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LEGISLAÇÃO E DIREITO TRIBUTÁRIO

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS


Campus de Vilhena – RO

Prof. Dr. Robinson Francino da Costa

1. Impostos
O imposto é uma espécie tributária prevista no inciso I do art. 145 da CF/88 e no art. 5º
do CTN:
Art. 145, CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos: I – impostos.
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Art. 5º, CTN. Os tributos são impostos, taxas e contribuições de
melhoria.

O CTN em seu art. 16 o define como um “tributo cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte”. Ao afirmar que o fato gerador do imposto independe de atividade estatal
específica, o legislador quis dizer que o imposto é um tributo não vinculado, o que
significa que o ente federativo o cobra, o contribuinte paga-o, mas aquele (o ente
político) não se torna obrigado a prestar nenhum serviço em contrapartida.
O tributo não vinculado não concede ao contribuinte o direito de usufruir de uma
ação direta do Estado em função do seu pagamento, razão pela qual ele é (i) não
contraprestacional e (ii) relacionado a um fato do contribuinte.
Diante da necessidade de carrear recursos aos cofres públicos para pagamento
de suas despesas universais, o Estado cobra o imposto do contribuinte que pratica fato
descrito em lei como hipótese de incidência deste tributo.
O mesmo Estado, destina a receita arrecadada ao custeio de serviços gerais
(prestação uti universi), em prol da sociedade. Assim, o imposto é um tributo
contributivo.

Como dito, as manifestações de “riqueza” do contribuinte, por meio de diversas


formas, se sujeitam à cobrança de impostos.
Ocorre que tal cobrança não deve se dar de forma indiscriminada, tendo em
conta que para apuração do imposto o constituinte destacou o Princípio da Capacidade
Contributiva, na CF/88, art. 145, § 1º, assegurando que se leve em consideração,
sempre que possível, a capacidade econômica de cada contribuinte:
Art. 145, § 1º, CF/88. Sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e
as atividades econômicas do contribuinte.
Nesse sentido, considerar as características de cada contribuinte é possível no
que diz respeito a impostos classificados como pessoais, como visto na aula passada.

Material customizado a partir da obra “Espécies Tributárias, Repartição das Receitas Tributárias” de (DEGRAZI e RIBAS, 2022)
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Outro ponto que nos interessa sobre os impostos é a competência para a sua
criação.
Não se preocupe em memorizar agora os entes federados e quais impostos cada
um pode instituir. Ao tratar da competência tributária na segunda parte da aula, você
assimilará melhor esse assunto.
A Constituição Federal prevê impostos federais, estaduais/distritais e
municipais/distritais, razão pela qual se pode afirmar que há diversos impostos no
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Brasil. Tais exações estão previstas nos arts. 153 a 156 da Lei Maior.
O legislador constituinte delimitou quais são as manifestações de riqueza dos
contribuintes que acarretam na possibilidade de instituição e cobrança de imposto por
cada ente político, tendo destacado a competência privativa de cada um para instituição
do respectivo imposto:
Art. 153, CF/88. Compete à União instituir impostos sobre:
I – importação de produtos estrangeiros;
II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III – renda e proventos de qualquer natureza;
IV – produtos industrializados;
V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários;
VI – propriedade territorial rural;
VII – grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
...
Art. 155, CF/88. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre:
I – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior;
III – propriedade de veículos automotores.
...
Art. 156, CF/88. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I – propriedade predial e territorial urbana;
II – transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis,
por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia,
bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos
em lei complementar.
Por exemplo, o inc. III, art. 153 da CF/88 afirma que a União tem competência
para instituir imposto sobre a renda, sendo a sua base econômica a renda auferida pela
pessoa física ou jurídica – contribuinte, de modo que nem os estados, nem o Distrito
Federal, nem os municípios podem instituir imposto sobre essa manifestação de riqueza
– a renda.
Conforme será estudado na segunda parte desta aula, merece ressalvas a
afirmação de que a Constituição delimita a competência privativa de cada ente para
instituição dos impostos. Isso ocorre tem face do disposto no art. 154 da CF/88 que
concede à União competência residual e competência extraordinária para instituir,
respectivamente, Imposto Residual e Imposto Extraordinário de Guerra:
Art. 154. A União poderá instituir:
I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde
que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;

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II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,


compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Como se vê, a competência residual prevista no inc. I do art. 154 da CF/88
autoriza a União a criar, por meio de lei complementar, novos impostos, os quais não
devem ter a base econômica dos impostos já previstos na Carta Maior.
Em contrapartida, a competência extraordinária autoriza a União a instituir o
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chamado Imposto Extraordinário de Guerra - IEG, em caso de guerra externa ou sua
iminência, os quais podem ter hipótese de incidência tributária dos impostos já previstos
na Constituição.

1.1. Impostos e a Lei Complementar

Determinadas peculiaridades do Direito Tributário devem ser veiculadas por


intermédio de lei complementar. Tais matérias não podem ser editadas por meio
medida provisória, conforme inciso III, § 1º, do art. 62 da CF/88:
Art. 62, § 1º CF/88. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
...
III – reservada a lei complementar;

Quanto aos impostos, a Constituição em seu art. 146, inc. III, alínea “a”, destaca
que além da sua definição e da definição de suas espécies, devem ser previstos em lei
complementar: fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
...
III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;

Repare que esta não é a norma que cria o imposto, a qual, em regra, pode ser
uma lei ordinária.
A lei complementar em referência diz respeito às “normas gerais” do tributo que
devem ser observadas pelo legislador ordinário quando editar a lei que instituirá o
imposto de sua competência.
No que se refere a esses três elementos - contribuinte, base de cálculo e fato
gerador - relativos aos outros tipos de tributo, eles podem ser previstos em lei ordinária,

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sendo exigida lei complementar somente para normas gerais quanto à sua definição e
definição de suas espécies.
A Constituição Federal exige ainda a edição de lei complementar para criar
alguns impostos, quais sejam, o Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF (CF/88, art.
153, VII) e impostos residuais (CF/88, art. 154, I).

1.2. Princípio da Não Afetação


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Outra característica do imposto estudada, como já vimos, é que ele é um tributo


de arrecadação não vinculada, o que significa que a arrecadação do tributo não está
vinculada a prestação estatal específica.
A Constituição de 1988 prevê um princípio que consagra mandamentos que vão
além desse conceito: Princípio da Não Afetação ou da Não Vinculação de Receitas.
Conforme a CF/88, art. 167, IV, a receita recebida a título de impostos não pode ser
vinculada à contraprestação estatal específica. No caso do referido dispositivo legal, o
legislador constituinte destacou expressamente que não é possível a vinculação dos
impostos a órgão, fundo ou despesa. Veja que essa regra diz respeito à destinação das
receitas de impostos.
No entanto, essa regra comporta exceções, as quais devem ser compreendidas
e/ou memorizadas por você, caro (a) aluno (a):
Art. 167. São vedados:
...
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas
a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e
159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para
manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da
administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212
e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

Essas são as chamadas exceções ao princípio da não vinculação das receitas


de impostos:

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1.2.1. Repartição Constitucional das Receitas de Impostos (e da CIDE-


Combustível)
Como visto acima, em regra, é vedado ao ente político vincular o recurso
arrecadado a título de imposto a determinado fim, ficando esse valor à disposição dos
cofres públicos para custear suas atividades gerais. No entanto, o inc. IV, art. 167, CF/88
destaca hipóteses em que são autorizadas as destinações dos impostos.
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Dentre as exceções o constituinte assegura o repasse de determinada
parcela/percentual do imposto de um ente político para outro, conforme repartição
delineada nos arts. 158 e 159 da CF/88, inseridos na “seção” intitulada de “repartição
das receitas tributárias”.
O repasse do imposto se dá por um ente político “maior” para um ente político
“menor”. Da análise da CF/88 constata-se que há distribuição de imposto da união para
o estado ou para o município, e de imposto do estado para o município.
Não há previsão de repartição de receita de imposto do município para o estado,
por exemplo.
Note, entretanto, que não são todos os impostos arrecadados pela união e pelos
estados que são repartidos: a CF/88 destaca expressamente os impostos que devem
ser repartidos. O art. 157, CF, a seguir, dispõe sobre os valores que pertencem aos
estados, assegurando que:
(i) o IR, que é de competência da União, que for retido na fonte em razão de
rendimentos pagos pelos estados, suas autarquias e fundações, pertencerá aos
estados; e
(ii) (ii) 20% do imposto residual, que é de competência da União, caberão
aos estados.

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:


I – o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de
qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer
título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
II – vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir
no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I.

Quanto aos valores pertencentes aos municípios, o inc. I do art. 158 da CF/88
destaca que a receita de IR que for relativa à retenção na fonte pelos municípios, em
razão de rendimentos pagos por eles, suas autarquias ou fundações por eles criadas ou
mantidas, pertencerão a eles (municípios):
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
I – o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de
qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por
eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
Já o inciso II do artigo 158 trata do ITR, que é imposto de competência da União.
O dispositivo prevê que 50% do valor arrecadado caberá ao município, se for a União
que realizar a cobrança do referido imposto, ou, no caso de o município decidir cobrá-
lo, ele ficará com 100% da arrecadação:
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
...
II – cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre
a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a
totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III;

Material customizado a partir da obra “Espécies Tributárias, Repartição das Receitas Tributárias” de (DEGRAZI e RIBAS, 2022)
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Ainda tratando do art. 158 da CF, o inciso III refere-se ao IPVA, que é imposto
de competência dos estados. Ele prevê que 50% do IPVA pertencerá ao município em
que o veículo for licenciado:
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
...
III – cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre
a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios;
6

Já o inciso IV trata do ICMS, que é de competência dos estados, e afirma que


25% da sua arrecadação pertencerá aos municípios. Desses 25%, conforme par. único
do art. 158, 65% serão creditados na proporção do valor agregado nas operações
realizadas no território, e até 35% conforme previsão legal:
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
...
IV – vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado
sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.
Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios,
mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes critérios:
I – 65% (sessenta e cinco por cento), no mínimo, na proporção do valor
adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de
serviços, realizadas em seus territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional n.
108, de 2020)
II – até 35% (trinta e cinco por cento), de acordo com o que dispuser lei estadual,
observada, obrigatoriamente, a distribuição de, no mínimo, 10 (dez) pontos percentuais
com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento
da equidade, considerado o nível socioeconômico dos educandos. (Redação dada pela
Emenda Constitucional n. 108, de 2020).
No que se refere ao art. 159, ele informa os valores que serão distribuídos pela
União. O inciso I destaca que 50% do IR e do IPI serão repartidos da seguinte forma:
(i) 21,5% para o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE;
(ii) 22,5% para o Fundo de Participação dos Municípios - FPM;
(iii) 3% para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das
Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de
caráter regional, sendo metade desta parcela relativo ao Nordeste destinada ao semi-
árido do Nordeste;
(iv) 1% para o Fundo de Participação dos Municípios - FPM, que será entregue
no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano; e
(v) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios - FPM, que será entregue no
primeiro decêndio do mês de julho de cada ano; (vi) 1% ao Fundo de Participação dos
Municípios - FPM, que será entregue no primeiro decêndio do mês de setembro de cada
ano.
Veja a transcrição do dispositivo:
Art. 159. A União entregará:
I – do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer
natureza e sobre produtos industrializados, 50% (cinquenta por cento), da seguinte
forma:
(Redação dada pela Emenda Constitucional n. 112, de 2021)
Produção de efeitos a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo
de Participação dos Estados e do Distrito Federal;
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos
Municípios;

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c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor


produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições
financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento,
ficando assegurada ao semiárido do Nordeste a metade dos recursos destinados à
Região, na forma que a lei estabelecer;
d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no
primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano;
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e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será
entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano;
f) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será
entregue no primeiro decêndio do mês de setembro de cada ano; (Incluído pela Emenda
Constitucional n. 112, de 2021)
...
§ 1º Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo com o previsto
no inciso I, excluir-se-á a parcela da arrecadação do imposto de renda e proventos de
qualquer natureza pertencente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos
termos do disposto nos arts. 157, I, e 158, I.

Quanto ao montante do IR repartido nos termos do art. 159, I, supratranscrito,


destacamos que devem ser excluídas as parcelas relativas ao IRRF pelos estados, DF
e municípios que foram previstas no inc. I do art. 157 e no inc. I do art. 158, em atenção
ao § 1º do art. 159.
Já o inciso II do art. 159 da CF/88 prevê que 10% do IPI (exportação) arrecadado
será entregue aos estados e ao Distrito Federal - DF, proporcionalmente às exportações
de produtos industrializados, de modo que nenhuma unidade federada poderá receber
parcela superior a 20%, sendo o excedente repartido entre as demais, mantendo o
critério estabelecido.
Art. 159. A União entregará:
...
II – do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez
por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas
exportações de produtos industrializados.
...
§ 2º A nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela superior a vinte
por cento do montante a que se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser
distribuído entre os demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de
partilha nele estabelecido.
Desse montante do IPI recebido por cada estado deverá ser repassado 25% aos
municípios, da seguinte forma:
65% na proporção do valor agregado das operações no respectivo território, e
até 35%, conforme lei.
§ 3º Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento
dos recursos que receberem nos termos do inciso II, observados os critérios
estabelecidos no art. 158, parágrafo único, I e II.
Já o inciso III do art. 159, a seguir, destaca a distribuição aos estados e ao DF
de 29% da receita arrecadada a título de CIDE-Combustíveis para financiamento de
programas de infraestrutura de transportes.
Art. 159. A União entregará:
...
III – do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio
econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e o
Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observada a destinação a que se refere o
inciso II, c, do referido parágrafo.

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...
§ 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III que cabe a cada Estado,
vinte e cinco por cento serão destinados aos seus Municípios, na forma da lei a que se
refere o mencionado inciso.
Desse valor distribuído aos estados, 25% serão entregues aos seus municípios,
em atenção ao § 4º supratranscrito.
Interessa ainda saber que, segundo o art. 160 da CF, a entrega das receitas
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repartidas nos termos dos arts. 157 a 159 não pode sofrer restrição nem vedação, o que
não se confunde com a possibilidade de a União e os estados condicionarem a
distribuição de seus recursos ao pagamento de seus créditos ou ao cumprimento do
disposto na CF/88, art. 198, § 2º, incisos II e III:

Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos


recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos.
§ 1º A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados de
condicionarem a entrega de recursos: (Renumerado do Parágrafo único pela Emenda
Constitucional nº 113, de 2021)
I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 2º Os contratos, os acordos, os ajustes, os convênios, os parcelamentos ou as
renegociações de débitos de qualquer espécie, inclusive tributários, firmados pela União
com os entes federativos conterão cláusulas para autorizar a dedução dos valores
devidos dos montantes a serem repassados relacionados às respectivas cotas nos
Fundos de Participação ou aos precatórios federais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 113, de 2021).

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada
e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão,
anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da
aplicação de percentuais calculados sobre:
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos
impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159,
inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos
respectivos Municípios;
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos
impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159,
inciso I, alínea b e § 3º.

Repare ainda que o § 2º possibilita que contratos e acordos, por exemplo,


firmados entre a União e demais entes federativos, autorizem a dedução dos valores
devidos por esses entes dos montantes a serem repassados relacionados às
respectivas cotas nos Fundos de Participação ou aos precatórios federais.
Sobre esse tema (repartição constitucional das receitas tributárias) há
peculiaridades que devem ser previstas em lei complementar, conforme art. 161, quais
sejam:

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Art. 161. Cabe à lei complementar:


I – definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I;
II – estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159,
especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I,
objetivando promover o equilíbrio socioeconômico entre Estados e entre Municípios;
III – dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas
e da liberação das participações previstas nos arts. 157, 158 e 159. Parágrafo único. O
Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas referentes aos fundos de
participação a que alude o inciso II.
E segundo o parágrafo único supratranscrito, o TCU é o órgão responsável pelo
cálculo das cotas destinadas aos fundos de participação.
Impende ainda destacar que quanto ao IOF, de competência da União, segundo
o art. 153, § 5º, diante de uma operação com ouro definido em lei como ativo financeiro
ou instrumento cambial, haverá tão somente a incidência do IOF (IOF-Ouro):
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
...
V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários;
...
§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial,
sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do caput deste
artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento,
assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:
I – trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a
origem;
II – setenta por cento para o Município de origem.
Nesse contexto, a receita arrecadada com o IOF será transferida:
(i) 30% para o estado, DF ou Território, conforme a origem; e
(ii) 70% para o município de origem.

2. Taxas

A taxa é uma espécie tributária prevista no inc. II, art. 145 da CF/88, e nos arts.
5º e 77 do CTN: Art. 145, CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
...

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II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou


potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;
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Art. 5º, CTN. Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.
***
Art. 77, CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
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pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Esse tipo de tributo, conforme vimos na aula passada, é classificado como um


tributo vinculado quanto à hipótese de incidência e atuação do Estado.
A taxa é cobrada diante de fato do Estado que impõe ao contribuinte a obrigação
de pagá-la, sendo exigida somente em casos em que há prestação de atividade estatal
referível a determinado contribuinte.
Em outras palavras, o seu fato gerador é o exercício de atividade pelo Estado,
que arrecada recurso a título de taxa para cobrir os gastos com a respectiva atividade
que é prestada a um contribuinte, de forma delimitada, representando o seu caráter
contraprestacional/retributivo.
Além disso, a taxa pode ser criada por qualquer ente federativo, pois é um tributo
de competência tributária comum: esse é o entendimento que você deve levar para a
prova.
No entanto, atente-se para o fato de que há doutrina que defende que a taxa é
tributo de competência privativa de cada ente tributante, em observância à delimitação
constitucional quanto à competência administrativa de cada ente federativo.
Nesse sentido, como os estados-membros têm competência residual para tratar
dos assuntos que não foram constitucionalmente atribuídos diretamente aos entes
federativos, há quem afirme que eles têm competência tributária residual para instituição
de taxas, já que são tributos vinculados à ação estatal.
Note o dispositivo constitucional que atribui competência residual aos estados-
membros:
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que
adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas
por esta Constituição.

2.1. Taxa de Poder de Polícia x Taxa de Serviço Público

Segundo o inc. II do art. 145 da CF/88 e art. 77 do CTN, as taxas podem ser
instituídas diante dos seguintes fatos geradores: i) exercício do poder de polícia; e ii)
utilização de serviços públicos específicos e divisíveis prestados pelo Estado.

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A) Taxa de Polícia Quanto à primeira hipótese, relativa à conhecida taxa de polícia, o


art. 78 conceitua o que representa o exercício do poder de polícia, afirmando que ele se
dá por intermédio da atividade da administração pública:

que limita ou disciplina direito, interesse ou liberdade e regula a prática


de ato ou abstenção de fato; -> em razão de interesse público relativo
à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas 11
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

Da leitura do dispositivo, é fácil constatar por que as taxas de poder de polícia


são conhecidas também como taxa de fiscalização: a sua função é de
verificar/vigiar/examinar o cumprimento de determinados deveres pelos contribuintes,
no intuito de proteger os interesses da coletividade:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato
Complementar n. 31, de 1966)

O poder de polícia deve ser exercido de forma regular, por meio de uma atividade
fiscalizatória que esteja em condição de ser realizada, que, como qualquer ato
administrativo, deve respeitar os ditames legais, e ser exercida sem abusos por parte
do Poder Público. Nesse sentido, o CTN, art. 78, parágrafo único, destaca que:
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do
processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem
abuso ou desvio de poder.
Para o STF a atividade fiscalizatória considera-se realizada ainda que o
contribuinte não seja concretamente fiscalizado. Isso significa que aquele que estiver
sujeito à determinada fiscalização que enseja a cobrança da taxa de polícia deve pagá-
la, independentemente da realização do policiamento de forma efetiva, bastando a
existência e o efetivo funcionamento de órgão competente que exercite o respectivo
poder de polícia.
Constata-se esse entendimento por meio do julgamento do STF proferido nos
autos do RE 416.601 que concluiu pela constitucionalidade da instituição da Taxa de
Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA), cobrada de empresas potencialmente
poluidoras, independentemente de realização de fiscalização efetiva pela autoridade
administrativa.

B) Taxa de Serviço Público

Interessa-nos agora tratar da outra hipótese de incidência a ser descrita em lei


que dá ensejo à cobrança das taxas: a prestação de serviço público específico e divisível
pelo Estado.
No intuito de esclarecer o que é um serviço específico e divisível, o CTN faz tal
previsão no art. 79, incisos II e III:
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
...

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II – específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de


intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
III – divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de
cada um dos seus usuários.

Da análise dos conceitos acima destacados, você consegue perceber alguma


distinção entre imposto e taxa quando afirmamos que as taxas são instituídas em razão
12
da prestação de serviço público especifico?
Pois bem. Diante de um serviço específico o Estado identifica a pessoa/unidade
que pode usufruí-lo.
Quanto ao serviço divisível, esse é representado pela possibilidade de sua
utilização ser individualizada a cada contribuinte, mensurando-se o serviço que foi
prestado a ele.
Como já visto nesta aula, os impostos são instituídos para arrecadar dinheiro
público para custeio de serviços gerais/universas (prestação uti universi), enquanto as
taxas referem-se à prestação de serviço uti singuli, em razão da sua especificidade e
divisibilidade.
Justamente por isso o STF definiu que não podem ser instituídas taxas em
função dos serviços de iluminação pública, nem de limpeza pública, já que esses
serviços são gerais e não é possível identificar todos que se beneficiam de sua
prestação.
Preste atenção, querido (a) aluno (a), que o STF reconheceu que a antiga taxa
de limpeza pública é inconstitucional, mas declarou a constitucionalidade da taxa de
coleta de lixo domiciliar, em razão da possibilidade de determinar o beneficiário/usuário
desse serviço. Veja trecho do voto proferido pelo Min. Ricardo Lewandowski ao julgar o
RE 576.321-8/SP:
JURISPRUDÊNCIA “Com efeito, a Corte entende como específicos e divisíveis
os serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos
provenientes de imóveis, desde que essas atividades sejam completamente dissociadas
de outros serviços públicos de limpeza realizados em benefício da população em geral
(uti universi) e de forma indivisível, tais como os de conservação e limpeza de
logradouros e bens públicos (praças, calçadas, vias, ruas, bueiros). Decorre daí que as
taxas cobradas em razão exclusivamente dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis são
constitucionais, ao passo que é inconstitucional a cobrança de valores tidos como taxa
em razão de serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos (j. 4-
12-2008, DJE 30 de 13-2-2009)”.
Ainda sobre a divisibilidade e especificidade do serviço inerente à taxa de serviço
público, no que se refere inviabilidade de cobrança de taxa para custear o serviço de
iluminação pública, o STF concluiu, inicialmente, que esse serviço deveria ser custeado
com os recursos arrecadados a título de imposto, que se destinam justamente para
custear atividades prestadas para a sociedade, em geral.
No entanto, em 2002 foi editada a Emenda Constitucional de n. 39, que autoriza
o município e o Distrito Federal a cobrar uma contribuição para custear a iluminação
pública. Essa emenda deu azo ao art. 149-A da Constituição que ainda será estudado
nesta aula.
Ainda sobre as taxas de serviços públicos específicos e divisíveis prestados pelo
Estado, é preciso observar o inc. I do art. 79 do CTN que preceitua que os serviços
públicos que sejam de utilização compulsória não precisam ser efetivamente utilizados
pelo contribuinte para que este seja obrigado a pagá-las.
Basta a utilização potencial do serviço, o que não se confunde com a sua
disponibilização pelo Poder Público, que deve ser sempre efetiva:
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:

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...
I – utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua
disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento.
Um exemplo da utilização efetiva ou utilização potencial de um serviço público
pelo contribuinte é o caso da taxa de coleta de lixo domiciliar cobrada pelos municípios.
13
Independentemente de ter alguém morando no imóvel, e consequente produção ou não
de lixo a ser recolhido, a referida taxa é cobrada.
A utilização efetiva do serviço se dá quando o morador produz lixo, o qual é
descartado pelo contribuinte e recolhido pelo Estado, enquanto a utilização potencial se
dá quando não há morador na casa, não tem produção de lixo, mas o
proprietário/possuidor do imóvel paga a taxa, pois o serviço está à sua disposição. Não
usufrui desse serviço, inclusive, o morador que realiza a compostagem do seu lixo, faz
reciclagem, e não descarta lixo para os aterros sanitários.
Como se vê, o contribuinte não pode fazer a opção de não pagar a taxa por não
utilizar o serviço público, bastando o seu oferecimento pelo Poder Público para que ele
possa realizar a sua cobrança.
Veja as taxas de serviço público que tiveram a constitucionalidade analisada pelo
STF e a legalidade pelo STJ:
• Taxa de segurança pública é inconstitucional (ADInMC n. 1.942/PA, j. em 05-
05-1999);
• Taxa de limpeza pública é indevida (EDiv-REsp 102.404/SP, j. em 16-12-1997
pelo STJ; AI-AgR 245. 539/RJ, j. em 14-12-1999 pelo STF);
• As custas, a taxa judiciária e os emolumentos têm natureza jurídica de taxa
(ADI 1145, julgado em 03-10-2002 pelo STF).

2.2. Taxa x Preço Público/Tarifas

A taxa e a tarifa (preço público) se referem a pagamentos efetuados ao Poder


Público em razão de serviço por este prestado, sendo a diferenciação entre elas um
assunto recorrente em provas de concurso.
A cobrança das taxas advém de relação regida pelo Direito Público, tendo em
vista que o Direito Tributário se sujeita a este regime. Ao passo que a cobrança das
tarifas é regida pelo Direito Privado.
Nesse sentido, a cobrança da taxa deriva de previsão legal e o seu pagamento
é compulsório, pois independe de manifestação de vontade do contribuinte. Assim,
representa verdadeira uma receita derivada.
Já a cobrança de tarifa deriva de relação contratual, que decorre da
manifestação de vontade da pessoa de usufruir do serviço. Nesse quesito, existe a
opção, portanto, de contratar o serviço ou não. Até por isso, as tarifas representam uma
receita originária.
Enquanto as taxas podem ser cobradas somente por pessoas jurídicas de direito
público, as tarifas podem ser cobradas tanto por pessoas jurídicas de direito público
como de direito privado.
Sobre o assunto, o STF editou a súmula 545:
JURISPRUDÊNCIA Súmula 545, STF: Preços de serviços públicos e taxas não
se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e tem sua
cobrança condicionada a prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as
instituiu.
Diante da análise da primeira parte da súmula, conclui-se que o STF diferencia
a taxa do preço público pela compulsoriedade do primeiro.

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Quanto à segunda parte da súmula, que trata do Princípio da Anualidade, tal


previsão não é mais adotada no ordenamento jurídico brasileiro.
Antigamente, os tributos antes de serem instituídos deveriam ser objeto de lei
orçamentária. Essa premissa não é mais exigida hoje, e, por isso, ignora-se essa parte
para diferenciação. Entretanto, se a questão trouxer a literalidade da súmula considere-
a como correta.
Sobre o assunto, impende destacar que os serviços de água e esgoto prestados
14
por concessionária de serviço público ensejam a cobrança de preço público/tarifa (REsp
1.513.218/ RJ, j. em 10-03-2015 pelo STJ; RE-AgR 201.630/DF, j. em 11-06-2002 pelo
STF).
Outro tema importante definido pela jurisprudência se relaciona à cobrança de
pedágio. O STF se manifestou na ADI 800, concluindo que o “pedágio é espécie de
preço público por não ser cobrado compulsoriamente de quem não utilizar a rodovia; ou
seja, é uma retribuição facultativa paga mediante o uso voluntário do serviço.”
JURISPRUDÊNCIA Ementa: TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. PEDÁGIO.
NATUREZA JURÍDICA DE PREÇO PÚBLICO. DECRETO 34.417/92, DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O pedágio cobrado pela efetiva
utilização de rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja cobrança está autorizada
pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem natureza jurídica
de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição, consequentemente,
sujeita ao princípio da legalidade estrita. 2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
improcedente. (ADI 800, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em
11/06/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe- 125 DIVULG 27-06-2014 PUBLIC 01-07-
2014).

Veja o quadro mnemônico criado por Eduardo Sabbag com as informações


relevantes sobre o tema (Eduardo Sabbag, em Manual de Direito Tributário, 12ª edição,
página 538, editora Saraiva, vejam na biblioteca virtual da Universidade, pois lá tem
essa obra):

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2.3. Base de Cálculo da Taxa x Base de Cálculo dos Impostos

A base de cálculo do tributo é o montante sobre o qual se aplica uma alíquota


para determinação da respectiva carga tributária a ser suportada pelo sujeito passivo da
relação jurídico-tributária.
No caso das taxas, a determinação de sua base de cálculo leva em consideração
15
as despesas do poder público para prestação do respectivo serviço.
A fim de que não haja enriquecimento ilícito do Estado diante da cobrança da
taxa, além de essa dever ser proporcional ao montante cobrado, ela não pode ser
cobrada de forma ilimitada, havendo posicionamento da Suprema Corte nesse sentido:
JURISPRUDÊNCIA Súmula 667, STF: Viola a garantia constitucional de acesso à
jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa. Enquanto a base
de cálculo da taxa considera o serviço prestado para a sua quantificação, a do imposto
leva em consideração uma base econômica representada pela manifestação de riqueza
do contribuinte, não podendo haver coincidência entre a base de cálculo das taxas e
dos impostos, segundo § 2º, art. 145, CF/88 e par. único do art. 77 do CTN.
Art. 145, § 2º. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de
impostos.
***
Art. 77, parágrafo único, CTN. A taxa não pode ter base de cálculo ou
fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser
calculada em função do capital das empresas. (Vide Ato Complementar
n. 34, de 1967).

Embora não seja possível a identidade entre a base de cálculo do imposto e da


taxa, o STF entende que é possível a utilização de um ou mais elementos da base de
cálculo do imposto para quantificação da base de cálculo da taxa. Veja o teor da Súmula
Vinculante n. 29: “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja
integral identidade entre uma base e outra.”
Sobre o tema, o STF se deparou com o julgamento de um caso em que o
município utilizou a metragem do imóvel como um dos elementos para determinação da
base de cálculo da taxa de lixo de coleta domiciliar.
O referido elemento, a metragem, também é utilizado como critério para
apuração da base de cálculo do IPTU, tendo o STF concluído pela constitucionalidade
da identidade desse elemento para determinação da base de cálculo de ambos os
tributos.
A justificativa apresentada diz que quanto maior o imóvel, maior a quantidade de
lixo produzido, havendo assim correlação com o serviço prestado e o seu custo. Veja
trecho do voto do Min. Relator Carlos Velloso proferido nos autos do RE n. 232.393/SP:
JURISPRUDÊNCIA “...deve-se entender que o cálculo da taxa de lixo,
com base no custo do serviço dividido proporcionalmente às áreas
construídas dos imóveis, é forma de realização da isonomia tributária,
que resulta na justiça tributária {C.F., art. 150, II). É que a presunção é
no sentido de que o imóvel de maior área produzirá mais lixo do que o
imóvel menor. O lixo produzido, por exemplo, por imóvel com mil
metros quadrados de área construída será maior do que o lixo
produzido por imóvel de cem metros quadrados. A presunção é
razoável e, de certa forma, realiza, também, o princípio da capacidade
contributiva do art. 145, § 1º, da C.F. que, sem embargo de ter como
destinatária os impostos, nada impede que possa aplicar-se, na
medida do possível, às taxas”.

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Ainda sobre a correlação entre o custo do serviço prestado e a determinação da


base de cálculo da taxa, as custas judiciais (taxas) podem ser calculadas sobre o valor
da causa, mas há um limite do valor da causa a ser considerado, em respeito ao custo
efetivo do serviço.
JURISPRUDÊNCIA Súmula 667, STF - Viola a garantia constitucional de acesso
à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.
Já no que diz com a base de cálculo das taxas, temos que ter conhecimento do
16
disposto no par. único do art. 77 do CTN, o qual prevê que a base de cálculo da taxa
não pode ser calculada em função do capital da empresa.
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de
polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou
fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser
calculada em função do capital das empresas.

Apesar dessa previsão, o STF reconheceu a constitucionalidade da Taxa de


Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários - CVM, a qual é calculada
levando em consideração o patrimônio líquido da empresa: quanto maior o patrimônio,
maior o valor da taxa.
Veja, o STF entendeu que o patrimônio líquido não é a base de cálculo da taxa,
mas sim um fator de referência para determinação de uma taxa fixa, não havendo
identidade entre a base de cálculo da taxa do imposto. Essa posição gerou a seguinte
súmula do STF:
JURISPRUDÊNCIA Súmula 665, STF - É constitucional a Taxa de Fiscalização
dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários instituída pela Lei 7.940/89.

3. Contribuições de Melhoria

A contribuição de melhoria é uma espécie de tributo existente no ordenamento


jurídico brasileiro desde a Constituição de 1934.
Atualmente, as contribuições de melhoria (decorrentes de obras públicas) estão
destacadas no inc. III do art. 145 da CF/88 e no art. 5º do CTN:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir
os seguintes tributos:
...
III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
***
Art. 5º, CTN. Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. A
contribuição de melhoria é um tributo classificado como vinculado, e, como você sabe,
isso que significa dizer que a sua cobrança está vinculada a uma atuação do Estado.
No caso da contribuição de melhoria, ela é instituída quando há valorização
imobiliária decorrente de obra pública, segundo art. 81 do CTN:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total
a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que
da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Não basta o ente tributante realizar uma obra pública, é preciso que haja a
consequente valorização imobiliária para a cobrança desse tributo, de modo que seu

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fato gerador é a valorização imobiliária em decorrência de obra pública, e não a obra


em si.
Com o intuito de evitar o enriquecimento ilícito do particular que tiver imóvel
valorizado em razão de obra pública, o Poder Público está constitucionalmente
autorizado a cobrar a contribuição de melhoria como indenização por esse gasto.
Como é uma espécie de tributo, a contribuição de melhoria deve ser instituída
por meio de lei, a qual, nos termos do art. 82 do CTN, deve prever os seguintes
17
requisitos mínimos:
(i) publicação prévia de: memorial descritivo, orçamento do custo, parcela do
custo que será financiada pela contribuição, delimitação da área beneficiada e
determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para
cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
(ii) fixação de prazo não inferior a 30 dias para os interessados impugnarem os
elementos mencionados no item i;
(iii) regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da
impugnação, sem prejuízo da sua apreciação judicial. A título de visualização, obra
pública realizada pelo Poder Público que pode acarretar em valorização imobiliária é a
“construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes, túneis e viadutos”,
conforme dispõe o inc. II do art. 2º do Decreto-Lei n. 195, editado em 1967, que trata da
contribuição de melhoria (e foi recepcionado pela Carta Magna vigente):

Art. 2º Será devida a Contribuição de Melhoria, no caso de valorização


de imóveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das
seguintes obras públicas:
I – abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização,
esgotos pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas;
II – construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes,
túneis e viadutos;
III – construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive
tôdas as obras e edificações necessárias ao funcionamento do
sistema;
IV – serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos,
instalações de redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações
em geral ou de suprimento de gás, funiculares, ascensores e
instalações de comodidade pública;
V – proteção contra sêcas, inundações, erosão, ressacas, e de
saneamento de drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de
barras, portos e canais, retificação e regularização de cursos d’água e
irrigação;
VI – construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e
melhoramento de estradas de rodagem;
VII – construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos;
VIII – aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive
desapropriações em desenvolvimento de plano de aspecto
paisagístico.

Com base nesse dispositivo, os entes tributantes instituem as respectivas


contribuições de melhoria. No entanto é possível cobrá-las somente se houver
valorização imobiliária.
O STF diante do julgamento de um caso em que um município editou lei
instituindo contribuição de melhoria em função de recapeamento de via pública já
asfaltada, concluiu pela sua inconstitucionalidade sob o argumento de que o “simples
serviço de manutenção e conservação que não acarreta valorização do imóvel, não
rendendo ensejo a imposição desse tributo” (RE 115863/SP).

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Em contrapartida, o STF entende que a obra de pavimentação asfáltica enseja


a possibilidade de cobrança de contribuição de melhoria pelo ente tributante, mas não
de taxa. Veja a ementa do RE 140779, de relatoria do Min. Ilmar Galvão:
JURISPRUDÊNCIA EMENTA: TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE SANTO
ANDRE/SP. TAXA DE PAVIMENTAÇÃO ASFALTICA. LEI N. 3.999/72, ART. 244.
INCONSTITUCIONALIDADE. Tributo que tem por fato gerador benefício resultante de
obra pública, próprio de contribuição de melhoria, e não a utilização, pelo contribuinte,
18
de serviço público especifico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua
disposição. Impossibilidade de sua cobrança como contribuição, por inobservância das
formalidades legais que constituem o pressuposto do lançamento dessa espécie
tributaria. Inocorrência da alegada afronta ao art. 18, II, da EC 01/69.
Inconstitucionalidade, que se declara, do art. 276 da Lei n. 3.999, de 29 de dezembro
de 1972, do Município de Santo André/SP. Recurso não conhecido. (j. 02/08/1995,
publicado em 08/09/1995).
Além do visto acima, os concursos costumam exigir do candidato o
conhecimento da parcela devida por cada um dos beneficiados: a Constituição é silente
quanto ao tema, mas o CTN em seu art. 82, § 1º, faz tal previsão:
Art. 82, § 1º. A contribuição relativa a cada imóvel será determinada
pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do
inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos
respectivos fatores individuais de valorização.

Para apuração da contribuição de melhoria deve-se considerar o custo da obra


e dividi-lo por todas as pessoas que tiveram o imóvel valorizado pela respectiva obra
pública, levando em consideração, para tanto, fatores individuais de valorização, o que
quer dizer que a contribuição de melhoria a ser paga por um contribuinte pode ser maior
do que a contribuição devida por outro.
O limite total do somatório das contribuições de melhoria cobradas em razão de
uma obra pública é o custo do ente tributante com ela, ao passo que a contribuição de
melhoria, individualmente, não pode ultrapassar o valor da valorização relativa ao
respectivo bem (conforme se depreende da análise da parte final do art. 81 já transcrito).
Ademais, o referido tributo pode ser instituído por qualquer ente federativo
(União, estados, Distrito Federal e municípios), respeitando as suas atribuições
administrativas previstas no texto constitucional.
Nesse sentido, o fato de a contribuição de melhoria poder ser criada por qualquer
um dos entes significa a sua instituição é de competência comum, conforme será
estudado em “competência tributária”.

4. Empréstimos Compulsórios

Tendo em conta a teoria pentapartida, os empréstimos compulsórios são uma


espécie de tributo. Antigamente havia um intenso debate do ponto de vista
jurisprudencial e doutrinário quanto à natureza jurídica do empréstimo compulsório.

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Enquanto vigente a Constituição de 1946, o STF foi provocado a julgar a sua


natureza jurídica, oportunidade em que rechaçou a classificação como tributo.
A consolidação desse entendimento se deu com a edição da Súmula n. 418 do
STF, que afirmou que “o empréstimo compulsório não é tributo, e sua arrecadação não
está sujeita à exigência constitucional da prévia autorização orçamentária”.
Ocorre que a Suprema Corte mudou o seu posicionamento, e, em 1988, quando
vigente a Constituição de 1967, reconheceu a natureza tributária dos empréstimos
19
compulsórios, conforme se depreende do RE 111.954, de relatoria do Min. Oscar
Corrêa, considerando-se superada a Súmula n. 418.
Nesse sentido, é pacífico o entendimento jurisprudencial de que o empréstimo
compulsório é tributo, havendo, no entanto, questionamento dessa afirmação por alguns
doutrinadores.
Hoje, inclusive, a compreensão de que o empréstimo compulsório é um tributo
se dá em razão do fato de que Constituição Federal de 1988 trata a seu respeito no
capítulo “Sistema Tributário Nacional”.
Ressalte-se que a primeira Constituição a tratar deste tributo no referido capítulo
foi a de 1967.

4.1. Requisitos para sua Instituição

A Constituição Vigente, em seu art. 148, prevê a possibilidade de instituição de


empréstimos compulsórios pela União:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios:
I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.

Dissecando esse artigo podemos extrair a exigência de um requisito formal e de


três requisitos materiais para a sua instituição.
Como requisito formal a Constituição exige que a criação dos empréstimos
compulsórios se dê por intermédio de lei complementar, sendo vedada a sua criação
por meio de medida provisória ou de lei ordinária, em atenção ao inc. III, § 1º, art. 62 da
CF/88.
Como requisitos materiais a Constituição somente autoriza a sua instituição
diante destas situações:
• calamidade pública; • guerra externa ou sua iminência; e • investimento público
de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
Como se vê, os casos acima não representam hipóteses de incidência, mas sim
o contexto fático em que a União pode editar uma lei complementar criando o referido
tributo.
Assim, a lei que instituir o empréstimo compulsório é que fará a previsão do seu
fato gerador.
O CTN embora não trate o empréstimo compulsório como modalidade de tributo
de forma expressa em seu art. 5º, dispõe no art. 15 sobre as hipóteses em que ele pode
ser instituído:
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir
empréstimos compulsórios:
I – guerra externa, ou sua iminência;
II – calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os
recursos orçamentários disponíveis;

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III – conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. Ao cotejar


o dispositivo supratranscrito com a CF/88, podemos concluir que o inciso III do art. 15
não foi recepcionado pela CF/88.

4.2. Destinação da sua Arrecadação como Determinante para a sua Caracterização


como Tributo
20
Quando tratamos da natureza jurídica dos tributos na aula passada, vimos que
a destinação do recurso arrecadado, a título de empréstimos compulsórios e de
contribuições especiais, é característica essencial para a sua identificação como tributo.
Nesse sentido o empréstimo compulsório é um tributo de arrecadação vinculada,
conforme se depreende da análise do parágrafo único do art. 148 da CF que destaca
que a aplicação do seu recurso será vinculada à despesa que fundamentou a sua
instituição:
Art. 148, parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Da análise desse dispositivo, lembre-se de que o art. 4º do CTN destaca que a
natureza jurídica do tributo é determinada pelo fato gerador da obrigação tributária, e
que a sua qualificação como tributo independe da destinação legal da sua arrecadação:
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato
gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.

No entanto, no caso do empréstimo compulsório, a previsão legal de sua


finalidade é imprescindível para a sua caracterização como tributo, em atenção ao par.
único do art. 148 da CF/88, concluindo-se, portanto, que o art. 4º supratranscrito não é
aplicável a esta espécie tributária.
Em contrariedade ao art. 4º, o fato gerador do empréstimo compulsório isolado
não representa uma característica para a sua identificação como tributo nem para
diferenciá-lo das demais espécies tributárias, podendo haver coincidência entre o fato
gerador do empréstimo compulsório e de outra espécie tributária.
Assim, quanto à hipótese de incidência, o empréstimo compulsório pode ser
tanto um tributo vinculado a uma atividade estatal específica, como um tributo não
vinculado: essa classificação será determinada pela lei instituidora.
Em contrapartida, o empréstimo compulsório respeita o conceito de tributo
descrito no art. 3º do CTN, pois é uma prestação pecuniária compulsória, em moeda ou
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitui sanção de ato ilícito, instituída em
lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

4.3. Obrigatoriedade de Restituição

Outra obrigatoriedade inerente ao tributo em apreço diz respeito à restituição ao


contribuinte do valor por ele pago a título de empréstimo compulsório. Sobre o assunto
o CTN, art. 15, par. único, prevê que a lei deverá destacar o prazo para a sua restituição,
além das condições que serão exigidas para que se efetive devolução:
Art. 15, parágrafo único, CTN. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do
empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto
nesta Lei.
Quanto à forma de devolução do empréstimo compulsório, é interessante ver
trecho do voto do Min. Relator Sepúlveda Pertence proferido nos autos do RE 121.336
que conclui que a sua restituição deve se dar em moeda, pois a restituição deve se dar
em espécie similar àquela utilizada pelo contribuinte para pagá-lo:

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JURISPRUDÊNCIA “Com a utilização, para definir o instituto de direito público,


do termo empréstimo, posto que compulsório, a Constituição vinculou o legislador à
essencialidade da restituição na mesma espécie, seja por força do princípio explícito no
art. 110 CTN, seja porque essa identidade do objeto das prestações recíprocas é
indissociável da significação jurídica ou vulgar da palavra empregada”.
Nesse sentido também se manifestou o Min. Moreira Alves destacando que para
que empréstimo compulsório “se configure, é mister que, arrecadado em dinheiro, a
21
devolução se faça em dinheiro ou título que o represente”.
Uma exceção peculiar ao que se consolidou na jurisprudência foi o empréstimo
compulsório instituído em favor da Eletrobrás. Nesse caso específico, o STF entendeu
que a devolução do valor poderia ser feita em ações.

4.4. Princípio da Anterioridade e os Empréstimos Compulsórios

Os empréstimos compulsórios devem respeitar os princípios tributários previstos


na CF/88, os quais serão estudados em aula específica.
Nesta aula trataremos especificamente do Princípio da Anterioridade, o qual se
representa de duas formas, conforme alíneas “b” e “c”, inc. III, art. 150, CF/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
III – cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional n. 3, de 1993)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que
os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda
Constitucional n. 42, de 19.12.2003)
Da análise desses dispositivos verifica-se que:
(i) o tributo só pode ser cobrado no exercício seguinte àquele em que ele for
instituído – princípio da anterioridade anual;
(ii) o tributo só pode ser cobrado após 90 dias da publicação da lei que os instituiu
– princípio da anterioridade nonagesimal.
No entanto, o próprio legislador constituinte previu exceções a esses princípios
no § 1º do art. 150 da CF/88:
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148,
I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo
dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 42, de 19.12.2003).
Como vimos, os empréstimos compulsórios estão previstos no art. 148 da CF/88
e podem ser instituídos, segundo incisos I e II, respectivamente: i) para atender a
despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência; e ii) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional.
Cotejando as hipóteses que possibilitam a instituição de empréstimo compulsório
e o § 1º do art. 150, conclui-se que a instituição e a cobrança do empréstimo compulsório
para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência, pode se dar de forma imediata, pois é exceção ao princípio
da anterioridade anual e ao da anterioridade nonagesimal.

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No entanto, quanto ao empréstimo compulsório a ser instituído no caso de


investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, repare a parte
final do inciso II do art. 148:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos
compulsórios:
...
II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse
22
nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.
Nesse dispositivo o constituinte fez questão de fazer menção direta à
obrigatoriedade de respeito ao Princípio da Anterioridade Anual para instituição do
empréstimo compulsório diante da referida situação fática, silenciando-se quanto à
necessidade de observância ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal. Como se verá
mais adiante, isso só se deu pois o princípio da anterioridade nonagesimal foi incluído
na Constituição Federal após a sua promulgação.
Ocorre que, como o art. 150, § 1º não fez nenhuma ressalva quanto ao Princípio
da Anterioridade Nonagesimal, conclui-se que o empréstimo compulsório instituído no
caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional deve
respeitar tanto o princípio da anterioridade nonagesimal com o da anterioridade anual.

5. Contribuições Especiais
As contribuições especiais representam um tributo de arrecadação vinculada,
pois a destinação do seu recurso é elemento essencial para caracterizá-lo como espécie
tributária e para diferenciá-las dos demais tipos de tributo. Esta espécie de tributo está
prevista nos art. 149 e 149-A da CF/88 e é subdividida em grupos:

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A destinação das suas respectivas receitas é o que as diferencia, além da


delimitação constitucional quanto ao ente competente para instituí-las.
As três primeiras contribuições destacadas são federais, de competência
privativa da União, tendo o legislador constituinte feito ressalva quanto a uma
modalidade de contribuição social (contribuição previdenciária dos servidores públicos)
que pode ser instituída pelos estados, pelos municípios ou pelo DF, conforme § 1º do
23
art. 149 da CF/88 que será estudado no subtópico seguinte (contribuições para a
seguridade social).
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições
sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua
atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III,
e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente
às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º A União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei,
contribuições para custeio de regime próprio de previdência social,
cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas,
que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base
de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.
(Redação dada pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)
(Vigência)

Já a contribuição para o custeio da iluminação pública – COSIP, prevista no art.


149-A da CF/88, pode ser instituída pelos municípios e pelo DF:
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na
forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado
o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 39, de 2002).
Pontuamos, ainda, que as contribuições especiais eram também chamadas de
contribuições parafiscais. De acordo com o que você aprendeu na aula passada, tributo
parafiscal é aquele que é arrecadado em favor de entidades alheias à administração
pública, lembra? Mas tendo em vista a utilização do valor arrecadado pelo próprio ente
instituidor e arrecadador do tributo, essa nomenclatura não tem sido aplicada.
Quanto às contribuições sociais e às CIDEs, a CF/88 em seu art. 149, par. 2º,
traz comandos importantes, os quais constam na citação abaixo:
(i) não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
(ii) incidirão sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
(iii) poderão ter alíquotas:
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da
operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
No que se refere à alíquota ad valorem, nesta aula basta o conhecimento de que
ela é caracterizada pela aplicação de um percentual sobre a base de cálculo para chegar
ao valor do imposto devido, enquanto a alíquota específica é caracterizada por
considerar uma unidade de medida para determinar o valor do imposto a ser pago.

5.1. Contribuições Sociais

As contribuições sociais são instituídas e arrecadadas pelo Estado para custear


despesas de cunho social e, nos termos da visão do STF (RE 138284), são subdivididas
em:

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5.1.1. Contribuições da Seguridade Social

A seguridade social é tratada pela Constituição em capítulo próprio, inserido com


nome de “Ordem Social”, e é objeto de estudo do Direito Previdenciário.
Ocorre que, tendo em vista que o capítulo “Sistema Tributário Nacional” prevê
as contribuições sociais como uma espécie tributária, precisaremos estudar alguns
dispositivos da “Seguridade Social” para compreender a contribuição para a seguridade
social.
Com o intuito de conceituar a seguridade social, o legislador constituinte, por
intermédio do art. 194 da CF/88, destaca que ela “compreende um conjunto integrado
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.
Nesse sentido, a receita arrecada a título de contribuições para a seguridade
social são vinculadas a gastos do Poder Público com saúde, previdência e assistência
social.
Para o financiamento da seguridade social, o art. 195 da CF/88 prevê que são
utilizados recursos provenientes dos entes políticos (financiamento indireto) e das
contribuições sociais cobradas (financiamento direto) conforme a seguir:
(i) do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
que incidem sobre:
(i.a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
(i.b) a receita ou o faturamento;
(i.c) o lucro;
(ii) do trabalhador e dos demais segurados da previdência social;
(iii) sobre a receita de concursos de prognósticos;
(iv) do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele
equiparar.
Essas são as fontes de custeio da seguridade social. Como se vê, a sociedade
contribui para o custeio da seguridade social, atendendo ao Princípio da Solidariedade,
tendo em vista que a contribuição paga por uma pessoa beneficia outras.

A) Regimes Previdenciários e Contribuições Previdenciárias


A seguridade social é composta pela saúde, pela assistência social e pela
previdência social.
No que se refere ao último grupo apresentado, ele é composto por dois regimes:
o Regime Geral de Previdência Social – RGPS e o Regime Próprio de Previdência
Social – RGPS.
O RGPS refere-se ao regime aplicável à iniciativa privada, enquanto o RPPS
refere-se a regime aplicável ao serviço público. Para custeio desses regimes são

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cobradas contribuições da seguridade social, também conhecidas como contribuições


previdenciárias.
No que se refere ao RGPS, ele é financiado por contribuições previdenciárias
federais, enquanto o RPPS é financiado por contribuição previdenciária federal,
estadual, municipal ou distrital: depende do ente que o servidor faz parte.
É o par. 1º, art. 149, da CF/88, que dispõe que cada ente político pode cobrar
contribuições de seus servidores públicos efetivos, aposentados e pensionistas para
25
custeio do seu regime próprio.
Em outras palavras, a União, estados, os municípios e o Distrito Federal têm
competência para instituir contribuições para custear a previdência social dos seus
servidores. No entanto, saiba de que nem todos os municípios já instituíram seu Regime
Próprio de Previdência Social, sujeitando os seus servidores ao RGPS, nesse caso.
Além disso, os servidores públicos que não são estatutários, por exemplo, os
comissionados, sujeitam-se ao RGPS ainda que no âmbito federativo a que se submete
exista um RPPS.
Repare que o caput do art. 149 da CF/88 afirma que quem tem competência para
instituir as contribuições sociais é a União, mas com o destaque do par. 1º conclui-se
que os estados, os municípios e o DF também têm competência para instituir
contribuições, qual sejam, contribuições previdenciárias para custeio do respectivo
RPPS.
Quanto à aposentadoria e pensão concedidas pelo RGPS, o art. 195, II, destaca
que sobre esses valores não incidirá contribuição previdenciária.
No entanto, no que se refere aos proventos de aposentadoria e pensão
concedidas pelo RPPS, que sejam superiores ao teto do benefício concedido pelo
RGPS, sofrerão incidência de contribuição previdenciária:
Art, 40, § 18, CF/88. Incidirá contribuição sobre os proventos de
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este
artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com
percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos
efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 41, 19.12.2003)

Atualmente, a aposentadoria e a pensão concedida pelo RGPS deve ser no


máximo de R$ 6.101,06 (seis mil, cento e um reais e seis centavos), ou seja, a
aposentadoria e a pensão concedidas por intermédio do RPPS se sujeitarão à
contribuição previdenciária se forem superiores ao referido montante.
O constituinte reformador flexibilizou a regra acima. Em 2019, por meio da
Emenda Constitucional n. 103/2019, previu uma hipótese em que pode ser instituída
contribuição previdenciária sobre proventos de aposentadoria e pensão no âmbito do
RPPS que sejam inferiores à renda máxima recebida pelo RGPS: diante de deficit
atuarial, desde que o valor do provento seja maior do que o salário mínimo. Veja:
Art. 149, § 1º-A, CF/88. Quando houver deficit atuarial, a contribuição
ordinária dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor
dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-
mínimo. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)
(Vigência)

Caso a referida contribuição previdenciária não seja suficiente para cobrir o


deficit atuarial, será possível a instituição, pela União, de contribuição extraordinária dos
servidores públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas (§ 1º-B, art. 149, CF/88).
Tal contribuição será criada por tempo determinado, em paralelo a outras
medidas (art. 149, § 1º-C, CF/88).:
Art. 149, § 1º-B, CF/88. Demonstrada a insuficiência da medida
prevista no § 1º-A para equacionar o deficit atuarial, é facultada a
instituição de contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos

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servidores públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas.


(Incluído pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019) (Vigência)

Art. 149, § 1º-C, CF/88. A contribuição extraordinária de que trata o §


1º-B deverá ser instituída simultaneamente com outras medidas para
equacionamento do deficit e vigorará por período determinado,
contado da data de sua instituição. (Incluído pela Emenda
Constitucional n. 103, de 2019) (Vigência) 26

Outro ponto importante relacionado às contribuições previdenciárias e


financiamento do RPPS diz respeito à possibilidade de utilização de alíquotas
progressivas para o seu cálculo, conforme parte final do § 1º art. 149 da Constituição.
No tocante ao RGPS e às contribuições da seguridade social devidas pelas
empresas nos termos do inc. I, art. 195, CF/88, em atenção ao § 9º desse artigo, elas
podem ter alíquotas diferenciadas em função:
(i) da atividade econômica; (ii) da utilização intensiva de mão de obra; (iii) do
porte da empresa; ou (iv) da condição estrutural do mercado de trabalho. Veja a redação
dos dispositivos constitucionais que tratam do tema:
Art. 195. CF/1988. A seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais: (Vide Emenda Constitucional n. 20, de 1998)
I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda
Constitucional n. 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional n.
20, de 1998)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998)
...
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo
poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica,
da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da
condição estrutural do mercado de trabalho, sendo também autorizada
a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das
alíneas «b» e «c» do inciso I do caput. (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 103, de 2019).

Sobre às contribuições da seguridade social a serem pagas pelo empregador


sobre a receita ou faturamento ou lucro, conforme parte final § 9º, elas poderão ser
calculadas por intermédio de bases de cálculo diferenciadas.

B) Princípio da Anterioridade Nonagesimal e Contribuições Sociais da Seguridade


Social
As contribuições da seguridade social, como espécie tributária, devem respeitar
os princípios tributários constitucionais, os quais serão estudados com mais
profundidade em aula específica em nosso curso.
No entanto, nesta aula, quando tratamos de empréstimos compulsórios
discorremos de forma sucinta sobre o Princípio da Anterioridade.
Como visto, a Constituição, por meio dos art. 150, III, alíneas “b” e “c”, prevê o
Princípio da Anterioridade Anual e o Princípio da Anterioridade Nonagesimal,
respectivamente:

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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
...
III – cobrar tributos:
...
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que
os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional n. 3, de 1993) 27
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada
a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;
(Incluído pela Emenda Constitucional n. 42, de 19.12.2003)
Da análise dos dispositivos supratranscritos, conclui-se que:
(i) o tributo só pode ser cobrado no exercício seguinte àquele em que
ele for instituído – Princípio da Anterioridade Anual;
(ii) o tributo só pode ser cobrado após 90 dias da publicação da lei que
os instituiu – Princípio da Anterioridade Nonagesimal (Especial ou
Mitigada).

No que se refere às contribuições da seguridade social, a CF/88, art. 195, § 6º,


destaca que o Princípio da Anterioridade Anual não precisa ser observado para a sua
instituição:
Art. 195, § 6º, CF/88. As contribuições sociais de que trata este artigo
só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da
publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes
aplicando o disposto no art. 150, III, “b”.

Portanto, a contribuição da seguridade social só pode ser exigida após 90


(noventa) dias da publicação da lei que a criou, independentemente se esse prazo for
alcançado no ano da publicação.

C) Contribuições da Seguridade Social e Imunidade


As imunidades tributárias serão estudadas com profundidade em nosso curso,
mas agora seremos objetivos no que se refere à tema relacionado às contribuições da
seguridade social.
A imunidade representa proibição de instituição de tributo em razão de
determinada pessoa ou de situação conforme previsão constitucional.
Segundo o § 7º, art. 195, da Constituição, as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei são imunes às
contribuições da seguridade social, não tendo a obrigação, portanto, de pagá-las:
Art. 195, § 7º, CF/88. São isentas de contribuição para a seguridade social as
entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas
em lei.

Outra imunidade relacionada a essas contribuições, e às demais contribuições


sociais, diz respeito à exportação. Nos termos da CF/88, art. 149, § 2º, I, as
contribuições sociais não incidem sobre receitas decorrentes de exportação:
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições
sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua
atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III,
e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente
às contribuições a que alude o... § 2º As contribuições sociais e de
intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo:
(Incluído pela Emenda Constitucional n. 33, de 2001) I – não incidirão
sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda
Constitucional n. 33, de 2001)

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5.1.2. Outras Contribuições Sociais de Seguridade Social


O legislador constituinte faculta à União a instituição de outras contribuições da
seguridade social, distintas das já expressamente previstas na Constituição, conforme
art. 195, par. 4º:
Art. 195, § 4º, CF/88 A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
28
Como se vê da parte final do dispositivo, esse artigo deve ser lido em conjunto
com o art. 154, I, que concede à União competência residual para instituição de novos
impostos, conhecidos como impostos residuais (inominados):
Art. 154. A União poderá instituir: I – mediante lei complementar, impostos não
previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
Diante de sua análise, constata-se que o legislador constituinte concede
competência residual e exclusiva à União para instituir novas contribuições da
seguridade social.
Em razão da obrigatoriedade de observância do art. 154, I, as regras para
instituição das contribuições residuais para seguridade social são as mesmas do
imposto residual:
(i) somente a União pode criá-las;
(ii) sua instituição deve se dar por meio de lei complementar;
(iii) a sua base de cálculo e o seu fato gerador não podem coincidir com o fato
gerador e base de cálculo das contribuições da seguridade social já previstas
expressamente na Constituição;
(iv) não cumulativas.
Quanto à primeira regra, destaque-se que esse é tributo de competência
exclusivamente concedida à União, não gozando os demais entes políticos dessa
prerrogativa.
Lembre-se de que os estados-membros, os municípios e o DF somente podem
instituir contribuições da seguridade social que tenham a seguinte destinação:
financiamento da previdência dos seus servidores públicos, por intermédio dos seu
RPPS.
Um ponto importante para você se atentar é que a seguridade social é composta
pela saúde, previdência social e assistência social, e que as contribuições sociais
cobradas dos servidores públicos estatutários referem-se tão somente à previdência
social, e, por essa razão, os estados-membros, os municípios e o DF não podem instituir
contribuição para custeio dos serviços de saúde, por exemplo, por extrapolação dos
comandos constitucionais.
Essa conclusão está em consonância com o entendimento do STF, conforme se
constata da ementa do seu julgamento proferido nos autos do RE 573540.
O referido RE veiculou a seguinte situação: o Estado de Minas Gerais instituiu
contribuição social compulsória dos servidores públicos para custeio da saúde, a qual
foi rechaçada pelo STF mediante o argumento de que:
• os estados-membros só podem cobrar contribuição compulsória dos seus
servidores para custeio da sua previdência, pois é essa a autorização expressa do
constituinte. A competência para cobrança de novas contribuições é da União;
• “regime previdenciário” não abrange a prestação de serviços médicos,
hospitalares, odontológicos e farmacêuticos.
• caso os estados-membros pretendam instituir contribuições para custear os
serviços de saúde oferecidos a seus servidores públicos, essas podem ser cobradas de
forma facultativa (e, por isso, não seriam consideradas uma espécie tributária, e muito
menos “contribuições residuais”).

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A segunda regra para instituição das novas contribuições para a seguridade


social diz respeito à exigência de lei complementar, sendo vedada, portanto, a sua
instituição por meio de medida provisória, em atenção ao inc. III, par. 1º, art. 62, CF/88.
Quanto à terceira regra exigida para a instituição das “outras contribuições
sociais de seguridade social”, saiba que as referidas contribuições sociais não podem
ter a base de cálculo e fato gerador iguais aos das contribuições sociais já existentes,
mas podem ter a base de cálculo e fato gerador de impostos já existentes.
29
Essa conclusão está em conformidade com o posicionamento do STF (RE
228.321-RS), JURISPRUDÊNCIA “Quando o §4º, do art. 195, da C.F., manda obedecer
a regra da competência residual da União – art. 154, I – não estabelece que as
contribuições não devam ter fato gerador ou base de cálculo de impostos. As
contribuições, criadas na forma do §4º, do art. 195, da C.F., não devem ter, isto sim, fato
gerador e base de cálculo próprios das contribuições já existentes.”
Quanto à quarta regra, conclui-se que há obrigatoriedade de observância ao
Princípio da Não Cumulatividade.

5.1.3. Contribuições Sociais Gerais

As contribuições sociais gerais são instituídas para financiamento de área social


distinta daquela compreendida como seguridade social e podem ser criadas por lei
ordinária.
Certamente você já ouviu falar do Serviço Social do Comércio (SESC), do
Serviço Social da Indústria (SESI) ou do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC), não é mesmo? Esses são exemplos de empresas privadas que prestam os
conhecidos serviços sociais autônomos e fazem parte do “Sistema S”, conforme art. 240
da CF/88:
Art. 240, CF/88. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais
contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às
entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema
sindical.
Essas entidades privadas não fazem parte da Administração Pública, mas
prestam serviço social em prol do interesse público, razão pela qual a Constituição
autoriza a União a instituir contribuições que serão repassadas a elas e utilizadas por
elas em benefício do respectivo setor em que atua.
Essa informação de que o ente político (União) institui a contribuição e outra
pessoa a arrecada e a fiscaliza nos remete a uma classificação vista na aula passada
quanto à finalidade do tributo.
Na oportunidade afirmamos que os tributos parafiscais “são arrecadados,
fiscalizados e utilizados por pessoa distinta daquela responsável pela sua criação”,
sendo as contribuições para a seguridade social classificadas como tributo parafiscal.
Além das contribuições destinadas ao “Sistema S”, o salário-educação destinado
ao financiamento de programas, projetos e ações voltados para a educação básica

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pública representam um tipo de contribuição social geral, conforme art. 212, § 5º da


Constituição Federal de 1988:
Art. 212, § 5º, CF/1988. A educação básica pública terá como fonte adicional de
financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na
forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006)
Inclusive o salário-educação instituído durante a vigência da Constituição de
1969 é constitucional, segundo entendimento pelo STF sumulado:
30
JURISPRUDÊNCIA Súmula n. 732, STF: É constitucional a cobrança da
contribuição do salário-educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição
Federal de 1988, e no regime da Lei 9.424/1996.

5.2. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE

A CIDE, tributo de competência exclusiva da União, assim como as outras


contribuições especiais, tem a sua natureza jurídica tributária determinada por meio da
destinação legal da sua receita, sendo, por isso, um tributo de arrecadação vinculada.
A CIDE é um tributo marcadamente extrafiscal, pois, como o seu próprio nome
diz, ela é instituída pela União com o intuito de intervir no “domínio econômico”.
Lembra-se dessa classificação estudada na aula passada? Por intermédio da
instituição de tributo com finalidade extrafiscal o Poder Público visa estimular ou
desestimular determinadas atitudes dos contribuintes que impactam social ou
economicamente. No caso da CIDE, ela é uma contribuição que é arrecadada e
destinada para incentivo a determinado setor da economia.
Como exposto ao tratarmos das contribuições sociais, a CIDE deve respeitar as
seguintes regras, destacadas na CF/88, art. 149, §2º da CF/88:
(i) não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
(ii) incidirão sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
(iii) poderão ter alíquotas:
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da
operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.

5.2.1. CIDE-Combustível

Uma CIDE presente no sistema tributário brasileiro amplamente conhecida é a


CIDE-Combustível, prevista expressamente na Constituição, em seu art. 177, §4º:
Art. 177. Constituem monopólio da União:
...
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa
às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás
natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:
I – a alíquota da contribuição poderá ser:
a) diferenciada por produto ou uso;
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o
disposto no art. 150,III, b;
II – os recursos arrecadados serão destinados:
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás
natural e seus derivados e derivados de petróleo;
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do
petróleo e do gás;
c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

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Da análise do inciso I constata-se que a referida CIDE incide sobre atividades de


importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus
derivados e álcool combustível e que o legislador constituinte destacou essas
características a seu respeito:
(i) sua alíquota poderá ser diferenciada por produto ou uso;
(ii) sua alíquota poderá ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo
(exceção ao Princípio da Legalidade);
31
(iii) o restabelecimento e a redução da sua alíquota são exceção ao Princípio da
Anterioridade Anual, mas deve respeitar o Princípio da Anterioridade Nonagesimal.
Logo, a norma que reduzir ou restabelecer a alíquota até percentual antes previsto pode
ser aplicada após 90 (dias) da sua publicação, independentemente se esse prazo for
cumprido no mesmo exercício da sua publicação ou no exercício seguinte.
Como é sabido, CIDE é tributo de arrecadação vinculada, de forma que quanto
à CIDE- -Combustível o legislador constituinte destacou no art. 177, § 4º, inc. II, qual a
destinação dos valores arrecadados por meio da sua instituição. Tais valores serão
destinados:
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás
natural e seus derivados e derivados de petróleo;
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do
petróleo e do gás;
c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

Assim, a CF/1988 prevê tanto o fato gerador (que não é determinante para a sua
caracterização como tributo) como a destinação da CIDE-Combustível.
Além disso, o texto constitucional autoriza o repasse pela União de parte da
CIDE-combustível arrecadada, conforme já visto nesta aula quando tratamos sobre
impostos e a Repartição Constitucional as Receitas Tributárias.
Na oportunidade transcrevemos a CF/88, art. 159, III, e explicamos que a União
deve distribuir aos estados e ao DF 29% (vinte e nove porcento) da receita arrecadada
a título de CIDE- -Combustíveis para financiamento de programas de infraestrutura de
transportes.
Desse valor recebido, os estados devem entregar 25% aos seus municípios:
Art. 159. A União entregará:
...
III – do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio
econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e o
Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observada a destinação a que se refere o
inciso II, c, do referido parágrafo.
...
§ 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III que cabe a cada Estado,
vinte e cinco por cento serão destinados aos seus Municípios, na forma da lei a que se
refere o mencionado inciso.

5.2.2. Diversas Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico

Com o intuito de que você não tenha surpresas no dia da prova listaremos
algumas CIDEs cobradas em nosso país, as quais já tiveram a sua
constitucionalidade/legalidade reconhecida perante o STF e/ou perante o STJ:
• Adicional de Tarifa Portuária (ATP) – RE 209.365, rel. min. Carlos Velloso, j. 4-
3-1999, P, DJ de 7-12-2000.
• Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) - RE
177.137, rel. min. Carlos Velloso, j. 24-5-1995, P, DJ de 18-4-1997. – Súmula 553, STF.

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• Contribuição ao INCRA – Resp 977.058/RS, rel. Min. Luiz Fux. 1ª T., j. em 22-
10-2008) – Súmula 516, STJ.

5.3. Contribuição de Iluminação Pública – COSIP

A COSIP foi inserida em nosso ordenamento jurídico em 2002, por intermédio


da Emenda Constitucional de n. 39 que acrescentou o art. 149-A à Constituição Federal
32
de 1988:
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na
forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado
o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 39, de 2002)
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na
fatura de consumo de energia elétrica.

Antes da sua previsão, o serviço de iluminação era remunerado mediante


instituição de taxa. No tópico desta aula que tratamos das taxas, expusemos que essas
quando instituídas em razão de prestação de serviços públicos pelo Estado só podem
ser cobradas se os correlatos serviços forem específicos e divisíveis.
O STF, provocado a se posicionar quanto à constitucionalidade dessa taxa,
reconheceu que ela não se refere serviço específico e divisível e, por essa razão,
concluiu pela sua inconstitucionalidade:
JURISPRUDÊNCIA SÚMULA VINCULANTE 41 - O serviço de iluminação
pública não pode ser remunerado mediante taxa.
Visando a continuidade da arrecadação de quantia especificamente destinada
ao custeio da iluminação pública foi que o legislador constituinte derivado previu, então,
a contribuição ora estudada e determinou que quem tem competência para as instituir
são os municípios e o DF.
Como falamos na aula passada, a COSIP é uma espécie tributária que,
contrariando o art. 4º, CTN, leva em consideração a destinação do seu produto
arrecadado para determinação da sua natureza jurídica como tributo, ignorando a
previsão de que o fato gerador é que caracterizaria o seu tipo.
O que determina a sua natureza jurídica é a sua destinação para custear o
serviço de iluminação pública das cidades.
Há quem entenda que o referido serviço deve ser custeado por impostos, mas a
justificativa pelos agentes políticos, administradores dos valores públicos, foi de que a
quantia que era repassada dos impostos para financiar a iluminação pública era
pequena. Sobre o assunto, ao julgar o RE 573.675-SC, o Ministro Ricardo Lewandowski
afirmou que:
JURISPRUDÊNCIA “bem verdade que a aludida contribuição guarda alguma
semelhança com os impostos. No entanto, ela não se identifica com esta espécie
tributária, por força do disposto no art. 167, IV, da Constituição Federal, que veda a
vinculação da receita de impostos a qualquer órgão, fundo ou despesa, exceto nos
casos expressamente previstos no próprio texto magno.
...
A meu ver, a COSIP constitui um novo tipo de contribuição, que refoge aos
padrões estabelecidos nos arts. 149 e 195 da Constituição Federal. Cuida-se, com
efeito, de uma exação subordinada a disciplina própria, qual seja, a do art. 149-A da CF,
sujeita, contudo, aos princípios constitucionais tributários, visto enquadrar-se
inequivocamente no gênero tributo”.
Nesse sentido, embora haja questionamento por alguns juristas a respeito da
constitucionalidade da COSIP, o importante é que você saiba que ela é considerada
constitucional pelo STF e é isso que você deve levar para a prova.

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Ademais, você ainda poderá se deparar com assertivas que dizem ser a COSIP
um “Contribuição Sui Generis”. Caso isso ocorra, marque como correto pois essa é uma
dicção expressamente utilizada pelo STF para se referir a essa exação.
Deparando-se com questionamentos sobre a sua validade, o STF, ao julgar o
RE 573.675- SC acima mencionado, destacou ainda que:
JURISPRUDÊNCIA “I - Lei que restringe os contribuintes da COSIP
aos consumidores de energia elétrica do município não ofende o
princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar 33
todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II – A
progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da
iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não
afronta o princípio da capacidade contributiva. III – Tributo de caráter
sui generis, que não se confunde com um imposto, porque sua receita
se destina a finalidade especifica, nem com uma taxa, por não exigir a
contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte. IV –
Exação que, ademais, se amolda aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade”. (RE 573675, Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 25/03/2009,
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-094 DIVULG 21-05-2009
PUBLIC 22-05-2009)

Por fim, atente-se para o fato de que a CF/1988, em seu art. 149-A, parágrafo
único, faculta que os municípios e o DF cobrem a COSIP na fatura de energia elétrica.

5.4. Contribuições Corporativas

As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas,


também chamadas de contribuições profissionais ou corporativas, são de competência
privativa da União e estão previstas no art. 149, CF.
Tendo em vista a sua característica de tributo de arrecadação vinculada, o
produto da sua arrecadação deve ser destinado a beneficiar determinada categoria.
Exemplos clássicos de contribuição corporativa são as anuidades cobradas
pelos Conselhos de Fiscalização Profissionais, como o Conselho Regional de Medicina
(CRM), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Conselho Regional de
Medicina Veterinária (CRMV.
Uma peculiaridade sobre o tema diz respeito à OAB e a sua anuidade. O STF,
por muitos anos, posicionou-se no sentido de reconhecer que, como entidade
indispensável à administração da justiça, ela seria uma autarquia sui generis, e, por
causa disso, a sua anuidade não possuiria natureza tributária. Não tendo natureza de
tributo, a contribuição para a OAB não deve respeito às normas tributárias para sua
instituição ou alteração.
No entanto, é importante que você tenha conhecimento do julgamento do STF,
em 2020, proferido nos autos do RE nº 647885/RS (Tema 732). Nesse julgamento,
embora não tenha sido enfrentada a natureza jurídica da OAB, a sua contribuição foi
equiparada às contribuições dos demais conselhos de categoria profissional, o que pode
dar a entender que houve uma possível mudança de entendimento pelo STF, de que a
contribuição da OAB seja considerada tributo.
No julgamento em questão, não se permite que seja proibido o exercício da
profissão quando a contribuição esteja em atraso, pois essa proibição se reveste de
sanção política em matéria tributária. Por meio do referido julgamento, afirma-se que
esse entendimento também é aplicável às contribuições da OAB.
Como você pode notar, o STF estendeu à OAB entendimento aplicável às
“contribuições tributárias”, o que induz que o STF passa a entender que as contribuições
para a OAB também sejam consideradas como um tipo de tributo.

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Tenha em mente que como o assunto não foi abordado de forma direta e clara
no julgamento, não acreditamos que o examinador exija tal afirmação. No entanto, é
preciso que você leve para a prova o assunto enfrentado e o posicionamento do STF,
especificamente no que se trata da proibição do exercício da profissão nos casos de
inadimplência das contribuições: “é inconstitucional a suspensão realizada por conselho
de fiscalização profissional do exercício laboral de seus inscritos por inadimplência de
anuidades, pois a medida consiste em sanção política em matéria tributária.” Com isso,
34
o STF garante que não seja imputada sanção política para coagir o devedor ao
pagamento da anuidade, impedindo-o de exercer plenamente a sua atividade
econômica e profissional, pois isso representa afronta aos princípios da
proporcionalidade, da razoabilidade e do devido processo legal substantivo.
De qualquer forma, o examinador pode copiar um trecho do julgamento e
considerá-lo como correto. Então, mantenha a compreensão de que é proibido a OAB
suspender a inscrição dos profissionais inadimplentes (inclusive se o examinador
expressar que isso se dá pelo fato de que tal ato caracteriza sanção política em matéria
tributária).
Vamos agora passar para outro tema. Uma contribuição que faz parte do grupo
“contribuições corporativas” é a contribuição sindical, que quando estabelecida por lei
será cobrada compulsoriamente do trabalhador.
Da análise do inc. IV, art. 8º, CF/88, depreende-se que a Constituição traz a
possibilidade de instituição de uma contribuição associativa - que é estabelecida em
assembleia geral - para custeio do sistema confederativo.
Essa exação é chamada de contribuição confederativa e não terá natureza
tributária, de modo que não é obrigatório o seu pagamento pelos profissionais da
respectiva categoria econômica que não sejam filiados ao respectivo sindicato.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o
seguinte: ... IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para
custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei.

JURISPRUDÊNCIA Súmula 666, STF - A contribuição confederativa de que trata


o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
Súmula Vinculante 40 - A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da
Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
Na parte final do inc. IV, art. 8, CF/1988, entretanto, o legislador constituinte
afirma que essa contribuição confederativa será descontada independentemente de
uma OUTRA contribuição prevista em lei.
Percebe-se, nesse caso, que existe a possibilidade da instituição de uma
OUTRA contribuição, essa sim com natureza tributária, criada por lei e cobrada
compulsoriamente dos profissionais da respectiva categoria econômica. Veja a posição
do STF sobre o tema:
JURISPRUDÊNCIA “A questão a saber é se a denominada
contribuição confederativa, inscrita no art. 8º, IV, da Constituição
Federal, fixada pela assembleia geral, é devida pelos empregados não
filiados ao sindicato. Noutras palavras, se apresenta ela caráter de
compulsoriedade, vale dizer, se é obrigatório o seu pagamento por
empregados não filiados ao sindicato. (...) Primeiro que tudo, é preciso
distinguir a contribuição sindical, contribuição instituída por lei, de
interesse das categorias profissionais - art. 149 da Constituição - com
caráter tributário, assim compulsória, da denominada contribuição
confederativa, instituída pela assembleia geral da entidade sindical -
C.F., art. 8º, IV. A primeira, conforme foi dito, contribuição parafiscal ou
especial, espécie tributária, é compulsória. A segunda, entretanto, é
compulsória apenas para os filiados do sindicato.” (RE 198092, Relator

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Ministro Carlos Velloso, Segunda Turma, julgamento em 27.8.1996, DJ


de 11.10.1996).

Com isso, podemos resumir as características das exações previstas no artigo


8º da Constituição da seguinte forma:

35

Ocorre que, atualmente, em face de alteração promovida na Consolidação das


Leis do Trabalho em 2017, as exações ali previstas – que antes possuíam natureza
tributária - não mais estão adequadas ao conceito do artigo 3º do CTN.
Note a redação anterior e a atual:
Art. 578 - As contribuições devidas aos Sindicatos pelos que participem
das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais
representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação do
“imposto sindical”, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida
neste Capítulo. Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos
participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das
profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob
a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas
na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e
expressamente autorizadas. (Redação dada pela Lei n. 13.467, de
2017)

Como se vê, atualmente não existem mais contribuições sindicais com natureza
tributária. Nada impede, entretanto, que voltem a ser cobradas caso instituídas em lei
de forma cogente, tendo em conta a manutenção da competência para sua instituição
na Constituição Federal.
Para finalizar o tema, queremos que você preste atenção no seguinte quadro
resumo onde aparecem todas as contribuições especiais:

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