Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos essenciais para que seja possível sua
cobrança (hipótese de incidência, sujeitos ativo e passivo, base de cálculo e alíquota).Veja que a hipótese de
incidência, como elemento essencial na instituição dos tributos, prevê na lei uma situação que, ocorrida no
mundo real, dará origem ao fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a situação prevista em lei se
concretizar, houve incidência tributária (ocorre o fato gerador).
Basicamente, três diferentes institutos jurídicos podem excepcionar a regra, que é o pagamento do tributo. São eles: a
não incidência (que abrange as imunidades); a isenção; e a fixação de alíquota zero. Sob o aspecto jurídico, o fenômeno
da incidência está ligado à ocorrência na realidade fática da hipótese abstratamente prevista na lei tributária como
necessária e suficiente para o surgimento da obrigação tributária (CTN, art. 114).
Assim, a não incidência refere-se às situações em que um fato não é alcançado pela regra da tributação. Tal fenômeno
pode decorrer, basicamente de três formas:
a) o ente tributante, podendo fazê-lo, deixa de definir determinada situação como hipótese de
incidência tributária.
Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser considerado não incidência? Podemos
citar três situações:
1. A Ente possui compentência , mas não faz uso desta competência tributária que lhe foi conferida.
Podemos dizer que seria o caso de um tributo instituído “pela metade”, em que o ente não prevê todas
as hipóteses de incidência capazes de gerar a tributação; O ente não faz uso da competência
tributária. EX: U não instituiu o IGF
2. O Ente possui competência tributária, porém A CF delimitou o seu campo de incidência para
determinar certas situações fáticas como hipótese de incidência. Porém, Esta hipótese se refere a
situações que fogem do raio de incidência daquele tributo. Por ex, o IPVA não pode incidir sobre
bicicletas; Refere-se à delimitação que a CF conferiu, é um campo de incidência que o Ente não
possui competência para tributar tal fato.
3.
4. • A pessoa política é “barrada” pela CF/88. Ou seja, há certo dispositivo constitucional que inibe a
possibili dade de o ente prever aquela situação como hipótese de incidência do tributo. OBS: Aqui a
CF expressamen te veda que o campo de atuação do ente tributante. Inibindo certos fatos.
é a competência tributária negativa, ou, grosso modo, aquilo que a Constituição exclui do mundo dos
tributos
Todas as 3 situações acima se referem a não incidência tributária. Contudo, a última pode ser
considerada
como hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. Porisso, é denominada
IMUNIDADE.
Tanto na imunidade propriamente dita, como nas demais situações de não incidência, não há a
ocorrência do fato gerador. Guarde isso!
As imunidades são limitações ao poder de tributar, ou seja, são normas que restringem a competência tributária
das pessoas políticas (lembre-se: aquelas que podem instituir tributos), afastando de seu alcance pessoas, situações e
bens. É aquilo que o Estado não pode tributar, pois foi excluído de seu “campo tributável”. Por isso que se fala em
imunidade como sendo uma regra negativa de competência tributária: a Constituição veda que certas pessoas ou
base econômicas sejam tributadas. Em síntese, é a denegação da competência tributária.
ATENÇÃO!
O texto constitucional revela-nos as limitações constitucionais ao poder de tributar. Entenda-as como sendo um gênero, do qual
decorrem as espécies princípios e imunidades. Os princípios podem ser considerados os vetores fundamentais do Sistema
Tributário Brasileiro. Destinam-se a guiar a ação do legislador ordinário no fazimento das leis, bem como vincular a conduta
dos administradores públicos no caso concreto. Já as imunidades funcionam de forma mais concreta, mais incisiva, afinal são
verdadeiros entraves encontrados, pelo administrador, para sua ânsia na cobrança de tributos.
O enunciado do inc. VI do art. 150 da CF/88, ao afirmar que “é vedado à U, E, DF e M instituir impostos sobre (...)”,
cria norma direcionada as pessoas políticas desautorizando-as a criar impostos nos casos previstos nas alíneas
“a” a “e”.
As normas gerais de Direito Tributário, assim, não ampliarão nada do que se encontra consagrado na
Constituição, competência tributária e imunidade tributária.Sendo assim as normas gerais de direito tributário,
quando regularem as ditas limitações constitucionais ao poder de tributar, relativamente à imunidade tributária, apenas
estabelecerão critérios para o gozo desse direito público subjetivo de não ser tributado por meio de LC. os requisitos
para o gozo da imunidade devem ser trazidos por Lei Complementar,
O instituto da imunidade tributária deve ser entendido como uma espécie de privilégio, pois protege valores
sociais e políticos da Constituição Federal, tais como a liberdade de expressão e a difusão de conhecimentos
Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte , é vedado à U, E/DF e M (…)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
Por fim, além do conceito de imunidade como competência tributária negativa, é importante saber que o Supremo
Tribunal Federal também as enxerga por outra perspectiva: a de garantias constitucionais. Vale a pena transcrever
parte do voto do Ministro Celso de Mello, na ADI n° 939/DF:
JURISPRUDÊNCIA
Não se pode desconhecer, dentro desse contexto, que a imunidades tributárias de natureza política destinam-se a conferir
efetividade a determinados direitos e garantias fundamentais reconhecidos e assegurados às pessoas e às instituições.
Constituem, por isso mesmo, expressões significativas das garantias de ordem instrumentais vocacionadas, na especificidade
dos fins a que se dirigem, a proteger o exercício da liberdade sindical, da liberdade de culto, da liberdade de organização
partidária, da liberdade de expressão intelectual e da liberdade de informação. A imunidade tributária não constitui um fim em
si mesma.
Antes representa um poderoso fato de contensão do arbítrio do Estado na medida em que esse postulado da Constituição,
inibindo o exercício da competência impositiva pelo Poder Público, prestigia, favorece e tutela o espaço em que florescem
aquelas liberdades públicas.
Cumpre não desconhecer, neste ponto, a grave advertência lançada pelo saudoso Min. Aliomar Baleeiro (‘Limitações
Constitucionais ao Poder de Tributar’, p. 191, 5ª Ed., 1977, Forense), para quem revela-se certo inquestionável o fato de que
‘...o imposto pode ser meio eficiente de suprimir ou embaraçar a liberdade de manifestação do pensamento, a crítica aos
governos e homens públicos, enfim, de direitos que não são apenas individuais, mas indispensáveis à pureza do regime
democrático.
Em resumo, pode se dizer que a imunidade é norma constitucional que exclui do poder tributar algumas
situações, delimitando sua competência negativamente, que a não incidência importa na ausência de previsão
(qualificação) de determinado fato ou operação como hipótese de incidência, que a isenção é a exclusão do
crédito tributário pela vontade própria do ente tributante e que alíquota zero é o fato gerador que tem um
crédito nulo ou sem valor econômico.
ISENÇÃO
Precisamos nos atentar ainda para o conceito de isenção. Trata-se de um benefício fiscal concedido pelo ente
político, por intermédio de lei específica.Ou seja, é a dispensa legal do pagamento do tributo, sendo
considerada uma decisão política.
Neste caso, há uma hipótese de incidência previs. na lei que instituiu o tributo e, por esse motivo, o FG ocorre
Contudo, o tributo não vem a ser cobrado, pois a isenção é uma hipótese de exclusão do crédito tributário.
O que importa saber é que a isenção decorre do exercício da competência tributária e o FG tributo chega a
ocorrer, e a obrigação tributária chega a existir. Isto é, o ente poderia cobrar aquele tributo, mas deci de isentar
os contribuintes, mediante a edição de uma lei. Nesta aula, estamos adotando a doutrina clássica, pois é o
posicionamento adotado pelo STF (ADI 286).
Há divergência doutrinária sobre a existência ou não da obrigação tributária nos casos de isenção.
A doutrina clássica, preconizada por Amílcar de Araújo Falcão, dentre outros, defende que a isenção
constitui apenas em dispensa legal do pagamento do tributo, isto é, o fato gerador ocorre, a obrigação
tributária chega a existir, mas não o crédito tributário, tendo em vista que ocorre a sua exclusão, nos
termos do art. 175, I, do CTN. Esta é a linha adotada pelo STF (ADI 286).
A imunidade é uma delimitação da competência tributária, ou melhor, uma limitação constitucional ao poder de
tributar, posicionando-se ao lado dos princípios constitucionais tributários. Ou seja, existe um limite além do qual o
ente instituidor não pode tributar, por expressa disposição constitucional. Vimos também que não ocorre o fato gerador
neste caso.
Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada pela CF/88 para tratar das imunidades, visto
que o simples fato de estar no texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade.
Neste sentido, o STF já decidiu que, embora o art. 195, § 7°, da CF/88, mencione a palavra “isentas”, a interpretação
que deve ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade.
É a competência tributária negativa, ou, grosso modo, aquilo que a Constituição exclui do mundo dos tributos.
As imunidades estão sempre previstas na Constituição e obstam o exercício da atividade legislativa do ente estatal
(nega o poder de tributar).
O conceito de não incidência, por seu turno, refere-se a todas aquelas situações que a norma jurídica tributária deixou
de contemplar, isto é, a sua abrangência. Aquilo que não está abarcado pela norma tributária, mas poderia estar. São
situações que não são contempladas pelo conjunto de hipóteses tributáveis existentes, ficando fora do limite de tributa
ção autorizado aos entes federativos.
A imunidade, é a competência tributária negativa, ou, grosso modo, aquilo que a Constituição exclui do mundo dos
tributos. Assim, as pessoas, fatos ou operações imunizados estão fora do alcance do poder de tributar, por força de uma
norma constitucional que proíbe o legislador constitucional de tributar. Não há qualquer possibilidade de o legislador
infraconstitucional determinar a incidência tributária sobre situações imunes. As imunidades estão sempre previstas na
Constituição e obstam o exercício da atividade legislativa do ente estatal (nega o poder de tributar).
A isenção pressupõe a incidência da norma tributária. O fato gerador ocorre, a obrigação nasce por força da subsunção
lógica da norma de tributação. No entanto, o crédito tributário é excluído (não pode ser cobrado). A norma isentiva vem
justamente para afastar a possibilidade de cobrança por motivos de política tributária. Perceba que a isenção se encon
tra na esfera da competência tributária. O legislador exerce sua competência, cria uma situação de incidência e, em
seguida, cria uma norma para excluir o crédito. A isenção se encontra dentro do poder de tributar e é sempre prevista
em lei infraconstitucional (ordinária ou complementar).
A alíquota zero não se consubstancia em caso de exclusão do crédito tributário (isenção), nem em não incidência. Na
realidade, o fato gerador ocorre, mas seu elemento quantitativo, relativo à alíquota, é modulado de maneira que a
obrigação tributária não gere qualquer crédito. Geralmente, a alíquota zero é usada nos impostos com fim extrafiscal,
nos quais a fixação de alíquotas tem a função de regular o mercado, como acontece, por exemplo, no imposto de
importação.Por fim, a alíquota zero não se consubstancia em caso de exclusão do crédito tributário (isenção), nem em
não incidência. Na realidade, o fato gerador ocorre, mas seu elemento quantitativo, relativo à alíquota, é modulado de
maneira que a obrigação tributária não gere qualquer crédito. Geralmente, a alíquota zero é usada nos impostos com
fim extrafiscal, nos quais a fixação de alíquotas tem a função de regular o mercado, como acontece, por exemplo, no
imposto de importação.
Em resumo, pode se dizer que a imunidade é norma constitucional que exclui do poder tributar algumas situações,
delimitando sua competência negativamente, que a não incidência importa na ausência de previsão (qualificação) de de
terminado fato ou operação como hipótese de incidência, que a isenção é a exclusão do crédito tributário pela vontade
própria do ente tributante e que alíquota zero é o fato gerador que tem um crédito nulo ou sem valor econômico.
RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 66
EMENTA: IPVA. ARRENDAMENTO MERCANTIL. A IMUNIDADE PREVISTA NO ART. 150, VI, “A” A “C”, §§ 2º E
4º DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL CONDICIONA-SE À EFETIVA E EXCLUSIVA
UTILIZAÇÃO DO VEÍCULO AUTOMOTOR EM ATIVIDADES RELACIONADAS COM AS FINALIDADES
ESSENCIAIS DAS ENTIDADES IMUNES.
DOE de 13.07.11
O art. 150, VI, “a” a “c”, §§ 2º e 4º da Constituição da República Federativa do Brasil, identifica as entidades alcançadas pela
imunidade e define que esta compreende somente o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades
essenciais das entidades que menciona.
Questiona-se se a imunidade estende-se ao veículo submetido ao regime de arrendamento mercantil (leasing).
O art. 2° da Lei 7.543, de 30 de dezembro de 1988, caracteriza o fato gerador do imposto como “a propriedade, plena ou não, de
veículo automotor de qualquer espécie”. Assim sendo, o contribuinte (art. 3°) é identificado como “o proprietário do veículo
automotor”. Ele é que tem relação pessoal e direta com a situação que constitui o respectivo fato gerador - propriedade do
veículo automotor (CTN, art. 121, parágrafo único, I).
Por outro lado, o art. 3°, § 1°, III, do mesmo diploma, dispõe que é responsável pelo pagamento do imposto e acréscimos legais,
“o arrendatário, no caso de veículo cedido pelo regime de arrendamento mercantil.”
O Código Tributário Nacional em seu art. 121, parágrafo único, II dispõe que “O sujeito passivo da obrigação principal diz-se
responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa em lei.”
É o caso que se apresenta. E a previsão da Lei nº 7.543, de 1988 se justifica ao alçar o arrendatário à posição jurídica
equivalente à de devedor principal, na condição de responsável tributário, por ter este relação com o devedor e, também, com o
fato gerador da obrigação tributária.
E, sendo assim, o veículo automotor que a entidade imune detém a posse, na condição de arrendatário, com uso efetivo e
exclusivo nas atividades relacionadas com as finalidades essenciais de tal entidade, não sofrerá incidência do IPVA.
Para tanto, com a finalidade de operacionalizar a concessão da referida imunidade, a legislação tributária catarinense define
procedimentos para o reconhecimento da imunidade do veículo por ela alcançado, matéria que está disciplinada nos arts. 5º e 7º
do Regulamento do IPVA/SC, aprovado pelo Decreto nº 2.993, de 1989.
Assim colocada a questão, como a imunidade prevista no art. 150,VI, “a” a “c” , §§ 2º e 4º da Carta Magna deve ser entendida na
hipótese de arrendamento mercantil?
A finalidade almejada pelo legislador constituinte foi beneficiar o veículo automotor utilizado, exclusivamente, em atividades
relacionadas com as finalidades essenciais das pessoas imunes. Se for negada a aplicação da imunidade no caso de
arrendamento mercantil, estar-se-ia frustrando tal finalidade. É certo que a propriedade do veículo não é do arrendatário, mas é
certo, também, que é ele quem detém o domínio direto sobre a propriedade desse veículo e, assim, desde que aplicado na
finalidade referida pela lei, o veículo estará alcançado pela imunidade, até porque, se não o fosse, quem arcaria com o ônus do
imposto incidente sobre o veículo seria a própria entidade imune, que é responsável tributária, por força da lei tributária
catarinense.
Do que se conclui, que entre as possibilidades lingüísticas compreendidas na norma, deve ser escolhida aquela que atenda à
sua dimensão teleológica. Com efeito, a imunidade condiciona-se à finalidade do veículo automotor utilizado em atividades
relacionadas com as finalidades essenciais das entidades imunes, não importando quem seja o seu proprietário. À evidência, a
retomada do veículo pela arrendante, por inadimplência do arrendatário ou outro motivo, e sua destinação à finalidade diversa da
contida no descritor da norma exonerativa, faz cessar a incidência do benefício.
A imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas pela legislação tributária. As
obrigações acessórias são condutas impostas ao contribuinte, que não possuem caráter pecuniário,
criando obrigações de “fazer” ou “deixar de fazer” algo no interesse da arrecadação e fiscalização.
• A não incidência tributária pode ocorrer de formas distintas, a saber: a pessoa política não faz uso da
competência tributária que lhe foi conferida; a pessoa política não possui competência tributária para
determinar certas situações fáticas como hipótese de incidência; e a pessoa política é impedir de tributar
determinado fato pela própria CF/88. Neste último caso, temos a imunidade tributária.
• A isenção, por outro lado, decorre do exercício da competência tributária. Trata-se de situação que, a
princípio seria tributada, mas que, por decorrência de lei específica do ente competente para instituir o
tributo, se torna isenta.
As obrigações acessórias não dependem da obrigação principal, são autônomas. Por isso, a dispensa da
obrigação principal, seja pela isenção ou imunidade, não dispensa o contribuinte de continuar cumprindo
obrigações acessórias que tenham relação com o tributo objeto do benefício fiscal concedido.
a imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias
instituídas pela legislação tributária.
Nesse sentido, para o STF (RE 250.844), “exigir de entidade imune a manutenção de livros fiscais é
consentâneo com o gozo da imunidade tributária
Em maio de 2020, o STF também decidiu (ACO 1098, Informativo 980) que não há violação ao princípio da
legalidade, caso as obrigações acessórias sejam instituídas por atos infralegais.
A doutrina tradicional divide os elementos constitutivos da obrigação tributária em dois grupos o subjetivo e o
objetivo. O subjetivo se refere aos sujeitos da relação jurídico-tributária (o sujeito ativo – o Estado – e o
sujeito passivo – que pode ser o contribuinte ou o responsável), enquanto que objetivo é representado pela
situação de fato, com seus elementos material, espacial, temporal e quantitativo. Para a classificação das
imunidades, o importante é conhecer o elemento material, o qual é a definição prevista em lei que descreve a
conduta, fato ou operação que permite o surgimento da obrigação tributária.
É a famosa hipótese de incidência, que sempre recairá sobre um bem ou um fato. Assim, o elemento material
do IR é auferir renda - a renda é objeto da tributação -, e do IPTU é ser dono de imóvel urbano - a propriedade
como objeto da tributação -, enquanto que o do ICMS é promover a circulação de mercadoria - a mercadoria
como objeto da tributação - e assim por diante.
As imunidades subjetivas O legislador constituinte, ao estabelecer as imunidades, toma como base parâmetros
que podem levarem consideração as pessoas beneficiadas pela exceção (imunidades subjetivas); os objetos
cuja tributação é impedida (imunidades objetivas) ou as duas coisas ao mesmo tempo (imunidades mistas).
A título de exemplo, a regra imunizante que impede a tributação de patrimônio, renda ou serviços dos entes
políticos (CF, art. 150, VI, a) é subjetiva (ou pessoal), pois um veículo pertencente ao Município de São Paulo
não pode ser tributado por conta do ente a que pertence. Se tal veículo for vendido a um particular,
automaticamente passa a ser sujeito ao IPVA, o que demonstra que não é o bem que é imune, mas sim a
pessoa que é sua proprietária.
É importante registrar que a imunidade subjetiva não exime as pessoas por ela protegidas do
dever de pagar tributo na condição de responsáveis.
Imunidade objetiva, pode-se citar a que protege os livros, jornais periódicos e o papel destinado à sua impres
são (CF, art. 150, VI, d). Não importa quem é o proprietário do livro, quem vende, quem compra. Se é livro, é
imune.
O mesmo ocorre com as receitas de exportação que não se sujeitam à cobrança de contribuições sociais e de
intervenção no domínio econômico, conforme impõe o art. 149, § 2º, inc. I. Não importa quem aufira a receita
de exportação, elas serão sempre imunes à tributação.
Imunidade mista é aquela que impede a incidência do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)
sobre pequenas glebas rurais, assim definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro
imóvel (CF, art. 153, § 4.º, II).
Tal imunidade é mista porque depende de aspectos subjetivos (o proprietário possuir apenas um
imóvel) e objetivos (a área da pequena gleba estar dentro dos limites da lei).
As imunidades ontológicas são aquelas que decorrem do princípio da isonomia e do pacto federativo. Ou
seja, são imunidades que, ainda que não houvesse sua previsão constitucional, existiriam.
Nesse sentido, podemos adotar como exemplo a imunidade recíproca. Repare que tal imunidade busca
preservar a autonomia financeira dos entes federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto federativo.
Por outro lado, as imunidades políticas são aquelas que só existem por decisão expressa do legislador
constituinte. Isso não quer dizer que elas não protegem outros princípios constitucionais. Por exemplo, a
imunidade cultural impede a cobrança de imposto sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à
sua impressão.quelas cuja existência independe de previsão expressa no texto constitucional, isto é, ainda que
fossem suprimidas, subsistiriam em virtude de estarem ligadas a princípios constitucionais considerados
relevantes, como por exemplo, o pacto federativo ou o princípio da capacidade contributiva. Assim, a doutrina
classifica como ontológicas as imunidades conferidas às instituições de educação e assistência social sem fins
lucrativos (art. 150, VI, “c”), ante sua falta de capacidade contributiva. Do mesmo modo, é considerada
ontológica a imunidade recíproca entre os entes políticos (art. 150, VI, “a”), por se configurar como cláusula
pétrea do pacto federativo.
Por sua vez, as imunidades políticas contrapõem-se às ontológicas, por não serem consequências necessárias
de um princípio constitucional. Elas somente serão reconhecidas se estiverem expressamente previstas no
texto constitucional, mesmo que tenham por fim proteger outros princípios constitucionais. Enquadra-se neste
conceito, por exemplo, a imunidade referente aos livros, jornais, periódicos e ao papel destinado à sua
impressão, prevista no art. 150, VI, “d”.
Não se pode deixar de apontar aqui a fragilidade do critério “decorrência necessária de princípio
constitucional”. Nos dois primeiros exemplos, entende-se que a imunidade é ontológica, pois decorreria dos
princípios da capacidade contributiva e do pacto federativo. No segundo exemplo, entende-se que, embora a
imunidade de livros, jornais, periódicos e ao papel destinado à sua impressão tenha por fim proteger a
liberdade de expressão, de informação e de difusão do conhecimento, todos direitos e garantias
constitucionais erigidos à categoria de cláusula pétrea, ela não seria decorrência lógica dos mencionados
princípios. Ora, realmente não seria?
Não é possível ignorar a ausência de certeza no critério em comento e sua fragilidade, que permitem que a
classificação se dê mais em função da subjetividade de classificador do que do critério em si. Ademais, é
preciso ter em mente que não há no Direito brasileiro, ao menos até o momento, o reconhecimento por parte
dos tribunais, de uma imunidade ontológica[4].
imunidade recíproca. Repare que tal imunidade busca
preservar a autonomia financeira dos entes federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto federativo.
Imunidades incondicionadas são aquelas que prescindem da criação de norma infraconstitucional para que
venham a produzir seus efeitos. Em outras palavras, são as imunidades que geram efeitos de imediato, não
demandando que seja elaborada lei ordinária ou complementar que estabeleça as condições ou requisitos para
sua fruição. É o que ocorre com as imunidades dos entes políticos, prevista no art. 150, VI, “a”, da CF/1988.
Em oposição, as imunidades condicionadas ou não autoaplicáveis são aquelas que, embora previstas na
Constituição (como todas o são), dependem, para atingir sua plena eficácia, de complementação legislativa. É o
que o ocorre, por exemplo, com a imunidade prevista no art. 150, VI, “c”, que estabelece que é vedada a instituição
de impostos sobre o “patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei”. Sob esta perspectiva, a norma em comento teria eficácia limitada, ou seja, é aquela que não
produz efeitos imediatamente por necessitar de integração legislativa. Em suma, estão condicionadas à elaboração
de legislação que estabeleçam os requisitos para sua configuração.
Sobre este tema, é importante saber que boa parte da doutrina entende que todas as normas referentes às
imunidades são autoaplicáveis e que, portanto, teriam eficácia, ao menos contida - aquela norma que tem
aplicabilidade direta e imediata, mas é passível de restrição por normatividade infraconstitucional. Sob este
prisma, tais imunidades são muitas vezes denominadas de “condicionáveis”, no sentido de que a lei
infraconstitucional que a regulará poderá, ao estabelecer os requisitos, condicionar sua fruição, isto é, conter seus
efeitos. Para esta corrente, caso haja omissão legislativa, a fruição do beneficio não estará inviabilizada.
Todavia, cumpre esclarecer que o Supremo Tribunal Federal, quando instado a se manifestar sobre o extinto art.
153, § 2º, II, da CF/1988, que tratava da vedação à incidência de imposto de renda, nos termos e limites fixados em
lei, sobre “rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela previdência social da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos, cuja renda total
seja constituída exclusivamente, de rendimentos do trabalho”, apresentou entendimento divergente, decidindo
pela eficácia limitada da norma imunizante.
Embora a EC n° 20/98 tenha revogado o aludido dispositivo antes que lei infraconstitucional o regulasse e
permitisse o seu gozo, o STF pronunciou-se pela sua não autoaplicabilidade. Eis a ementa do acórdão:
EMENTA: IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. PROVENTOS. BENEFICIÁRIOS COM IDADE SUPERIOR A SESSENTA E CINCO
ANOS. ART. 153, § 2º, INC. II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI Nº 7.713/88. O Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do Mandado de Segurança 22.584 (Sessão do dia 17.04.97), proclamou entendimento no sentido de
que o art. 153, § 2º, II, da Constituição Federal, ao estabelecer que o imposto de renda "não incidirá, nos
termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela
previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a pessoa com idade superior a
sessenta e cinco anos, cuja renda total seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do trabalho", não é
auto-aplicável, estando a depender de lei que fixará os termos e os limites dessa não-incidência. E, até que
advenha a lei regulamentando o exercício desse direito, continuam válidos os limites e restrições fixados na
Lei nº 7.713/88 com suas posteriores alterações.
Recurso extraordinário conhecido, mas improvido. (RE 200485, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma,
julgado em 09/12/1997, DJ 20-03-1998 PP-00011 EMENT VOL-01903-06 PP-01087)
IMUNIDADE RECÍPROCA