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Princípio da Capacidade Contributiva

O princípio da capacidade contributiva é princípio basilar do Direito Tributário e está


preceituado no art. 145, §1º da Constituição Federal:
Art. 145 - (...)
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte.

Segundo o princípio da capacidade contributiva, o cidadão tem o dever de contribuir


na exata proporção da sua capacidade econômica, ou seja, a sua capacidade de
suportar o encargo fiscal.
Por sua vez, a capacidade contributiva não se confunde com a econômica. Como
dito alhures, a capacidade contributiva se define naquela que o contribuinte apresenta
para contribuir com os gastos públicos conforme sua capacidade econômica. A
capacidade econômica – mais abrangente –, não coincide com a capacidade
contributiva, pois muitas vezes a pessoa apresenta capacidade econômica, sem,
contudo, apresentar a capacidade contributiva.
Para aclarar o entendimento, citam-se, como exemplo, os Entes Federativos, que
apresentam capacidade econômica, pois dispõem de recursos financeiros próprios,
todavia não manifestam capacidade contributiva. Em atenção ao Princípio Federativo,
esses entes não irão cobrar tributos uns dos outros, para cobrir seus gastos públicos.
Muitos doutrinadores nacionais afirmam que não haveria a necessidade de previsão
da imunidade recíproca para os Entes Federativos, em nosso texto constitucional,
justamente por lhes faltar a capacidade contributiva, o que, por si só, bastaria para
impedir a tributação.
o primeiro obstáculo que se verifica na tributação é o não tributar o mínimo vital –
valores imprescindíveis para sobrevivência do ser humano. Por isso, a capacidade
contributiva coaduna-se com os valores fundamentais fixados pela Constituição, de
modo a fazer a verificação do mínimo existencial, não podendo ocorrer a incidência
de tributos sobre esses valores utilizados pelo contribuinte para sua manutenção
básica.
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Assim, pode-se afirmar que a capacidade contributiva só é evidenciada após a


mensuração do mínimo vital, antes disso não há que se falar em capacidade
contributiva.
Em suma, a capacidade contributiva consiste no dever de contribuir para os gastos
públicos, para suprir as necessidades públicas, que a pessoa apresenta, segundo os
ditames constitucionais, e que deve estar intimamente relacionada à capacidade
econômica do sujeito, de modo que ele contribua de acordo com o seu orçamento,
sem violação ao mínimo vital e ao não confisco.
Da leitura do art. 145, § 1º da CF, extrai-se, ainda, que os impostos serão graduados
conforme a capacidade econômica, “sempre que possível”, uma vez que nem
sempre é possível aferir de modo claro e preciso a capacidade econômica de cada
contribuinte.
No caso dos tributos indiretos, fica prejudicada a apreciação da capacidade
econômica do contribuinte, pois há a possibilidade de repassar para o consumidor
final o encargo financeiro, como ocorre com o IPI e o ICMS.
A título de exemplo de tributo indireto, sabe-se que sobre a industrialização do
cigarro incide atualmente uma alíquota de 330% de IPI, se considerar que o industrial
irá repassar esse encargo financeiro para o consumidor final, seja esse pobre ou rico,
irão ter a mesma carga tributária.
Para alguns doutrinadores a capacidade contributiva será verificada no caso do IPI
e ICMS (tributos indiretos), por serem tributos seletivos que apresentam alíquotas
maiores para produtos supérfluos e alíquotas menores para produtos essenciais, de
acordo com consumo do bem.
Assim, verificar-se-á a capacidade contributiva não pelo fato de um sujeito ser igual
a outro, mas pelo o consumo do bem.
Logo, o fato do sujeito comprar um iate demonstra que terá capacidade econômica
igual à de outro que também comprar esse bem, por exemplo.
Outra observação que se faz necessária com relação ao princípio da capacidade
contributiva é que o art. 145, § 1º da CF menciona que os impostos devem respeitar
esse princípio. O STF já se manifestou por entender que esse princípio deve ser
seguido por todas as espécies tributárias e não apenas os impostos.
(RE n. 177835, rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 25.05.2001. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp#resultado>.
Acesso em: 16 jun. 2012).
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IMUNIDADES GENÉRICAS

As imunidades genéricas estão previstas no art. 150, VI da CF e referem-se apenas


aos Impostos. As pessoas e situações previstas no artigo 150, VI da CF não devem
pagar apenas os impostos, devendo pagar as demais espécies tributárias, como as
taxas, contribuição de melhoria, contribuições e empréstimo compulsório.

IMUNIDADES RECÍPROCAS
A imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150, VI, “a” da CF, consequência do
modelo Federal de Estado, cujas bases repousam na necessária igualdade política-
jurídica entre as unidades que compõe o Estado Federal, veda a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios de instituírem impostos sobre o patrimônio, renda e
serviços um dos outros.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.
O artigo supracitado prevê que a imunidade tributária recíproca alcança apenas os
impostos, podendo incidir, portanto, em outras espécies tributárias, como taxas,
contribuições e etc.

De acordo com o § 2º, § 3º do art. 150 da CF a imunidade recíproca é extensiva às


AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS desde que cumpram 4 requisitos:
a) Cumpram suas finalidades essenciais ou qualquer uma delas decorrentes;
b) Sejam instituídas e mantidas pelo Poder Público;
c) Não cobraem preços e nem tarifas;
d) Não entrem na concorrência privada.

No entanto, o Supremo Tribunal Federal tem entendido que algumas empresas


públicas, bem como algumas sociedades de economia mista, são merecedoras da
regra imunizante, quando prestam serviço público de caráter obrigatório e de
forma exclusiva.
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Cita-se como exemplo da ECT – Empresa de Correios e Telégrafos, conforme


jurisprudência a seguir:
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ECT - EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art.
150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E
EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. TAXAS:
IMUNIDADE RECÍPROCA: INEXISTÊNCIA. I. - As empresas públicas prestadoras de
serviço público distinguem-se das que exercem atividade econômica. A ECT -
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço público de
prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida pela
imunidade tributária recíproca: C.F., art. 22, X; C.F., art. 150, VI, a. Precedentes do
STF: RE 424.227/SC, 407.099/RS, 354.897/RS, 356.122/RS e 398.630/SP, Ministro
Carlos Velloso, 2ª Turma. II. - A imunidade tributária recíproca -- C.F., art. 150, VI, a --
somente é aplicável a impostos, não alcançando as taxas. III. - R.E. conhecido e
improvido.
(RE 364202, Rel. Min. Carlos Velloso, D.J. 05-10-2004)
Outro exemplo de empresa pública que teve a imunidade reconhecida pelo STF, em
2007 (RE-AgR 363.412) é a INFRAERO.
Em fevereiro de 2007, o STF, na Ação Cautelar nº 1.550-2 reconheceu também a
imunidade da sociedade de economia mista – CAERD, Companhia de Águas e
Esgotos de Rondônia.

IMUNIDADES DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO

O art. 150, VI, “b” da CF veda aos Entes Federativos instituírem IMPOSTOS sobre os
templos de qualquer culto.
A expressão “templos de qualquer culto” deve ser interpretada de forma ampla,
abrangendo todas as formas de expressão de religiosidade. Só não irá abranger os
templos de inspiração demoníaca, nem cultos satânicos, nem suas instituições, por
contrariar a teleologia do texto constitucional. Portanto, deve haver valores morais e
religiosos.
A imunidade dos templos de qualquer culto visa tutelar a liberdade religiosa, e por
essa razão tudo, exatamente tudo, que estiver em nome da instituição religiosa e
cumprir sua finalidade essencial terá imunidade, ou seja, não terá que pagar impostos.
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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
(...)
VI - instituir impostos sobre:
(...)
b) templos de qualquer culto
(...)
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente
o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais
das entidades nelas mencionadas.

O STF decidiu que não incide IPTU sobre os cemitérios que sejam extensão da
entidade religiosa:
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA. IPTU. ARTIGO 150, VI, "B", CB/88. CEMITÉRIO. EXTENSÃO DE
ENTIDADE DE CUNHO RELIGIOSO. 1. Os cemitérios que consubstanciam
extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela garantia
contemplada no artigo 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da
incidência de IPTU em relação a eles. 2. A imunidade aos tributos de que gozam os
templos de qualquer culto é projetada a partir da interpretação da totalidade que o
texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos artigos 5º, VI, 19, I e 150, VI, "b".
3. As áreas da incidência e da imunidade tributária são antípodas. Recurso
extraordinário provido.
(RE 578562, Min. Rel. Eros Grau, D.J. 21-05-2008)

Trata-se de agravo de instrumento interposto de decisão que inadmitiu recurso


extraordinário (art. 102, III, a e c, da Constituição) que tem como violados os arts. 5º,
XXXV e LV, e 150, VI, b, da Carta Magna.
No recurso extraordinário, alega-se, preliminarmente, a negativa de prestação
jurisdicional, porquanto não supridas pelo Tribunal de origem as omissões apontadas
nos embargos declaratórios.
Quanto à questão de fundo, a parte recorrente deseja obter o reconhecimento
de que os túmulos de um cemitério devem ser compreendidos no conceito de
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"templos de qualquer culto", para que sejam, assim, abrangidos pela imunidade
prevista no art. 150, VI, b, da Constituição federal. Nesse sentido, sustenta a
ilegitimidade da cobrança do IPTU sobre referidos bens.
O recurso não merece seguimento.
Cumpre assinalar, por primeiro, que o acórdão recorrido não padece dos vícios
apontados pela ora agravante, pois prestou, inequivocamente, jurisdição, sem
desrespeitar os princípios do contraditório e da ampla defesa, tendo enfrentado as
questões que lhe foram postas.
Quanto ao ponto principal da controvérsia, melhor sorte não assiste à recorrente. É
que o acórdão impugnado fundou-se no argumento de que "a finalidade da entidade-
proprietária consiste na comercialização de jazigos, conforme comprova a tabela de
preços" (fls. 89).
Ora, dada a destinação econômica, e não religiosa, dos bens, e em face do caráter
não-eclesiástico da entidade proprietária, não cabe falar, no caso, em existência de
templos destinados à celebração de cultos. A fixação de entendimento diverso
implicaria reexame de fatos e provas, vedado na via extraordinária (Súmula 279). Do
exposto, nego seguimento ao agravo.
(AI 551712 / SP - SÃO PAULO, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Publicação:
14/03/2006)

Imunidade Subjetiva – Art. 150, VI, “c” da CF

1) Entidades de Assistência Social Sem Fins Lucrativos


2) Entidades de Educação Sem Fins Lucrativos
3) Partidos Políticos e suas Fundações
4) Sindicato dos Trabalhadores

Requisitos:

I - Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer


título.
II - Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus
objetivos institucionais.
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III - Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de


formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

Súmula nº 724 STF e SV 52.

Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a


qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, desde
que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades
foram constituídas.

Súmula nº 730 STF

A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos


pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
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Anotações

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