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Resumos de Fiscal II

 Evolução dos impostos no Sistema Fiscal Português


o Esquema- resumo:
 Dízima militar:
 P. Igualdade
 P. Generalidade
 Reforma de 1922:
 Reforma de 1929
o Taxas fixas e proporcionais
o P. Tributação valores normais
 Reformas de 1958-65 - p. Tributação dos valores reais
 Rendimento:
o Imposto complementar secção A e B
o + impostos cedulares
 Património
o Imposto de sisa + impostos doações e sucessões
 Consumo
o Imposto de transações (geral)
o Imposto de turismo e das especialidades farmacêuticas
(especiais)
o Décima militar
 O primeiro imposto que surgiu em Portugal, foi a décima militar ou dizima
militar, surgindo como um imposto extraordinário visando fazer fase as
necessidades provenientes da guerra (I e II guerra mundial), pois as
mesmas criaram uma imensa destruição nas estruturas e etc, fazendo o
Estado ver-se obrigado a criar um imposto para sustentar a reconstrução
do que foi destruído.
 Em 1641, a décima militar foi votada e aprovada pelas Cortes como um
imposto que incidia sobre o rendimento das pessoas, do clero, da nobreza
e do povo, abrangendo as classes sociais da época sem qualquer isenção
ou privilégio (até está data apenas o povo pagava, foi o Padre António
Vieira com o Sermão de Santo António aos peixes, que passou a ser um
imposto geral). De acordo com o seu Regimento, todas as pessoas tinham
de contribuir com 10% dos seus rendimentos de prédios, capitais,
comerciais, industriais ou profissionais.
 Aqui tínhamos já presentes os princípios da igualdade e da
generalidade, associados à exigência dos impostos, no sentido de
não se admitirem isenções pessoais, sujeitando ao imposto a
generalidade dos indivíduos, independentemente da sua
qualidade ou posição social.
 Ficou assim criado o primeiro imposto geral sobre o rendimento que
haveria de permanecer durante 2 séculos, até ser substituído, em 1860,
por diversos impostos parcelares sobre os rendimentos (décimas). Neste
imposto pode-se encontrar as raízes de quase todos os impostos
periódicos portugueses sobre o rendimento.

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o As reformas de 1922 e 1929
 A reforma de 1922 criou 5 impostos distintos:
 Imposto sobre as transações;
 A contribuição predial;
 A contribuição industrial;
 O imposto pessoal sobre o rendimento;
 E o imposto sobre a aplicação de capitais.
 Todavia, esta reforma não obteve qualquer tipo de efeito ou sucesso, em
grande parte pelo facto dos impostos criados não terem qualquer
correspondência com o nível de desenvolvimento das estruturas
económicas nacionais, porque estas estavam muito atrasadas no
desenvolvimento para os impostos criados. Além disso, também não havia
um princípio de igualdade geral, só a nível de impostos, tinham condições
distintas e também não existia um principio da capacidade contributiva.
Existia antes uma igualdade formal, uma taxa fixa.
 Foram estes motivos que levaram à reforma de 1929, a que assentava,
essencialmente, na melhoria dos impostos anteriormente criados (adequa-
os ao desenvolvimento das estruturas economias e ao que eram as classes
sociais), conferindo um maior realismo, rigor e simplicidade ao sistema
fiscal.
 Esta reforma opta por um sistema bem mais simples e realista de
tributação de rendimentos normais (irá dar origem ao IRS),
assentes em valores médios ou presumidos da atividade
económica desenvolvida em circunstâncias normais.
 É também nesta altura que se adotam as taxas fixas, proporcionais,
solução que permite uma maior simplicidade do sistema fiscal,
tanto no apuramento da matéria coletável pelos serviços da
administração fiscal, como na facilidade do cumprimento das
obrigações por parte dos contribuintes.
o A reforma fiscal de 1958-1965
 O essencial da reforma dos anos sessenta diz respeito à consagração do
princípio da tributação de valores reais (semelhante ao IRC, o IRC deriva
desta reforma, deste principio, caminha-se para uma tributação das
empresas (104º CRP)) em detrimento da tributação dos valores normais
que havia sido adotado na anterior reforma de 1929.
 Nesta altura apareceram 2 impostos quanto aos rendimentos:
 Complementar secção A, pessoas singulares (IRS hoje)
o Na altura não existiam categorias, na secção A existiam
vários impostos parcelares, e a tributação fazia-se de
maneira semelhante à atual, somava-se os impostos
parcelares, e aplicava-se uma taxa extraordinária que
provinha de um imposto complementar. É um imposto de
sobreposição porque sobrepunha-se os impostos
cedulares as taxas aplicadas ao imposto em si.
o Impostos celulares: o imposto profissional; a contribuição
Industrial; o impostos de capitais; o imposto sobre a

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indústria agrícola; a contribuição predial; o imposto de
mais-valias (este último era o único que não era sujeito ao
imposto Complementar- taxas progressivas).
 Complementar secção B, pessoas coletivas (IRC hoje)
o Pouco a dizer, aparece o principio falado acima, tributa-se
o rendimento real das empresas, existiam taxas
proporcionais. Apenas isto.
o Verdadeiro adicionalmente à contribuição industrial.
 Quanto à tributação do património apareceram os seguintes
impostos:
o O imposto de SISA: indigente sobre o valor da transmissão
onerosa de bens imóveis.
o O imposto sobre as Sucessões e Doações: que incidia
sobre a transmissão gratuita de bens móveis e imóveis.
 Quanto ao consumo surgem os seguintes impostos:
o Imposto geral (1966): imposto sobre as transações ou de
transações
o Impostos especiais:
 O imposto do turismo: atividades de lazer,
transações de bens e serviços com turismo,
viagens. Relacionadas com trocas comerciais que
provinham do turismo, turista e alguém nacional;
 O imposto sobre especialidades farmacêuticas:
produtos farmacêuticos. Era uma barreira para a
saúde de todas as classes sociais, não havia uma
igualdade, o cidadão ou tinha capacidade ou não
tinha capacidade para pagar o medicamento
o Foram abolidos em 1986, com a introdução do IVA.
o A Constituição de 1976 e as finalidades do sistema fiscal
 Em 1975 deu-se a revolução dos cravos e em 1976 surge a Constituição,
que foi um marco fundamental na história do direito fiscal e quanto aos
impostos. Pela primeira vez aparece artigos que vão revolucionar o sistema
fiscal e o próprio estado relativamente à atividade que ele desenvolve
quanto à arrecadação de tributos -103º e 104º relaciona-se com o 81º, b)
CRP (incumbências prioritárias do Estado).
 Repartição de riqueza- 103º , nº 1 junta com 104º, nº1 CRP- taxas
progressivas
 § Foi a CRP 1976 que veio concretizar a ideia de repartição justa,
ideia de capacidade contributiva como critério da igualdade.
 São duas as finalidades constitucionalmente cometidas ao nosso sistema
fiscal:
 Finalidade fiscal: servindo os impostos de fonte financiadora das
despesas públicas. Satisfação das necessidades coletivas.
 Finalidade extra-fiscal: que transforma os impostos em
instrumentos financeiro ao serviço de uma política de repartição
justa da riqueza e dos rendimentos. Repartição de riqueza.

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 As linhas gerais da política de justa repartição estão traçados no artigo
104º e impõem a conclusão de que, para ser justa a repartição da riqueza e
dos rendimentos deve ser menos desigual. Nesse sentido, a nossa
Constituição estabelece que o imposto sobre o rendimento pessoal visa a
diminuição das desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta
as necessidades e os rendimentos do agregado familiar (Nº1). As
empresas, em princípio, são tributados pelo seu rendimento real (Nº2).
 Mais estabelece a Constituição que a tributação do património
deve contribuir para a igualdade entre os cidadãos (Nº3),
enquanto a tributação do consumo visa adaptar a estrutura do
consumo à evolução das necessidades do desenvolvimento
económico e da justiça social, devendo onerar os consumos de
luxo (Nº4).
 Capacidade contributiva efetiva de cada contribuinte, critério objetivo a
prosseguir nesta altura, para que se atinja uma igualdade concreta entre
cidadãos. Esta capacidade contributiva, só poderá ser aferida pela
consideração de todos os rendimentos englobados e nunca por
aproximação face a uma parcela desses rendimentos. Nesse sentido,
determina a Constituição portuguesa que o imposto sobre o rendimento
pessoal, para além de ser único, deve ser progressivo. A exigência da
progressividade é, igualmente, feita para a tributação do património.
o A reforma da tributação do consumo de 1985-1986
 Esta reforma acontece com a adesão de Portugal à CEE (atual EU), o que
criou a necessidade de adaptar o sistema de tributação do consumo ao
modelo que vigorava no Mercado Comum (atual mercado único) com a
introdução do imposto sobre o valor acrescentado (IVA), em 1986, a que
seguiria a reforma dos diversos impostos especiais sobre o consumo (IEC).
 Esta necessidade surge pelo facto de se pretender uma
harmonização entre os vários países aderentes e a melhor forma
de fazer essa harmonização é por via fiscal. Sendo a forma mais
fácil através da tributação de um imposto comum a todos daí que
surja o IVA (diretiva- diferente em cada país mas ao mesmo tempo
todos tributam).
 O IVA é um imposto geral sobre consumo, de tipo plurifásico, não
cumulativo. Trata-se de um imposto geral sobre o consumo, na medida em
que se tributa todo o consumo em bens materiais e serviços, incide sobre
as transmissões de bens, as prestações de serviços, as importações de
bens e as operações intracomunitárias, abrangendo na sua incidência
objetiva todas as fases do circuito económico, desde a produção ao
retalho, sendo, porém, a base tributável limitada ao valor acrescentando
em cada fase. Tem um regime geral e 3 regimes especiais.
 Regime geral: é utilizado o método subtrativo indireto ou método
do crédito de impostos, na base do qual o imposto devido por
cada agente económico corresponde à diferença positiva entre o
imposto que ele próprio liquidou aos seus clientes e o imposto que
lhe foi liquidado pelos seus fornecedores no período considerado.

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 Regimes especiais: regimes especiais dos pequenos retalhistas;
regime especial de isenção e o regime na transmissão de bens em
segunda mão.
 Temos também os impostos especiais sobre o consumo (IEC), além do IVA
que é geral, com destaque para o imposto sobre o tabaco (ITI); o imposto
sobre o álcool e bebidas alcoólicas (IABA) e o imposto sobre os produtos
petrolíferos e energéticos (ISP). Estes impostos constam, atualmente, do
Código dos Impostos Especiais sobre o Consumo (CIEC), por força da
harmonização comunitária europeia.
 Para além destes, existem ainda o imposto sobre o veículos (ISV) e o
imposto único de circulação (IUC), criadas pela lei 22-A/2007, de 29 de
junho, diploma que procedeu à reforma global da tributação automóvel de
2007.
o A reforma da tributação do rendimento de 1988-1989
 A reforma fiscal de 1988 (Lei Nº106/88, de 17 de setembro) criou 2
impostos diretos sobre o rendimento, sendo um relativo ao rendimento
das pessoas singulares, o IRS e o outro respeitante ao rendimento das
pessoas coletivas, o IRC, impostos esses que constam respetivamente, do
Decreto-lei nº 442-A/88 e do Decreto-lei Nº442-B/88, ambos de 30 de
novembro.
 Assim fica abolido os impostos complementares secção A e secção
B.
 IRS: é único (periódico) e progressivo. Incide sobre todo o rendimento das
pessoas singulares, uma vez que a sua base de incidência inclui os
rendimentos provenientes das diversas fontes.
 IRC: incide sobre o rendimento globais das pessoas coletivas, o que nas
sociedades comerciais se identifica com o lucro da atividade económica
desenvolvida. O lucro a tributar é o lucro real, quer a empresa seja
individual, quer se trate de uma sociedade comercial- exigência do nº2 do
104º da CRP, afasta definitivamente a tributação do lucro normal das
empresas
 104º, nº 1 o IRS apenas é tributado uma vez por ano- imposto
periódico, ideia de progressividade, renova-se anualmente
(enquanto trabalhar).
 Procurando descortinar as linhas de orientação da reforma, de acordo
com a respetiva lei, a tributação de rendimentos deve obedecer a 3
princípios:
 Equidade: exige que a tributação seja adequada à capacidade
contributiva de cada sujeito passivo, contribuindo para a realização
da justiça no caso concreto.
o A justa repartição assenta, necessariamente, na
capacidade contributiva de cada contribuinte, enquanto
manifestação da sua capacidade económica, e critério de
medida relativa aferida em função dos seus haveres
(património) e da sua capacidade de ganho (rendimento).
 Enfatizam-se os critérios da pessoalidade
(situação familiar- agregado familiar, casado ou
não- e profissional-trabalha ou não, se tem

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contrato de trabalho ou prestação de serviços ou
nenhum)
 Efetiva-se o principio da capacidade contributiva
como critério da igualdade, antecipado pela CRP
1976, passa a estipular-se em concreto os escalões
do IRS, por via das taxas progressivas.
o Princípio da igualdade tributária: assenta na capacidade
contributiva, entendida como capacidade de pagar,
conceito este que é mais amplo do que o de capacidade
económica, uma vez que, para além de atender aos índices
objetivos que servem de critérios de medida da
capacidade económica, a capacidade contributiva tem,
ainda, por base índices pessoais ou subjetivos.
 Isenção de quem não tem capacidade para pagar e
a lei tem a necessidade de definir um mínimo de
existência fiscal.
 Eficiência: reclama que o imposto contribua para a consecução de
objetivos de promoção do desenvolvimento económico do País, na
perspetiva da sua abertura à competição internacional, no âmbito
alargado da sua integração na União Europeia.
o acompanhamento da tributação com aquilo que é o
desenvolvimento económico do país
o A Administração fiscal tem uma certa margem de
apreciação técnica em nome da eficiência do sistema
fiscal, todavia, os poderes atribuídos à mesma não podem
por em risco a certeza do direito no domínio tributário. É
indispensável prosseguir esforços de eficiência fiscal, mas,
ao mesmo tempo, garantir a tutela de confiança dos
particulares ( as expectativas e incertezas quanto ao modo
de tributação e ao nível das cargas fiscais afetam as
decisões de investimento e as decisões de consumo dos
contribuintes).
 Simplicidade: implica que os impostos sejam estruturados de
forma a garantir maior comodidade e maior segurança ao
contribuinte no cumprimento das suas obrigações tributárias.
o A doutrina mais recente tem vindo a refletir sobre a
urgência da simplificação das leis e dos procedimentos
tributários, tendo em vista a sua praticabilidade, sendo os
argumentos decisivos os seguintes:
 1. Quando as regras são simples, elas tornam-se
mais acessíveis, geram previsibilidade, certeza e
estabilidade, aumentam a confiança e a segurança
jurídica.
 2. Sendo flexíveis na sua aplicação prática, as
normas e procedimentos contribuem para uma
maior autonomia da Administração e para o
reforço da participação dos contribuintes,

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conferindo maior eficiência no combate à fraude
fiscal e maior justiça ao sistema tributário.
 3. Finalmente, a dificuldade prática de aplicação e
execução de leis excessivamente pormenorizadas,
facilita a fraude tributária e acaba por gerar
desigualdade e injustiça.
o A reforma da tributação do património de 2003-2004
 Está é a mais recente reforma da tributação do património, com a
reformulação dos impostos sobre a propriedade ou sobre a sua
transmissão. Assim, no que respeita à propriedade foi criado o Imposto
Municipal sobre Imóveis (IMI) e, em matéria de alienação de imóveis por
ato entre vivos, foi criado o Imposto Municipal sobre a Transmissão
Onerosa de Imóveis (IMT), a que se juntou o Imposto de Selo (IS).
 IMT substitui o imposto SISA, particularidade especifica, especifica-
se pela primeira vê os prédios rústicos e urbanos, qual o facto
tributável e a base de incidência deste imposto. No imposto SISA
não funcionava assim.
 O imposto de Selo substitui o imposto de doações e sucessões
(transmissões gratuitas em vida ou por via da morte (consequência
da morte).
 IMI veio substitui a contribuição autárquica, era um imposto não
estadual (eram os municípios que faziam tudo enquanto
atualmente é estadual o IMI porque paga ao Estado não aos
municípios).
 A reforma em causa corria o risco de ser mais aparente que real, se não
fosse o contributo resultante da profunda reformulação do sistema de
avaliação da propriedade, nomeadamente dos prédios urbanos, o qual
passou a constar de um quadro legal de avaliações objetivo, simples e
coerente, sem margem para a subjetividade dos avaliadores.

Concluindo: deste conjunto de reformas resultou o atual sistema fiscal que, apesar das
imperfeições que continuam a merecer uma atenção reformista continuada, se apresenta já
com uma estrutura muito idêntica à dos países que são nossos parceiros na UE, muito por força
do movimento da harmonização.

IRS
 Incidência pessoal
o Nos termos do artigo 13º do CIRS, existem 3 tipos de sujeitos passivos deste
imposto:
 Nº 1: Pessoas singulares residentes em território português (tem
domicílio fiscal em Portugal), são tributados pela totalidade dos seus
rendimentos, incluindo os rendimentos obtidos no estrangeiro, por
força do princípio da universalidade ou do rendimento mundial- artigo
15º. Nesta categoria incluem-se os empresários em nome individual e
os sócios das sociedades sujeitas ao regime de transparência fiscal,
nos termos do artigo 6º do CIRC.
 Critério da residência, sendo o domicílio fiscal, o pressuposto
deste critério. Este critério difere estes sujeitos dos seguintes.

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 Nº 1: As pessoas singulares não residentes, por critério da fonte, onde
é obtido o rendimento, são tributados apenas pelos rendimentos que
obtiverem em Portugal.
 As pessoas singulares residentes não habituais, estão sujeitos a um
regime especial de incidência limitada em IRS.
o O elemento decisivo para a delimitação da base da incidência e da definição
das obrigações tributária, é a existência de domicílio fiscal em Portugal, que se
encontra no artigo 16º do CIRS. Sendo este artigo que vai dizer que pessoas
são consideradas residentes em Portugal ou não.
 Artigo 19º da LGT
o Tratando-se de residentes e integrando um agregado familiar, o imposto é
apurado de forma individual (regra geral) em relação cada conjugue ou unido
de facto, sem prejuízo do disposto relativamente aos dependentes. Caso seja
feita a opção de tributação conjunta (regra especial), o IRS é devido pela soma
dos rendimentos das pessoas que constituem o agregado familiar,
considerando-se como sujeitos passivos aquelas a quem incumbe a sua
direção. O agregado familiar é constituído por (artigo 13º, Nº4, no nº 5 fala-se
dos dependentes):
 Cônjuges não separados judicialmente de pessoas e bens ou os unidos
de facto e os respetivos dependentes;
 Cada um dos cônjuges ou ex-cônjugues, respetivamente nos casos de
separação judicial de pessoas e bens ou de declaração de nulidade,
anulação ou dissolução do casamento e os dependentes a seu cargo;
 O pai ou a mãe solteira e os dependentes a seu cargo;
 O adotante solteiro e os dependentes a seu cargo.
o Está situação da regra geral e especial, nem sempre se procedeu da mesma
forma, antes da reforma dos anos 80, se as pessoas viviam no mesmo
agregado familiar, existiam dois conjugues ou unidos de facto, em regra geral
tinha tributação conjunta, era automático, porque vivem no mesmo domicílio
fiscal, são do mesmo agregado familiar. Atualmente, com a tributação sobre o
rendimento, a regra é que a tributação se faz individualmente quanto a cada
conjugue, todavia, o casal pode pedir para realizar uma tributação conjunta.
 
o Tratando-se de não residentes, ficam sujeitos a IRS apenas pelos rendimentos obtidos
em território português, considerando-se como tais os rendimentos de atividades
empresariais e profissionais imputáveis a estabelecimento estável situado em
Portugal- artigo 18º do CIRS, especifica quais os rendimentos que são considerados
para a base do IRS.
o Distinção- residentes e não residentes: onde tem a residência habitual, o seu domicílio
fiscal. Se sim, contam todos os rendimentos, caso não seja, mas obteve rendimentos
em Portugal, só é aferido por esses mesmos rendimentos.
 
o Residentes não habituais: quem seja, para efeitos fiscais, residente em território
português no ano relativamente ao qual pretenda que tenha início a tributação como
residente não habitual, mas não tenha sido considerado residente em qualquer dos
cinco anos anteriores.
 Requisitos: O estatuto de residente não habitual pode ser requisitado por
qualquer pessoa que cumpra três requisitos. Primeiro, viva no estrangeiro, não
tenha residido em Portugal nos cinco anos anteriores e, por fim, queira mudar-
se para Portugal- requisitos do artigo 16º do IRS.

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 O cidadão que seja considerado residente não habitual adquire o direito a ser
tributado como tal no período de 10 anos consecutivos a partir do ano,
inclusive, da sua inscrição como residente em território português, desde que
em cada um desses 10 anos seja aí considerado residente. Só pode usufruir
deste estatuto durante 10 anos.
 A normatividade é escassa quanto a estes sujeitos.
 Taxa única especial de 20% (benefício) quanto aos rendimentos nacionais, e
isentos de impostos quanto aos rendimentos obtidos no estrangeiro.
 Criado como objetivo de atrair novos residentes para Portugal, e atrair os que
saíram a voltarem. Para que as pessoas consigam subsistir, de forma a
adaptarem-se ao regime português de novo.
 Incidência real
o À luz dos princípios constitucionais, o IRS surge como um imposto único, que
se sucedeu aos impostos cedulares na tributação do rendimento das pessoas
singulares, pondo termo ao sistema de tributação instituído pela reforma de
1958- 1965 e que incluía se impostos distintos.
o Qual a base de incidência a título de IRS?
 Rendimento global individual das pessoas singulares, o rendimento
global líquido é a base para a determinação da matéria coletável,
porque não podemos passar à fase da liquidação, sem que o
rendimento seja líquido, sejam deduzidos /abatimentos aos
rendimentos brutos. As deduções especificas, são o que passa o
rendimento de bruto a líquido, retira-se do rendimento bruto das
varias categorias, as despesas necessárias e indispensáveis à obtenção
daquele rendimento.
 O rendimento global corresponde à soma dos rendimentos
provenientes das várias fontes, mesmo quando proveniente
de atos ilícitos.
 O artigo 1º do código do IRS apresenta as 6 categorias/fontes
de rendimentos que integram a base de incidência do
imposto:
 Categoria A: rendimentos do trabalho independente;
 Categoria B: Rendimentos empresariais e
profissionais, que engloba o trabalho independente;
 Categoria E: Rendimentos de capitais;
 Categoria F: Rendimentos prediais;
 Categoria H: Incrementos patrimoniais;
 Categoria G: Pensões.  
o Categoria A
 O artigo 2º do Código do IRS demonstra quais são considerados os
rendimentos que entram nesta categoria, sendo elas, todas as remunerações
pagas ou postas à disposição do seu titular provenientes de trabalho por conta
de outrem prestado ao abrigo do mencionado nos diversos pontos do artigo.
 Incluem-se aqui também os rendimentos mencionados no nº3 do
presente artigo.
 Remunerações acessórias são, designadamente, os abonos de família,
subsídios e etc., estando especificadas nos números da alínea b).
 A numeração, no nº 3 da aliena b), são exemplos de importâncias
despendidas pela entidade patronal.
 Todos estes exemplos de benefícios ou regalias está presente um complexo
esquema de planeamento fiscal em que se busca aliviar a carga fiscal do

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trabalhador e diminuir os custos da utilização do fato trabalhador, em
mercados abertos e fortemente concorrenciais.
 Em suma: quando falamos em categoria A, em termos de rendimento bruto,
referimo-nos a trabalho de conta de outrem ou trabalho dependente.
o Categoria B
 Artigo 3º do código de IRS apresenta os rendimentos empresariais e
profissionais.
 Distingue-se da categoria de A, porque a categoria A tem que ver com o
trabalho por conta de outrem, enquanto que a categoria B, tem que ver com
uma atividade por conta própria. Aliena b) do artigo 3º do CIRS.

o Categoria E
 Artigo 5º do IRS
 Nº1 remete para o nº2 quanto a frutos e vantagens económicas.
 Rendimentos capitais, juros principalmente. Todo o que resulta em juros conta
como rendimentos para a base de incidência desta categoria.
 Artigo 6º do IRS: presunções relativas a rendimentos da categoria E.
 As várias alíneas do nº2 do artigo 5º, apresentam os frutos e vantagens
económicas que se inserem na categoria em causa.
 a) crédito à habitação ou crédito pessoal, exemplos de abertura de
credito, os juros que resultam desse contrato são sujeitos à baixa de
incidência da categoria E. // contrato mútuo, empresta-se uma
determinada quantia a uma pessoa e está pessoa tem de restituir, em
dinheiro ou em bens (1142º do CC), obrigação de restituição.
 b) vantagens patrimoniais são vantagens económicas, juros
resultantes dos depósitos à ordem ou ao prazo, contas poupanças por
exemplo.
 
o Categoria F
 Tem que ver com os rendimentos prediais.
 Artigo 8º do IRS
 Nº2: apresenta as várias rendas
 Nº3: apresenta a definição de prédio rustico e prédio urbano. -
Remete para o CC artigos 203º e 204º.
 Nº4: o que constitui uma construção.
 Nº 5: Rendas que resultam do arrendamento, pagas ao senhorio.
 
o Categoria G
 Artigo 9º IRS
 Tem que ver com os incrementos patrimoniais, as alíneas do nº1 apresentam
os vários incrementos patrimoniais.
 O artigo 10º do IRS, diz o que é considerado mais valias, referidas na alínea a)
do Nº1.
 As mais valias e as menos valias respeitantes à transmissão onerosa de
direitos reais sobre imóveis e as resultantes da alienação onerosa de
propriedade intelectual ou industrial, previstas nas alíneas a), c) e d)
do nº1 do artigo 10º, apenas consideradas em 50% do seu valor (artigo
43º, nº2 do IRS.
 Acréscimos patrimoniais não justificados. - Situações em que uma pessoa
singular, o rendimento declarado pelo menos, não esta de acordo com aquilo
que era suposto. A AT tem de decorrer a avaliação indireta. Acréscimos

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patrimoniais não declarados. Exemplo de demonstrações de riqueza em
excesso.
 89º-A da LGT: indícios fundados, caso concreto. O contribuinte não
declarou não há indícios fundados (factos concretos) que a pessoa tem
aqueles rendimentos, daí a avaliação indireta. Não existem indícios
que esta de acordo com a legalidade.
 Nº5 do nº10 IRS diz quais as exclusões da tributação.
 
o Categoria H
 Pensões
 As várias alíneas do artigo 11º do IRS, apresentam os tipos de pensões
 
 A natureza global do IRS, traduzida na sujeição do rendimento coletável total a uma
única tabela de taxas- artigo 68º IRS, não impede o tratamento analítico das várias
componentes da matéria coletável em atenção às diversas fontes geradoras de
rendimentos. Para tanto consagra-se a discriminação qualitativa de alguns
rendimentos englobados, atribuindo deduções especificas a cada categoria.
 
Determinação do rendimento coletável
 Rendimento global bruto: somatório dos rendimentos brutos das diversas categoriais /
fontes de rendimento.
 Passagem do rendimento bruto para o rendimento líquido: dá-se pelas deduções
especificas.
 Rendimento global líquido: ao somatório abate-se as deduções especificas, as quais
podemos ou não ter, para obter o rendimento líquido de cada categoria. É o mesmo
que o rendimento coletável, para o achar primeiro apuramos então os rendimentos
brutos das várias categorias e depois procede-se as referidas deduções específicas de
cada categoria, para obter os rendimentos líquidos.
 Artigo 22º, nº1 do IRS tem que ver com o englobamento, este consiste em somar os
rendimentos de todas as categorias e fazer o abatimento das deduções especificas
previstas para cada categoria. Trata-se de abater as despesas necessárias e
indispensáveis à obtenção do rendimento de cada categoria para, no final, apurar o
rendimento líquido global.

Categoria A- Rendimentos do trabalho dependente


 dedução especifica
o Artigo 25º IRS
 Deduz-se por cada titular de rendimento.
 A aliena a) verifica-se sempre, ao contrario das restantes alíneas, que
só se deduzem se se verificarem.
 b) é quando o trabalhador tem razão, por exemplo foi obrigado a
assinar o contrato.
 O nº2 diz-nos que se as contribuições obrigatórias para regimes de
proteção social e para subsistemas legais de saúde excederem o limite
fixado na alínea a), então essa dedução é feita pelo montante total
dessas contribuições, ou seja, pelo valor superior. O que corresponde
a uma exceção da alínea a).
 Nº4- casos em que o trabalhador esteja associado a uma ordem. O
valor é elevado a 45%- 4, 333. É uma outra exceção à alínea a).
Quotizações para ordens profissionais (ex: Ordem dos Médicos) 75%
x(12x 475) (IAS)
Categoria B- Rendimentos empresariais e profissionais

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o Artigo 29º IRS: regra, critério de imputação para determinar a matéria coletada na
categoria B, ou seja, são dedutíveis sempre os proveitos e custos quanto à categoria B.
o Artigo 28º IRS: a determinação dos rendimentos empresariais e profissionais pode ser
feito de 2 formas:
 Regime simplificado, alínea a) do Nº1, mais o Nº2.
 Contabilidade organizada, alínea b) do Nº1, mais o Nº3.
o A regra é que se não ultrapassar os 200.000 é regime simplificado mas o nº3 permite a
alteração, sendo que o nº 4 diz quais os 2 momentos em que se pode fazer essa
alteração.
o Artigo 31º: a determinação do rendimento tributável obtém-se através da aplicação
dos coeficientes. Ou seja, quando estamos a determinar a matéria coletável, e os
rendimentos não ultrapassa o limite, a determinação é feita pelos validos coeficientes
das alíneas.
o Artigo 32º: nos casos de contabilidade, ou seja, todos os rendimentos empresariais e
profissionais que não estejam abrangidos pelo regime simplificado, vão se aplicar as
regras estabelecidas no código do IRC, artigo 23º do IRC (deduzem-se os custos
efetivos e comprovados documentalmente- a dedução de gastos e perdas, sendo por
isso equivalente ao artigo 29º do IRS).
Categoria E- Rendimentos de capitais
 Artigo 40º do IRS (artigo 5º)
 Regra: não existem deduções nesta categoria.
 Com exceção do artigo 40º A, Nº1, uma dedução de 50% dos lucros devidos por
pessoas coletivas sujeitas e não isentas de IRC (exemplo uma sociedade comercial)
o O regime de transparência fiscal define que a matéria coletável é imputada aos
sócios ou acionistas em sede de IRS, como rendimentos da categoria B, não
havendo assim lugar à tributação em sede de IRC, exceto nas situações
previstas na legislação.
 Garantir a neutralidade fiscal entre a tributação de pessoas singulares
e os pessoas coletivas
 Eliminar a dupla tribulação económica dos lucros distribuído.
 Combater a evasão fiscal (sociedades criadas artificialmente)
o Estás sociedades de pessoas não são tributados em IRC (com exceção da
tributação autónoma- 88º CIRC)
 Sociedades civis não constituídas sob forma comercial (i.e., não
constituídas de acordo com o Código das Sociedades Comerciais)
 Sociedades de profissionais (sociedades de advogados, arquitetos,
engenheiros
 Sociedades de simples administração de bens, cuja maioria do capital
social pertença (direta ou indiretamente) durante mais de 183 dias do
exercício social, a um grupo familiar ou cujo capital social pertença,
em qualquer dia do exercício social, a um número de sócios não
superior a cinco e nenhum deles seja pessoa coletiva de direito público
 Agrupamentos Complementares de Empresas
 Agrupamentos Europeus de Interesse Económico
o Os agrupamentos complementares de empresas (ACE) são entidades
constituídas por pessoas singulares ou coletivas, nomeadamente sociedades
comerciais, que se agrupam, sem prejuízo da sua personalidade jurídica, a fim
de melhorar as condições de exercício ou de resultado das suas atividades
(regime inglês das partnerships).
o O Lucro Tributável é apurado de acordo com as regras do CIRC. Contudo, este
Lucro Tributável é imputado aos sócios na proporção das respetivas quotas

12
(presumindo-se quotas iguais se o contrário não constar no pacto social ou no
ato constitutivo da sociedade)
o O Lucro Tributável enquadra-se na Cat. B do IRS (respeitantes a cada um dos
sócios)
o Se houver prejuízos pode ser reportado em sede do IRC da sociedade
transparente ao lucro dos subsequentes 5 anos (mas nunca repercutido ao
rendimento dos sócios - n.° 7 do art.° 52.°
CIRC).
 Mesmo as que estão sujeitas a transparência fiscal estão sujeitas às normas do IRC-
logo incluem-se neste artigo.
o Artigo 6º do IRS, 20º IRS e 23º IRC.
 
 Sendo que esta solução que pretende reduzir os efeitos da dupla tributação
económica só é aplicável se a entidade devedora dos lucros ou que é liquidada tiver a
sua sede ou direção efetiva em território português e os respetivos beneficiários
(destinatários destes rendimentos capitais) residentes neste território
o Assim, é aplicável as pessoas coletivas residentes, com sede em território
português e estabelecimento estável (5º IRS, Nº1; já o nº2 são exemplos). E
pessoas singulares residentes.
Categoria F- Rendimentos prediais
 Artigo 8º e 41º do IRS.
 Possibilidade de se deduzir todas as obras realizadas num determinado prédio urbano.
Exceto a mobília, decoração e etc.
 Nº2, especifica a situação quando se trata de frações autónomas, regime de
propriedade horizontal, ou seja, um prédio com apartamentos. No fim, quem paga é o
condomínio, vai devolver o dinheiro ao dono de cada fração, porque este não teve
culpa das obras que teve de realizar (tem que ver com a estrutura do prédio)
Categoria G- Incrementos patrimoniais
 O artigo 42º diz que não são feitas quaisquer deduções.
 Mas existe uma exceção, as mais valias do artigo 43º (pode ser 30% ou 50%).
 Exceção da exceção (sem tributação) -Artigo 10º, Nº5, não existe tributação de mais
valias. Não se fala em deduções, se está excluída a tributação. Se o sujeito passivo
cumprir os requisitos do Nº5, não tem qualquer tipo de tributação e nem sequer faz
sentido falar em deduções, não sai sequer da primeira fase, não vai para a
determinação da matéria
o Incidência negativa: exclusões de tributação.
Categoria H- Pensões
 Artigo 53º, e artigo 11º rendimentos brutos.
 Receba uma pensão inferior ou igual a 4,104, deduz esse valor, ou se receber mais
deduz o mesmo.
 É um valor mínimo de dedução- 4.104
 A esse valor acrescenta o especificado no Nº4.

As taxas do IRS
 Taxas gerais
o Nos termos do artigo 104º, nº1 da CRP, o IRS é um imposto progressivo, o que
implica a adoção de vários escalões de rendimentos aos quais correspondem
taxas diferentes que variam mais do que proporcionalmente aumentando à
medida que aumenta o rendimento tributável. Não obstante, o IRS apresenta
taxas progressivas e taxas proporcionais.

13
 Principio da progressividade o que se materializa nos escalões- artigo
68º IRS.
o O rendimento global liquido do contribuinte é sujeito às taxas gerais do IRS,
constantes da tabela do artigo 68º do IRS. Essas taxas são progressivas e
distribuídas por vários escalões.
 Abaixo do valor do primeiro escalão as pessoas não são tributadas
existe um mínimo de subsistência, não tem capacidade contributiva.
 1º escalão rendimento liquido até 7.112, taxa de 14,50% (taxa
mínima).
 O último escalão respeita a rendimentos superiores a 80.882 euros
líquidos aos quais se aplica a taxa de 48% (taxa máxima).
 Além destas taxas gerais que se aplicam sempre, podem-se aplicar outras taxas,
nomeadamente as proporcionais.
 
 Taxa adicional de solidariedade
o Esta taxa vem tributar mos rendimentos a partir de um determinado valor,
quem tenha um rendimento liquido superior a 80.00, será ainda tributado
além das taxas gerais, em matéria de taxa adicional de solidariedade.
o É proporcional porque tem apenas 2 escalões- artigo 68º A do código do IRS.
 Taxa de 2,5% e 5%.
o Esta taxa adicional desvirtua por completo o sistema de tributação de
rendimentos e acaba por corresponder a um 2º imposto, de natureza especial
para os rendimentos mais elevados. Em bom rigor, estamos perante um 2º
imposto que passa a incidir sobre os rendimentos englobados e sujeitos a
retenção na fonte, essencialmente os rendimentos de trabalho. A taxa
adicional deixa de fora os rendimentos sujeitos as taxas liberatórias, promove
a discriminação negativa dos rendimentos englobados, solução que, se revela
inconstitucional (ponto de vista do professor), por violar o principio da
igualdade tributaria assente na capacidade contributiva.
 Só quem tem rendimentos de trabalho dependentes sujeitos a
retenção na fonte (Categoria A).
 
 Taxas especiais
o São taxas proporcionais (chamadas de liberatórias, autónomas ou especiais)
que se mantêm constantes, independentemente do montante da matéria
coletável, em manifesta negação da progressividade do imposto,
constitucionalmente consagrada.
o Em sentido amplo, as taxas especiais englobam as taxas liberatórias (71º IRS),
as taxas especiais propriamente ditas (72º IRS) e ainda as extravagantes taxas
de tributação autónoma (73º IRS).
o No que diz respeito às taxas liberatórias previstas no 71º, tratam-se de taxas
especiais cuja aplicação com recurso ao mecanismo da retenção da fonte
torna possível uma tributação a titulo definitivo, desobrigando o contribuinte
do englobamento dos rendimentos a elas sujeitas.
o Artigo 72º, as taxas variam de 10% a 60%, voláteis.
o Artigo 71%, tem taxas de 25%, de 28% e 35%.
 Tratam de rendimentos de trabalho, sujeitos à retenção na fonte a
titulo definitivo. E rendimentos capitais (casos específicos).
 Não tem um limite é qualquer rendimento desde que se enquadrem
no artigo.
 

14
 As taxas de tributação autónoma
o Constam do código do IRS e do IRC, visam tributar despesas. Trata-se de uma
anómala tributação de despesas, porquanto o imposto é sobre o rendimento,
incide sobre lucros e as referidas taxas não incidem sobre qualquer
rendimento, antes constituem uma forma aberrante e deslocada, de sancionar
por via tributaria a realização de certas despesas, no que constitui mais uma
originalidade do nosso sistema fiscal.
 Despesas confidenciais e não documentadas.
o O legislador fiscal, quando visou a criação destas taxas, queria tributar essas
despesas, porque segundo ele, estas despesas ocultavam determinados
rendimentos, que podiam ser suscetíveis de determinados crimes (evasão
fiscal por exemplo).
o Há despesas que os sócios para com as sociedades, e um com o outro, não tem
de determinar a que titulo foi, e colocam ou na declaração do contribuinte o
valor, ou não colocam, e a administração tributaria, vai por métodos indiretos,
sabendo os valores dos rendimentos das categorias do IRS, vê quanto falta
para o rendimento total do contribuinte.
o São uma contradição quanto à configuração dos impostos sobre as pessoas
singulares, não faz sentido tributar despesas quando falamos de impostos
sobre o rendimento. As despesas são dedutíveis, é o normal, a regra geral. Não
faz sentido, portanto ir tributá-las, se o legislador o queria fazer, tinha de criar
um novo imposto (a doutrina maioritária acredita que estas taxas são um
segundo imposto sobre a despesa ao consumo, quando temos um imposto
que trata do tributo do consumo e da despesa.
o O IRS parece ser configurado em 2 impostos distintos:
 Temos um imposto normal- progressivo, com escalões progressivos, a
matéria coletável aumenta à medida que a taxa aplicável aumenta
 Temos um anormal, porque afinal, viola o princípio constitucional da
progressividade, pautando-se pela proporcionalidade e aplica taxas a
rendimentos de capitais e da retenção na fonte a título definitivo.

 O mínimo de existência legal


o De forma a concretizar valores constitucionais, o legislador consagrou um
critério de salvaguarda legal de um mínimo de existência compatível com o
princípio da dignidade da pessoa humana.
o Assim, determina o artigo 70º, nº1 do IRS, que as taxas estabelecidas no artigo
68º não pode resultar para os titulares de rendimentos predominantemente
originados em trabalho dependente ou em pensões, a disponibilidade de um
rendimento líquido de imposto inferior a 1,5 x 14 x valor do IAS- indexante dos
Apoios sociais.
o Quanto à situação de famílias numerosas, esta foi pensada especialmente, e
no respeito pelo artigo 67º da CRP, consagra-se um tratamento mais favorável
para estas. Nesse sentido temos o artigo 70º, nº2 do IRS.

Liquidação e cobrança do IRS


 Nos termos do artigo 75º a 77º do IRS, a liquidação do IRS é da competência da AT e deve
ser efetuada no ano imediato àquele que os rendimentos dizem respeito, nos seguintes
prazos:
o 31 de julho, com base na declaração apresentado pelos sujeitos passivos que
apenas hajam recebido rendimentos das categorias A e H.

15
o Até 30 de novembro, quando o sujeito passivo não tenha apresentado a
declaração (alínea b) do nº1 do 76º).
 O processo de liquidação do IRS; processa-se através de um conjunto de operações que
passam pela seleção das taxas a aplicar em função do escalão em que se insere o
rendimento coletável apurado e pela aplicação do quociente conjugal, se for o caso e que
culmina com a aplicação das taxas respetivas, assim se apurando a coleta do imposto.
Aplicadas as taxas ao rendimento coletável fica apurada a coleta do IRS, valor a que
teremos de abater as deduções previstas nos artigos 78º a 87º, para se fixar o montante
do imposto a pagar pelo sujeito passivo.
o O artigo 78º vem identificar os diversos tipos de deduções que tem lugar em IR,
são as deduções à coleta ou relativas.
 Atenção ao nº7 deste artigo, quanto à soma das deduções à coleta
previstas nas alíneas c) a h) e k) do nº1.
o Artigos 98º, 99º a 100º e 102º- retenção na fonte
 Sendo que está sujeito à retenção na fonte o IRS devido pelos rendimentos
do trabalho dependentes e das pensões (artigo 99º a 100º), rendimentos
da categoria B provenientes da propriedade intelectual ou industrial ou da
prestação de informações respeitantes a uma experiencia adquirida no
setor industrial, comercial ou cientifico (artigo 3º, nº1, c)), de rendimentos
de capitais e prediais ou de incrementos patrimoniais provenientes de
indeminizações que visem a reparação de danos não patrimoniais e de
importâncias auferidas em virtude de obrigações de não concorrência
(artigo 9º, nº1 b) e c).
IRC
Incidência
 Ar. 2° CIRC
o Incidência pessoal
 Pessoas coletivas (sociedades comerciais, cooperativas, empresas públicas,
sociedades civis sob forma comercial, e demais pessoas coletivas de direito
público ou privado):
 Entidades desprovidas de personalidade jurídica com sede ou direção
efetiva em território português (considerados residentes), cujos
rendimentos não sejam tributados em IRS ou em IRC diretamente a
titularidade de pessoas singulares ou coletivas (heranças jacentes,
sociedades e associações sem personalidade jurídica, pessoas coletivas
que tenham sido declaradas inválidas e as sociedades comerciais ou civis
sob forma comercial anteriormente ao registo;
 Entidades com ou sem personalidade jurídica não residentes cujos
rendimentos não sejam tributados em IRS.
Incidência Real
 IRC Incide sobre os rendimentos obtidos (mesmo quando provenientes de atos
ilícitos), no período de tribulação
 Entidades residentes;
o Se exercerem, a título principal, uma atividade de natureza comercial,
industrial ou agrícola (considerando-se que é sempre esse o caso de
sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, cooperativas e empresas
públicas) a base do imposto é o LUCRO
 Lucro é a diferença entre os valores do património líquido no fim e não
início do período de tributação, com as correções previstas na lei.
o Se não exercerem a título principal uma tal atividade a base do imposto passa
a ser o RENDIMENTO GLOBAL.

16
 Rendimento global é a soma algébrica dos rendimentos das várias
categorias consideradas para efeitos do IRS (estas categorias, dado
tratar-se de pessoas coletivas, não podem ir além, da Categoria B, E, F
e G.
 Entidades não residentes:
o Se dispuserem, em território português, de estabelecimento estável, a base do
imposto é o LUCRO imputável ao estabelecimento estável
o Se não tiverem estabelecimento estável em território nacional (ou no caso de
rendimentos não imputáveis ao estabelecimento estável) a base do imposto é
constituída por cada um dos rendimentos das diferentes categorias do IRS (B;
E, F, G).

 
Rendimentos obtidos em território nacional
 Art. 4º CIRC
o Entidades residentes - Sujeitas a uma obrigação pessoal (ou seja, pagam IRC
pela totalidade dos rendimentos, quer sejam obtidos em território nacional ou
no estrangeiro - princípio da universalidade /rendimento mundial (world wide
income principle).- nº1
o Entidades não residentes - sujeitos a uma obrigação real. Pagam IRC apenas
quanto aos rendimentos obtidos em território nacional -Princípio da fonte
(source principle). – nº2 e 3
 Art. 4º
o Rendimentos imputáveis a Estabelecimento Estável (definição no artigo 5º e
comporta 2 elementos: uma estrutura organizacional do tipo empresarial e o
exercício efetivo de uma ativiade económica lucrativa através dessa estrutura).
o Rendimentos relativos a imóveis sitos em Portugal
o Ganhos resultantes da transmissão onerosa de partes representativas de
capital social de entidades com sede ou direção efetiva em Portugal.

Regime de transparência fiscal


 Artigo 6º do IRC
 Consiste, essencialmente numa técnica de tributação dos rendimentos das sociedades de
pessoas, em que se parte da desconsideração da sociedade (não se atribui relevância
fiscal) para permitir a tributação direta dos sócios. Estas sociedades transparentes
resultam de uma associação entre profissionais do mesmo ramo para prosseguir em
conjunto uma mesma atividade profissional em que o capital tem uma expressão reduzida,
ao contrário do que sucede nas sociedades capitais.
 Este regime acentua a personalização da tributação, uma vez que procede a uma
imputação dos rendimentos da sociedade às pessoas dos sócios, o que faz com que só
estes sejam tributados. Esta técnica permite resolver os problemas relativos a diferença de
regime na tributação das sociedades de capitais e nas sociedades de pessoas e contribui
para:
o Garantir a neutralidade fiscal entre a tributação das pessoas singulares e a
tributação das pessoas coletivas;
o Eliminar a dupla tributação económica dos lucros distribuídos;
o Combater a evasão fiscal através da criação artificial de sociedades.
 Nº1: a quem este regime é imputado mais o nº2 que fala do ACE e AEIE.
o Os agrupamentos complementares de empresas (ACE) são entidades constituídas
por pessoas singulares ou coletivas, nomeadamente sociedades comerciais, que se
agrupam, sem prejuízo da sua personalidade jurídica, a lim de melhorar as

17
condições de exercício ou de resultado das suas atividades (regime inglês das
partnerships).
 No caso de sociedades de mera administração de bens- sociedades interpostas- a
transparência fiscal permite anular as vantagens eventuais da interposição não justificada
numa qualquer “razão empresarial legitima”. Com esta solução o legislador procura evitar
o abuso da forma societária para fins de mera fruição de bens imobiliários que nada têm a
ver com o exercício de uma atividade comercial.
 Artigo 12º IRC- não tributação em sede de IRC quando é uma sociedade transparente.
 Artigo 20º IRC- lucro tributável
 Artigo 117º, nº9 IRC- apesar de as sociedades transparentes não serem sujeitos passivos
de IRC, estão obrigadas aos deveres de cooperação, nomeadamente, no que repetia ao
cumprimento das obrigações declarativas.
 Quanto aos prejuízos fiscais temos de consultar o artigo 52º, nº7 do IRC.
 Este regime tem sido objeto de diversas críticas, acabando pro ser avançada a sugestão da
sua eliminação, o que já aconteceu em Espanha. Este regime tem sido elidido na prática,
porque quando os profissionais criam a sociedade como instrumento de interposição e,
enquanto sócios acabam por faturar os serviços que prestam à sociedade, e esta por sua
vez fatura depois aos seus clientes. Deste esquema resulta que a sociedade quase sempre
apaga ou reduz significativamente a matéria coletável a ser tributada como lucro em sede
de IRC e, simultaneamente, os profissionais alcançam, enquanto sócios da sociedade uma
poupança fiscal ao pagar o seu IRS à taxa liberatória de 28% como rendimentos de capitais,
a título definitivo, logo dispensados de englobamento, através do mecanismo de retenção
da fonte (71º, nº1, a) do IRS).

A determinação da matéria coletável


 Com base nas disposições do artigo 15º do IRC, podemos distinguir 2 formas de fixar a
base de determinação coletável em IRC. Tomando como elementos diferenciadores, o
critério de residência, a estrutura organizativa e o tipo de ativiade exercida pelo sujeito
passivo, temos as seguintes soluções:
o As entidades residentes que são empresas que exerçam a título principal, uma
atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola ou são estabelecimento
estáveis de entidades não residentes. Nestes casos, a matéria coletável
corresponde ao lucro contabilístico, corrigido nos termos do CIRC se o regime for
de contabilidade organizada ou lucro normal se apurado com base em
determinados indicadores no regime simplificado, constante dos artigos 86º A e
86º B do IRC, regime optativo aplicável às microempresas.
 86º A, nº1, diz quem pode optar pelo regime simplificado.
 Balanço comercial: funciona como instrumento de gestão empresarial; descreve e
evidencia a situação patrimonial da empresa; é a base de cálculo económico do seu lucro
ou prejuízo; serve de referência para a definição dos direitos dos sócios e das relações da
empresa com terceiros (credores e devedores). O balanco fiscal corresponde ao balanço
comercial corrigido de acordo com as normas fiscais e nesse sentido serve de instrumento
da quantificação do imposto. Daí resulta que as empresas são obrigadas a ter
contabilidade organizada nos termos da lei comercial e fiscal que permita o controlo do
lucro tributável, o que implica que a contabilidade deve estar organizada de acordo com
padrões de normalização contabilística “geralmente aceites”, para que as contas anuais
proporcionem uma imagem fiel da situação patrimonial da empresa.
o Artigo 123º, nº1 do IRC e artigo 17º, nº3

 Lucro contabilístico e o lucro tributável


Duas hipóteses:

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1. pelo SP - autoliquidação na declaração modelo 22 do IRC (regime regra) - AT pode
proceder a correções na declaração
2. pela AT - com base em elementos que a AT dispuser - caso a SP não tenha procedido à
entrega do modelo 22 do IRC; com base em métodos indiretos - art. 87º a 89º da LGT.

o O lucro tributável das entidades residentes é constituído pela soma algébrica do


resultado líquido do exercício (rendimentos e gastos) e das variações patrimoniais
positivas e negativas verificadas no mesmo período e não refletidas naquele
resultado, determinados com base na contabilidade organizada e eventualmente
corrigido pela AT, nos termos do CIRC- artigo 17º, nº1 IRC.
o Tendo por base a teoria do incremento patrimonial, o lucro tributável é apurado
segundo a teoria do balanco, correspondendo à diferença entre os valores do
património líquido no fim e no início do período de tributação- artigo 3º, nº2 do
IRC.
o O resultado contabilístico é apurado com base no chamado resultado operacional
que corresponde ao resultado da atividade principal da empresa antes dos gastos
de financiamento e dos gastos fiscais. Este resultado corresponde à diferença
entre as vendas e os serviços faturados e eventuais subsídios à exploração
recebidos e os gastos com as compras de bens e serviços, matérias-primas,
consumíveis, gastos com pessoal e provisões.
o O resultado líquido do exercício é constituído por:
 Resultado operacional (é o resultado gerado pela atividade principal da
empresa. É igual a diferença entre as vendas da empresa e os custos
operacionais (compras de mercadorias e matérias-primas, salários e
encargos, custos gerais de produção e amortização de imobilizado).)
 + Resultado financeiro (resulta da diferença entre os proveitos e os custos
de natureza financeira (juros pagos e recebidos, descontos de pronto
pagamento pagos e recebidos, rendimentos e encargos na participação de
capital, etc…).)
 + Resultado extraordinário (custos e proveitos com um caráter inesperado
(sinistros, multas, dividas incobráveis ou recuperadas, etc…) ou
meramente pontuais.)
o Com base no resultado contabilístico apura-se o lucro tributável, uma vez feitas as
correções fiscais respeitantes às variações patrimoniais positivas (artigo 21º) e
negativas (artigo 24º) não refletidas naquele resultado.
 O modelo de tributação adotado no CIRC conduz a um resultado fiscal que
não coincide com o resultado contabilístico (Artigo 23º- A), por isso, não
existe coincidência entre o lucro contabilístico e o lucro tributável.
o Uma vez apurado o lucro tributável, é necessário proceder, ainda, a diversas
deduções para se obter a matéria coletável de IRC, de entre essas deduções temos
de consultar os artigos:
 51º, 51º C e 51º D
 52º e 71º
 Correções especiais para evitar a evasão fiscal
o Os preços de transferência
 São valores internamente atribuído a bens, a serviços ou a ativos
intangíveis nas operações realizadas entre as entidades relacionadas.
Trata-se de um instrumento através do qual as empresas transferem
lucros entre si, num esquema em que as perdas numa empresa provocam
ganhos noutra empresa.

19
 A aplicação destes preços de transferência tem de obedecer ao artigo 63º
do IRC.
o Correção do valor de transmissão de imóveis
 Artigo 64º do IRC
o Imputação de lucros a sociedades residentes em paraísos fiscais
 Artigo 66º DO IRC, consagra um regime de transparência internacional.

Rendimentos e gastos
 O conceito de lucro tributável é o resultado de uma complexa e minuciosa previsão
normativa que encerra um conjunto de formulações legais especificas para efeitos fiscais
de conceitos extraídos das técnicas e praticas contabilísticas, como acontecem com os
conceitos de rendimentos- artigo 20º do IRC) e gastos (Artigo 23º do IRC).
o Todos os gastos devem estar suportados documentalmente independentemente
da natureza ou suporte dos documentos utilizados.

Mais valias
 Com a reforma fiscal de 2001, passam a ser tributadas em IRC as mais valias realizadas com
a transmissão de ativos do imobilizado corpóreo quando os mesmos sejam objeto de
revestimento. Alargou-se assim, a base de tributação adotando uma solução em vigor na
maior parte dos sistemas fiscais da União Europeia. Abandonou-se o modelo de imputação
das mais valias nos valores de aquisição dos ativos objetos de reinvestimento e passou a
adotar-se o método do diferimento das mais valias pelo período do tempo pré-
determinado ao segundo exercício posterior ao da realização.
 Em contrapartida, admite-se que o reinvestimento possa ocorrer no exercício anterior ao
da realização, indo assim de encontro ao que se passa em muito países europeus e das
recomendações de alguns importantes estudos na área fiscal.
 A propósito do reinvestimento dos valores de realização temos de consultar o artigo 48º
do IRC.
 Artigo 46º- conceito de mais valias e menos valias.

Mais valias excluídas


 A lei fiscal consagra algumas exceções a este princípio da contabilidade, como são os casos
previstos nos artigos 21º e 24º do IRC.
o O 21º enumera taxativamente as variações patrimoniais positivas que não
concorrem para a formação do lucro tributável. De acordo com a regra deste
artigo, em princípio, a uma qualquer variação patrimonial positiva, mesmo que
não seja refletida no resultado líquido do exercício, corresponde um acréscimo
patrimonial e o ele um aumento do lucro, ao invés, uma variação patrimonial
negativa provoca a sua diminuição.
o O 24º enumera as variações patrimoniais negativas que não entram para o lucro
tributável.

As depreciações e amortizações
 Problema especial do balanço é o que diz respeito às depreciações e amortizações
destinadas a registar, em cada exercício, a depreciação sofrida pelos ativos fixos tangíveis e
intangíveis da empresa.
 Estes 2 conceitos são contabilísticos e são utilizados para representar os custos relativos ao
desgaste de ativos cuja vida útil é mais ou menos longa.
 A diferença entre os 2 é explicada pelo tipo de ativos em questão. Enquanto as
depreciações se referem a ativos tangíveis, as amortizações referem-se a ativos
intangíveis. Relativamente a estes ativos, em teoria, há várias formas de imputar o custo

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de aquisição ao longo dos exercícios em que os mesmos estão a ser utilizados e a produzir
benefícios.
 Existem vários métodos para calcular as depreciações e amortizações. O mais comum é o
método das quotas constantes, em que se define uma vida útil par ao bem em questão e
divide o valor do bem por essa vida útil em partes iguais. Além deste método, existe ainda
os métodos as quotas decrescentes, que deprecia a maior parte do valor dos bens durante
os primeiros anos da sua vida útil e o método das quotas crescentes, que remete para os
últimos anos de vida útil do ativo a maior parte da depreciação. Existem ainda outros
métodos que têm em consideração a utilização efetiva do bem, utilizando par ao efeito
critérios como o número de horas de funcionamento, a quantidade de unidades
fabricadas, os quilómetros percorridos (empresas de transportes), as horas de voo
(empresas de aviação). Mas em regra o processo de amortização é feito através de
métodos das quotas constantes.
 O mais importante é que seja mantido o critério que inicialmente tenha sido adotado pela
empresa, em obediência ao princípio da manutenção dos métodos de mensuração. Com
efeito, os critérios adotados para a mensuração dos inventários devem ser uniformemente
seguidos nos sucessivos períodos de tributação. Podem, no entanto, verificar-se mudanças
dos referidos métodos sempre que as mesmas se justifiquem por razões de natureza
económica ou técnica e sejam aceites pela autoridade tributária e aduaneira (27º do IRC).
o O artigo 29º do IRC vem definir a regra geral das depreciações e amortizações.
 Quanto aos métodos a utilizar para o cálculo das depreciações e amortizações, o artigo
30º, nº1 do IRC, consagra o método da linha reta, mas o nº2 vem apresentar a exceção a
essa regra, admitindo que os sujeitos passivos possam optar pelo método das quotas
decrescentes.
o Artigo 31º, nº1 método da linha reta.
o Artigo 33º do IRC.
o Artigo 34º do IRC, o que não é aceite como gastos.
o PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE: art. 30º nº 4 CIRC. O SP deve manter o método de
amortização até ao fim do período de vida útil do bem (salvo autorização da AT).

As imparidades e provisões
 No respeito pelos princípios contabilísticos, sobretudo o da especialização dos exercícios e
da prudência as empresas devem adotar uma política adequada de imparidade e provisões
destinada a cobrir perdas de valor e riscos relacionados com elementos do ativo.
o O ativo é um recurso controlado pela empresa, como resultado de acontecimentos
passados, dos quais ela espera a obtenção de benefícios económicos futuros.
Quando o ativo deixa de proporcionar benefícios económicos futuros, total ou
parcialmente, ocorre a sua imparidade.
 Se o valor contabilístico de determinado ativo for superior ao montante recuperável, o
ativo está em imparidade, sendo a entidade obrigada a reduzir o valor desse ativo e
considerá-lo como gasto do próprio exercício. A entidade está obrigada a reconhecer uma
perda de imparidade quando o valor escriturado de um ativo excede o seu valor
recuperável. Se o ativo estiver em condições de ser recuperado por um valor superior ao
que está registado na contabilidade, então a entidade não precisa de fazer qualquer
alteração.
o 28º IRC: imparidades em inventários;
o 28º A: dividas a receber;
o 28ºB: perdas pro imparidade em créditos de cobrança duvidosa;
o 28º C: créditos a cobrar nas empresas do setor bancário.
 O artigo 39º do IRC; diz respeito às provisões.

21
Regime especial de tributação dos grupos em sociedades
 A tributação dos grupos de sociedades está sujeita a um regime especial consagrado nos
artigos 69º a 71º do CIRC.
 O lucro tributável do grupo de sociedades, relativamente a cada um dos períodos de
tributação abrangidos pela aplicação do regime especial, é calculado pela sociedade
dominante através da soma algébrica dos lucros tributáveis e dos prejuízos fiscais
apurados nas declarações periódicas individuais de cada uma das sociedades pertencentes
ao grupo corrigido, sendo caso disso, do efeito da aplicação da opção prevista no nº5 do
artigo 67º.
 Dedução de prejuízos fiscais no artigo 52º

Regime especial das fusões, cisões, entradas de ativos e permutas das partes sociais
 Os artigos 73º a 78º do IRC, estabelecem um regime especial de tributação das fusões,
cisões, entradas de ativos e permutas dae partes sociais de scedades residentes em
Portugal, tendo em vista a reestruturação ou racionalização das respetivas estruturas ou
atividades das sociedades participantes. Este regime é igualmente aplicável às fusões e
cisões de sociedades de diferentes Estados membros da União Europeia, por força da
Diretiva nº 2009/133/CE, do Conselho, de 19 de outubro.
o Artigo 75º diz respeito à transmissibilidade dos prejuízos fiscais.
o Artigo 73º, nº10

Regime especial de sociedades em liquidação


 A dissolução e liquidação correspondem a um processo extintivo das sociedades
comerciais, traduzido na sequência de atos ou factos jurídicos que determinam a
cessação progressiva da sua existência. Com efeito, tendo ocorrido o facto que
determina o efeito jurídico da dissolução da sociedade, deve seguir-se a liquidação do
seu património, o que passa pelo apuramento do ativo, pagamento do passivo e
partilha do saldo. Enquanto durar o processo de liquidação a sociedade continua a ter
existência jurídica, para todos os efeitos legais.
 O regime de tributação das sociedades em liquidação encontra-se nos artigos 79. ° a
82. ° do CIRC.

Taxas de IRC
 O IRC é claramente um imposto proporcional que tem uma taxa geral de 21% e Taxas
especiais de 25% e 35% para determinados rendimentos.
o Nos termos do artigo 87º, a taxa geral do IRC é 21%.
o A taxa do IRC é de 25% nos casos em que se trate de entidades que não tenham
sede, nem direção efetiva em território português e aí não possuam
estabelecimento estável, ao qual os rendimentos sejam imputáveis.
o A taxa de IRC é de 35%, nos casos previstos no artigo 87º, nº4.

 Derrama estadual
o Artigo 87º A
o A derrama estadual é um imposto adicional em sede de IRC (Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas Coletivas) que incide sobre a parte dos lucros tributáveis
das empresas que ultrapassa 1,5 milhões de euros.
o No regime especial de tributação dos grupos de sociedade as taxas progressivas da
derrama estadual incidem sobre o lucro tributável apurado na declaração
periódica individual de cada uma das sociedades do grupo, incluindo a dominante.
 Taxas de tributação autónoma

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o "taxas de tributação autónoma" são verdadeiros impostos especiais sobre algumas
despesas efetuadas pelas empresas, num esquema absolutamente anómalo que
viola a autonomia da gestão empresarial.
o No início, o legislador justificou esta invenção com a necessidade de tributar, de
forma autónoma e especial, as despesas não documentadas (despesas
confidenciais) para combater certas práticas de evasão fiscal. A solução visou,
acima de tudo, neutralizar o efeito fiscal de certas práticas de gestão que
configuram comportamentos ardilosos de fuga aos impostos, no que acabou por
merecer a tolerância (silêncio) de grande parte da doutrina, considerando a ideia
de justa repartição dos encargos que deve orientar a tributação da riqueza e dos
rendimentos.
o Contudo, o legislador foi aproveitando a oportunidade e o "silêncio" para avançar
nesse propósito de tributar de forma "autónoma" e com taxas pesadas outras
despesas, nomeadamente, despesas de representação e despesas com viaturas.
Mas, o mais inesperado e anómalo acabaria por acontecer quando o legislador
submete ao mesmo regime de tributação agravada alguns rendimentos,
designadamente os lucros distribuídos e certas indemnizações ou compensações.

Liquidação do IRC
 O artigo 89º do IRC; apresenta quem tem competência para a liquidação.
o A) autoliquidação
o B) liquidação administrativa
 No artigo 90º, temos o procedimento e formas de liquidação.
o Nº2 deduções
o Por força do artigo 99º do IRC, a autoridade tributaria procede à liquidação
adicional quando depois de liquidado o imposto, seja de exigir, em virtude de
correção efetuada ou de fixação do lucro tributável por métodos indiretos,
imposto superior ao liquidado- artigo 90º, nº10.
Cobrança do IRC
 No que respeita à cobrança de IRC existem vários tipos de pagamentos que importa
distinguir:
o Pagamentos por conta;
o Pagamento especial por conta;
o Pagamento através das retenções na fonte;
o Pagamento em resultado de liquidação administrativa 110º, nº1.
 O artigo 104º do IRC estabelece as regras de pagamento do imposto.
o Artigo 120º- diferença entre o imposto calculado na declaração periódica de
rendimentos e as importâncias entregues por conta;
o Artigo 122º- quando haja declaração de substituição- 104º, nº3
 Pagamentos por conta:
o Artigo 105º do IRC
o Serve para a empresa ao longo do ano ir pagando imposto do próprio ano.
o Pagamento adicional por conta - Art. 105º A do CIRC
 Retenções na fonte
o Do artigo 94º ao 98º do CIRC.
o Quando estou a fazer determinados pagamentos, entre empresas, há um
determinado tipo de rendimento que ficam retidos na fonte.
o Ver se o rendimento esta ou não sujeito a retenção da fonte.

IVA
 O IVA é neutral. Vai incidir sobre todas as fases de comercialização e produção dos bens.

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 Cada membro dessa cadeira de produção para além de ter que faturar com o IVA, pode
deduzir o IVA que lhe foi faturado pelo fornecedor. O IVA incide sobre o preço.
 O sujeito passivo do IVA é quem entrega o dinheiro ao Estado.
 Quem está isento de IVA não pode deduzir.
 Há uma única isenção que permite a dedução - a exportação de bens. (A exportação de
bens é fora da União Europeia).

Características
 A tributação indireta do rendimento disponível faz-se através de impostos que atingem
esse rendimento quando é utilizado em despesas de investimento ou em consumo. No
sistema fiscal português, a tributação do consumo é feita através de um imposto geral e de
vários impostos especiais.
 Considerando a teoria geral dos impostos, podemos classificar o IVA como um imposto
geral sobre o consumo, estadual, indireto, plurifásico e não cumulativo. O IVA é um
imposto estadual, em que o sujeito ativo é o Estado. Trata-se de um imposto geral sobre o
consumo, na medida em que tributa todo o consumo em bens materiais e serviços, as
transmissões de bens, as prestações de serviços, as importações de bens e as operações
intracomunitárias, abrangendo na sua incidência objetiva todas as fases do circuito
económico, desde a produção ao retalho, sendo a base tributável definida pelo valor
acrescentado em cada fase.
 O IVA é um imposto indireto e repercutível sobre o consumidor final, uma vez que ao ser
aplicado de um modo geral e uniforme em todo o circuito económico, pressupõe a
repercussão total do imposto para a frente, o que acaba por corresponder a uma
tributação, por taxa idêntica, efetuada de uma só vez, na fase retalhista, aquando da
venda final ao consumidor.
 O IVA é um imposto plurifásico, uma vez que a sua incidência se situa em cada fase do
circuito económico, desde o produtor ou importador dos bens até à sua transmissão para
o consumidor final, sendo liquidado e pago por cada um dos agentes intervenientes no
circuito económico.
 Trata-se de um imposto não-cumulativo, na medida em que em cada fase da incidência se
tributa apenas o valor acrescentado nessa fase, isto é, o IVA incide sobre o valor acrescido
que o bem passou a ter em cada fase do circuito económico. O imposto arrecadado acaba
por corresponder à soma das diversas parcelas apuradas em cada fase do circuito
económico, ou seja, é igual ao montante que acabaria por ser pago se todo o imposto
fosse exigido no momento da transmissão do bem para o consumidor final. Este
fracionamento do imposto pelas diferentes fases do circuito económico permite o
alargamento da incidência da tributação das transações ao sector da prestação de
serviços, com vantagens no plano da equidade fiscal e da neutralidade da tributação e
contribui para aumentar as potencialidades de obtenção de receitas, posto que a base da
incidência objetiva é sensivelmente alargada com a tributação de um amplo conjunto de
bens essenciais.
 O IVA é um imposto de prestação variável, em que o montante a pagar varia em razão das
taxas aplicáveis. O IVA caracteriza-se por tributar de forma diferenciada algumas
transmissões de bens e determinadas prestações de serviços, sujeitando-as a três tipos de
taxas distintas:
1. Uma taxa reduzida de 6% respeitante a uma lista de bens que não beneficiam de
isenção com crédito de imposto a montante;
2. Uma taxa intermedia de 13% relativa a uma segunda lista de produtos e serviços;
3. Uma taxa normal de 23% aplicável a todas as transações em geral, com exclusão
das relativas aos bens constantes das listas referidas.
 Uma nota final para acrescentar que o IVA surge da necessidade de promover a
harmonização fiscal na tributação do consumo no espaço europeu, e desta forma

24
aprofundar o projeto de integração económica e de construção do mercado único na
União Europeia. Com efeito, o IVA é unanimemente reconhecido como instrumento de
harmonização fiscal, que muito tem contribuído para a concretização das liberdades de
circulação de pessoas, bens e serviços e para a efetiva concorrência entre as empresas no
espaço da União Europeia.

Incidência real
 Artigo 1º do CIVA
 O conceito de transmissão de bens vem previsto no artigo 3º do CIVA, e é utilizado em
sentido muito amplo, abarcando um conjunto de situações que no plano estritamente
jurídico, só por ficção podem ser tidas como transmissões. O que revela é que o
transmitente atue como se fosse proprietário, não se exigindo que seja efetivamente o
proprietário dos bens transferidos.
 O conceito de prestação de serviços, vem previsto no artigo 4º do CIVA, sendo este
também um conceito utilizado amplo e residual, delimitando por exclusão de partes, as
operações económicas que se consideram prestações de serviços.
 O conceito de importação vem previsto no artigo 5º do CIVA. Foi após a abolição das
fronteiras físicas da União Europeia, p território formado pelo conjunto dos Estados
membros passou a constituir-se um território aduaneiro único, pelo que deixou de fazer
sentido tratar como importações e exportações as transações comerciais realizadas entre
agentes económicos dos Estados membros, dentro do mercado único europeu.

Incidência pessoal
 Os sujeitos passivos do Iva vem previstos no artigo 2º do CIVA.
 O IVA é um imposto que assenta na obrigatoriedade de repercussão para a frente, o que
implica que o sujeito passivo é claramente uma pessoa diversa do contribuinte, isto é, da
entidade cuja capacidade contributiva o imposto pretende atingir e que por isso acaba por
ser quem na realidade suporta o pagamento do IVA. O sujeito passivo tem a obrigação de
liquidar o imposto em cada transação que efetua. Para o efeito, a fatura ou documento
equivalente tem de fazer referência expressa em separado, ao preço do bem ou do
serviço, ao IVA liquidado e respetiva taxa, de forma a conter toda a informação ao
contribuinte que, por efeito de repercussão, suporta o peso económico do imposto,
enquanto consumidor final.

Isenções de IVA
 No Iva existem 2 tipos de isenções:
o Simples ou incompletas;
o Completas.
 Isenções simples
o Artigo 9º do CIVA
o Exemplos:
 Isenções nas operações internas, relativamente a serviços clínicos
efetuadas no exercício das profissões de médico, etc.
o Nas isenções simples, o operador económico não liquida o IVA nas suas operações,
mas também não tem direito à dedução do imposto suportado nas aquisições. Na
base destas isenções estão razões de interesse público que justificam o não
agravamento dos serviços prestados no âmbito da saúde, segurança social e
educação.
 Isenções completas
o Artigo 14º do CIVA.

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o As isenções completas ou de taxa zero são aquelas em que o sujeito passivo não
liquida imposto aos seus clientes, mas pode deduzir o IVA que, na aquisição de
bens e serviços, lhe foi liquidado pelos seus fornecedores, assim existe sempre a
restituição do IVA suportado a montante.

Determinação da matéria coletável


 A matéria coletável do IVA é constituída pelo valor tributável das transmissões de bens e
das prestações de serviços efetuadas, pelas importações de bens e pelas operações
intracomunitárias. No conceito de valor tributável, há, portanto, que distinguir quer
estejamos perante operações internas, importações ou aquisições intracomunitárias de
bens. O Valor tributável, tem a sua base legal, no capítulo III do CIVA, sendo esse capítulo
dividido em 2 secções, a 1º trata das operações internas e a 2º das importações.

16º operações internas


o A 1º secção engloba o artigo 16º do CIVA, que no nº1 apresenta a regra geral
sendo que o valor tributável é o valor constante da fatura a pagar pelo adquirente
e inclui o referido nas alíneas. Sendo que o nº2 e o nº 10, vão apresentar casos de
transmissões de bens e prestações de serviços em que o valor tributável, foge à
regra geral do nº1.
 O nº4 apresenta o conceito de um valor normal de um bem ou serviço. Já o nº5, diz-nos
que o valor tributável das transmissões de bens e prestações de serviços sujeitas a imposto
é o valor constante da fatura a pagar pelo adquirente, incluindo o mencionado em cada
alínea. E por fim o nº 6 apresenta o que está excluído do nº anteriormente referido.

17º importações
o Em seguida, o artigo 17º do CIVA, como já referido diz respeito às importações,
que se encontra na 2º secção, sendo que logo, nos termos, do nº 1, sabemos que o
valor tributável dos bens importados, é constituído pelo valor aduaneiro
determinado de harmonia com as disposições comunitária em vigor.
o Já o nº2 do presente artigo, diz o que é incluído no valor tributável dos bens
importados. Sendo, que iremos descobrir o que se encontra excluído do mesmo.

17º RITI operações intercomunitárias


o Passando agora para o Regime do IVA nas Transações Intracomunitárias, ou RITI,
que foi aprovado pelo Decreto-Lei nº 290/92, de 28 de dezembro, que em agosto
de 2020 foi atualizado. Com o objetivo de tributar em IVA no país de destino das
transações comerciais e no país de origem quando se trate de aquisições para fins
particulares.
o Este regime, no capítulo III, apresenta o valor tributável quanto as aquisições
intracomunitárias, sendo estas tributadas da mesma forma que as transmissões de
bens nas operações internas, excluindo as despesas que digam respeito ao
transporte e outros serviços, que vão ser tributadas de forma autónoma.

 Para determinar o valor tributável do IVA o legislador opta por utilizar o método do crédito
de imposto, na base do qual o IVA devido por cada agente económico correspondente à
diferença positiva entre o IVA que ele próprio liquida aos seus clientes e o IVA que lhe foi
liquidado pelos seus fornecedores no período considerado- artigo 19º do CIVA.

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 Nas palavras do legislador, da aplicação deste método resulta que a dívida tributária de
cada operador económico é calculada através da seguinte operação: aplicada a taxa ao
valor global das transações da empresa, em determinado período, deduz-se ao montante
assim obtido o imposto por ela suportado nas compras desse mesmo período, revelado
nas respetivas faturas de aquisição; o resultado corresponde ao montante a entregar ao
Estado. O direito à dedução nasce quando o imposto dedutível se torna exigível,
efetuando-se mediante subtração ao montante global do imposto devido pelas operações
tributáveis do sujeito passivo, durante um período de declaração, do montante do imposto
dedutível, exigível durante o mesmo período- artigo 22. °, n.º 1, do CIVA.

 Regimes do IVA:
o Regime geral é o regime da dedução ou regime do crédito de imposto, que se
aplica à generalidade dos agentes económicos, em que o IVA devido por cada
sujeito passivo corresponde à diferença positiva entre o IVA que liquidou nas
vendas aos clientes e o IVA suportado a montante nas aquisições feitas aos
fornecedores no período considerado.
o Regime especial de isenção aplica-se aos sujeitos passivos que, não possuindo nem
sendo obrigados a possuir contabilidade organizada para efeitos do IRS ou IRC,
nem praticando operações de importação, exportação ou atividades conexas, nem
exercendo ativiade que consta na transmissão dos bens ou prestação dos serviços
mencionados no anexo- artigo 53º do CIVA. Estas isenções significam que, nas
atividades por elas abrangidas, os operadores não estão sujeitos à obrigação de
liquidar IVA, não beneficiando, todavia, de crédito pelo imposto suportado nas
aquisições feitas a montante.
o Regime especial dos pequenos retalhistas aplica-se a pessoas singulares que não
possuam nem sejam obrigados a possuir contabilidade organizada para efeitos do
IRS e não tenham atingido no ano civil anterior um volume de compras superior a
50.000 euros- artigo 60º do CIVA.
 Nº6- quem se considera retalhistas
 63º CIVA, renuncia ao regime
 66º do CIVA
o Regime especial de IVA nos combustíveis líquidos aplicável aos revendedores-
artigo 69º do CIVA.
 Artigo 70º, 71º e 75º do CIVA
o Regime especial de IVA nos bens em segunda mão, objetos de arte, de coleção e
antiguidades, regulados pelo DL nº199/96, de 18 de outubro, diploma que
transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva nº2 94/5/CE, do Conselho, de
14 de fevereiro de 1994.
 O valor tributável das transmissões de bens deste regime, efetuadas pelo
sujeito passivo revendedor, é constituído pela diferença, devidamente
justificada, entre a contraprestação obtida ou a obter do cliente,
determinada nos termos do artigo 16º do CIVA e o preço de compra dos
mesmos bens, com inclusão do IVA, caso este tenha sido liquidado e venha
expresso na fatura ou documento equivalente.
 Artigos 2º, 4º e 5º do regime.
o Regime especial das agências de viagens e organizadores de circuitos turísticos ,
aprovado pelo DL nº 221/85, de 3 de julho, alterado pelo DL nº206/96, de 26 de
outubro. Este regime é aplicável às operações realizadas por agencias de viagens e

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organizadores de circuitos turísticos com sede ou estabelecimento estável em
território português que atuem em nome próprio perante os clientes e que
recorram, para a realização dessas operações, a transmissões de bens ou a
prestações de serviços efetuadas por terceiros, nomeadamente, alojamento e
transporte. As operações efetuadas pelas agências de viagens para a realização de
um pacote turístico são consideradas como sendo uma única prestação de
serviços, tributada no local da sede ou estabelecimento estável.
 Trata-se de um regime especial destinado a simplificar a aplicação do IVA
pelas agências de viagens que vendam em nome próprio pacotes turísticos
aos seus clientes e assegurar a distribuição das receitas pelos Estados
membros de consumo final de cada serviço, assegurando a neutralidade
do imposto.
 O regime da margem traduz-se na substituição do método geral do crédito
de imposto, pelo método subtrativo direto de "dedução base da base", em
que o imposto acaba por incidir apenas sobre a diferença, ou seja, a
margem bruta da agência de viagens na venda de pacotes turísticos. O
valor tributável da prestação de serviços corresponde à margem de lucro
realizada pela agência de viagens, entendida como a diferença entre o
montante total, líquido de IVA, pago pelo cliente e o custo efetivo
suportado pela agência de viagens relativo às entregas de bens e às
prestações de serviços efetuadas por terceiros em benefício direto do
cliente, na qualidade de consumidor final.

Taxas do IVA

 O Código do Iva adota 3 tipos distintos de taxa de imposto:


o Taxa reduzida
o Taxa intermedia
o Taxa normal
 As taxas são diferentes conforme se trate de operações realizadas no território do
continente, no território da RA dos Açores ou na RA Madeira.
 O artigo 18º, nº1 apresenta as taxas do continente. Já o nº3 apresenta as taxas das Regiões
autónomas, sendo que as taxas são diferentes sendo na Madeira ou nos Açores.

Liquidação e cobrança

 Em regra, são efetuadas pelo sujeito passivo. Para o apuramento do IVA a pagar, os
sujeitos deduzem, nos termos do artigo 19º e seguintes, ao IVA que liquidaram nas vendas
e serviços prestados, durante o período, o valor do IVA, devido ou pago pela aquisição de
bens e serviços e pela importação de bens. A dívida do IVA é dada pela diferença assim
encontrada, por força do método do crédito do imposto.
 Artigo 22º, nº 4 e 5, e artigo 23º do CIVA
 Artigo 27º do CIVA, os sujeitos são obrigados a entregar o montante do imposto exigível
nos prazos referidos neste artigo.

O IVA nas transações intracomunitárias

 Características do RITI

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o Tendo sido abolidas as fronteiras físicas da Comunidade Europeia, a partir de 1 de
janeiro de 1993, o território formado pelo conjunto dos Estados membros passou
a constituir um território aduaneiro único. Em consequência, deixou de fazer
sentido falar de "importações" e de "exportações" quando se trate de transações
comerciais realizadas entre agentes económicos dos diferentes Estados membros,
dentro do mesmo espaço económico (mercado único). Por isso, foi adotado um
regime transitório de IVA para as referidas transações (importações e exportações)
as quais, a partir da referida data, passaram a ser designadas, respetivamente, de
"aquisições" e "transmissões" intracomunitárias de bens.
o Este regime transitório caracteriza-se pela tributação em IVA no país de destino
das transações comerciais e no país de origem quando se trate de aquisições para
fins particulares (fins de natureza civil). Este regime de IVA de natureza transitória,
deveria vigorar até 1996 mas, ao ser automaticamente prorrogado até à entrada
em vigor do regime definitivo de tributação na origem, acaba por transformar-se
em regime definitivo. Resulta, assim que, os particulares efetuam aquisições de
bens em qualquer país da União Europeia, e aí suportam IVA, uma vez que as
aquisições são tributadas na origem, isto é, no Estado membro do
estabelecimento do fornecedor. As operações comerciais efetuadas entre sujeitos
passivos residentes em diferentes Estados da União, a regra é a da tributação no
destino, logo no país onde o adquirente tem a sede ou estabelecimento e se
encontra registado para efeitos de IVA. Neste último caso, estamos perante uma
transmissão intracomunitária de bens no país do adquirente, operação isenta no
país do fornecedor.
 Incidências do RITI
o Artigo 1º do RITI- incidência objetiva.
o Artigo 3º do RITI- conceito de aquisição intracomunitária.
o Artigo 2º do RITI- incidência subjetiva.
o Artigo 4º do RITI- assimilação de aquisições intracomunitárias.
 Determinação do valor tributável
o Para determinar o valor tributável das aquisições intracomunitárias de bens, é
aplicável, em idênticas condições, o previsto no artigo 16 do CIVA para as
operações internas, em que o valor tributável, corresponde ao valor da
contraprestação obtida ou a obter do adquirente, do destinatário ou de um
terceiro.
o Nas aquisições intracomunitárias de bens sujeitos a impostos especiais de
consumo ou a imposto sobre veículos, o valor tributável é determinado com
inclusão destes impostos, ainda que não liquidados simultaneamente.
o Quanto as taxas, o artigo 18º do RIT; diz que estas serão as mesmas que se
encontram previstas no artigo 18º do CIVA que vigoram para as transmissões
desses bens na legislação do Estado membro, quando o IVA se torne exigível.
o Concluímos que no que diz respeito à liquidação e cobrança do Iva neste tipo de
aquisições, se aplica em princípio, as regras do CIVA, o que significa que estas
operação são idênticas. Assim, o adquirente liquida IVA na fatura que lhe foi
emitida pelo fornecedor e deduz o Iva suportado nas aquisições intracomunitárias,
nos termos gerais.

Impostos especiais sobre o consumo

 Os impostos especiais sobre o consumo são impostos monofásicos.

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 Tem sido política seguida nos países desenvolvidos, usar estes impostos para alcançar uma
maior racionalização de alguns consumos, prosseguir objetivos de política energética e
bem assim realizar importantes fins ambientais.
 Para além da receita fiscal, os Impostos Especiais sobre o Consumo (IEC) prosseguem
importantes objetivos extrafiscais.
 Trata-se de tributar o consumo de produtos não essenciais, considerados mesmo nocivos
para a saúde ou para o ambiente, razão pela qual, em obediência ao princípio da
equivalência, tem sido invocada a legitimidade da imputação aos contribuintes
consumidores dos custos associados a estes consumos.
 O Código dos Impostos Especiais de Consumo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 73/2010, de
21 de junho, estabelece o regime dos impostos especiais de consumo, harmonizados em
termos de Direito Comunitário, considerando-se como tais:
o O Imposto sobre o Álcool e as Bebidas Alcoólicas (IABA);
o O Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP);
o O Imposto sobre o Tabaco (IT).
 Resulta, assim, que o princípio legitimador destes impostos é o princípio da equivalência,
na base do qual se procura onerar os contribuintes na medida dos custos que estes
provocam nos domínios do ambiente e da saúde pública, em concretização de uma regra
geral de igualdade tributária (artigo 2. ° do CIEC).
 O artigo 4º do CIE apresenta quem são os sujeitos passivos destes impostos. Já o artigo 6º-
A demostra o que está isento destes impostos. E o artigo 5º refere quais os produtos, em
que o imposto recai, ou melhor recai sobre a produção e importação em território
nacional.
 O imposto é exigível no momento da introdução no consumo dos produtos em território
nacional, a qual deve ser formalizada através da declaração de introdução no consumo ou,
no ato de importações, através da respetiva declaração aduaneira- artigos 7º, 8º e 10º do
CIEC.
 IABA
o O artigo 66º do CIEC apresenta os produtos sobre os quais incide este imposto.
o O artigo 67º do CIEC, diz os produtos que estão isentos deste imposto.
o O artigo 70º do CIEC fala da utilização do álcool para fins terapêuticos e sanitários.
o Os sujeitos passivos deste imposto os depositários autorizados e o destinatário
registado. Sendo que as taxas do imposto são especificas e em alguns produtos
variam conforme o grau alcoólico como o caso da cerveja- artigo 71º do CIEC.
 ISP
o Artigo 88º do CIEC, refere quais os produtos sobre o qual incide o imposto.
o AS taxas do mesmo são especificas e unitárias e fixadas segundo artigo 92º.
 IT
o Artigo 101º do CIEC, diz que o imposto em causa incide sobre o tabaco
manufaturado, e apresenta nas alíneas os produtos que assim são considerados.
o O artigo 103º do CIEC, faz referência as taxas. Sendo que as taxas deste imposto
são mistas, composta por 2 partes:
 Uma taxa especifica- constituída pelo milheiro de cigarros.
 Ad volarem- consiste na aplicação de uma percentagem única aos preços
de venda ao publico de todos os tipos de cigarros.

A tributação automóvel

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 A lei nº22-A/2007, de 29 de junho, procedeu à reforma global da tributação automóvel,
aprovando o Código do Imposto sobre veículos e o Código do Imposto Único de circulação
e abolindo, em simultâneo o imposto automóvel, o imposto municipal sobre veículos, o
imposto de circulação e o imposto de camionagem.
 Imposto sobre os veículos: obedece ao princípio da equivalência, procurando onerar os
contribuintes na medida dos custos que estes provocam nos domínios do ambiente,
infraestruturas viárias e sinistralidade rodoviária, em concretização de uma regra geral de
igualdade tributaria- artigo 1º do ISV.
o O artigo 2º apresenta o que está sujeito ao imposto.
o O artigo 4º refere a determinação da base tributável
o Artigo 7º (taxa normal), 8º (taxa intermedia) e 9º (taxa reduzida).
o O artigo 10º apresenta uma tabela de taxas para motociclos, triciclos e
quadriciclos.
o O artigo 11º apresenta uma tabela de taxas para veículos usados.
 Imposto único de circulação: obedece ao princípio da equivalência procurando onerar os
contribuintes na medida do custo ambiental e viário que estes provocam, em
concretização de uma regra geral de igualdade tributária- artigo 1º.
o O artigo 2º apresenta a incidência objetiva.
o O artigo 4º demonstra que este imposto é de periocidade anual, sendo devido por
inteiro a cada ano a que respeita.

Natureza e alcance das garantias dos contribuintes

 Quando se aborda o tema das garantias dos contribuintes, a primeira preocupação vai
para a análise do enquadramento constitucional dos meios de tutela efetiva que a
Constituição atribui aos particulares para defesa dos seus direitos e interesses legítimos. A
este propósito, a Constituição consagra um verdadeiro principio da proteção jurídica e em
tempo útil dos particulares contra a ameaça ou violação dos seus direitos, liberdades e
garantias pessoais, determinando o artigo 20.º da Constituição que a todos é assegurado:
i) o direito de acesso ao Direito; ii) o direito de acesso aos tribunais; ii) o direito à
informação e consulta jurídicas; iv) o direito ao patrocínio judiciário; v) o direito à decisão
jurídica em prazo razoável vi) o direito a um processo célere e equitativo.
 Submetendo a atuação da administração pública à prossecução do interesse público, no
respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos, a Constituição
consagra um conjunto de princípios fundamentais de reforço das garantias pessoais, cuja
densificação remete para a lei ordinária. Nesse sentido, a Constituição determina que os
órgãos e agentes administrativos estão subordinados à Constituição e à lei e devem atuar,
no exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da igualdade, da
proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da boa-fé (artigo 266.°, n.° 2, da CRP).
 Mais determina a Constituição que os cidadãos tem o direito de ser informados pela
administração, sempre que o requeiram- 268º da CRP.
 Quando se fala de garantias dos contribuintes, deve ter-se igualmente em conta os medio
de defesa através dos quais seja possível fazer cumprir o direito, isto é, exigir a
interpretação das leis e a sua aplicação em conformidade com a Constituição, única via de
assegurar a justiça nas decisões tributarias e a igualdade dos cidadãos na repartição dos
encargos financeiros públicos.
 Não se trata de garantias abstratas, consagradas no plano da mera retórica constitucional,
ficando claro que a Constituição colocou uma preocupação muito séria, submetendo a
densificação destas garantias o princípio da reserva material da lei parlamentar.

31
 Como vimos já, trata-se de matérias essenciais que só podem ser disciplinadas por lei da
Assembleia da República ou por decreto-lei do Governo, mas neste último caso, nos exatos
termos e dentro dos limites de autorização legislativa prévia concedida pela Assembleia da
República (artigos 103.°, n. 2, e 165.° da CRP).

O direito à previsibilidade das decisões da Administração

 A segurança jurídica em matéria tributária corresponde à expectativa legítima e fundada


do contribuinte, relativamente à atuação que pode esperar quanto à aplicação do direito
pelos órgãos competentes da Administração tributária. Por outras palavras, segurança
jurídica significa previsibilidade da atuação administrativa, o que implica que o
contribuinte tem a possibilidade de saber antecipadamente a orientação e os possíveis
sentidos da atuação da Administração.
 A certeza e a segurança jurídica constituem direitos da máxima importância para os
contribuintes. É normal e razoável que os contribuintes possam saber com o que podem
contar em matéria de impostos. Numa sociedade devidamente organizada, os
contribuintes têm a possibilidade de, com base na lei, saber previamente os tributos que
vão ter de pagar e quais os montantes.
 É certo que a concretização dos conceitos indeterminados coloca sempre alguma
dificuldade e o exercício da margem de apreciação da Administração que lhe está
associado implica, naturalmente, uma certa zona de incerteza. Contudo, os sistemas fiscais
estão, regra geral, estruturados de forma coerente com vista a garantir a segurança
jurídica. Desde logo, porque o legislador constitucional consagrou um conjunto de
princípios relativos à atuação da Administração e à participação dos contribuintes no
procedimento e na tomada das decisões, no sentido do reforço da eficácia, transparência,
imparcialidade e justiça. Depois, porque a lei prevê que os contribuintes possam solicitar à
Administração esclarecimentos sobre a interpretação das normas fiscais, sem prejuízo do
mecanismo da consulta prévia em que os contribuintes têm o direito de obter
pronunciamentos da Administração tributária com carácter de informação vinculativa
relativamente a situações concretas.
 O direito do particular à segurança jurídica é um direito limitado em função do interesse
geral, o que não justifica que o interesse público limite a segurança jurídica, antes que, em
certas ocasiões, o interesse público em matéria tributária exige que seja a Administração a
adotar a solução mais adequada àquele interesse.
 Do nosso ponto de vista, o que resulta mais gravoso para a segurança jurídica e para as
garantias dos contribuintes é a complexidade dos sistemas fiscais em consequência da
imperfeição e minúcia com que as leis procuram disciplinar os atos e os procedimentos
tributários.
 Uma breve análise da legislação tributária fornece-nos uma seria de exemplos que
demonstram as dificuldades sentidas pelo legislador para adotar uma estratégia clara e
coerente com os novos paradigmas da tributação. Impotente para manter a coerência do
sistema, o legislador fiscal acaba por consagrar soluções avulsas em que procede a
remissões excessivas que tornam o texto legal complexo e por vezes confuso. Este tipo de
soluções acaba por desvirtuar a lógica inicial dos sistemas tributários, introduzem
incoerência e complexidade no sistema, passando a exigir conhecimentos especializados
que não estão ao alcance do contribuinte comum e que, não raro, colocam dificuldades
acrescidas à compreensão do próprio especialista, tudo circunstâncias que contribuem
para que a aplicação prática da lei se processe de uma forma menos certa e menos segura,
em prejuízo das garantias dos contribuintes.

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 De qualquer forma, não existem soluções perfeitas e seja qual for a solução que se
encontre para reforçar a segurança jurídica dos contribuintes, sempre haverá lugar para
alguma dose de incerteza. O que importa é garantir que a incerteza seja razoável,
espectável e superável. A previsibilidade gera certeza e torna legítimas as expectativas do
contribuinte relativamente às consequências tributárias de uma determinada atividade
económica e contribui para a confiança no sistema e na atuação administrativa, mesmo
quando esta se desenvolve através de poderes discricionários. O oposto da previsibilidade,
certeza e confiança significa arbitrariedade e esta verifica-se sempre que a repartição dos
encargos tributários pelos cidadãos se processa através de decisões imprevisíveis e
unilaterais de uma Administração que atua sem limites e sem controlo. Mas, a mesma
arbitrariedade acaba por ter lugar quando, por força de uma inadequada e rígida
tipicidade legal, os cidadãos ficam com possibilidades de não cumprirem com as suas
obrigações tributárias, generalizando-se a evasão e a fraude fiscal.
 A arbitrariedade não é evitada por sistemas tributários que elegem a certeza e a segurança
do direito em valor absoluto, aos quais acabam por ser sacrificados os restantes valores
constitucionais. Tais sistemas consentem situações de injustiça na medida em que
cidadãos com idênticos rendimentos suportam cargas tributárias diferentes (desigualdade
horizontal), o que resulta agravado pelo facto de alguns contribuintes com elevados
rendimentos fugirem ao cumprimento dos seus deveres tributários, enquanto outros com
rendimentos médios ou mesmo baixos, por força de um mecanismo de retenção, não têm
qualquer possibilidade de evitar o pagamento dos impostos (desigualdade vertical). Todos
estes problemas ganham maior relevo quando se equacionam as funções extrafiscais dos
tributos no moderno Estado Social.

O direito a ser informado sobre os critérios de decisão

 Nos últimos tempos, tem vindo a constituir preocupação central da doutrina e da


jurisprudência encontrar o equilíbrio entre os poderes atribuídos à Administração
tributária para o desempenho das suas atribuições e as garantias dos contribuintes para a
defesa dos direitos e interesses em matéria tributária. Mas, por mais garantias que o
contribuinte possa exercer, estamos em crer que as mais importantes são, na prática, as
que se prendem com a possibilidade de prever as decisões da Administração ou, em
alternativa, poder obter a informação prévia necessária e segura sobre os critérios que a
Administração irá utilizar perante determinadas situações.
 O direito à informação constitui uma das mais importantes garantias dos contribuintes.
o Artigo 268º, nº1 da CRP
o Artigo 48º do CCPT, dever de cooperação.
 O direito à informação resulta efetivamente garantido quando a lei adota um
procedimento simples e expedito e impõem prazos curtos para as respostas e decisões da
Administração e, acima de tudo, quando atribui efeitos favoráveis às pretensões dos
contribuintes em caso de incumprimento do prazo pela Administração tributária.
o Artigo 59º LGT
o Artigo 57º, nº1 do CPPT, a informação prestada pela Administração tributária tem
carater vinculado.
o Artigo 57º, nº3.
 A decisão sobre o pedido de informação vinculativa é uma decisão procedimental e. por
isso, admite recurso hierárquico para o mais elevado superior hierárquico- artigo 66º do

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CPPT. Porém o recurso tem natureza facultativa e efeito meramente devolutivo- artigo 80º
LGT e 67º, nº1 CPPT.
 Artigo 87º da LGT e artigo 58º, nº1 e 2 do CPPT.
 O direito à informação dos contribuintes é um instrumento fundamental para o
cumprimento das obrações tributarias e a resposta em tempo útil dada aos contribuintes
pela Administração contribui para uma prática de transparência e de cooperação entre as
partes, o que favorece a realização do interesse publico.

O direito à decisão num prazo razoável


 Existe um interesse legítimo do contribuinte em que as decisões u Administração sejam
tomadas no mais curto espaço de tempo razoável. E quando a tomada de decisão exige um
procedimento Instrutório, torna-se imperioso por razões de eficácia e celeridade que as
atuações administrativas se prolonguem durante o menor tempo possível.
 Na perspetiva da segurança jurídica do contribuinte é indispensável que os procedimentos
tributários estejam sujeitas a algum limite temporal. O procedimento de comprovação não
pode alargar-se indefinidamente, com decisões artificiosas que procuram unicamente
interromper o decurso do prazo e impedir, desta forma, a prescrição.
 É suficientemente conhecida a prática habitual e reiterada da Administração tributária de
enviar notificações para o início de atuações inspetoras quando se aproxima o termo do
prazo de caducidade da liquidação que é de quatro anos. Na realidade, o que se pretende
na maioria destes casos é, pura e simplesmente, interromper o prazo de caducidade do
direito de determinar a divida tributária, através do uso impróprio e abusivo de uma
faculdade discricionária. Trata-se de uma violação ardilosa das mais elementares regras da
transparência e da boa-fé, com prejuízos sérios para a segurança jurídica e para a
estabilidade dos direitos dos contribuintes. Na medida em que tais atos (liquidação,
comprovação, averiguação) podem ser praticados a todo o tempo, enquanto não estiver
esgotado o prazo de prescrição, as faculdades discricionárias atribuídas à Administração
resultam ilimitadas e imprecisas, o que configura "a discricionariedade mais absoluta e
incontrolada, que afeta, não só o ato de liquidação em si mesmo, mas o seu alcance,
extensão e natureza".
 O exercício de certas faculdades discricionárias pela Administração tributária,
nomeadamente através de atuações inspetoras, com a finalidade exclusiva de impedir a
prescrição e o incumprimento dos deveres funcionais de comprovação e liquidação no
prazo estabelecido na lei, configura uma atuação contrária ao Direito, em
desconformidade com os fins que serviram de fundamento e limite à atribuição da
discricionariedade e geram uma situação de pendência e incerteza para o contribuinte,
incompatível com a segurança jurídica. O funcionamento da Administração tributária
pressupõe que as suas atuações decorrem no âmbito de um procedimento
desburocratizado, organizado em termos eficientes, com vista a uma capacidade de
resposta em tempo razoável, seja para informar os contribuintes sobre a sua situação
tributária, seja para proceder à liquidação do tributo, seja para tomar as decisões sobre as
reclamações apresentadas pelos sujeitos passivos.
 Por força do princípio da celeridade, o procedimento tributário deve ser concluído no
prazo de seis meses (artigo 57. °, n.° 1, da LGT), devendo a Administração e os
contribuintes abster-se da prática de atos inúteis e dilatórios. Em obediência a este
princípio da celeridade, a Administração tributária deve atuar com diligência, praticando
todos os atos que forem necessários o mais rapidamente que for possível, com vista à
justa e oportuna decisão, sem prejuízo do respeito dos direitos dos contribuintes.

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 O procedimento tem de ser célere e os atos que o integram devem ser praticados de
forma contínua, sem interrupções injustificadas, para que as decisões possam ser tomadas
rápida e eficazmente, isto é, no menor tempo possível (artigo 54º, n° 1, da LGT).

Efeitos do prazo máximo de duração dos procedimentos

 A lei impõe tanto à Administração como aos contribuintes o dever de abstenção da prática
de atos inúteis e dilatórios. Mas a lei não prevê diretamente qualquer sanção de carater
processual par a violação de tais deveres nem estabelece quaisquer efeitos para os direitos
do contribuinte envolvido no procedimento. Um dos efeitos normalmente atribuídos para
os casos de dilação injustificada respeita à suspensão do procedimento, nomeadamente
quando o procedimento se prolonga por nele ocorrer a prática reiterada de atos inúteis ou
dilatórios.
o Nem em casos que é o próprio contribuinte a violar esse dever de abstenção existe
de facto a suspensão do prazo (apenas casos específicos) - 57º, nº4 da LGT.
 59º, nº4 LGT
 57º, nº5 LGT, ao incumprimento do prazo o efeito de decisão negativa, ou
seja, admite que se produziu pelo silencio ou inercia, um ato tácito de
indeferimento.
 Artigo 45º- prazo de caducidade do direito à liquidação dos tributos (corolário da
segurança jurídica).
o 46º, nº1 LGT- a Administração não pode manipular o prazo de caducidade.

O direito à definitividade dos pronunciamentos da Administração

 A segurança jurídica dos contribuintes não é compatível com procedimentos que se


prolongam no tempo, sem que haja uma decisão relativamente aos direitos tributários
envolvidos. A lei consagra o princípio da decisão do qual decorre um dever geral de a
Administração tributária se pronunciar sobe todos os assuntos da sua competência- artigo
56º LGT.
o Mesmo tendo decorrido um prazo de 6 meses sobre a data da entidade do pedido
do contribuinte a Administração tributaria continua obrigada a produzir uma
decisão expressa, logo o contribuinte pode esperar que a decisão seja tomada
para depois, eventualmente, a impugnarem por via contenciosa. O dever de
pronunciamento da Administração tributária implica a obrigação de decidir e atuar
com a maior celeridade e diligência compatível com os direitos dos contribuintes e
com as necessidades do procedimento.
o A Administração tributária não fica dispensada desse seu dever de
pronunciamento pelo facto de a lei admitir a presunção de indeferimento tácito
perante o incumprimento do prazo.
o Artigo 68º da LGT e 57º, nº1 do CPPT.
o Mesmo que se convença que o conteúdo da informação é ilegal, a Administração
tributária, depois de prestada ao contribuinte uma informação sobre a aplicação
da lei fiscal a uma determinada situação, não pode atuar em sentido diferente
daquele que consta da informação prestada.
 Por razões de certeza e segurança jurídica, quando tenha decorrido um procedimento em
que o pedido formulado pelo sujeito passivo foi deferido, a decisão é definitiva e tem
efeito vinculativo, não podendo a Administração tributária proceder em sentido diverso do

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teor da decisão ou da informação comunicada ao sujeito passivo, a não ser em
cumprimento de decisão judicial.
o Mesmo que a Administração se convença que a interpretação correta da lei não
coincide com o teor da informação, existe aqui uma obrigação legal concreta de
atuar de acordo com a informação prévia. Verifica-se nestas situações uma clara
prevalência dos princípios gerais pelos quais deve reger-se a atuação da
Administração, designadamente, o princípio da boa-fé.
o Artigo 47º da LGT

O direito de participação nas decisões

 Consagrada como direito fundamental no artigo 267º, nº5 da CRP.


 O artigo 8º do CPA consagra que os órgãos da Administração Publica devem assegurar a
participação dos particulares.
o 100º CPA os interessados tem o direito de ser ouvidos antes da decisão final.
 Por sua vez, de forma a assegurar, de forma efetiva, a participação do contribuinte nas
decisões, o procedimento tributário segue entre outros, o princípio contraditório- artigo
45º do CPPT.
 O artigo 60º da LGT prevê o direito de audiência previa, o que significa que o contribuinte
tem a possibilidade de vir ao procedimento e produzir argumentos que considerar
importantes para convencer a Administração a decidir favoravelmente, no todo ou em
parte. Garante-se assim a participação do contribuinte na tomada de decisão e, dessa
forma, pode mesmo afirmar-se que a decisão administrativa é uma decisão participada.

O direito à avaliação pericial e à negociação

 O contribuinte tem o direito de pedir uma revisão da matéria coletável e solicitar a


nomeação de perito independente (meios indiretos) - artigo 91º LGT.
o Procedimento de revisão- artigo 92º, nº1.
 Com esta solução a lei portuguesa consagra o que designamos de procedimentos
arbitral, em que a Administração fica vinculada ao parecer de peritos.
o Plena relevância à vontade dos peritos- 92º, nº5 LGT.
 À avaliação pericial contraditória, dada a sua natureza arbitral, permite entrar no
fundo da decisão administrativa, no próprio conteúdo da avaliação. Nessa medida, o
uso de mecanismos do tipo da avaliação contraditória constitui um instrumento
decisivo de fundamentação do ato tributário e, do mesmo passo, serve de critério de
controlo judicial da atividade administrativa nesta matéria. Decisivo é garantir que, em
caso de recusa da proposta apresentada pelo contribuinte, a Administração tem de
fundamentar a decisão de não-aceitação, indicando expressamente os motivos
específicos constantes da proposta que justificam a recusa. Em caso de silêncio da
Administração, deve considerar-se que os valores constantes da proposta do
contribuinte foram aceites (deferimento tácito).
 Artigo 36º (nº3) e 37º (nº2) da LGT.

Meios de defesa dos contribuintes

 Meios administrativos não impugnatórios


o Como meios de defesa devem ser considerados todos os instrumentos legais, de
natureza formal ou material, de que os contribuintes possam lançar mão perante
qualquer ameaça ou lesão efetiva dos seus direitos subjetivos. Interessa, por isso,

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analisar os meios graciosos que o contribuinte pode utilizar perante a
administração tributária e os meios contenciosos de que dispõe para recorrer aos
tribunais. Desta dicotomia decorre a separação entre garantias administrativas ou
graciosas e garantias jurisdicionais.
o No que respeita às garantias administrativas ou graciosas, estas podem ser de dois
tipos distintos, conforme os meios de defesa sejam não impugnatórios ou se trate
de meios impugnatórios.
o Os meios não impugnatórios, são as razões ou fundamentos que o contribuinte
pode invocar perante a administração tributária com vista a questionar a
conformidade de determinado ato com o ordenamento jurídico. Trata-se de
invocar fundamentos que ponham em causa a validade do ato através de um
controlo feito à luz dos princípios que integram o bloco da juridicidade, para
concluir pela invalidade do ato da administração tributária.
o Neste âmbito, existe uma série de requisitos essenciais que em Obediência ao
artigo 266°, n.° 2, da Constituição, a administração tributária tem de respeitar, por
forma a que a atuação administrativa seja conforme com o ordenamento jurídico,
sob pena de a não conformidade determinar a invalidade jurídica e consequente
anulação do ato.
 A defesa através dos princípios do procedimento
o Estes meios não impugnatórios de primeira linha são, desde logo, os princípios do
procedimento tributário, constantes do artigo 55. ° da Lei Geral Tributária,
nomeadamente:
o O princípio da legalidade segundo o qual toda a atividade da administração
tributária tem de obedecer à Constituição e à lei, isto é, ao direito no sentido do
bloco da constitucionalidade;
o Os princípios da igualdade, justiça e imparcialidade, dos quais decorre que a
administração tributária deve tratar os contribuintes de forma igual e justa, não
podendo favorecer uns em detrimento de outros;
o O princípio da proporcionalidade, do qual decorre que as medidas tomadas pela
administração tributária têm de ser adequadas necessárias e equilibradas, isto é,
têm de ser proporcionais aos objetivos a prosseguir;
 Os princípios da segurança, certeza e celeridade que implicam a consagração legal da
prescrição e da caducidade de direitos, como meios de defesa que o contribuinte pode
invocar e que funcionam como fator de celeridade do procedimento que deve ser
concluído no prazo de 4 meses (artigos 45. ° a 49.° e 55.° a 57.° da LGT).

Direito à informação

 No cumprimento do comando constitucional consagrado no n.° 1 do artigo 268.° da


Constituição, o legislador ordinário consagrou um conjunto de meios de defesa dos
contribuintes que asseguram o direito à informação. O contribuinte tem o direito de
ser informado pela administração, relativamente aos processos que lhe digam
respeito, sempre que o requeira. O objetivo é permitir que o contribuinte tenha acesso
a todos os elementos necessários para o correto cumprimento das obrigações
tributárias (artigos 59. °, 67. °, 68. °, 70. ° da LGT).
 o direito à informação do contribuinte engloba:

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1. O direito ao esclarecimento em tempo útil das dúvidas sobre a aplicação e
interpretação das normas tributárias (artigo 59. °, n.° 3, alínea f), da LGT);
2. O direito a obter informações relativas ao procedimento de que o contribuinte
é alvo, o que inclui saber em que fase o procedimento se encontra e a data
previsível em que será concluído (artigo 67. °, n.° 1, alínea a), da LGT];
3. O direito a que lhe sejam comunicados o teor e autoria das denúncias dolosas
não confirmadas [artigos 67. °, n.° 1, alínea b), e 70. ° da LGT];
4. O direito à informação prévia vinculativa sobre a situação tributária dos
sujeitos passivos, relativamente a benefícios fiscais (artigos 68. ° da LGT e 57. °
do CPPT).
5. O direito à fundamentação dos atos quando afetem direitos subjetivos ou
interesses legalmente protegidos. A fundamentação tem de ser clara, objetiva,
expressa e suficiente, de forma que o contribuinte possa conhecer as razões
que motivaram a decisão da administração tributária. A falta de
fundamentação gera a nulidade do ato (artigos 19. ° e 77. ° da LGT e 35. ° a 43.
° do CPPT);
6. O direito à notificação na forma legalmente estabelecida. As decisões da
administração tributária que possam produzir efeitos na esfera jurídica do
contribuinte, têm de ser notificadas para serem eficazes (artigo 37. ° do CPPT).

O direito de participação e de audição prévia

 O direito de participação na gestão efetiva dos serviços da administração está


consagrado no artigo 267º, nº1 da CRP, que confere ao contribuinte a
possibilidade efetiva de intervir nos procedimentos tributários em que seja parte
interessada.
 Artigo 60º da Lei geral tributaria determina que o contribuinte tem o direito de
participar na formação das decisões que lhe digam respeito, o que se concretiza no
direito de audiência previa.
o 63º B, nº5 LGT- na decisão de derrogação também existe direito de
audiência previa.
o 23º, nº4 da LGT, o direito de audiência previa, aplica-se em relação à
decisão de reversão de execução fiscal.

O direito à dedução, reembolso ou restituição

 O sistema fiscal português consagra o princípio da repetição indevido, o qual se


concretiza pela restituição oficiosa ao contribuinte da diferença entre o imposto
devido a final, em resultado da liquidação e o que tenha sido pago através das
retenções na fonte ou dos pagamentos por conta.
 Artigo 30º, nº1 c) da LGT.
o Quanto ao IRS 96º e 97º
o Quanto ao IRC 104º
o IVA 22º, este é um direito essencial neste imposto.
 Artigo 43º da LGT

O direito a juros e redução de coimas

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 No plano de garantias não impugnatórias, os contribuintes tem direito a juros
indemnizatórios quando se determine, em reclamação graciosa ou impugnação
judicial, que existiu erro imputável aos serviços- artigo 43º da LGT.
 A taxa de juros indemnizatórios é igual à taxa dos juros compensatórios- 35º, nº10
LGT.
o 102º, nº2 LGT
o Prazo- 146º, nº2 CPPT.
 Os contribuintes tem ainda o direito a redução de coimas- artigo 30º RGIT.
 A coima pode ser especialmente atenuada a pedido do infrator- artigo 32º, nº1 do
RGIT.

 Meios administrativos impugnatórios


o Os meios administrativos impugnatórios são as formas que a lei coloca à
disposição do contribuinte para que este possa confrontar a administração
tributária com a sua atuação e colocar em causa a validade de um ato por não
estar conforme com o ordenamento jurídico.
o Porque são garantias administrativas, a sua tramitação ocorre no âmbito da
administração tributária, isto é, o contribuinte apresenta a sua impugnação ao
serviço competente da administração tributária e tudo se desenvolve
exclusivamente dentro da administração.
o Os meios administrativos impugnatórios são:
1) a reclamação graciosa;
2) o recurso hierárquico.

 Reclamação graciosa
 Prevista entre os artigos 68º a 77º do CPPT.
 Consiste num meio impugnatório através do qual o contribuinte, o substituto ou o
responsável requere a anulação total ou parcial dos atos tributários, com fundamento
em qualquer ilegalidade, valendo como tal a atuação em desconformidade com o
direito de que resulte um ato lesivo para o contribuinte.
 Procedimento simplificado, em termos e brevidade das resoluções e com dispensa de
formalidades e com isenção de custas.
o 75º, nº1: entidade competente
 A reclamação graciosa, regra geral, tem carater facultativo. Não obstante, existem
situações em que a reclamação é condição necessária da impugnação judicial, caso em
que o contribuinte tem de reclamar primeiro e só depois, em caso de indeferimento,
poderá impugnar judicialmente a decisão. Existe reclamação previa nos seguintes
casos:
o 131º, nº1 do CPPT; 132º, nº3 do CPPT; 133º, nº2 e 3 do CPPT; 117º, nº1, do
CPPT.
 70º, nº1 do CPPT remete 99º do CPPT.
 Prazo 70º CPPT- prazo especial 131º, nº1 e 132º, nº3 do CPPT.
 Indeferimento tácito- 57º, nº5 da LGT e 106º do CPPT.
 Deferimento tácito: 133º, nº4 do CPPT.

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 77º do CPPT- reclamar sem fundamento
 A reclamação por regra, tem efeito meramente devolutivo, o que significa que os
efeitos da decisão reclamada não se suspendem e o contribuinte tem de pagar. A
reclamação graciosa só tem efeitos suspensivo se for prestada garantia adequada- 69º,
f) do CPPT.
 Recorrer hierarquicamente- 66º, nº2 e 76º do CPPT.
 Impugnar judicialmente- 102º, nº1 do CPPT.

O recurso hierárquico
 Tem pro finalidade impugnar o ato tributário desfavorável ao contribuinte perante o
superior hierárquico do órgão da administração que o praticou, sem prejuízo do
princípio do duplo grau de decisão.
 66º do CPPT
 Tem efeito meramente devolutivo- 67º do CPPT.
 Se a decisão não for favorável pode-se recorrer aos tribunais tributários, com exceção
se já tiver impugnado judicialmente a mesma questão- 76º, nº2

 Meios impugnatórios judiciais


o Para além das garantias administrativas, a lei atribui aos contribuintes outros
meios de defesa dos seus direitos e interesses legítimos, agora diretamente
perante os tribunais. Trata-se das garantias jurisdicionais ou contenciosas em
que a resolução do litígio é confiada ao tribunal, órgão que decide com
independência em relação às partes no processo.
o Os meios impugnatórios judiciais são três: 1) o direito de ação judicial; 2) o
direito de recurso; 3) o direito de oposição

O direito de ação judicial


 O interessado tem o direito de impugnar ou recorrer de todo o ato lesivo dos seus
direitos e interesses legalmente protegidos- 95º e 96º do CPPT.
 Em sentido amplo, a lei configura o direito de ação judicial como um direito
irrenunciável que consiste na faculdade de propor em tribunal uma ação destinada a
defender um direito ou interesse legitimo do contribuinte. Esta garantia jurisdicional
abrange diversas situações
o Ação de impugnação judicial: casos que integram o objeto do processo de
impugnação judicial, que consiste numa ação judicial declarativa de
condenação, de natureza constitutiva, meio através do qual o obrigado
tributário suscita perante o tribunal competente a apreciação dos
vícios/ilegalidades de um ato tributário que considera lesivo dos seus direitos
ou interesses legalmente protegidos, com vista a obter a anulação- 99º e
seguintes do CPPT.
o Ação para o reconhecimento de um direito ou interesse legitimo: casos em
que o contribuinte pretende obter uma sentença do tribunal através da qual
este declara a existência de um direito ou interesse em matéria tributaria.
Para o efeito, o meio adequado é a ação par ao reconhecimento de um direito
ou interesse legitimo em matéria tributaria, ação judicial que tem natureza
meramente declarativa- 145º do CPPT.
o Ação de intimação para um comportamento: Trata-se de um direito de propor
uma ação judicial declarativa para que o tribunal condene a administração
tributária a adotar um determinado comportamento em caso de omissão

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lesiva de direito ou interesse legítimo do contribuinte em matéria tributária-
artigo 147. ° do CPPT
 Todavia, estas ações judiciais apenas podem ser propostas sempre que
esse meio processual for o mais adequado para assegurar uma tutela
plena, eficaz e efetiva do direito ou interesse legalmente protegido.
Estas ações seguem os termos do processo de impugnação,
considerando-se na posição de entidade que praticou o ato a que tiver
competência para decidir o pedido.
o Direito aos meios processuais acessórios: O contribuinte pode ainda lançar
mão da ação de intimação para consulta de documentos administrativos, para
a passagem de certidões, para a produção antecipada de prova ou para a
execução de sentenças transitadas em julgado (artigo 146. do CPPT). Esta em
causa a garantia jurisdicional mediante a qual o contribuinte pode requerer ao
tribunal que condene a administração tributária a disponibilizar os meios
adequados à plena realização da pretensão do contribuinte

Direito ao recurso
 Nos termos do disposto no artigo 280. ° do CPPT, o contribuinte tem direito a recorrer
das decisões dos tribunais tributários de 1.ª instância, no prazo de 10 dias. O recurso
pode ser interposto pelo contribuinte na qualidade de impugnante, recorrente,
executado, oponente ou embargante, para o Tribunal Central Administrativo.
 Contudo, não cabe recurso das decisões dos tribunais tributários de 1.ª instância
proferidas em processo de impugnação judicial ou de execução fiscal quando o valor
da causa não ultrapassar um quarto das alçadas fixadas para os tribunais judiciais de 1
instância.
 Das decisões do Tribunal Central Administrativo cabe recurso, com base em oposição
de acórdãos, nos termos das normas sobre organização e funcionamento dos tribunais
administrativos e fiscais, para o Supremo Tribunal Administrativo.
 Quando a matéria for exclusivamente de direito, o recurso, dentro do mesmo prazo,
deve ser feito para a Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal
Administrativo.
 Por último, importa recordar que no processo tributário vigora o princípio do duplo
grau de decisão, pelo que a mesma decisão jurisdicional não pode ser objeto de mais
do que um recurso. Assim, uma decisão do tribunal tributário de 1ª instância apenas
pode ser objeto de recurso ou para o Tribunal Central Administrativo ou para o
Supremo Tribunal Administrativo.

Direito de oposição
 Artigo 204º do CPPT.
 Prazo para a oposição ser deduzida está previsto no 203º, nº1.

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