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Legislação Tributária

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Profª Andrezza Prado Scardova de Rezende

Aula 4 – Sistema Tributário Nacional (STN)

1. Conceito de tributo:

O Sistema Tributário Nacional é o conjunto de normas e princípios dispostos na


Constituiçã o Federal, que é a lei maior e fundamento do qual derivam as demais
normas jurídicas hierarquicamente inferiores.

Esse sistema rege o poder constitucionalmente concedido ao Estado de arrecadar


tributos com a finalidade de realizaçã o do bem comum.

Tributo é a obrigaçã o (relaçã o tributá ria entre agente arrecadador e contribuinte),


pecuniá ria (dever de levar dinheiro aos cofres pú blicos), legal, decorrente de
imposiçã o do Estado, nã o emergente de fatos ilícitos, pois nã o é sançã o por
violaçã o de preceito e também nã o é reparaçã o patrimonial.

O CTN, define no art. 3º: “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em


moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada”.

Regras bá sicas do sistema de arrecadaçã o:

 Prestação pecuniária – os tributos em geral, pagos na forma e prazo


normais da extinçã o da obrigaçã o tributá ria, só poderã o ser quitados em
moeda corrente nacional.
 Compulsória – pagamento obrigató rio, pelo poder coercitivo do Estado e
independente da vontade do contribuinte.
 Que não constitua sanção de ato ilícito – a obrigatoriedade do pagamento
do tributo pelo contribuinte do tributo nasce da prá tica do ato lícito, ou seja,
aquele realizado na conformidade da lei.
 Instituída em lei – tributos só podem ser instituídos ou aumentados por
meio da lei vá lida e eficaz (princípio da legalidade).
 Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada – a
administraçã o pú blica, para efetuar a cobrança dos valores dos tributos,
tem que agir na forma e nos estritos limites fixados em lei, sem o que haverá
abuso ou desvio de poder, o que tornará a referida cobrança passível de
anulaçã o.

2. Espécies de tributo

Os tributos (gênero) classificam-se em duas espécies: tributos nã o vinculados e


tributos vinculados.

O art. 149 CF introduziu nova espécie tributá ria as contribuiçõ es especiais, o


qual subdividem em contribuiçõ es sociais, de intervençã o no domínio
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econô mico, sobre categorias profissionais e econô micas, provisó ria sobre
movimentaçã o financeira (CPMF).

 Tributos não vinculados – impostos – sã o instituídos por lei, devidos,


independentemente de qualquer atividade estatal em relaçã o ao
contribuinte. Nã o estã o vinculados a nenhuma prestaçã o específica do
Estado ao sujeito passivo. O art. 16 do CTN estabelece: imposto é o
tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte. O imposto é de competência privativa, distribuída pela CF,
exclusivamente da Uniã o, ou dos Estados, ou dos Municípios ou do
Distrito Federal (arts. 153 a 156 CF)

 Tributos vinculados – taxas e contribuições de melhoria – sã o os


que uma vez instituídos por lei, sã o devidos apenas quando houver
atividade estatal prestada ou colocada à disposiçã o do contribuinte.
Taxa definida nos arts. 77 e 78 CTN, tem como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia ou a utilizaçã o efetiva ou potencial do
serviço pú blico específico e divisível, prestado ou colocado à disposiçã o
do contribuinte. Contribuição de melhoria pode ser cobrado pelo ente
federativo que realizar obra pú blica da qual decorra valorizaçã o
imobiliá ria. Os contribuintes ou sujeitos passivos sã o os proprietá rios
dos imó veis valorizados pela obra pú blica.

 Contribuições especiais:

I. Contribuições sociais: para o empregador ela incide sobre a


folha de salá rios (INSS), sobre o faturamento (Cofins). Para o
trabalhador sua contribuiçã o tem como contrapartida a garantia
da Seguridade Social.
II. Contribuição sobre o domínio econômico: o art. 149 da CF dá
competência privativa à Uniã o para instituir contribuiçõ es de
intervençã o no domínio econô mico. A Cide visa intervir na
economia para ajustá -la aos objetivos da política econô mica (ex
Cide sobre combustíveis derivados de petró leo, para substituir os
subsídios que eram dados pela Petrobrá s sobre esses produtos,
atualmente a Cide passa a incidir sobre a importaçã o de produtos
estrangeiros ou serviços – sobre qualquer importaçã o de
produtos estrangeiros ou serviços originados do exterior e nã o
mais apenas sobre combustíveis.
III. Contribuições de interesse de categorias profissionais ou
econômicas; sã o contribuiçõ es devidas pelos profissionais a seu
ó rgã o de registro e fiscalizaçã o que tem a natureza jurídica de
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autarquia – ex advogado – OAB, contador CRC, engenheiro CREA,


etc.
IV. CPMF: o art. 74 do Ato das Disposiçõ es Constitucionais
Transitó rias (ACDT) dá competência à Uniã o para instituir
contribuiçã o provisó ria sobre movimentaçã o ou transmissã o de
valores e de créditos e direitos de natureza financeira (CPMF)
V. Empréstimo compulsório: a Uniã o poderá instituir, mediante
lei complementar, empréstimos compulsó rios para atender a
despesa extraordiná rias (nã o previstas no orçamento tais como
calamidade pú blica, guerra externa ou sua iminência ou obra
pú blica de cará ter urgente e de interesse nacional). Ele deve ser
devolvido.

Tributos diretos e indiretos:

Diretos – sã o os que recaem sobre a pessoa física ou jurídica que tem relaçã o
pessoal e direta com o fato gerador. Esses tributos incidem sobre o patrimô nio e a
renda, e sã o considerados tributos de responsabilidade pessoal. Ex: IRPF, IRPJ,
IPITU, ITR, IPVA.

Indiretos – sã o os que incidem sobre a produçã o e circulaçã o de bens e serviços e


sã o repassados para o preço, pelo produtor, vendedor ou prestador de serviço. Ex:
ICMS, IPI, ISS, Cofins

O Código Tributário Nacional define tributo da seguinte forma:

“Tributo é toda a prestaçã o pecuniá ria compulsó ria, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que nã o constitua sançã o de ato ilícito, instituída em Lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”

A Uniã o, Estados, Municípios e o Distrito Federal, podem por Lei, instituir os


tributos de sua competência e estes sã o denominado Sujeito Ativo, ou seja, quem
recebe o Tributo. Já quem paga esses Tributos, as pessoas físicas e as pessoas
jurídicas, é denominado Sujeito Passivo.

Exemplo:

RECEBE PAGA

Sujeito Ativo Sujeito Passivo

- Uniã o Pessoa Física

- Estados Pessoa Jurídica

- Distrito Federal

- Municípios
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Divisão de espécies de Tributos:

Os tributos sã o divididos em 5 espécies:

 IMPOSTOS – Serve para atender as necessidades gerais da Coletividade. O


benefício nã o é individual, e sim para a toda a comunidade.
 TAXAS – Utilizadas para retribuir o ô nus inerente ao exercício regular do
poder de polícia1 e os serviços específicos e divisíveis (coleta de lixo,
licenciamento de veículos, taxa de inspeçã o sanitá ria, etc).
 CONTRIBUIÇÕ ES DE MELHORIA – Sã o aquelas instituídas em razã o de
valorizaçã o do particular, em funçã o da realizaçã o de uma obra pú blica.
(Prefeitura construiu uma Praça pró xima de um terreno particular e
valoriza o local do particular).
 EMPRÉ STIMOS COMPULSÓ RIOS – Sã o instituídos visando atender as
calamidades pú blicas ou guerra externa e investimento pú blico relevante
para o interesse nacional.
 CONTRIBUIÇÕ ES – Que objetivam a regulamentaçã o da economia, os
interesses de categorias profissionais e o custeio da seguridade social e
educacional.

Dação em pagamento

A natureza obrigatoriamente pecuniá ria do tributo nã o impediu o Có digo


Tributá rio Nacional de aceitar a daçã o em pagamento como uma das formas de
extinçã o do crédito tributá rio (art. 156: “Extinguem o crédito tributá rio: XI – a
daçã o em pagamento em bens imó veis, na forma e condiçõ es estabelecidas em
lei”).

Como será visto nos capítulos seguintes, a daçã o em pagamento é admitida como
forma de extinçã o do crédito tributá rio desde que preenchidas três condiçõ es:

a) existência de lei específica autorizando;

b) haja manifesto interesse do fisco no bem;

c) o bem oferecido seja imó vel.

Atividades ilícitas e princípio do non olet

Importantíssimo salientar que o art. 3º do CTN nã o proíbe que a tributaçã o recaia


sobre atividades ilícitas. Isso porque a ocorrência do fato gerador independe da
validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelo contribuinte (art. 118 do
CTN).
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Desse modo, por exemplo, traficantes, “bicheiros” ou mafiosos também devem


pagar Imposto de Renda. Pela mesma razã o, a venda de madeira de corte proibido
e a comercializaçã o de animais silvestres sujeitam-se à incidência do Imposto
sobre Circulaçã o de Mercadorias e Serviços.

Progressividade sancionatória

É certo que o tributo nã o constitui sançã o por ato ilícito (art. 3º do CTN). Porém,
admite-se que o ordenamento jurídico utilize instrumentos tributá rios com efeito
punitivo visando estimular ou desestimular determinados comportamentos do
contribuinte.

Bastante usual é o emprego da tributaçã o progressiva sancionató ria como meio de


forçar o cumprimento da funçã o social da propriedade. Trata-se de manifestaçã o
da chamada extrafiscalidade.

O art. 153, § 4º, I, da Constituiçã o Federal, por exemplo, afirma que o imposto
territorial rural será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a
desestimular a manutençã o de propriedades improdutivas.

Semelhante previsã o consta do art. 182, § 4º, II, da CF, que admite cobrança de
IPTU progressivo no tempo incidente sobre imó veis urbanos nã o edificados,
subutilizados ou nã o utilizados.

Frise-se que a possibilidade de progressividade sancionató ria nã o representa


qualquer afronta ao art. 3º do CTN. O referido dispositivo veda a utilizaçã o do
tributo em si como sançã o pela prá tica de ato ilícito, mas nã o exclui a eficá cia
sancionató ria de outros instrumentos tributá rios

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