento remanescente. Este método é
designado por “isenção com progressividade”.

Isto é, o contribuinte não residente apenas pagará o imposto em Angola ou no


seu Estado de residência (dependerá do tipo de rendimento e do mecanismo
especificamente previsto no ADT).

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Adicionalmente os ADT poderão atribuir competência exclusiva, para tributar
determinados rendimentos apenas a um dos Estados contratantes, o Estado de
residência, ou o Estado fonte dos rendimentos.

3- Tributação exclusiva atribuída a um dos Estados:

O contribuinte não residente apenas pagará imposto em Angola ou no seu


estado de residência, dependendo do tipo de rendimento.

Benefícios dos Acordos da dupla Tributação ADT com outros


países.

O ADT entre Angola e Portugal foi publicado em 2019 no Diário da República,


após a aprovação da Assembleia Nacional e ratificação por parte do Presidente da
República. Para além de Portugal, o País assinou este tipo de acordo com Cabo-Verde,
Emirados Árabes Unidos e a China. Na perspectiva de Angola, ao eliminar os
impedimentos fiscais aos fluxos transfronteiriços de capitais e ao reduzir a
probabilidade de empresas estrangeiras serem tributadas duas vezes pelo mesmo
rendimento, estes acordos podem promover os investimentos estrangeiros.

Estes tipos de acordos são igualmente concluídos contra a evasão fiscal,


facilitando a partilha de informações, o reforço das relações bilaterais ou como forma de
dar sinais à economia global e aos potenciais investidores de que o país é um membro
responsável da comunidade tributária internacional, que está disposto e é capaz de se
conformar às regras e normas tributárias amplamente aceites.

Estes tratados são benéficos para os investidores e espera-se que dinamiza o


fluxo de investimentos directo estrangeiro (IDE). Ao limitar a tributação da fonte aos
"lucros" das actividades comerciais, ou ao impor um limite na taxa de imposição sobre
quantias brutas de receita, os tratados fiscais podem ajudar a garantir que a tributação
excessiva num dos países não oferece obstáculo aos investimentos e actividades
transfronteiras.

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Conclusão

Da abordagem feita conlui-se que a dupla tributação ocorre quando dois ou mais
países cobram mais de uma vez o mesmo imposto sobre lucros, dividendos, juros,
royalties ou serviços. Entre as várias interpretações da dupla tributação destaca-se o
conflito típico resultante do princípio da localização geográfica do sujeito passivo do
imposto, colocando em causa a jurisdição da residência e da fonte.

Os acordos para eliminar dupla tributação constituem uma das premissas da


Reforma Tributária; em Angola os ADTs estão previstos nas Linhas Gerais do
Executivo para a Reforma Tributária, e visa desenvolver as relações económicas e
cooperação fiscal entre os Estados; Constituem um dos instrumentos para prevenir a
fraude e evasão fiscal em matéria de impostos sobre o Rendimento.

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Referâncias Bibliográficas
 https://www.re-activar.pt/conhecimento/conceitos-basilares-da-dupla-tributacao-
internacional/
 https://repositorio.idp.edu.br/bitstream/123456789/354/1/Monografia_Getulio
%20Borges%20da%20Silva.pdf
 https://agt.minfin.gov.ao/PortalAGT/#!/sala-de-imprensa/noticias/9413/
importancia-dos-acordos-tributarios-internacionais
 https://www.expansao.co.ao/opiniao/interior/acordos-de-dupla-tributacao-
custos-e-beneficios-96518.html
 https://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/17035/1/
DM_BeatrizRufino_MSOL_2020.pdf
 https://www.ucm.minfin.gov.ao/cs/groups/public/documents/document/aw4x/
mjyx/~edisp/minfin1261117.pdf
 https://www.tfra.pt/wp-content/uploads/2020/07/Guia-Fiscal-Dupla-Tributa
%C3%A7%C3%A3o-Portugal-Angola-280219.pdfhttp://
www.ucm.minfin.gov.ao/cs/groups/public/documents/document/aw4x/mte4/
~edisp/minfin1118681.pdf
 https://www.ey.com/pt_ao/tax/dupla-tributacao-um-problema-ainda-distante-
para-angola
 https://abreuadvogados.com/conhecimento/publicacoes/artigos/convencao-para-
evitar-a-dupla-tributacao-entre-portugal-e-angola/

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