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Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).

Aluno ANGELO ALBUQUERQUE DOS REIS


DIREITO TRIBUTÁRIO CPF - 01662946244
PROFs. GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES e DIMAS MONTEIRO DE BARROS

COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

Diz-se competência tributária ao poder conferido pela Constituição Federal às Pessoas


Políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para legislar sobre tributos. Trata-se,
portanto, de uma competência legislativa.
É por esse motivo que há muitas críticas à redação do artigo 6° do CTN, uma vez que só a
Constituição Federal confere competência tributária. Vejamos seu teor: Art. 6º. A atribuição
constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas
as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas
do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.
Assim, é na nossa Lei Maior onde estão prescritos taxativamente quais tributos podem ser
criados por cada uma das Pessoas Políticas. A isto se chama “Discriminação Constitucional de
Rendas”.
Não obstante, para que um Ente possa cobrar um tributo a ele discriminado, não basta dispor
da competência tributária conferida pela Constituição. Ela (a competência) deve ser exercida
mediante Lei do próprio Ente. Por exemplo, é da competência tributária dos Estados o IPVA
(Imposto sobre Veículos Automotores), mas se o Rio Grande do Sul não dispuser de lei emanada
pela sua própria Assembleia Legislativa e sancionada pelo seu Governador, dos proprietários de
automóveis deste Estado nada poderá ser cobrado a título deste imposto.
Em várias hipóteses que serão vistas oportunamente, uma Pessoa Política recebe participação da
arrecadação de determinados tributos da competência de outra. Neste caso, a que participa não detém
nenhuma parcela da competência tributária. É o que preceitua o parágrafo único, artigo 6°, do CTN:
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas
de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.
Em qualquer hipótese, mesmo na vista logo acima, se uma Pessoa Política deixar de exercer a
sua competência tributária, esta não é transferida para outro Ente Federativo. É o que determina o
artigo 8° do CTN: Art. 8º. O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica
de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
Assim, por exemplo, do ITR que é instituído e cobrado pela União, 50% é repassado aos
Municípios. Se a União deixasse de criar este imposto ou revogasse a Lei que ora autoriza a sua
cobrança, não poderiam os Municípios instituir o ITR mesmo para os imóveis localizados em seus
territórios.
Aliás, mesmo que a União desejasse transferir sua competência para instituir o ITR aos
municípios, não poderia fazê-lo, pois a Competência Tributária é indelegável. Só as funções de
arrecadar e fiscalizar tributos podem ser transferidas de uma pessoa jurídica de direito público a
outra. Vejamos o que preceitua o artigo 7° do CTN: Art. 7º. A competência tributária é indelegável,
salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou
decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público
a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
Assim, as funções de fiscalizar e arrecadar o ITR podem ser transferidas aos Municípios. Isto
não implicaria em delegar o Poder de Legislar sobre este imposto.
Note-se que, a despeito de se tratar de uma Autarquia Federal, é com base neste dispositivo
que o INSS fiscalizava e arrecadava diversos tributos (no caso, contribuições) da competência
tributária da União. Havia, no caso, transferência de uma pessoa jurídica de direito público (a
União) para outra (o INSS) das funções de arrecadar e fiscalizar. O mesmo não pode ser dito das
funções exercidas pela Secretaria da Receita Federal, pois se trata de um órgão da própria União,

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ou seja, não é dotada de personalidade jurídica própria. É, portanto, a própria União que exerce tais
funções através de seu órgão especializado.
O § 1° do artigo 7° do CTN ainda preceitua que a atribuição de arrecadar e fiscalizar
compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito
público que a conferir.
Tais garantias e privilégios serão vistos em tópico próprio, mas para adiantar alguns exemplos
temos a presunção de certeza e liquidez da dívida ativa regularmente inscrita, a preferência do
crédito tributário em relação a qualquer outro e a não necessidade de concurso de credores ou de
habilitação em falência para sua cobrança judicial.
Como estabelece o § 2°, artigo 7°, a atribuição das funções de arrecadar e fiscalizar “pode ser
revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha
conferido”. E o § 3° prevê ainda que “não constitui delegação de competência o cometimento, a
pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos”. É com base neste
dispositivo que os bancos privados recebem o pagamento de tributos.

DAS PESSOAS POLÍTICAS

Como vimos, a competência tributária é, em síntese, a competência legislativa conferida a


uma Pessoa Política – dotada, portanto, de Poder Legislativo – para instituir tributos discriminados
a ela pela Constituição Federal.
A instituição de tributos é normalmente realizada por meio de lei ordinária. Há, porém, várias
exceções, como a instituição por lei complementar do imposto sobre grandes fortunas. Tais
exceções, contudo, devem ser expressas.
Diz-se que a competência tributária divide-se em:
Competência tributária comum: é aquela atribuída a mais de uma classe de Pessoas Políticas.
Assim, seria da competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios as taxas e as
contribuições de melhoria.
Competência tributária privativa: é a atribuída a uma só classe de pessoas políticas. São
exemplos os impostos especificamente discriminados pela Constituição: o Imposto de renda é da
competência privativa da União; o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, dos
Estados e Distrito Federal; e o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, dos
Municípios.
Competência tributária residual: é assim chamada a competência para instituir tributos
outros que não os especificamente previstos. É exemplo a competência conferida à União para criar
outros impostos além dos expressamente a ela discriminados.

Competência tributária extraordinária: é a conferida a uma Pessoa Política, mas que só pode
ser exercida em situações excepcionais e expressamente previstas. Temos como único exemplo, os
impostos de guerra da competência da União.
Registre, contudo, que há críticas doutrinárias acerca desta classificação. A rigor, não faria
sentido falar em competência comum para as taxas e privativas para impostos, uma vez que ambas
as espécies podem ser instituídas por qualquer um dos Entes Políticos, respeitadas as respectivas
competências. Há também os que afirmam não haver competência privativa dos Estados, Distrito
Federal e Municípios relativamente a impostos, posto que a União, em caso de guerra externa,
pode alcançar os mesmos fatos discriminados àqueles Entes.

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DA UNIÃO

A União detém a competência comum com os Estados, Distrito Federal e os Municípios para
instituir taxas e contribuições de melhoria. Tal competência, evidentemente, deve ser exercida
dentro de sua órbita de competência administrativa.
Na competência privativa da União, temos os empréstimos compulsórios, a grande maioria
das contribuições especiais e os sete impostos previstos no artigo 153 da Constituição Federal. Esta
competência será minuciosamente tratada ao longo deste trabalho.
Só a União possui competência residual para instituir impostos outros além daqueles de sua
competência privativa. É o artigo 154, inciso I, da Carta Constitucional que a prevê:
Art. 154 – A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam
não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;
Vale destacar que os impostos, pelo exercício desta competência, devem ser instituídos por
meio de lei complementar e não por lei ordinária. Não podem ser cumulativos, ou seja, de
“tributação em cascata”. E não podem apresentar fato gerador ou base de cálculo dos outros
impostos já expressamente discriminados, isto para evitar que a União invada a competência
privativa das outras Pessoas Políticas. Ressalte-se que a competência residual diz respeito a
impostos, e não a tributos em geral.
É da competência residual também o poder conferido à União de criar outras contribuições
para a seguridade social além daquelas previstas expressamente no art. 195 da Constituição
Federal. É o que determina o parágrafo 4° deste artigo. Veremos, no capítulo próprio, maiores
detalhes sobre o assunto.
À semelhança da competência residual, só a União dispõe de competência extraordinária
prevista no inciso II do mesmo artigo 154:

Art. 154 – A União poderá instituir:


(...)
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou
não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas
de sua criação.

Não obstante, no uso da competência extraordinária, ao contrário do que ocorre na


competência residual, a União pode invadir a competência privativa de outros Entes. Pode criar o
ICMS Federal, o IPTU Federal e assim por diante.
O motivo da criação deve ser a guerra externa. Assim, não é possível a criação de impostos
extraordinários na hipótese de guerra civil, vale dizer, guerra contra grupos nacionais.
Apesar de o artigo estabelecer que o imposto extraordinário deve ser suprimido,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação, não fixa o prazo máximo. Este é estabelecido
pelo CTN, no artigo 76, em cinco anos a partir da celebração da paz.

DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS

Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispõem de competência comum para


instituírem taxas e contribuições de melhoria relacionadas às suas respectivas competências
administrativas.

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Aos Estados e ao Distrito Federal, a Constituição confere competência privativa para instituir
os três impostos discriminados no artigo 155 da CF. Aos Municípios também são atribuídos
privativamente outros três impostos previstos no artigo 156 da CF.
Além de o Distrito Federal possuir a mesma competência dos Estados, como não é dividido
em Municípios, a Constituição (artigo 147 da CF) a este Ente também atribui a competência para
instituir os impostos municipais.

DOS TERRITÓRIOS FEDERAIS

A Competência Tributária nos Territórios Federais é tratada no artigo 147 da Constituição:

Art. 147 – Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território


não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais;

Desde a nova Constituição, não há no Brasil nenhum Território Federal, o que não significa a
impossibilidade de que um dia possam existir. Por isso, há esse expresso dispositivo constitucional
que atribui à União, nos Territórios Federais, a competência tributária dos impostos estaduais.
Nada mais natural. Os Territórios não são Entes da Federação, não possuem Poder Legislativo
e, assim, não há como exercerem competência tributária mediante a edição de lei.
Se o Território for dividido em Municípios, estes possuirão sua competência tributária própria
como aqueles localizados nos Estados. Do contrário, em Territórios que não possuem Municípios, a
competência dos impostos municipais também será da União.

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QUESTÕES

1. O que é competência tributária?


2. A competência tributária conferida pela CF, por si, só, autoriza a cobrança de tributo?
3. A pessoa política que não tem competência tributária para determinado tributo, pode ser
beneficiada do produto desse tributo?
4. A competência tributária é indelegável?
5. O que é competência tributária comum?
6. O que é competência tributária privativa?
7. O que é competência tributária residual?
8. O que é competência tributária extraordinária?
9. A lei ordinária pode criar impostos? E quando se tratar de competência residual?
10. Qual a pessoa política que detém a competência extraordinária?
11. Há alguma competência tributária que autoriza a invasão de competência de outras pessoas
políticas?
12. Em quanto tempo deve ser suprimido o imposto extraordinário?
13. Quais os impostos que podem ser criados pelo DF?

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