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Evolução do sistema Fiscal Português

Acontecimentos marcantes dos principais impostos estabelecidos com a reforma fiscal no sistema fiscal português:

Décima Militar
Os princípios da igualdade e da generalidade surgem associados à exigência de nos impostos não se admitirem
isenções pessoais, sujeitando ao imposto a generalidade dos indivíduos, independentemente da sua qualidade ou
posição social.
A décima militar – primeiro imposto geral sobre o rendimento, votado em 1641, incidia sobre o rendimento das
pessoas do clero, da nobreza e do povo, abrangendo as classes sociais sem qualquer isenção ou privilégio. Segundo o
seu regimento, todas as pessoas tinham de contribuir com 10% dos seus rendimentos de prédios, capitais, comerciais,
industriais ou profissionais. Substituído em 1860 por diversos impostos parcelares sobre rendimentos.

Reformas de 1922 e 1929


Reforma fiscal de 1922 – criou 5 impostos: imposto sobre as transações, a contribuição industrial, o imposto pessoal
sobre o rendimento, o imposto sobre a aplicação de capitais e a contribuição predial. Não teve sucesso porque os
impostos criados não tinham qualquer correspondência com o nível de desenvolvimento das estruturas económicas
nacionais. A realidade económica conduziu a abolição destes princípios dando lugar a uma nova reforma.
Reforma fiscal de 1929 – assentou na melhoria dos impostos anteriormente criados com maior realismo e simplicidade
ao sistema fiscal. Optando por um sistema mais simples e realista de tributação dos rendimentos normais, adotando
taxas fixas, proporcionais, solução que permite uma maior simplicidade do sistema fiscal, no apuramento da matéria
coletável pelos serviços da administração fiscal e na facilidade do cumprimento das obrigações por partes dos
contribuintes.

Reforma fiscal de 1958 a 1965


Diz respeito à consagração do princípio da tributação de valores reais em detrimento da tributação dos valores
normais que havia sido adotado na reforma anterior. O princípio da tributação de valores reais acabou por ganhar
dignidade constitucional, em 1976, no que respeita à tributação das empresas art. 104º CRP.
Resultou um sistema fiscal constituído, relativamente à tributação do rendimento, por uma pluralidade de impostos
parcelares e por um imposto de sobreposição – o Imposto Complementar que introduziu critérios de personalização,
tributava de novo os rendimentos já tributados nas diversas cédulas.
Imposto Complementar – Secção A (eram sujeitos todos os restantes rendimentos tributados nos respetivos impostos
cedulares, que adotava taxas progressivas, por forma a tentar alcançar objetivos de personalização tributaria nas
pessoas singulares). Secção B (aplicava-se a tributação das sociedades e demais pessoas coletivas, funcionava como
um verdadeiro adicionamento à Contribuição Industrial).

Quanto à tributação do património, existem 2 impostos: - Imposto de SISA incide sobre o valor da transmissão
onerosa de bens imoveis; - Imposto sobre as Sucessões e Doações que incidia sobre a transmissão gratuita de bens
moveis e imoveis.
Quanto ao consumo – foi criado a 1966, o Imposto de Transações que era um imposto geral sobre o consumo. Para
além deste imposto geral existia ainda impostos especiais sobre o consumo, o imposto de turismo e o imposto sobre
especialidades farmacêuticas, abolidos em 1986 com a introdução do Imposto sobre o Valor Acrescentado – IVA.

A constituição de 1976 e as finalidades do Sistema Fiscal


Art.103n1 CRP – duas finalidades constitucionalmente cometidas ao sistema fiscal: finalidade fiscal – servindo os
impostos de fonte financiadora das despesas públicas; finalidade extra-fiscal – transforma os impostos em
instrumento financeiro ao serviço de uma política de repartição justa da riqueza e dos rendimentos.

Art.104 CRP – política de justa repartição, em que para ser justa a repartição da riqueza e dos rendimentos deve ser
menos desigual. Assim a CRP estabelece que o imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das
desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar n1,
as empresas são tributadas pelo seu rendimento do agregado real n2. A tributação do património deve contribuir para
a igualdade entre os cidadãos n3, enquanto a tributação do consumo visa adaptar a estrutura do consumo à evolução
das necessidades do desenvolvimento económico e da justiça social, devendo onerar os consumos de luxo n4.

Todas as disposições constitucionais apontam para regimes jurídico-fiscais desiguais. Enquanto tarefa prioritária, ao
Estado cumpre prosseguir com vista a operar as necessárias correções das desigualdades na distribuição da riqueza e
do rendimento – art.81 b) CRP.

Reforma da tributação do consumo de 1985 a 1986


Com a adesão à CEE tornou-se imperioso adaptar o sistema de tributação do consumo ao modelo que vigora no
Mercado Comum com a introdução do imposto sobre o valor acrescentado – IVA – em 1986 a que seguiria a reforma
dos diversos impostos especiais sobre o consumo – IEC.

IVA (Imposto Geral sobre o Consumo) – tributa todo o consumo em bens materiais e serviços, incide sobre as
transmissões de bens, as prestações de serviços, as importações de bens e as operações intracomunitárias,
abrangendo na sua incidência objetiva todas as fases do circuito económico, sendo a base tributável limitada ao valor
acrescentado em cada fase. Tem:
Um regime geral –utilizado o método subtrativo indireto ou método do crédito de imposto, no qual o imposto devido
por cada agente económico corresponde à diferença positiva entre o imposto que ele próprio liquidou aos seus
clientes e o imposto que lhe foi liquidado pelos seus fornecedores no período considerado.
Três regimes especiais – regime especial de isenção que se aplica aos contribuintes que não possuindo nem sendo
obrigados a possuir contabilidade organizada para efeitos do IRS ou IRC, não tenham atingido um volume de negócios
superior a 10.000€; regime especial dos pequenos retalhistas aplica-se a pessoas singulares que não possuam nem
sejam obrigados a possuir contabilidade organizada para efeitos de IRS e não tenha atingindo volume de compra
superior a 50.000€. Para apurar o IVA, aplica-se um coeficiente de 25% ao valor do IVA suportado nas aquisições de
bens; transmissão de bens em segunda mão e objetos de arte, agências de viagens. O IVA é apurado através do
método de dedução base da base, em que se aplica a taxa de imposto à diferença entre o valor das compras e vendas.

Aos impostos especiais de consumo IEC, imposto sobre o tabaco IT, imposto sobre o álcool e bebidas alcoólicas IABA, e
imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos ISP, constam no código dos impostos especiais sobre o consumo
CIEC.

Reforma da tributação do rendimento de 1988 a 1989


Reforma fiscal de 1988 criou 2 impostos diretos sobre o rendimento:
IRS – é único e progressivo. Incide sobre todo o rendimento das pessoas singulares, uma vez que a sua base de
incidência inclui os rendimentos provenientes das diversas fontes.
IRC – incide sobre o rendimento global das pessoas coletivas, o que nas sociedades comerciais se identifica com o
lucro da atividade económica desenvolvida. O lucro a tributar é o lucro real (art.104 n2 Crp).

A tributação do rendimento deve obedecer a três princípios:


Equidade – exige que a tributação seja adequada à capacidade contributiva de cada sujeito passivo. O princípio da
igualdade tributária assenta na capacidade contributiva (capacidade de pagar), atende aos índices objetivo
(rendimento, património e consumo - que servem de critérios de medida da capacidade económica) e tem por base
índice pessoais ou subjetivos. O princípio da capacidade contributiva implica a isenção das pessoas que não possuem
capacidade para pagar impostos e a necessidade de a lei definir um mínimo de existência fiscal e proceder à exclusão
desse valor. O limite imposto pela capacidade económica enquanto medida da real capacidade para contribuir para a
cobertura de despesas públicas, resulta que ao contribuinte não pode ser exigido imposto que lhe deixe um
rendimento líquido inferior ao mínimo dispensável para uma vida digna.

Eficiência – imposto contribua para a consecução de objetivos de promoção do desenvolvimento económico do país,
na perspetiva da internacional e da UE.
Simplicidade – implica que os impostos sejam estruturados de forma a garantir maior comodidade e maior segurança
ao contribuinte no cumprimento das suas obrigações tributárias. É importante reduzir ao mínimo as obrigações
acessórias dos contribuintes perante a Administração Fiscal e facilitar o cumprimento dessas obrigações, com várias
formas de pagamento dos impostos.

Reforma da tributação do património de 2003 a 2004


Reformulação dos impostos sobre a propriedade ou a sua transmissão. Respetivamente à propriedade foi criado o
Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), e em matéria de alienação de imóveis por ato entre vivos foi criado o Imposto
Municipal sobre a Transmissão Onerosa de Imoveis (IMT) e Imposto de Selo (IS), onerando as transmissões gratuitas
em vida (doações) ou por morte (heranças ou legados).

Os Impostos sobre o Rendimento


Imposto sobre o Rendimento das pessoas singulares – IRS

Incidência pessoal:
Art.13 CIRS, existem três tipos de sujeitos passivos:
Pessoas singulares residentes em território português em que são tributados pela totalidade dos rendimentos,
incluindo os rendimentos obtidos no estrangeiro, por força art.15 CIRS princípio da universalidade ou rendimento
mundial. Incluem- se os empresários em nome individual e sócios das sociedades sujeitas ao regime de transparência
fiscal art.6 CIRC.
Pessoas singulares não residentes, são tributados somente pelos rendimentos obtidos em Portugal, por força do
critério da fonte.
Pessoas singulares residentes não habituais, os quais estão sujeitos a um regime especial de incidência limitada em
IRS.

A existência de domicílio fiscal em Portugal é o elemento decisivo para a delimitação da base de incidência e da
definição das obrigações tributarias, art.16 CIRS que determina os residentes em território português. Tratando-se:

Residentes, e integrando um agregado familiar, em regra o imposto é apurado individualmente em relação a cada
cônjuge ou união de facto, sem prejuízo dos dependentes. Caso seja feita a opção pela tributação conjunta, o IRS é
devido pela soma dos rendimentos das pessoas que constituem o agregado familiar art.13 n4 CIRS.
Não residentes, ficam sujeitos a IRS apenas pelos rendimentos obtidos em território português, rendimentos esses de
atividades empresariais e profissionais imputáveis a estabelecimento estável situado em Portugal – art.18 CIRS.

Incidência real:
À luz dos princípios constitucionais, o IRS, surge como um imposto único que sucede aos impostos cedulares na
tributação das pessoas singulares. A sua base de incidência é constituída pelo rendimento global anual das pessoas
singulares. O rendimento global corresponde à soma dos vários rendimentos até mesmo quando ilícitos.

Na estrutura do código, art.1 CIRS são 6 categorias de rendimentos que integram a base de incidência do imposto:

Categoria A – Rendimentos do trabalho dependente – art.2 CIRS


Consideram-se todas as renumerações pagas ou postas à disposição do seu titular provenientes n3 alíneas a) a d).
São igualmente rendimentos de trabalho depende: 1) renumerações dos membros dos órgãos estatuários das pessoas
coletivas e entidades equiparadas, 2) renumerações acessórias, compreendem todos os direitos, benefícios não
incluídos na remuneração principal que sejam auferidos devido à prestação de trabalho ou conexão com esta e
constituam para o respeito beneficiário um vantagem económica, sendo elas: abonos de família, subsídios de refeição,
as importâncias despendidas como os seguros e operações do ramos “vida”, com fundos de pensões e de poupança-
reforma, e subsídios de residência, os abonos para falhas na parte em que excedam 5% da renumeração mensal fixa.
O conceito de renumerações acessórias engloba indemnizações resultantes da constituição, modificação e extinção da
relação jurídica que origine rendimentos do trabalho dependente incluindo as que respeitem ao incumprimento das
condições contratuais ou devido à mudança de local de trabalho.

Categoria B – Rendimentos empresariais e profissionais que engloba o trabalho independente – art.3 CIRS
Consideram-se rendimentos empresariais e profissionais os constantes no art.3.

Categoria E – Rendimentos de capitais – art.5 CIRS


Os frutos e demais vantagens económicas, sejam pecuniários ou em espécie, procedentes, direta ou indiretamente, de
elementos patrimoniais, bens, direitos ou situações jurídicas, de natureza mobiliária, bem como da respetiva
modificação, transmissão ou cessação, com exceção dos ganhos e outros rendimentos tributados noutras categorias.
Trata-se de rendimentos resultantes da aplicação de capitais, n2 a) a f).

Categoria F – Rendimentos prediais – art.8 CIRS


Consideram-se as rendas dos prédios rústicos, urbanos e mistos pagas ou colocadas à disposição dos respetivos
titulares, quando estes não optarem pela sua tributação no âmbito da categoria B.
Para efeitos de IRS, considera-se prédio rústico uma parte delimitada do solo e as construções nele existentes que não
tenham autonomia económica, prédio urbano qualquer edifício incorporado no solo e os terrenos que lhe sirvam de
logradouro e prédio misto o que comporte parte rústica e parte urbana – n3.
Considera-se construção todo o bem móvel assente no mesmo local por um período superior a 12 meses – n4.

Categoria G – Incrementos patrimoniais – art.9 e 10 CIRS


São tributados todos os ganhos resultantes de mais-valias ou de outros incrementos patrimoniais.
As mais-valias e as menos-valias respeitantes à transmissão onerosa de direitos reais sobre imóveis e à cessão onerosa
de posições contratuais relativas a imóveis e as resultantes da alienação onerosa de propriedade intelectual ou
industrial, prevista no art.10 n1 a), c) e d), apenas são consideradas em 50% do seu valor, art.43 n1 CIRS.

Categoria H – Pensões – art.11 CIRS

Determinação do rendimento coletável


O rendimento líquido em IRS, é apurado de forma analítica, com soluções distintas para as diversas categorias de
rendimento.
Deduções à coleta – são uma diminuição ao valor de IRS calculado anualmente para cada agregado familiar, tendo
como finalidades ajustar o imposto à situação familiar de cada contribuinte e evitar a dupla tributação de certos
rendimentos que foram objeto de retenção prévia. Feito ao total do rendimento líquido de todas as categorias.
Deduções específicas – montantes fixos ou percentagens, que são subtraídas ao rendimento bruto do contribuinte
para efeitos de cálculo do IRS, é o valor que é retirado ao rendimento bruto para se chegar ao rendimento líquido
(aquele que as Finanças utilizam para calcular IRS), o que faz com que a matéria coletável (valor sobre o qual incide o
imposto) seja menor, reduzindo assim o total de imposto a pagar. Quando são aplicadas as taxas de IRS respetivas ao
escalão de rendimentos, este valor já não é tido em conta.

Englobamento e as deduções específicas


Art.22 n1 CIRS, o rendimento coletável em IRS é o que resulta do englobamento dos rendimentos das várias categorias
auferidas em cada ano, depois de feitas as deduções e os abatimentos previstos na lei.

Etapas do rendimento coletável:


 Apurar os rendimentos brutos das várias categorias;
 Proceder às deduções específicas de cada categoria, de forma a obter os rendimentos líquidos, que variam de
acordo com a natureza dos rendimentos.

As deduções específicas variam de acordo com a natureza dos rendimentos:


Categoria A (Rendimentos do trabalho dependente)
Aos rendimentos brutos do trabalho dependente deduzem-se, por cada titular que os tenha auferido, os seguintes
montantes:
 Euro, 4.104;
 As indemnizações pagas pelo trabalhador por rescisão unilateral do contrato individual de trabalho sem aviso
prévio;
 As quotizações sindicais, desde que não excedam, em relação a cada sujeito passivo, 1 % do rendimento bruto,
caso em que são acrescidas de 50 %.

Se as contribuições obrigatórias para regimes proteção social e subsistemas legais de saúde excederem o limite fixado
(4.104), a dedução é feita pelo montante total dessas contribuições. Esta dedução pode ainda ser elevada até 75% de
12 vezes o valor do IAS desde que a diferença resulte de quotizações para ordens profissionais suportadas pelo próprio
sujeito passivo e indispensáveis ao exercício da atividade desenvolvida exclusivamente por conta de outrem – art.25
CIRS.

Categoria B (Rendimentos empresariais e profissionais)


Só são considerados como proveitos e custos os respeitantes a bens ou valores do ativo da empresa individual ou que
estejam afetos às atividades empresariais e profissionais do sujeito passivo – art.29 CIRS.
Art.28 CIRS, a determinação dos rendimentos empresariais e profissionais pode ser feita de uma de duas formas:
1) Com base nas regras do regime simplificado, aplicável quando os sujeitos passivos não tenham ultrapassado um
rendimento ilíquido de euro, 200.000, no ano anterior;
2) Com base na contabilidade e, nesse caso, aplicam-se as regras estabelecidas no código do IRC para a determinação
do lucro tributável – art.32 CIRS.
Os sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado podem optar pela determinação dos rendimentos com base
na contabilidade, manifestando essa opção em dois momentos distintos: 1- na apresentação da declaração de início de
atividade, 2 – apresentação até ao fim do mês de março do ano pretendido, uma declaração de alterações. Neste
regime simplificado, a determinação do rendimento
tributável obtém-se através da aplicação dos coeficientes previstos no art.31 CIRS.
São dedutíveis todos os gastos e perdas incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os
rendimentos da respetiva atividade profissional. Assim, deduzem-se os custos efetivos e comprovados
documentalmente, segundo as regras art.23 CIRC.

Categoria E (Rendimentos de capitais)


Nos rendimentos de capitais, art.5 CIRS, não são permitidas deduções especificas, com exceção do art.40 A n1 CIRS,
que considera apenas 50% do valor dos lucros devidos por pessoas coletivas sujeitas e não isentas de IRC bem como os
rendimentos resultantes da partilha em consequência da liquidação dessas entidades que sejam qualificados como
rendimentos de capitais, no caso de opção pelo englobamento.
Esta solução que pretende reduzir os efeitos da dupla tributação económica só é aplicável se a entidade devedora dos
lucros ou que é líquida tiver a sua sede ou direção efetiva em território português e os respetivos beneficiários
residirem neste território.

Categoria F (Rendimentos prediais)


Quanto aos rendimentos prediais art.8 e 41 CIRS, consideram-se como tais as rendas dos prédios, deduzindo-se os
gastos efetivamente suportados e pagos pelo sujeito passivo para obter ou garantir tais rendimentos, nomeadamente
as despesas de manutenção e conservação dos prédios suportadas pelo contribuinte e documentalmente
comprovadas.
Categoria G (Incrementos patrimoniais)
Quanto aos rendimentos qualificados como incrementos patrimoniais, art.9 e 10 CIRS, não são feitas deduções, exceto
as mais-valias, cujo englobamento é considerado apenas pelo valor de 50% do rendimento apurado – art.43 n2 CIRS.
Não são tributadas as mais-valias provenientes da transmissão de imoveis destinados a habitação própria e
permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar, desde que o valor realizado seja reinvestido na aquisição
da propriedade de outro imóvel, de terreno para construção de imóvel e ou respetiva construção, ou na ampliação ou
melhoramento de outo imóvel exclusivamente com o mesmo destino n5 art.10 CIRS.

Categoria H (Pensões)
Aos rendimentos brutos das pensões de valor anual igual ou inferior a 4.104 euros deduz-se, até a sua concorrência, a
totalidade do seu quantitativo. Se o rendimento anual, por titular, for superior ao valor, a dedução é igual ao referido
montante de 4.104€ – art.53 CIRS.

Taxas IRS
Taxas Gerais – artigo 104 CRP – o IRS é um imposto progressivo, o que implica a adoção de vários escalões de
rendimentos aos quais correspondem taxas diferentes que variam mais do que proporcionalmente, aumentando à
medida que aumenta o rendimento tributável. O IRS apresenta taxas progressivas e proporcionais. O rendimento
global líquido do contribuinte é sujeito às taxas gerais do IRS, tabela art.68 CIRS, tais taxas são progressivas e
distribuídas por vários escalões.

Taxa adicional de solidariedade – Art.68 A, criando uma taxa adicional em IRS que passa a ser exigido a todas as
pessoas com rendimentos superiores a 80.000€ líquidos. A taxa adicional está dividida em 2 escalões: 1º de 80.000€ a
250.000€ a que corresponde uma taxa adicional de 2,5%, 2º para rendimentos líquidos superiores a 250.000 que
corresponde uma taxa adicional de 5%.
A taxa adicional desrespeita por completo o sistema de tributação de rendimentos e acaba por corresponder a um
segundo imposto para os rendimentos mais elevados, que passa a incidir sobre os rendimentos pessoais englobados e
sujeitos a retenção na fonte, essencialmente os rendimentos de trabalho.
A taxa adicional deixa de fora os rendimentos sujeitos às taxas liberatórias, promove a discriminização negativa dos
rendimentos englobados, revela-se manifestamente inconstitucional, por violar o princípio da igualdade tributaria
assente na capacidade contributiva.

Taxas especiais de IRS – São todas as taxas proporcionais que se mantêm constantes, independentemente do
montante da matéria coletável, em manifesta negação da progressividade do imposto, constitucionalmente
consagrada. Em sentido amplo englobam:
Taxas liberatórias (art.71 CIRS) – São taxas especiais cuja aplicação com recurso ao mecanismo da retenção na fonte
torna possível uma tributação a título definitivo, desobrigando o contribuinte do englobamento dos rendimentos a elas
sujeitas. Ver n1, n4 e n12.
Taxas especiais propriamente ditas (art.72 CIRS) – Ver n1, n2, n3 e n11.
Por fim, são tributados autonomamente à taxa (taxa de tributação autónoma) de 35% os rendimentos de capitais e o
saldo positivo entre as mais-valias e menos-valias, respeitantes a valores mobiliários emitidos por entidades não
residentes sem estabelecimento estável em território português, que sejam domiciliadas em país, território ou região
sujeitos a um regime fiscal mais favorável – art.72 n12.

Taxa de tributação autónoma


O legislador adota 2 tipos diferentes de imposto: 1º IRS “normal”, progressivo para os rendimentos de trabalho e
pensões, sujeitos a englobamento e às taxas normais e progressivas – art.68 CIRS; 2º IRS “anormal” para os
rendimentos de capitais em que a tributação se processa por retenção na fonte com taxas proporcionais, liberatórias e
especiais – art.71 e 72 CIRS.
É uma anómala tributação de despesas, porquanto o imposto é sobre o rendimento, incide sobre lucros e as referidas
taxas não incidem sobre qualquer rendimento, constituem uma forma aberrante de sancionar por via tributária a
realização de certas despesas.
Para a necessidade de mais receitas o legislador consagra soluções anormais na definição do rendimento tributável
fiscal. Tais soluções legislativas resultam numa violação dos princípios da capacidade contributiva e da tipicidade,
princípios estruturantes do sistema fiscal no Estado de Direito.
Viola o princípio da tipicidade ao incluir no plano de incidência do imposto sobre o rendimento factos que nem sequer
podem ser considerados valores ou ativos que tenham sido acrescidos ao património, como nos casos de tributação
autónoma art.73 CIRS e art.88 CIRC.

As tributações autónomas surgem com o propósito de compensar eventuais evasões fiscais, através de um caminho
mais fácil e mais eficaz de garantir receita fiscal. Incidem sobre situações de grande probabilidade de evasão fiscal
como nas despesas confidenciais e não documentadas.

Mínimo de existência legal


Concretiza valores constitucionais, em que o legislador consagrou um critério de salvaguarda legal de um mínimo de
existência compatível com o princípio da dignidade da pessoa humana. Quando os rendimentos não atingem o mínimo
de existência, o contribuinte fica isento de IRS. Art.70 n1 CIRS diz-nos que o mínimo de existência é 1,5 IAS (Indexante
dos Apoios Sociais) multiplicado por 14.
Foram consideradas as situações de famílias numerosas, art.67, consagra um tratamento mais favorável, em que pelo
art.68 n2 não são aplicadas as taxas estabelecidas no art.68, ao rendimento coletável do agregado familiar com: a) com
3 ou 4 dependentes cujo montante seja igual ou inferior a 11.320; b) com 5 ou mais dependentes com montante igual
ou inferior a 15.560.

Tributação dos residentes não habituais


Criou-se um regime fiscal especial em sede de IRS para residentes não habituais, com o objetivo de atrair para Portugal
e aqui fixarem o seu domicílio fiscal, não residentes com elevado património ou titulares de elevados rendimentos e
beneficiários de pensões obtidas no estrangeiro. Consta art.16 n8 a 12; art.72 n10 e 12; art.81 n4, 5, 7 e 8; art.99 n8;
art.101 n1 d) CIRS. Regime esse que permite a tributação mais favorável:

1) Tributação separada e proporcional dos rendimentos produzidos em Portugal - os rendimentos líquidos das
categorias A e B, auferidos em território português são tributados à taxa especial de 20% (vantajosa ao permite
uma tributação menor do que aquela que resultaria das aplicações de taxas gerias de IRS), por retenção na fonte,
com dispensa de englobamento e a título definitivo.
2) Isenção dos rendimentos provenientes do estrangeiro – rendimentos das categorias A, B e H, provenientes do
estrangeiro, ficam isentos desde que sejam tributados no Estado de que são residentes, para eliminar a dupla
tributação celebrada em Portugal e esse Estado, ou na ausência de acordo de dupla tributação esses rendimentos
sejam tributados no Estado fonte e não possam ser considerados obtidos em território português.

A atribuição do regime fiscal de residente não habitual depende da verificação de 3 condições:


1- O interessado não tenha sido considerado residente em território português em qualquer dos 5 anos anteriores;
2- O interessado reúna as condições necessárias para ser considerado como residente fiscal em Portugal, ter
permanecido em Portugal mais de 183 dias ou obter quaisquer rendimentos que fossem sujeitos e não isentos de IRS;
3- Ter requerido o estatuto de residente fiscal não habitual até 31 março, inclusive o ano seguinte àquele que se torne
residente.

Liquidação e cobrança do IRS


Art. 75 a 77 CIRS, a liquidação do IRS é da competência da Autoridade Tributária e deve ser efetuada no ano imediato
àquele a que os rendimentos respeitam: até 31 julho, com base na declaração apresentada pelos sujeitos passivos que
apenas hajam recebido rendimentos das categorias A e H; até 30 novembro, quando o sujeito passivo não tenha
apresentando a declaração art.76 n1 b).
O procedimento de liquidação do IRS processa-se através de um conjunto de operações que passam pela seleção das
taxas a aplicar em função do escalão em que se insere o rendimento coletável apurado e pela aplicação do quociente
conjugal.
Aplicadas as taxas ao rendimento coletável fica apurada a coleta de IRS, valor a que teremos de abater as deduções
art.78 a 87 para fixar o montante do imposto a pagar pelo sujeito passivo. O art.78 identifica os diversos tipos de
deduções que têm lugar em IRS e as deduções relativas.
No art.78 n7 – a soma das deduções à coleta previstas nas alíneas c) a h) e k) do n1 não pode exceder, por agregado
familiar, e, no caso de tributação conjunta, após aplicação do divisor previsto no art.69, os limites constantes nas
alíneas – ver artigo.
Quanto à cobrança ou pagamento do IRS, embora este imposto diga respeito ao rendimento anual vai sendo pago por
antecipação, quer através da retenção na fonte, quer por via dos pagamentos por conta.
Está sujeito a retenção na fonte o IRS devido pelos rendimentos do trabalho dependente e das pensões (art.99 a 100),
rendimentos da categoria B provenientes da propriedade intelectual ou industrial ou da prestação de informações
respeitantes a uma experiencia adquirida no sector industrial, comercial ou cientifico (art.3 n1 c)), de rendimentos de
capitais e prediais ou de incrementos patrimoniais provenientes de indemnizações que visem a reparação de danos
não patrimoniais e de importâncias auferidas em virtude de obrigações de não concorrência (art.9 n1 b) e c)).
As quantias retidas nos termos art.99 a 101 devem ser entregues até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que foram
deduzidas art.98 n3.
Aos pagamentos por conta, estabelece art.102 CIRS que a titularidade de rendimentos da categoria B determinam
para os respetivos sujeitos passivos, a obrigatoriedade de efetuarem 3 pagamentos por conta do imposto devido a
final, até ao dia 20 de cada um dos meses de julho, setembro e dezembro.
Quanto ao local de pagamento, o IRS pode ser pago em qualquer tesouraria de finanças, nas instituições bancarias
autorizadas, nos correios ou em qualquer outro local determinado por lei, art.105.

Imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas – IRC


Incidência pessoal
São sujeitos passivos do IRC, de acordo com o art.2 n1 CIRC.
O título de: Residentes - pessoas coletivas e outras entidades com sede ou direção efetiva em território português.
Não residentes - pessoas coletivas e outras entidades que não tenham sede ou direção efetiva em território português.

Incidência real
O IRC incide sobre os rendimentos obtidos, mesmo quando provenientes de atos ilícitos, no período de tributação,
pelos sujeitos passivos referidos no art.2 CIRC, no entanto, distinguimos entidades residentes de entidades não
residentes.

Entidades residentes – são divididas em duas categorias consoante se trate de empresas ou entidades não
empresarias, ou seja, que exerçam ou não a título principal uma atividade de índole industrial, agrícola ou comercial.
As empresas, são entidades que exercem a título principal uma atividade principal de natureza comercial, agrícola ou
industrial, sendo tributadas pelo lucro (art.3 n1 a) CIRC). O lucro para o IRC, consiste na diferença entre os valores do
património líquido no fim e no início do período de tributação.
As entidades não empresariais, não exercem, a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou
agrícola e são tributadas com base no rendimento global, isto é, o somatório dos rendimentos das diversas categorias
do IRS, que nas categorias B (rendimentos empresariais), E (rendimentos de capitais), F (rendimentos prediais) e G
(incrementos patrimoniais) trata de pessoas coletivas.

Entidades não residentes – a base do imposto assenta: no lucro imputável a estabelecimento estável de que disponha
situado em território português, art.3 n1 c) CIRC; nos rendimentos das várias categorias do IRS, concretamente, as
categorias B, E, F e G, e os incrementos patrimoniais obtidos a título gratuito quando não possuam estabelecimento
estável ou não lhe sejam imputáveis.

A extensão da obrigação do Imposto


O âmbito do imposto está dependente da circunstância da pessoa coletiva ser residente ou não em território
português.
As entidades residentes – art.4 n1 CIRC, pagam IRC pela totalidade dos seus rendimentos, sejam eles obtidos em
Portugal ou no estrangeiro, por força do princípio do rendimento mundial.
As entidades não residentes – ficam sujeitas a IRC apenas quanto aos rendimentos obtidos em território português,
por força do princípio da fonte. A sua tributação, art.4n 3 CIRC, consideram-se obtidos em território português os
rendimentos imputáveis a estabelecimento estável aí situado.
O conceito de estabelecimento estável – art.5 CIRC n1 e n2 – qualquer instalação fixa através da qual seja exercida
uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola. Que pressupõe a existência simultânea de 2 elementos: a
estrutura organizacional de tipo empresarial e o exercício efetivo de uma atividade económica lucrativa através dessa
estrutura.

O regime da transparência fiscal


Consiste numa técnica de tributação dos rendimentos das sociedades de pessoas, em que se parte da desconsideração
da sociedade para permitir a tributação direta dos sócios. O regime de transparência fiscal acentua a personalização da
tributação, uma vez que procede a uma imputação dos rendimentos da sociedade às pessoas dos sócios, o que faz com
que só estes sejam tributados. Permite resolver os problemas relativos à diferença de regime na tributação das
sociedades de capitais e nas sociedades de pessoas e contribui para: garantir a neutralidade fiscal entre a tributação de
pessoas singulares e pessoas coletivas; eliminar a dupla tributação económica dos lucros distribuídos; combater a
evasão fiscal através da criação artificial de sociedades.

Art.6 n1 CIRC – é imputada aos sócios a matéria coletável das sociedades indicadas, com sede em Portugal, ainda que
não tenha havido distribuição de lucros.
Art.12 CIRC – estas sociedades submetidas ao regime de transparência fiscal não são tributadas em IRC, salvo quanto
às tributações autónomas. O lucro tributável destas sociedades transparentes é calculado com as regras do IRC, mas
não é tributado neste imposto, vai ser imputado aos sócios na proporção da respetiva quota para ser tributado em IRS,
integrando-se no rendimento líquido na categoria B das pessoas singulares – art.20 CIRS.
Apesar de não serem sujeitos passivos de IRC, estão obrigados aos deveres de cooperação, no cumprimento das
obrigações declarativas – art.117 n9 CIRC.

Prejuízos fiscais art.52 consagra a regra que os prejuízos fiscais apurados em determinado período de tributação, são
deduzidos aos lucros tributáveis, no caso das sociedades sujeitas ao regime de transparência fiscal, os prejuízos fiscais
são deduzidos unicamente aos lucros tributáveis das mesmas sociedades, sem qualquer repercussão na tributação dos
rendimentos dos sócios art.52 n7 CIRC.

Determinação da matéria coletável


Art.15 CIRC, distinguimos 2 formas de fixar a base de determinação da matéria coletável em IRC, tomando como
elementos diferenciadores o critério de residência, a estrutura organizativa e o tipo de atividade exercida pelo sujeito
passivo:

1) As entidades residentes que são empresas que exerçam a título principal, uma atividade de natureza industrial,
comercial ou agrícola ou são estabelecimento estáveis de entidades não residentes. A matéria coletável
corresponde ao lucro contabilístico corrigido nos termos do CIRC se o regime for de contabilidade organizada, ou
ao lucro normal apurado com base em determinados indicadores no regime simplificado art.86 -A e B CIRC. Com
destaque art.86-A n1, o regime simplificado os sujeitos passivos residentes.
2) As entidades residentes não empresariais, que não exerçam a título principal uma atividade de natureza
industrial, comercial ou agrícola e as entidades não residentes sem estabelecimento estável em território
português. A matéria coletável é apurada através da soma dos rendimentos líquidos das várias categorias do IRS,
incluindo os incrementos patrimoniais obtidos a título gratuito.

Liquidação do IRC
Art.89 a liquidação pode ser efetuada:
Autoliquidação – feita pelo próprio contribuinte, na declaração periódica de rendimentos que deve ser enviada,
anualmente, por transmissão eletrónica de dados, até ao dia 31 maio do ano seguinte;
Liquidação administrativa – feita pela Autoridade Tributária, nos restantes casos, nomeadamente, quando o
contribuinte não apresente a declaração periódica, ou quando haja lugar a liquidação adicional.

A liquidação processa-se, art.90 n1:


a) Na autoliquidação, tem por base a matéria coletável que conste da declaração do contribuinte.
b) Ver artigo b)

Ao montante apurado são efetuadas deduções, pela ordem seguinte do art.90 n2.
Pelo art.99, a Autoridade Tributária procede à liquidação adicional quando, depois de liquidado o imposto, seja de
exigir, em virtude de correção efetuada ou de fixação do lucro tributável por métodos indiretos, imposto superior ao
liquidado. A Autoridade Tributária procede à liquidação adicional em casos do n2 art.99.

Cobrança do IRC
Existem vários tipos de pagamentos que importa distinguir:

Pagamento por conta – art.104 n1.


Quando exista diferença entre o imposto calculado na declaração periódica de rendimentos e as importâncias
entregues por conta, deverá ser paga a diferença até ao último dia do prazo fixado para o envio da declaração de
rendimentos que, segundo o art.120, é dia 31 de maio do ano seguinte àquele a que os rendimentos dizem respeito.
Quando haja lugar à declaração de substituição a que se refere art.122, o pagamento da diferença que existir entre o
imposto calculado e as importâncias já pagas deve ser feito até ao dia do envio da declaração. Quando haja lugar a
reembolso, este deverá ser efetuado até ao fim do terceiro mês seguinte ao do envio da declaração art.104 n3.
Art.105 os pagamentos por conta são calculados com base no IRC relativamente ao período de tributação
imediatamente anterior àquele em que se devam efetuar esses pagamentos, líquidos da dedução relativa a retenções
na fonte.

Pagamento especial por conta – art.106, as entidades residentes que exerçam, a titulo principal, atividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola e as entidades não residentes com estabelecimento estável em território português,
ficam sujeitos a um pagamento especial por conta, a efetuar durante o mês de março ou em duas prestações, durante
os meses de março e outubro do ano a que respeita ou, no caso de adotarem um período de tributação não
coincidente com o ano civil, nos 3º e 10º meses do período de tributação respetiva.

Retenção na fonte – Nos termos do art.94 n1, estão sujeitos a retenção na fonte os indicados rendimentos obtidos em
território português. As retenções na fonte têm, regra geral, a natureza de pagamentos por conta do IRC e são
efetuadas à taxa de 25%, aplicando-se às renumerações auferidas na qualidade de membro de órgãos estatutários de
pessoas coletivas e outras entidades a taxa de 21,5% (art.94 n3 e 4).

Pagamento em resultado de liquidação administrativa – O sujeito passivo é notificado para pagar o imposto e juros
que se mostrem devidos, no prazo de 30 dias a contar da notificação (art.110 n1).
O imposto sobre o valor acrescentado (IVA)
O IVA é um imposto geral sobre o consumo, estadual, indireto, plurifásico e não cumulativo.
Estadual – sujeito passivo é o Estado.
Consumo – na medida em que tributa todo o consumo abrangendo na sua incidência objetiva todas as fases do
circuito económico
Indireto e repercutível sobre o consumidor final – uma vez que pressupõe a repercussão total do imposto para a
frente, o que acaba por corresponder a uma tributação efetuada de uma só vez, na fase retalhista, aquando da venda
final ao consumidor.
Plurifásico – uma vez que a sua incidência se situa em cada fase do circuito económico, desde o produtor ou
importador dos bens até à sua transmissão para o consumidor final, sendo liquidado e pago por cada um dos agentes
intervenientes no circuito económico.
Não cumulativo – em cada fase da incidência se tributa apenas o valor acrescentado nessa fase, isto é, o IVA incide
sobre o valor acrescido que o bem passou a ter em cada fase do circuito económico.
O imposto arrecadado corresponde à soma das diversas parcelas apuradas em cada fase do circuito económico, é igual
ao montante que acabaria por ser pago se todo o imposto fosse exigido no momento da transmissão do bem para o
consumidor final. Este fracionamento do imposto permite o alargamento da incidência da tributação das transações ao
setor da prestação de serviços e contribui para aumentar as potencialidades de obtenção de receitas.

O IVA é um imposto de prestação variável, em que o montante a pagar varia em razão das taxas aplicáveis:
1) Uma taxa reduzida de 6% respeitante a uma lista de bens que não beneficiam de isenção com crédito de imposto a
montante;
2) Uma taxa intermédia de 13% relativa a uma segunda lista de produtos e serviços;
3) Uma taxa normal de 23% aplicável a todas as transações em geral, com exclusão das relativas aos bens constantes
das listas referidas.

O IVA é unanimemente reconhecido como instrumento de harmonização fiscal, que muito tem contribuído para a
concretização das liberdades de circulação de pessoas, bens e serviços e para a efetiva concorrência entre as empresas
no espaço da União Europeia.

A incidência real
Artigo 1 CIVA – estão sujeitas a imposto sobre o valor acrescentado:
 As transmissões de bens (art.3) e as prestações de serviços (art.4) efetuadas no território nacional, a título
oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal;
 As importações de bens (art.5);
 As operações intracomunitárias efetuadas no território nacional, tal como são definidas e reguladas no Regime
do IVA nas Transações Intracomunitárias (RITI).

A incidência pessoal
Artigo 2 CIVA; n2 – não obstante, o Estado e as demais pessoas coletivas de direito público são sujeitos passivos de IVA
quando exerçam algumas das atividades económicas mencionadas no n3.

As isenções do IVA
Artigo 9 CIVA – as isenções dizem-se simples ou incompletas, quando o sujeito passivo não líquida imposto nas suas
vendas ou prestações de serviço, mas também não pode deduzir o IVA que suportou nas suas aquisições.

Artigo 14 CIVA – as isenções completas ou de taxa zero são aquelas em que o sujeito passivo não líquida imposto aos
seus clientes, mas pode deduzir o IVA que, na aquisição de bens e serviços, lhe foi liquidado pelos seus fornecedores.
Determinação da matéria coletável
É constituída pelo valor tributável das transmissões de bens e das prestações de serviços efetuadas, pelas importações
de bens e pelas operações intracomunitárias.
Artigo 16 CIVA – nas operações internas, o valor tributável das transmissões de bens e das prestações de serviços
sujeitas a imposto é o valor constante da fatura a pagar pelo adquirente e inclui:
1) Os impostos, direitos, taxas e outras imposições, com exceção do próprio IVA;
2) As despesas acessórias debitadas, como sejam as respeitantes a comissões, embalagem, transporte, seguros e
publicidade efetuadas por conta do cliente;
3) As subvenções diretamente conexas com o preço de cada operação.

Artigo 17 CIVA – valor tributável nas importações de bens

Para a determinação do valor tributável em IVA, o legislador adotou o método subtrativo indireto ou método do
crédito de imposto, na base do qual o IVA devido por cada agente económico corresponde à diferença positiva entre o
IVA que ele próprio líquida aos seus clientes e o IVA que lhe foi liquidado pelos seus fornecedores no período
considerado (art.19 CIVA).

Taxas do IVA
Três tipos distintos de taxas de imposto: taxa reduzida, taxa intermédia e taxa normal. As taxas são diferentes conforme
se trate de operações realizadas no território do continente, no território da Região Autónoma dos Açores ou no
território da Madeira.
Artigo 18 CIVA – taxas do IVA do território do continente
18 n3 – Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira podem fixas taxas diminuídas do IVA. Assim:
4, 9, 16% - operações efetuadas Açores
5, 12, 22% - operações efetuadas na Madeira

Liquidação e cobrança
São em regra efetuadas pelo sujeito passivo. Para apuramento do IVA a pagar, os sujeitos passivos deduzem, nos
termos do artigo 19 CIVA. A dívida do IVA é dada pela diferença por força do método do crédito de imposto.
Artigo 23 CIVA.

Quanto ao pagamento do IVA – artigo 27 – os sujeitos passivos são obrigados a entregar o montante do imposto
exigível, nos locais de cobrança legalmente autorizados, nos seguintes prazos.

Sempre que a dedução de imposto supere o montante devido pelas operações tributáveis, no período correspondente,
o excesso é deduzido nos períodos de imposto seguintes. Se, passados 12 meses relativos ao período em que se iniciou
o excesso, persistir crédito a favor do sujeito passivo superior a 250 euros, este pode solicitar o seu reembolso (art.22
n4 e 5 CIVA).
Procedimento de inspeção tributária
Tem como objetivo principal a verificação das concretas realidades tributárias, a verificação do cumprimento das
obrigações tributárias por parte dos contribuintes e a prevenção das infrações tributárias. Constitui o campo onde se
verifica com maior intensidade do exercício de faculdades discricionárias da administração tributária.

Processo de execução fiscal

Inicia-se, caso se confirme o não cumprimento das obrigações tributárias por parte dos contribuintes ou de infrações
tributárias. A execução fiscal é praticada por órgãos administrativos onde tem como objetivo a cobrança coerciva de
dívidas ao Estado, através do processo de execução fiscal podem ser cobrados impostos taxas, coimas entre outras
sanções. Quando o devedor não efetuou o pagamento da dívida tributária dentro do prazo legal a administração
tributária está obrigada a promover coercivamente a cobrança através do processo de execução fiscal, poderá ocorrer
penhoras (art.215, 217, 219 LGT).

Fases:
1. Instauração da execução – dá-se início ao processo através do despacho do dirigente máximo do serviço periférico
regional da área do domicílio ou sede do devedor.
2. Citação do executado – mandado de citação através do qual o contribuinte fica a saber que, contra ele, foi
instaurado um processo de execução fiscal.
3. Oposição à execução fiscal – fase facultativa em que o executado pode contestar a obrigação fiscal. O prazo de
oposição é de 20 dias a contar da citação.
4. Penhora e apreensão dos bens – a penhora concretiza-se na apreensão dos bens do devedor. Se estiver em causa
o património enquanto garantia geral, a administração tributaria pode apreender quaisquer bens do devedor. A
apreensão de bens imoveis é meramente jurídica, isto é, o devedor deixa de ter disponibilidade sobre o bem.
5. Convocação de credores, verificação e graduação de créditos – o devedor tributário pode ter vários credores, por
isso, chamam-se todos os credores que tenham um direito real de garantia. A graduação serve para ver se quem
tem o direito mais forte e é essa pessoa que irá receber em primeiro lugar.
6. Venda dos bens penhorados – é feita através de proposta por meio eletrónico ou carta fechada. Com a venda dos
bens, adquire-se o dinheiro necessário para satisfazer o crédito do exequente e a execução extingue-se.

Relação/Interligação entre inspeção e execução:


Primeiro sucede se a inspeção tributária e sem esta mesma não seria possível existir a execução fiscal. A inspeção tem
um cariz mais verificativo, mais teórico, onde se irá inspecionar se existem falta de cumprimento das obrigações
tributárias por parte dos contribuintes e prevenir as infrações tributárias. Caso se verifiquem algumas irregularidades
segue-se o processo de execução fiscal, que terá um cariz mais prático, onde irá cobrar coercivamente todas as dívidas
ao Estado. Ambos funcionam conjuntamente para garantir o cumprimento das obrigações tributárias por parte dos
contribuintes.

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