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3.ª Aula
A classificação mais comum faz a distinção dos impostos nas seguintes hipóteses1:
A Constituição, hoje, em seu art. 104.º, utiliza a classificação que leva em conta
a distinção entre os impostos de rendimento pessoal, os impostos sobre o
patrimônio e o imposto sobre o consumo.
Porquê existem outros dispositivos legais, como o Código Civil, por exemplo,
que prevê uma distinção diferente.
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A classificação não é científica.
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Ou seja, outras divisões continuam a ter consequências no ordenamento jurídico
português.
Por isso, vamos analisar, mesmo que de forma breve, as classificações mais
vulgares e que, de uma maneira ou de outra, podem ter consequências jurídicas
no ordenamento jurídico português. É o que veremos a seguir.
Embora esta divisão tripartida não seja das mais elogiadas pelos juristas, uma vez que
se baseia em critérios económicos, tem vindo a ser utilizada pelo FMI – Fundo Monetário
Internacional e pela OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Também tem sido aceita pelo direito português3, conforme se observa da leitura do art.
104.º da CRP, a saber:
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed., Coimbra: Coimbra
Editora, 2012.
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Como vimos início.
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3 - A tributação do consumo visa adaptar a estrutura do consumo à evolução das
necessidades do desenvolvimento económico e da justiça social, devendo onerar
os consumos de luxo.
(TRIBUTAÇÃO DO CONSUMO)
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Exemplo: O Código de imposto sobre o rendimento das pessoas
singulares (CIRS) também dá um conceito similar, respeitadas
as diferenças inerentes às pessoas singulares e coletivas. A
definição de rendimento consta nos arts. 2.º e 3.º, respeitada a
divisão por categorias.
Através da Lei do Orçamento para 2017 foi criado em Portugal o Adicional ao Imposto
Municipal sobre Imóveis, o qual, apesar da designação, se apresenta como um imposto distinto
do IMI, que tributa fortunas imobiliárias.4
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Manual de Direito Fiscal, 2.ª ed., Coimbra: Editora
Almedina, 2018. p. 14.
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Exemplos: o IVA (imposto sobre valores adicionais); o IEC
(impostos especiais de consumo); o ISP (impostos sobre os
produtos petrolíferos e energéticos); o IT (imposto sobre o
tabaco); o IABA (imposto sobre o álcool e as bebidas); o ISV
(imposto sobre veículos); e o IUC (imposto único de circulação).
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed., Coimbra: Coimbra
Editora, 2012.
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Almedina, 2018. p. 14.
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Existem vários critérios para explicar a distinção entre impostos diretos e indiretos.
O mais utilizado em Portugal, pela leitura dos dispositivos legais existentes, é o critério da contabilidade nacional.
Mas como é esse critério?
É um critério que leva em consideração a natureza económica dos impostos, ou melhor dizendo, leva em
consideração a sua integração ou não nos custos de produção da empresa. E quais os impostos que entram ou
não no custo da empresa? Como fazer esta diferenciação?
Diretos » não constituem custos de produção das empresas.
Trocando em miúdos, aqui verifica-se a tributação do rendimento e do patrimônio. Tributam o ter (um rendimento,
um capital ou património). Exemplo: O IRC (impostos sobre o rendimento das pessoas coletivas)
Indiretos » constituem custo de produção da empresa. Pode-se dizer que os impostos indiretos, neste sentido,
correspondem aos impostos sobre o consumo. Ou seja, aqui se observa a tributação do consumo. Exemplo: O
impostos de consumo – IVA (impostos sobre o rendimento das pessoas singulares)
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Estes são cobrados com base nas transações efetuadas, independentemente dos
agentes envolvidos nessas transações. Os impostos indiretos têm um impacto
imediato sobre o preço dos produtos sobre os quais incide.
Encontramos essa distinção em vários dispositivos de lei. Vejamos alguns: TFUE - No âmbito da legislação da
comunitária temos os Arts. 112.º e 113.º do TFUE.
Na própria Constituição Portuguesa encontramos esta distinção, mesmo que a base constitucional, como vimos
antes com a divisão tripartida, seja diferente. Vide o art. 254 da CRP: “1. Os municípios participam, por direito
próprio e nos termos definidos pela lei, nas receitas provenientes dos impostos directos. Os municípios dispõem
de receitas tributárias próprias, nos termos da lei”.
Também encontramos esta distinção da Lei Geral Tributária, no seu art. 6.º, n.ºs 1 e 3:.
Por fim, embora não tenhamos citados todos os dispositivos legais, sendo a apresentação destes dispositivos
meramente exemplificativos, observamos esta divisão no Código Civil Português, em especial no art. 736, n.º 1.
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed., Coimbra: Coimbra
Editora, 2012.
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sobre o valor acrescentado); e o IRC (imposto sobre o rendimento das
pessoas coletivas).
Porquê?
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respeitantes a pensões de alimentos; g) À exigência de fatura; h) Aos
encargos com lares; i) Às pessoas com deficiência; j) À dupla tributação
internacional; k) Aos benefícios fiscais. l) Ao adicional ao imposto
municipal sobre imóveis, nos termos do artigo 135.º-I do Código do
Imposto Municipal sobre Imóveis. (Redação da Lei n.º 42/2016, de 28
de dezembro) (…)”.
Como exemplo dos impostos periódicos tempos os impostos diretos, como vimos no art.
736, n.º 1, do CCP.
Impostos de obrigação única » não são passíveis de uma ocorrência regular e previsível,
uma vez que o facto que a determina se traduz na prática de um ato instantâneo (o ato de
adquirir). Por isso se diz que ele tributa atos e factos isolados.
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed., Coimbra: Coimbra
Editora, 2012.
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IMPOSTOS DE QUOTA FIXA E IMPOSTOS DE QUOTA VARIÁVEL
(PROPORCIONAIS, PROGRESSIVOS E REGRESSIVOS) (P. 1610)
Impostos de prestação fixa » aqui a lei estabelece um montante fixo de imposto igual
para todos os sujeitos passivos. O montante da coleta consta da própria lei. Todos os
contribuintes devem pagar o imposto.
Ou seja, temos um percentual “X” (taxa) e este percentual não se altera, mesmo
que varie o valor da matéria coletável.
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed., Coimbra: Coimbra
Editora, 2012.
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Exemplos: O IMI (imposto municipal sobre imóveis); e o IVA
(imposto sobre o valor adicional).
ii) Impostos progressivos » são impostos em que a taxa sobre à medida que aumenta a
matéria coletável.
Artigo 68.º
Taxas gerais
Taxas
Rendimento coletável (percentagem)
(euros) Normal Média
(A) (B)
Até 7 479 14,50 14,500
De mais de 7 479 até 11 284 21,00 16,692
De mais de 11 284 até 15 992 26,50 19,579
De mais de 15 992 até 20 700 28,50 21,608
De mais de 20 700 até 26 355 35,00 24,482
De mais de 26 355 até 38 632 37,00 28,460
De mais de 38 632 até 50 483 43,50 31,991
De mais de 50 483 até 78 834 45,00 36,669
Superior a 78 834 48,00 -
(Redação da Lei n.º 24-D/2022, de 30 de dezembro)
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iii) Impostos regressivos » estes impostos caraterizam-se pela diminuição da taxa do
imposto, à medida que aumenta a matéria coletável.
Impostos estaduais » são aqueles impostos em que o credor, ou seja, o sujeito ativo da
relação de imposto é o Estado português.
Impostos não estaduais – são aqueles impostos em que o credor não é o Estado.
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed., Coimbra: Coimbra
Editora, 2012.
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Exemplos: o IMI (imposto municipal sobre imóveis); o IMT
(imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis);
as DERRAMAS (é o adicional sobre o imposto de rendas das
pessoas coletivas situadas em determinados municípios que
decidam cobrar este adicional. É um poder jurídico dos
municípios – o Estado arrecada e depois repassa); e o IUC
(imposto único de circulação), na parte incidente sobre os
veículos das categorias A, E, F e G, na parte incidente sobre os
veículos das categorias C e D que circulem nas Regiões
Autónomas da Madeira e dos Açores, e parte da tributação
incidente sobre os veículos da categoria B.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Manual de Direito Fiscal, 2.ª ed.,
Coimbra: Editora Almedina, 2018. p. 13-18.
Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed.,
Coimbra: Coimbra Editora, 2012. p. 13-17.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
José Casalta Nabais, Direito Fiscal, 7.ª Edição. Coimbra: Editora Almedina. p. 29-90.
Américo Fernando Brás Carlos, Impostos – Teoria Geral, 3.ª Edição. Coimbra: Editora
Almedina. p. 25-64.
J.L. Saldanha Sanches, Manual de Direito Fiscal, 2ª Edição. Coimbra: Coimbra Editora. p. 9-
30.
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