Você está na página 1de 28

DIREITO TRIBUTÁRIO - Limitações do Poder de Tributar: Imunidades

Material Customizado da obra original de (DEGRAZI e RIBAS, 2022)

LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR: IMUNIDADES

A imunidade tributária é uma norma constitucional que impede o exercício da competência


tributária pelos entes políticos.
De acordo com Eduardo Sabbag, em seu Manual de Direito Tributário, a imunidade para
tributos representa uma delimitação negativa de competência tributária.
Para a completa compreensão do fenômeno, então, é necessário antes entender o que 1
vem a ser a competência tributária.
Nas aulas anteriores, vimos que a competência tributária está prevista na Constituição
Federal e representa o direito concedido aos entes políticos para instituição dos respectivos
tributos por meio de lei.
Existindo a previsão para a criação de tributos, há que se compreender que tais normas
de competência são normas positivas do exercício da tributação.
Até por isso, então, que o mestre qualifica a imunidade como uma delimitação negativa:
impede o efeito da norma positiva, que autoriza a criação do tributo.
Como só a Constituição pode definir as competências tributárias dos entes políticos, só
ela – a Constituição – pode limitar essa atuação.
E, como também se depreende da assertiva do mestre, o faz por meio das normas imuni-
zantes, negativas ou impeditivas, da competência.
A imunidade atua, pois, no desenho da competência tributária.
Nos dizeres de George Firmino, em seu Curso de Direito Tributário, “Os Estados são
competentes para instituir o ICMS, por exemplo. Mas não podem instituí-lo sobre a circulação
de livros, pois a CF define em seu art. 150, VI, d, esta vedação.”
Por traçar esses limites à competência tributária, as imunidades são espécies de
limitações constitucionais ao poder de tributar, ao lado dos princípios.
Ainda nos dizeres de Firmino, “a imunidade é definida na própria Constituição
Federal, eis que somente ela pode conferir a competência aos entes e, por conseguinte,
somente ela pode traçar seus limites. Trata-se, pois, de uma limitação constitucional ao
poder de tributar.”
Fixado este ponto, é crucial entender também outra concepção: além de delimitar a com-
petência tributária, as normas imunizantes conferem um direito público subjetivo às
pessoas por elas beneficiadas.
Decorrência lógica dessa assertiva é que não podem, então, sofrer nenhuma restrição
pelo intérprete ou pela lei que não esteja expressamente prevista na própria Constituição
Federal.
Essa característica, ademais, impede que as limitações ao poder de tributar sejam
abolidas do Texto Maior pelo poder geral de reforma constitucional. Não pode, assim, o
Poder Constituinte Derivado, por meio de Emenda à Constituição, retirá-las do ordenamento
jurídico, nem mesmo restringi-las. São verdadeiras garantias constitucionais às
pessoas/operações beneficiadas.
Temos então um critério dúplice extraível dessas normas imunizantes, um relacionado
com a ideia de normas negativas de competência e outro relacionado com um direito
público subjetivo do beneficiário.
Falamos de aspecto formal quando entendemos as imunidades como normas negativas
de competência e de um aspecto material quando as entendemos como direito público
subjetivo.
Importante mencionar que o texto constitucional, apesar de tudo, não utiliza o vocábulo
“imunidade” para se referir aos conceitos anteriormente explicitados.
Em verdade, o legislador original se utiliza de diversas outras expressões como “não incidi-
rá”, “não incide”, “isentas” e “é vedado instituir impostos sobre” .
Partindo dessas concepções iniciais, entretanto, não se pode confundir a imunidade com 2
outros institutos exonerativos (mesmo quando a própria Constituição os utiliza em seu texto
com má técnica legislativa).
É o que será visto no próximo tópico.

1.1. Distinções entre os institutos Da isenção, Da não incidência


simples e Da imunidade

Como visto, a imunidade é delimitada apenas pela Constituição Federal.


Em termos conceituais, pode ser tratada como uma não incidência de qualificação
constitucional.
Portanto, temos um campo amplo da não incidência tributária, que abrange a não
incidência simples e a imunidade, sem confundi-las.
Quando falamos de não incidência simples, falamos de fatos jurídicos que não estão
previstos na norma de incidência tributária ou fatos que não estão compreendidos no âmbito
de competência do ente tributante.
A principal diferença entre a não incidência simples e a imunidade é que aquela
pode, a qualquer momento, passar ao campo da incidência tributária, inclusive por
meio de normas legais, e esta não.
A imunidade, como dito, está fora do âmbito da competência tributária.
Já a isenção, diferentemente, corresponde a uma dispensa legal do pagamento do
tributo, e será estudada com mais profundidade adiante em nosso curso.
Na isenção, o ente político possui a competência para instituir o tributo delimitado
pela Constituição, emite a lei respectiva com a situação que prevê a incidência, mas
depois por meio legal determina expressamente que haverá a exclusão do crédito
tributário impedindo o lançamento.
Na imunidade, não há fato gerador, não nasce a obrigação tributária, não há sequer a
delimitação da hipótese de incidência em abstrato na lei que institui o tributo. Ademais, não
se pode cogitar de tal situação se inserir no âmbito da competência.
Note o seguinte dispositivo Constitucional que traz uma imunidade:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Na não incidência simples, não há fato gerador, não nasce a obrigação tributária, não
há sequer a delimitação da hipótese incidência em abstrato na lei que institui o tributo.
Entretanto, tais situações podem vir a se tornar parte da norma de incidência. Note o
dispositivo da Lei n. 8.821 de 1989 do Estado do Rio Grande do Sul.

Art. 6º O imposto não incide:


II – na renúncia à herança ou legado, desde que feita sem ressalvas, em benefício do monte e não
tenha o renunciante praticado qualquer ato que demonstre aceitação;

Na isenção, diferentemente, há previsão legal da hipótese tributária, ocorre a incidência,


qualifica-se o fato gerador, nasce a obrigação tributária, mas o crédito não é constituído por 3
expressa delimitação legal isentiva. Note o dispositivo do Regulamento do ICMS do Estado do
Rio Grande do Sul:

Art. 9º São isentas do imposto as seguintes operações com mercadorias:


I – recebimentos, por estabelecimento comercial ou produtor, de reprodutores e/ou matrizes de
animais vacuns, ovinos, suínos ou bufalinos, puros de origem, puros por cruza ou de livro aberto
de vacuns, importados do exterior pelo titular do estabelecimento, em condições de obter registro
genealógico oficial no País;

IMUNIDADE NÃO INCIDÊNCIA ISENÇÃO

Não há fato gerador Não há fato gerador Há fato gerador

Nasce a obrigação
Não nasce a obrigação Não nasce a obrigação tributária, mas lei isentiva
tributária tributária prevê que o crédito não
será constituído

Não há possibilidade A situação pode vir


Há o exercício da
de ser objeto de a sofrer incidência
competência tributária
competência tributária tributária

Prevista na CF/88 - Prevista em lei

1.2. Classificação Das imunidades

A doutrina classifica as imunidades com base em diversos critérios, sendo o mais utiliza-
do em provas de concursos, a classificação como base em seu destinatário, que as relaciona
como objetivas, subjetivas ou mistas.
Inobstante isso, há ainda algumas outras classificações correntes na doutrina que, por sua
cobrança eventual, são necessárias para o estudo de provas de alto nível de exigência.
São elas, nas palavras de Francisco Leite Duarte: “Assim, quanto ao seu destinatário, as
imunidades podem ser objetivas, subjetivas ou mistas; quanto ao fato de decorrerem ou
não de princípios (origem), se classificam em imunidades ontológicas e imunidades
políticas; quanto à dependência de norma para lhe dar completude, são condicionadas ou
incondicionadas. Quanto ao alcance, são classificadas em imunidades gerais e
específicas.”
Vamos esmiuçar os aspectos importantes de cada uma dessas classificações.

1.3. Imunidades quanto ao Destinatário

É objetiva a imunidade que se aplica a determinados bens, rendas ou serviços. Na


imunidade objetiva não importa quem é o sujeito. Nesse tipo de imunidade, a competência
do ente tributante é afastada em face do objeto a ser tributado.
É o caso da imunidade dos livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua impressão
4
(art. 150, VI, d) por exemplo:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

De outra banda, na imunidade subjetiva ou pessoal, a tributação é afastada em razão do


sujeito que realiza o ato.
É o caso, por exemplo, da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a), na qual os entes
públicos estão com seus patrimônios, rendas e serviços imunes à instituição de impostos.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.

Já as imunidades mistas combinam características das duas anteriores, sendo determi-


nante para sua implementação não só a característica do sujeito como também o fato,
bem ou situação previstos na norma imunizante.
Tome como exemplo a imunidade do ITR sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei,
quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel (art.
153, §4º).
Temos um critério objetivo, a pequena gleba rural, e um critério subjetivo, qual seja, a
exploração pelo proprietário.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
II – não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que
não possua outro imóvel.

1.4. Imunidades quanto à origem

Se necessariamente decorrentes de princípios constitucionais, as imunidades são classifi-


cadas como ontológicas.
Por serem corolários desses princípios constitucionais, as imunidades ontológicas não
decorrem necessariamente de dispositivos expressos, podendo estar, inclusive, implícitas
no corpo constitucional.
Tome como exemplo a imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a ), na qual é levado
em consideração o próprio conceito de Federação, ou seja, a necessária realização do
princípio federativo, havendo o impedimento da instituição de impostos sobre o patrimônio,
renda ou serviços dos entes políticos.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

Como, afinal de contas, realizar o princípio federativo se houver possibilidade de imposição 5


de impostos aos entes políticos?
A imunidade tributária recíproca, é por esse viés, decorrência necessária do princípio
federativo; por isso, então, ontológica.
Se, por outro lado, as imunidades são instituídas para proteger determinado princípio,
serão consideradas imunidades políticas, razão pela qual a doutrina considera as imunidades
dos templos de qualquer culto, das entidades sindicais de trabalhadores, entre outras, nessa
categoria.
Nesse aspecto, decorrem de normas necessariamente expressas no texto
constitucional.
Note que a diferença reside especificamente na decorrência necessária ou não de um
princípio.
Por exemplo, a imunidade dos templos de qualquer culto é opção política do constituinte
originário em proteger o princípio do livre exercício dos cultos religiosos expresso na CF/88,
art. 5º, inciso VI.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

Ocorre que, caso não estivesse presente de forma literal no texto constitucional, sua dedu-
ção não seria necessária para a realização do princípio respectivo.

1.5. Imunidades quanto à dependência De norma para lhe Dar


Completude

As imunidades são classificadas nesse ponto, segundo a doutrina tradicional, como con-
dicionadas quando necessitam de lei integrativa infraconstitucional para fruição de alguns de
seus aspectos ou incondicionadas quando autoaplicáveis, sem nenhuma necessidade de
lei para sua total implementação.
Assim, normas incondicionadas seriam de eficácia plena e de aplicabilidade imediata,
enquanto as normas condicionadas seriam de eficácia limitada, de acordo com a posição
do STF em julgado antigo no qual analisou a fruição do benefício no que se refere ao imposto
de renda:
EMENTA: IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. PROVENTOS. BENEFICIÁRIOS COM IDADE
SUPERIOR A SESSENTA E CINCO ANOS. ART. 153, § 2º, INC. II, DA CONSTITUIÇÃO FEDE-
RAL. LEI N. 7.713/88. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de
Segurança 22.584 (Sessão do dia 17.04.97), proclamou entendimento no sentido de que
o art. 153, § 2º, II, da Constituição Federal, ao estabelecer que o imposto de renda “não
incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de
aposentadoria e pensão, pagos pela previdência social da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos,
cuja renda total seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do trabalho”, não é
autoaplicável, estando a depender de lei que fixará os termos e os limites dessa não
incidência. E, até que advenha a lei regulamentando o exercício desse direito, 6
continuam válidos os limites e restrições fixados na Lei n. 7.713/88 com suas
posteriores alterações. Recurso extraordinário conhecido, mas improvido.
(RE 200485, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 09/12/1997,
DJ 20-03-1998 PP-00011 EMENT VOL-01903-06 PP-01087).

Temos como exemplo de norma condicionada a referente à vedação da instituição de im-


postos sobre as instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos, expressa
na CF/88, art. 150, VI, c, o qual impõe para a concessão do benefício que sejam atendidos
os requisitos da lei.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sin-
dicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei.

1.6. Imunidades quanto ao alcance

Imunidades podem ser, quanto ao alcance ou amplitude, caracterizadas como genéricas


ou gerais e específicas ou tópicas.
As denominadas genéricas – que se aplicam não só a todos os impostos sobre o patri-
mônio, renda e serviço como também a todos os entes políticos – se concentram, de acordo
com a melhor doutrina, no art. 150, VI da Constituição Federal, e seus parágrafos §2º, §3º e
§4º, a saber:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sin-
dicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou litero-
musicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial
de mídias ópticas de leitura a laser.
§ 2º A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e
aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas apli-
cáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou
tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativa-
mente ao bem imóvel.
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
7
As imunidades específicas, por sua vez, como a própria classificação informa, relacionam-
-se apenas a um ente político ou a um tributo.
Estão dispersas pelo corpo constitucional e podem aparecer em face de uma contribuição
especial (art. 195, §7º, CF /88) ou até de uma taxa (art. 5º, XXXIV, a, CF/88), por exemplo.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência


social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

No que diz com as imunidades genéricas ou gerais, detalharemos o tema nos próxi-
mos tópicos.

1.7. Imunidades genéricas Do art. 150, VI, Da CF/1988

1.7.1. Imunidade Tributária Recíproca

De acordo com o disposto na CF/88, art. 150, vi, a, é vedado à União, aos estados, ao
DF e aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.

Tal imunidade, como se vê, além de genérica é eminentemente subjetiva, ontológica,


incondicionada e relacionada aos Entes Políticos da Federação.
Ademais, por ser ontológica e decorrer do princípio federativo, tal imunidade é considerada
cláusula pétrea.
A amplitude do benefício ali delimitado impossibilita, nesse caso, a invocação da classifi-
cação de impostos dada pela legislação infraconstitucional para fins de se restringir a fruição
da imunidade.
Tal assertiva é importante, visto que o Código Tributário Nacional em alguns casos, como
no do IOF, (art. 63 do CTN), o considera como tributo incidente sobre a produção e a
circulação. A posição do STF é consolidada quanto à abrangência da imunidade, tanto em
relação ao IOF quanto a outros impostos que possuem como base de incidência a produção
e a circulação, como o IPI e o II.
Na dicção do STF, “a referência a patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, contida na
alínea em comento, tem o alcance de afastar a cobrança de todo e qualquer imposto”.

IMPOSTO – IMUNIDADE RECÍPROCA – Imposto sobre Operações Financeiras. A 8


norma da alínea “a” do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal obstaculiza a
incidência recíproca de impostos, considerada a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios. Descabe introduzir no preceito, a mercê de interpretação, exceção não
contemplada, distinguindo os ganhos resultantes de operações
financeiras. (AI 175133 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma, julgado
em 05/03/1996, DJ 26-04-1996 PP-13128 EMENT VOL-01825-05 PP-01021).

Apesar dessa redação, não se pode confundir aqui a incidência relativa ao contribuinte
de fato com aquela atrelada ao contribuinte de direito.
A imunidade protege os entes políticos no que diz com impostos diretos e quando este é
contribuinte de direito de impostos indiretos:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO.


FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA ILUMINAÇÃO PÚBLICA. ICMS.
IMUNIDADE INVOCADA PELO MUNICÍPIO. IMPOSSIBILIDADE. 2. A jurisprudência do
Supremo firmou-se no sentido de que a imunidade de que trata o artigo 150, VI, a, da
CB/88, somente se aplica a imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do
próprio Município. 3. Esta Corte firmou entendimento no sentido de que o município não
é contribuinte de direito do ICMS, descabendo confundi-lo com a figura do contribuinte de
fato e a imunidade recíproca não beneficia o contribuinte de fato. Agravo regimental a
que se nega provimento.
(AI 671412 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em
01/04/2008, DJe-074 DIVULG 24-04-2008 PUBLIC 25-04-2008 EMENT VOL-02316-11
PP-02262 RF v. 104, n. 399, 2008, p. 292-294).

Situação peculiar ocorre, porém, quando da importação realizada pelo ente político. Em tal
caso, confunde-se a situação de contribuinte de direito com a de contribuinte de fato, atraindo,
para a Suprema Corte, a proteção da imunidade.

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÃO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS
E SERVIÇOS. ICMS. IMPORTAÇÃO. IMUNIDADE RECÍPROCA. APLICABILIDADE A
MUNICÍPIO NA HIPÓTESE DE O ENTE FEDERADO OCUPAR POSIÇÃO PRÓPRIA
DE CONTRIBUINTE (IMPORTADOR). RISCO À LIVRE-INICIATIVA E À
CONCORRÊNCIA. NECESSIDADE DE PROVA. A imunidade tributária prevista no art.
150, VI, a da Constituição aplica-se às operações de importa- ção de bens realizadas
por municípios, quando o ente público for o importador do bem (identidade entre o
“contribuinte de direito” e o “contribuinte de fato”). Compete ao ente tributante provar
que as operações de importação desoneradas estão influindo negati- vamente no
mercado, a ponto de violar o art. 170 da Constituição. Impossibilidade de presumir risco
à livre-iniciativa e à concorrência. Agravo regimental ao qual se nega pro- vimento.
(AI 518405 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
06/04/2010, DJe-076 DIVULG 29-04-2010 PUBLIC 30-04-2010 EMENT VOL-02399-08
PP-01694).

Mas não só os entes políticos gozam da referida proteção. O próprio texto constitucional, 9
protege, além daqueles, entidades da administração pública indireta, por força da redação de
seu art. 150, §2º.

Assim, autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público estão ao


abrigo da norma imunizante no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados às suas finalidades essenciais ou às dela decorrentes.
Releva destacar que a literalidade do texto constitucional não abrange outras entidades
da administração indireta, como as empresas públicas e as sociedades de economia
mista, que geralmente estão relacionadas com a exploração de atividades econômicas.
Essa visão decorre da redação do art. 150, §3º que impõe que as disposições sobre a
imunidade tributária recíproca não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços,
relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas
aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento
de preços ou tarifas pelo usuário.
Note a letra da Lei Maior:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 2º A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e
aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas apli-
cáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou
tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativa-
mente ao bem imóvel.

Desse modo, é importante ter em mente algumas decisões do STF que, a despeito da
literal redação constitucional, estendeu as benesses da imunidade tributária recíproca a
outras entidades da administração pública indireta, em especial às empresas públicas.
Veja o seguinte julgado, relacionado à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT,
o qual, ainda em 2004, reconheceu a imunidade .

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS


E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a.
EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA
PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. I. – As empresas públicas
prestadoras de serviço público distinguem-se das que exercem atividade
econômica. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de
serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que
está abrangida pela imunidade tributária recíproca: C.F., art. 150, VI, a. II. – R.E.
conhecido em parte e, nessa parte, provido.
(RE 407099, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em
22/06/2004, DJ 06-08-2004 PP-00062 EMENT VOL-02158-08 PP-01543 RJADCOAS v.
61, 2005, p. 55-60 LEXSTF v. 27, n. 314, 2005, p. 286-297) .
10
Tal decisão, mesmo que decorrente de uma interpretação extensiva, utilizou como parâme-
tro um ponto principal: a prestação de um serviço tipicamente público, obrigatório e
exclusivo do Estado a merecer a imunidade.
Partindo desse caso paradigma, a Corte Maior adotou a mesma posição em relação à Casa
da Moeda do Brasil e à Infraero:
Evoluindo neste quesito, o STF se deparou em 2013 com questão relacionada ao exercí-
cio de atividade pelos Correios em concorrência com a iniciativa privada, anteriormente não
apreciada.
Relembre que o motivo principal para a imunidade tributária recíproca abarcar a empresa
pública era justamente a prestação de um serviço tipicamente público, obrigatório e
exclusivo do Estado, ou seja, o serviço postal.
Inobstante isso, a controvérsia que chegou ao STF tratava sobre a extensão da
imunidade também para atividades exercidas pela empresa desassociada do seu mister
público principal, inclusive em concorrência com atividades da iniciativa privada, como o
serviço de courier.
Ao avaliar os argumentos trazidos, a Corte entendeu que as atividades em concorrência
com a iniciativa privada proporcionavam uma espécie de “subsídio cruzado” a financiar as ati-
vidades exclusivamente públicas de serviço postal e imunizou de forma integral as atividades
da empresa pública:

Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Imunidade recíproca. Empresa Bra-


sileira de Correios e Telégrafos. 3. Distinção, para fins de tratamento normativo, entre
empresas públicas prestadoras de serviço público e empresas públicas exploradoras de
atividade. Precedentes. 4. Exercício simultâneo de atividades em regime de
exclusividade e em concorrência com a iniciativa privada. Irrelevância. Existência de
peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista no art. 150, VI, “a”, da
Constituição Federal. 5. Recurso extraordinário conhecido e provido.
(RE 601392, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 28/02/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-105 DIVULG 04-06-2013 PUBLIC 05-06-
2013).
Não bastasse a avaliação extensiva dada aos correios, seguindo na mesma linha de
raciocínio, o STF tem estendido a imunidade tributária recíproca também a algumas
sociedades de economia mista, em especial àquelas que se revelam como
“instrumentalidades estatais”, ou seja, instrumentos de atuação do estado em área
exclusiva de serviços públicos, sem fins lucrativos e com a composição do capital social
majoritariamente público.
Em 2011, reconheceu a condição à CODESP e traçou ali os paradigmas necessários ao
deferimento do benefício a casos similares:
EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA CONTROLADA POR ENTE FEDERADO. CONDIÇÕES PARA 11
APLICABILIDADE DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL. ADMINISTRAÇÃO
PORTUÁRIA. COMPANHIA DOCAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (CODESP).
INSTRUMENTALIDADE ESTATAL. ARTS. 21, XII, f, 22, X, e 150, VI, a DA
CONSTITUIÇÃO. DECRETO FEDERAL 85.309/1980.
1. IMUNIDADE RECÍPROCA. CARACTERIZAÇÃO. Segundo teste proposto pelo ministro-relator,
a aplicabilidade da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a da Constituição) deve passar por três
estágios, sem prejuízo do atendimento de outras normas constitucionais e legais: 1.1. A imunidade
tributária recíproca se aplica à propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos objetivos
institucionais imanentes do ente federado, cuja tributação poderia colocar em risco a respectiva autonomia
política. Em consequência, é incorreto ler a cláusula de imunização de modo a reduzi-la a mero
instrumento destinado a dar ao ente federado condições de contratar em circunstâncias mais vantajosas,
independentemente do contexto. 1.2. Atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a
aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares, devem ser submetidas à tributação, por
apresentarem-se como manifestações de riqueza e deixarem a salvo a autonomia política. 1.3. A
desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da livre-concorrência e
do exercício de atividade profissional ou econômica lícita. Em princípio, o sucesso ou a desventura
empresarial devem pautar-se por virtudes e vícios próprios do mercado e da administração, sem que a
intervenção do Estado seja favor preponderante.
...
(RE 253472, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM
BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 25/08/2010).

Assim, podemos destacar do respectivo julgado as seguintes premissas para a aplicação


da imunidade também às sociedades de economia mista, quando caracterizadas como instru-
mentalidades estatais:
• A imunidade tributária recíproca se aplica à propriedade, bens e serviços utilizados na
satisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente federado, cuja tributação po-
deria colocar em risco a respectiva autonomia política;
• Atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patri-
mônio do Estado ou de particulares, devem ser submetidas à tributação, por se
apresentarem como manifestações de riqueza e deixarem a salvo a autonomia política;

A desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da
livre-concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita.
Com esse mesmo argumento, deferiu-se a imunidade a entidades prestadoras de
serviço de saúde e de serviço público de água e esgoto:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO.


IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.
SERVIÇO PÚBLICO DE ÁGUA E ESGOTO. APLICABILIDADE.
1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende que a sociedade de
economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto é abrangida pela
imunidade tributária recíproca, nos termos da alínea “a” do inciso VI do art. 150 da
Constituição Federal. Precedentes. ...
(RE 631309 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 12
27/03/2012)
***
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
REPERCUSSÃO GERAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS DE SAÚDE.
...
3. As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde,
cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária
prevista na alínea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal.
...
(RE 580264, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. AYRES
BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 16/12/2010).

Note, entretanto, que quando a sociedade de economia mista não se enquadra nos requi-
sitos apontados ou visa lucro, não será beneficiada com a imunidade. Claramente é o caso
da Petrobras:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA


(ART. 150, VI, A DA CONSTITUIÇÃO). IMÓVEL UTILIZADO PARA SEDIAR
CONDUTOS DE TRANSPORTE DE PETRÓLEO, COMBUSTÍVEIS OU DERIVADOS.
OPERAÇÃO PELA PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. – PETROBRAS. MONOPÓLIO DA
UNIÃO. INAPLICABILIDADE DA SALVA-GUARDA CONSTITUCIONAL.
...
2. É irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a cir-
cunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal. O
alcance da salvaguarda constitucional pressupõe o exame (i) da caracterização econô-
mica da atividade (lucrativa ou não), (ii) do risco à concorrência e à livre-iniciativa e (iii) de
riscos ao pacto federativo pela pressão política ou econômica.
3. A imunidade tributária recíproca não se aplica à Petrobras, pois: 3.1. Trata-se de
sociedade de economia mista destinada à exploração econômica em benefício de seus
acionistas, pessoas de direito público e privado, e a salvaguarda não se presta a
proteger aumento patrimonial dissociado de interesse público primário; 3.2. A Petrobras
visa a distribuição de lucros, e, portanto, tem capacidade contributiva para participar do
apoio econômico aos entes federados; 3.3. A tributação de atividade econômica
lucrativa não implica risco ao pacto federativo. Agravo regimental conhecido, mas ao
qual se nega provimento.
(RE 285716 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
02/03/2010).
13

Para finalizar o ponto, ainda convém ressaltar importante decisão do STF quanto à imuni-
dade recíproca, a qual versa sobre sua aplicação à OAB:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL.
SECCIONAL. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. INVESTIMENTOS. IMPOSTO SOBRE
OPERAÇÕES FINANCEIRAS – IOF. ABRANGÊNCIA. DEVER DE FISCALIZAÇÃO.
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. PLENA VINCULAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.
1. A imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil é da espécie
recíproca (art. 150, VI, a da Constituição), na medida em que a OAB desempenha
atividade própria de Estado (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado
democrático de direito, dos direitos humanos, da justiça social, bem como a
seleção e controle disciplinar dos advogados).
2. A imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da enti-
dade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não
impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela enti-
dade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de
constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. Natureza ple-
namente vinculada do lançamento tributário, que não admite excesso de carga. Agravo
regimental ao qual se nega provimento.
(RE 259976 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
23/03/2010).

Note, ainda, que a disposição expressa do item dois ressalta um ponto crucial que decorre
da imposição da imunidade: apesar de não existir a incidência tributária, nem a
ocorrência do fato gerador, é impositiva a necessidade de cumprimento de obrigações
acessórias por parte da entidade beneficiada.
Assim, exigir de entidade imune a manutenção de livros fiscais é compatível com o gozo da
imunidade tributária em face do disposto no Código Tributário Nacional.
O Tribunal explicitou ainda que, no Direito Tributário, inexiste a vinculação de o acessório
seguir o principal, em face de as obrigações acessórias serem autônomas.

IMUNIDADE – LIVROS FISCAIS. O fato de a pessoa jurídica gozar da imunidade


tributária não afasta a exigibilidade de manutenção dos livros fiscais.
(RE 250844, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 29/05/2012)

Em que pese isso, não podemos concluir que a imunidade conferida à OAB como 14
autarquia de regime especial, com base na CF/88, art. 150, VI, a, é conferida à sua Caixa de
Assistência dos Advogados.
O alcance da imunidade recíproca às referidas caixas está pendente de posicionamento do
STF, no RE 600.010, por meio da sistemática de repercussão geral.
Em 01.12.2009, deparando-se com o tema, a Suprema Corte, ao julgar o RE 233.843,
decidiu que “por não se revelar instrumentalidade estatal, a Caixa de Assistência dos
Advogados, diferentemente da OAB, não é protegida pela imunidade tributária recíproca (art.
150, VI, a)”.
Ocorre que, em 2018, embora ainda não tenha sido julgado o RE de repercussão geral, o
próprio STF, em mudança de posição, reconheceu que a Caixa de Assistência dos
Advogados de Minas Gerais está protegida pela imunidade recíproca:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA AFETADA PARA JULGAMENTO NO


TRIBUNAL PLENO PELA SEGUNDA TURMA. ARTIGOS 11, I, PARÁGRAFO ÚNICO
C/C 22, PARÁGRAFO ÚNICO, “B”, AMBOS DO RISTF. DIREITO TRIBUTÁRIO.
IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150, VI, “A”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ORDEM
DOS ADVOGADOS DO BRASIL. CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS. ...
2. É pacífico o entendimento de que a imunidade tributária gozada pela Ordem dos
Advogados do Brasil é da espécie recíproca (CF, 150, VI, “a”), na medida em que a OAB
desempenha atividade própria de Estado.
3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta, tal como as autarquias, por-
quanto não se sujeita a controle hierárquico ou ministerial da Administração Pública, nem
a qualquer das suas partes está vinculada. ADI 3.026, de relatoria do Ministro Eros
Grau, DJ 29.09.2006.
4. Na esteira da jurisprudência do STF, considera-se que a Ordem dos Advogados
possui finalidades institucionais e corporativas, além disso ambas devem receber o
mesmo tratamento de direito público.
5. As Caixas de Assistências dos Advogados prestam serviço público delegado, possuem
status jurídico de ente público e não exploram atividades econômicas em sentido estrito
com intuito lucrativo.
6. A Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais encontra-se tutelada
pela imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, “a”, do Texto Constitucional,
tendo em vista a impossibilidade de se conceder tratamento tributário diferenciado
a órgãos da OAB, de acordo com as finalidades que lhe são atribuídas por lei.
...
(RE 405267, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 06/09/2018).

1.7.2. Imunidade dos Templos de qualquer Culto (Imunidade Religiosa)


15
Mesmo sendo laico, o Estado Brasileiro assegura, como direito fundamental inserto no art.
5º, VI, o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais de cultos e suas liturgias.
Assim, por opção política, o disposto no art. 150, VI, b veda à união, aos estados, ao DF e
aos municípios a instituição de impostos sobre templos de qualquer culto.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
b) templos de qualquer culto.

Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente subjetiva, política, incondi-
cionada e relacionada aos templos de qualquer culto.

De acordo com o magistério de Francisco Leite Duarte, “a tributação do patrimônio, da


renda e dos serviços relacionados às entidades religiosas se constituiria numa política fiscal
incompatível com o direito e garantia individual que é a liberdade do exercício de cultos religio-
sos, razão porque a imunidade estabelecida para os templos de qualquer culto, estabelecida
no art. 150, VI, b, não se resume somente aos prédios destinados ao culto e liturgias
(templo), mas também a todos os impostos incidentes sobre o patrimônio, a renda e
serviços relacionados com as finalidades essenciais daquelas entidades, sendo,
igualmente uma imunidade subjetiva”.
Como dito, da redação da CF/88, art. 150, §4º, retira-se que a imunidade compreende
apenas o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais
dos templos de qualquer culto.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

Entretanto, isso não impede a imunidade das rendas obtidas de imóveis alugados, desde
que direcionadas ao financiamento de suas atividades essenciais.

EMENTA: Recurso extraordinário.


2. Imunidade tributária de templos de qualquer culto. Vedação de instituição de impostos
sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais das enti-
dades. Artigo 150, VI, “b” e § 4º, da Constituição.
3. Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram aluga-
dos.
4. A imunidade prevista no art. 150, VI, “b”, CF, deve abranger não somente os prédios
destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços “relacionados
com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”. (...)
(RE 325822, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2002).
16
Também nesse ponto o STF acabou adotando uma posição extensiva, ao entender que a
imunidade ali prevista abrangeria os cemitérios que se organizam como extensões das
entidades religiosas, desde que se dediquem exclusivamente às atividades funerárias ou
religiosas e não tenham fim lucrativo.
Por óbvio, se tais entidades objetivarem finalidade lucrativa, afastada estará a benesse.

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE


TRIBUTÁRIA. IPTU. ARTIGO 150, VI, “B”, CB/88. CEMITÉRIO. EXTENSÃO DE
ENTIDADE DE CUNHO RELIGIOSO.
1. Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso
estão abrangidos pela garantia contemplada no artigo 150 da Constituição do
Brasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles.
...
(RE 578562, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2008).

Há, ainda, caso em que o STF entendeu que se a entidade não professa nenhuma
religião, como é o caso da maçonaria, não atrai a proteção da imunidade.

Ementa: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE


TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CARTA FEDERAL. NECESSIDADE DE REEXAME
DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 279 DO STF. ART. 150, VI, B, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ABRANGÊNCIA DO TERMO “TEMPLOS DE
QUALQUER CULTO”. MAÇONARIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO EM PARTE E, NO QUE CONHECIDO,
DESPROVIDO.
...
III – A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qual-
quer culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa
qualquer religião.
...
(RE 562351, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em
04/09/2012).
1.7.3. Imunidade dos Partidos Políticos, Sindicatos de Trabalhadores,
Entidades de Educação e Assistência sem Fins Lucrativos

Estabelecida no art. 150, VI, c, a norma constitucional veda à União, aos estados, ao
DF e aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos
partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores,
das instituições de educação e de assistência, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei. Note:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre: 17
b) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sin-
dicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei.

Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente subjetiva, política,


condicionada e relacionada aos partidos políticos, suas fundações, às entidades sindicais dos
trabalhadores e às instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos.
De acordo com o disposto no art. 150, §4º, compreende apenas o patrimônio, a renda e os
serviços quando relacionados com as atividades essenciais das entidades.
Na visão da jurisprudência, tal disposição não afeta a imunidade das entidades desde
que, como mencionado, os recursos obtidos pelas entidades sejam destinados a suas
finalidades essenciais.
É o caso do aluguel de imóvel a particular, inclusive cristalizado em súmula vinculante
em 2015, e aquele obtido com a exploração de serviço de estacionamento em imóvel de ente
abrangido pela imunidade.
Situações que, em uma leitura também extensiva, o Tribunal Maior entende estarem no
campo da imunidade:

Súmula Vinculante n. 52
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde
que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas.
EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO.
INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE
SERVIÇO CALCULADO SOBRE O PREÇO COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE
VEÍCULOS NO PÁTIO INTERNO DA ENTIDADE.
(...)
Eventual renda obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança de
estacionamento de veículos em área interna da entidade, destinada ao custeio
das atividades desta, está abrangida pela imunidade prevista no dispositivo sob
destaque. (...)
(RE 144900, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 22/04/1997).
Note, ademais, que ainda em 2013, o STF também incluiu no campo da imunidade a ma-
nutenção de imóvel vago no patrimônio de entidade beneficiada, pois a constatação de
que um imóvel está vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para destituir a
garantia constitucional da imunidade.

EMENTA Imunidade. Entidade de assistência social. Artigo 150, VI, c, CF. Imóvel vago.
Finalidades essenciais. Presunção. Ônus da prova.
(...)
5. A constatação de que um imóvel está vago ou sem edificação não é suficiente, por si
só, para destituir a garantia constitucional da imunidade. A sua não utilização temporária
deflagra uma neutralidade que não atenta contra os requisitos que autorizam o gozo e a 18
fruição da imunidade. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.
(RE 385091, Relator(a):Primeira Turma, julgado em 06/08/2013).

Não bastasse isso, o STF possui entendimento no qual exonera a incidência, inclusive
de impostos indiretos, se a entidade imune é o contribuinte de direito do tributo.
Recorde que, mesmo quando o ente ou entidade é imune, mas contribuinte de fato, não
gozará da imunidade.
Aqui houve posição diferente, mas relacionada com o tema que requer especial atenção,
tendo em conta ser consolidação de posição do Tribunal solucionando divergência entre suas
duas turmas.
Nesse caso, houve prevalência da tese extensiva da imunidade, com o fim de
preservação, proteção e estímulo às instituições beneficiadas, em detrimento da igualdade de
concorrência no mercado:
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 – EDv/SP, fixou
entendimento segundo o qual as entidades de assistência social são imunes em
relação ao ICMS incidente sobre a comercialização de bens por elas produzidos,
nos termos do art. 150, VI, “c” da Constituição. ...
(RE 186175 ED-EDv, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em
23/08/2006).

Em que pese toda a excepcionalidade das situações estudadas, o principal ponto de con-
trovérsia do dispositivo está na necessidade de regulamentação, por lei, de requisitos para
sua obtenção.
É que, por ser imunidade condicionada, requer para sua fruição plena integração
infraconstitucional por meio de lei.
Como se sabe, a visão do Supremo, no que diz com a reserva de lei complementar,
passa necessariamente pela previsão no texto constitucional de tal espécie normativa, caso
que, como se observa, não ocorre na parte final do dispositivo ora estudado.
Menciona-se no art. 150, VI, c, os requisitos da lei.
Por outro lado, quando a Constituição fala em regulamentação de imunidades – como
espécie de limitação ao poder de tributar – exige, expressamente, a norma complementar, de
acordo com o disposto em seu art. 146, II:

Art. 146. Cabe à lei complementar:


II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar.

Tendo isso por base, muito se discutiu se as entidades beneficentes deveriam observar
requisitos de lei ordinária ou complementar para fins de obtenção da imunidade.
O nosso Tribunal Constitucional trilhou, no caso, caminho “conciliatório” – nas palavras
de Leandro Paulsen – ao adotar a posição que exige norma complementar no que diz com
as condições materiais para o gozo do benefício e norma ordinária quando apenas
tratar de requisitos formais para a constituição e funcionamento de tais entidades.
Superada a questão, resta saber qual é a lei complementar aplicável ao tema da ma- 19
terialidade.
Com efeito, na inexistência de norma complementar específica, adotaram-se as regula-
ções do Código Tributário Nacional que, como se sabe, foi recepcionado pela ordem de 1988
com estatura de lei complementar.
Note, outrossim, os requisitos do Código para a fruição da imunidade:

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes
requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institu-
cionais;
III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades ca-
pazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade compe-
tente pode suspender a aplicação do benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os direta-
mente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos
nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.

Por derradeiro, convém enfrentar ainda a situação das entidades fechadas de previdência
complementar. Com efeito, a imunidade conferida às instituições de assistência social, sem
fins lucrativos, não alcança todas as entidades privadas de previdência social.
Para que o ponto fique claro, é importante entender a distinção entre Seguridade Social e
Previdência Social. A Seguridade Social é termo mais amplo que abarca não só a
previdência social, mas também a assistência social e a saúde.
Como se vê, o artigo 150, VI, c da Constituição apenas menciona, para fins de imunidade,
as entidades de assistência social. Note que são conceitos distintos.
Até por isso, o STF entende que, regra geral, as entidades de previdência social não
estão abrangidas pela imunidade ali explicitada, mantendo posição delimitada anteriormente
à promulgação da Constituição de 1988:

– Entidade de previdência privada. Sendo mantida por expressiva contribuição dos empre-
gados, ao lado da satisfeita pelos patrocinadores, não lhe assiste o direito ao reconheci-
mento da imunidade tributária, prevista no art. 19, III, “c”, da Constituição de 1967, visto
não se caracterizar, então, como instituição de assistência social. Recurso extraordinário
de que, por maioria, não se conhece.
(RE 136332, Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI, Primeira Turma, julgado em 24/11/1992).

Reavaliando a disciplina com base na Lei Maior vigente, o Supremo manteve o


entendimento anterior, mas com uma exceção: igualou as entidades fechadas de previdência
complementar privada às entidades de assistência social quando cobertos alguns requisitos
que as equiparariam, quais sejam, 1) finalidade não lucrativa; 2) sem qualquer contribuição do
empregado.
Note o seguinte julgado e a súmula 730 do STF:
20
IMUNIDADE – ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA.
Na dicção da ilustrada maioria, entendimento em relação ao qual guardo reservas, o
fato de mostrar-se onerosa a participação dos beneficiários do plano de
previdência privada afasta a imunidade prevista na alínea “c” do inciso VI do
artigo 150 da Constituição Federal. Incide o dispositivo constitucional, quando os
beneficiários não contribuem e a mantenedora arca com todos os ônus. (..)
(RE 259756, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
28/11/2001). Súmula n. 730.
A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos
pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previ-
dência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.

1.7.4. Imunidade dos Livros, Jornais e Periódicos (Imunidade Cultural)

Imunidade estabelecida no art. 150, VI, d, CF/88 define que é vedado à União, aos
Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o
papel destinado à sua impressão.
Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente objetiva, política,
incondicionada e relacionada aos livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua
impressão.
A base valorativa de tal imunidade política é a proteção da livre manifestação do pensa-
mento e da expressão da atividade intelectual, artística e científica; da livre comunicação e do
acesso à informação, todos direitos fundamentais elencados no art. 5º da Constituição Federal.
Por estar classificada como imunidade objetiva, não se cobra o imposto em face de ope-
rações realizadas com seus objetos, como em uma saída de livros. Aí não irá incidir o ICMS.
Inobstante isso, poderá existir tributação por meio do imposto de renda para a editora res-
ponsável pelo ato anterior que estava ao abrigo da imunidade, pois este incide sobre a
pessoa, e não sobre o objeto.
EMENTA: TRIBUTÁRIO. ANISTIA DO ART. 150, VI, D, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
IPMF. EMPRESA DEDICADA À EDIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE
LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PERIÓDICOS. Imunidade que contempla,
exclusivamente, veículos de comunicação e informação escrita, e o papel destinado a
sua impressão, sendo, portanto, de natureza objetiva, razão pela qual não se estende
às editoras, autores, empresas jornalísticas ou de publicidade – que permanecem
sujeitas à tributação pelas receitas e pelos lucros auferidos. (...)
(RE 206774, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 03/08/1999).

Ademais, como está o objeto abrangido pela imunidade, não pode o intérprete restringir a
21
sua aplicação em face de qualquer valoração de seu conteúdo. Nesse passo, tanto álbuns de
figurinhas quanto as apostilas também estão abarcadas pelo instituto.

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150, VI, “D” DA CF/88. “ÁLBUM


DE FIGURINHAS”. ADMISSIBILIDADE.
(...)
2. O Constituinte, ao instituir esta benesse, não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou
didático, à relevância das informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publi-
cação.
3. Não cabe ao aplicador da norma constitucional em tela afastar este benefício
fiscal instituído para proteger direito tão importante ao exercício da democracia,
por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor
pedagógico de uma publicação destinada ao público infanto-juvenil.
(...)
(RE 221239, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 25/05/2004)
***
IMUNIDADE – IMPOSTOS – LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E PAPEL DESTINADO
À IMPRESSÃO – APOSTILAS.
O preceito da alínea “d” do inciso VI do artigo 150 da Carta da República alcança
as chamadas apostilas, veículo de transmissão de cultura simplificado.
(RE 183403, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma, julgado em 07/11/2000).

Mais do que isso. O STF entende também que listas telefônicas, por “sua inegável utilidade
pública”, estão também ao abrigo da proteção constitucional.
TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE
SERVIÇOS (ISS) SOBRE A EDITORAÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO, PRODUÇÃO
INDUSTRIAL E DISTRIBUIÇÃO DE LISTAS TELEFÔNICAS. INQUINADA OFENSA AO
ART. 19, III, D, DA CARTA DE 1969.
Orientação jurisprudencial do STF, no sentido de que não estão excluídos da imunidade
constitucional as publicações “que cuidam de informações genéricas ou especificas,
sem caráter noticioso, discursivo, literário, poético ou filosófico, mas de inegável utilidade
pública, como e o caso das listas telefônicas”.
(...)
(RE 134071, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 15/09/1992).
Decorre também da redação constitucional a imunidade ao papel destinado à impres-
são dos livros, jornais e periódicos. Nesse quesito, o STF não tem vazado julgamentos tão
extensivos.
Aqui a regra é a limitação da benesse apenas ao papel e aos materiais a ele relacionados,
como os filmes e papéis fotográficos necessários à impressão de jornais e periódicos.
O ponto de partida dessa interpretação é a expressa menção apenas ao papel no
dispositivo constitucional.
De qualquer forma, ainda assim, o STF entendeu que há certa abrangência no que diz com
os insumos assimiláveis ao papel, com exceção da “tinta para jornal”.
Note a redação da súmula 657: 22

Súmula n. 657, STF


A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal abrange os filmes e
papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

Houve certa divergência, por um tempo, nos julgados do Supremo Tribunal Federal, se a
interpretação do dispositivo que prevê imunidade a livros, jornais e periódicos deveria ser
restritiva ou extensiva, já tendo, inclusive, a Corte Maior reconhecido a imunidade para
equipamentos de preparo e acabamento de chapas de impressão offset para jornais.
Atualmente, o posicionamento do STF é de que a interpretação do 150, VI, d, deve
mesmo ser restritiva, conforme se depreende da ementa do julgamento do AI 735.816 AgR:

Ementa: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMUNIDADE


TRIBUTÁRIA PREVISTA NO ART. 150, VI, “D”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
INTERPRETAÇÃO AMPLA E IRRESTRITA. INVIABILIDADE. INCIDÊNCIA
TRIBUTÁRIA SOBRE IMPORTAÇÃO DE TINTA E CHAPAS DE GRAVAÇÃO
DESTINADAS À PUBLICAÇÃO DE JORNAL. POSSIBILIDADE. (...)
2. Inexiste imunidade relativa a tributos incidentes sobre a importação de tintas e
chapas de gravação destinadas à publicação de jornal.
(...)
(AI 735816 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em
23/03/2018).
Em consonância com a visão teleológica da norma imunizatória, reconhece o STF que a
imunidade dos livros, jornais e períodos alcança os suportes exclusivos para a leitura e ar-
mazenamento de livros eletrônicos, como o CD e o e-reader. Note a redação da ementa
do RE 330.817:

EMENTA Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário. Imunidade objetiva


constante do art. 150, VI, d, da CF/88. Teleologia multifacetada. Aplicabilidade. Livro
eletrônico ou digital. Suportes. Interpretação evolutiva. Avanços tecnológicos, sociais e
culturais. Projeção. Aparelhos leitores de livros eletrônicos (ou e-readers).
(...)
4. O art. 150, VI, d, da Constituição não se refere apenas ao método gutenberguiano de
produção de livros, jornais e periódicos. O vocábulo “papel” não é, do mesmo modo,
essencial ao conceito desses bens finais. O suporte das publicações é apenas o con-
tinente (corpus mechanicum) que abrange o conteúdo (corpus misticum) das obras. O
corpo mecânico não é o essencial ou o condicionante para o gozo da imunidade, pois a
variedade de tipos de suporte (tangível ou intangível) que um livro pode ter aponta para
a direção de que ele só pode ser considerado como elemento acidental no conceito de
livro. A imunidade de que trata o art. 150, VI, d, da Constituição, portanto, alcança o
livro digital (e-book).
5. É dispensável para o enquadramento do livro na imunidade em questão que seu
destinatário (consumidor) tenha necessariamente que passar sua visão pelo texto e
decifrar os signos da escrita. Quero dizer que a imunidade alcança o denominado
“audio book”, ou audiolivro (livros gravados em áudio, seja no suporte CD-Rom,
seja em qualquer outro). 23
6. A teleologia da regra de imunidade igualmente alcança os aparelhos leitores de
livros eletrônicos (ou e-readers) confeccionados exclusivamente para esse fim,
ainda que, eventualmente, estejam equipados com funcionalidades acessórias ou
rudimentares que auxiliam a leitura digital, tais como dicionário de sinônimos,
marcadores, escolha do tipo e do tamanho da fonte etc. Esse entendimento não é
aplicável aos aparelhos multifuncionais, como tablets, smartphone e laptops, os quais
vão muito além de meros equipamentos utilizados para a leitura de livros digitais.
7. O CD-Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte. Aquilo que está nele fixado
(seu conteúdo textual) é o livro. Tanto o suporte (o CD-Rom) quanto o livro
(conteúdo) estão abarcados pela imunidade da alínea d do inciso VI do art. 150 da
Constituição Federal. (...)
(RE 330817, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 08/03/2017).

Perceba que no julgado destacou-se que esse entendimento não é aplicável aos
aparelhos multifuncionais, como tablets, smartphone e laptops, por entender que vão muito
além de meros equipamentos utilizados para a leitura de livros digitais.
Para fins de concurso é MUITO importante fixar as teses delimitadas pela Corte Maior:
1) RE 330817: “A imunidade tributária constante do artigo 150, VI, “d”, da Constituição
Federal, aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente
utilizados para fixá-lo.”
2) RE 595676 “A imunidade tributária da alínea “d” do inciso VI do artigo 150 da Consti-
tuição Federal alcança componentes eletrônicos destinados exclusivamente a integrar
unidades didáticas com fascículos”.

Por fim, ainda em 2020, a tese relacionada no RE 330.817 acabou por ser base para a pu-
blicação da súmula vinculante número 57:

Súmula Vinculante n. 57
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e
comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusi-
vamente utilizados para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que
possuam funcionalidades acessórias.
1.7.5. Imunidade das Obras Musicais e Literomusicais

Essa é uma inovação trazida pela Emenda Constitucional n. 75/2013. A referida EC


introduziu no texto constitucional a alínea “e” ao inciso VI do art. 150:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre: ...
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou litero-
musicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial
de mídias ópticas de leitura a laser.
24
A norma estabelece que não poderão incidir impostos sobre determinados tipos de fono-
gramas ou videofonogramas musicais produzidos no Brasil.
Perceba que a referida imunidade só se refere a impostos. E mais, ela somente vale para
impostos relativos à comercialização ou produção dos discos, como IPI, ICMS e ISS.
Portanto, as gravadoras não estão imunes ao IR, IPVA, IPTU, taxas, contribuições etc.
Apesar de na Lei Complementar 116/2003 (Lista de Serviços sujeitos ao ISS), constar como
passível de cobrança do ISS as atividades descritas em seu item 13.02 – “Fonografia ou gra-
vação de sons, inclusive trucagem, dublagem, mixagem e congêneres”, a partir da EC
75/2013, quem executa essas atividades de produção não está mais obrigado ao
recolhimento do ISS.
Salientamos que fonograma é todo som reproduzido em CD, DVD ou nas antigas fitas-
cassete. Já o videofonograma é quando há ao mesmo tempo som e imagem, como filmes em
DVD, blu-ray ou fitas VHS.
A imunidade abrange somente obras musicais ou literomusicais (músicas com letra), logo,
não abrange um CD/DVD de um curso, documentário ou recitação de poesias, por exemplo.
Organizando os requisitos, temos que serão imunes:

Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente mista, política, incondicio-
nada e relacionada a fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo
obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por
artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham.
Há que se ressaltar que a norma imunizante é considerada mista por parte relevante da
doutrina concurseira, em especial Ricardo Alexandre, mas que existem vozes divergentes –
como a de Eduardo Sabbag – que a consideram apenas objetiva com interessantes
argumentos:

Nesse passo, é fácil perceber que a imunidade musical é objetiva, e não subjetiva, significando
que apenas os objetos afetos à arte musical (fonogramas e videofonogramas; CDs e DVDs) serão
protegidos e não as próprias pessoas responsáveis pela produção dessa arte (v.g., os artistas e
grupos musicais).

Por ser norma relativamente recente no sistema constitucional, não há manifestação so-
bre o tema dos tribunais superiores, estando pendente de julgamento desde 2014 a ADI 25
5.058 interposta pelo estado do Amazonas que alega ser inconstitucional a instituição de tal
imunidade. Ressalte-se que existe manifestação de improcedência nos autos exarada pelo
Ministério Público.
De qualquer forma, algumas ideias são consensuais: é vedada a instituição de impostos
sobre fonogramas ou videofonogramas musicais contendo obras musicais ou literomusicais
de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, desde que
produzidas no Brasil, independente do meio de propagação.
Assim, tanto CDs, DVDs, cassetes ou até o disco em vinil estão protegidos pela
imunidade,
desde que contenham músicas.
No caso dos arquivos digitais (transferência eletrônica de dados) houve certa celeuma,
mas atualmente a doutrina entende que também nesses casos não poderá haver a
incidência de impostos. Logo, serão imunes as músicas obtidas por meio do Spotify, por
exemplo.
Ponto importante para se salientar é a necessária observância da produção da obra se
dar no território nacional, sendo as obras nacionais ou estrangeiras interpretadas por
autores nacionais.
Ainda, é crucial entender a parte final do dispositivo, que exclui do âmbito da imunidade
a replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
Logo, quando da produção pela indústria de CD ou DVD virgem, haverá a incidência normal.
Note que no caso do VHS, vinil ou fitas cassetes, não há essa exceção.
Para não confundirmos quais impostos incidem em cada etapa de produção de um CD,
DVD ou Blu-ray musical, vejamos o que dizem Alexandre Meirelles e Daniel Petitinga na obra
“Manual de Legislação Tributária Estadual”, Ed. Juspodivm, pg. 191:

Para entendermos essa forma de imunidade, antes devemos compreender esse segmento do
mercado. Inicialmente (primeira etapa), o artista vai a um estúdio musical gravar seu fonograma
(apenas som) ou seu videofonograma (som e imagem). Em seguida (segunda etapa), grava-se a
obra musical no meio que será utilizado (CD, DVD ou Blu-Ray). Assim, por exemplo, o CD que
estava virgem, após essa gravação, conterá o fonograma a ser reproduzido. Por fim, parte-se para a
terceira etapa, que é a distribuição e revenda do material gravado para o consumidor final.
Antes da EC 75/2013, na primeira etapa incidia ISS, na segunda havia a incidência do ICMS e do
IPI e na terceira etapa era permitida a cobrança do ICMS. Após a referida Emenda Constitucional,
não há mais a incidência do ISS sobre a primeira etapa e ICMS sobre a terceira etapa.
E na segunda etapa, há incidência do ICMS e do IPI? Sim, afinal a alínea é clara na expressão:
“salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser”, que nada mais é que a
segunda etapa mencionada. Quando a fábrica vende ou remete para as revendedoras o produto
resultante da sua industrialização (CDs, DVDs e Blu-Rays), há incidência normalmente. Já a venda
da revendedora para o consumidor final é imune.

1.8. Imunidades específicas

Sobre o tema em questão, convém apenas apontar no quadro resumo as diversas


imunidades tratadas pela Constituição Federal.
De qualquer forma é preciso estar ciente de que mesmo quando a Constituição menciona
“isenção”, “não incidência” e outros termos similares, diante da desoneração constitucional
temos que classificá-la como imunidade.

26
Base Constitucional Imunidade Tributo alcançado

a) o direito de petição aos Poderes


Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de
Art. 5º, XXXIV poder; Taxas
b) a obtenção de certidões em
repartições públicas, para defesa
de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal.

Ação Popular, salvo comprovada Custas judiciais, com


Art. 5º, LXXIII
má-fé. natureza de taxa.

a) o registro civil de nascimento para


os reconhecidamente pobres. Emolumentos, com
Art. 5º, LXXVI
b) a certidão de óbito para os natureza de taxa.
reconhecidamente pobres.

Ações de habeas corpus e habeas


Custas judiciais e
Art. 5º, LXXVII data, e, na forma da lei, os atos
emolumentos, com
necessários ao exercício da
natureza de taxas.
cidadania.

Contribuições sociais
Art. 149, §2º, I Receitas decorrentes de exportação. e de intervenção no
domínio econômico

Exportação de produtos
Art. 153, §3º, III IPI
industrializados.

Pequenas glebas rurais, assim


Art. 153, §4º, II definidas em lei, desde que ITR
exploradas pelo proprietário e que
este não possua outro imóvel.

Ouro, quando definido em lei como ativo


Art. 153, §5º financeiro ou instrumento cambial. Todos os Tributos salvo
IOF e a extinta CPMF
a) sobre operações que
destinem mercadorias para o
exterior,
nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior, assegurada
a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas
operações e prestações anteriores;
b) sobre operações que destinem
Art. 155, §2º, X a outros Estados petróleo, ICMS
inclusive lubrificantes,
combustíveis líquidos e gasosos
dele derivados, e energia 27
elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses
definidas no art. 153, § 5º;
d) nas prestações de serviço de
comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e
imagens de recepção livre e
gratuita.
a transmissão de bens ou direitos
incorporados ao patrimônio de
pessoa jurídica em realização de
capital, nem sobre a transmissão
de bens ou direitos decorrente
Art. 156, §2º, I de fusão, incorporação, cisão ITBI
ou extinção de pessoa jurídica,
salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for
a compra e venda desses bens ou
direitos, locação de bens imóveis ou
arrendamento mercantil.

operações de transferência de
Art. 184, §5º imóveis desapropriados para fins de Impostos
reforma agrária.

aposentadoria e pensão concedidas


Art. 195, II Contribuição
pelo regime geral de previdência
previdenciária
social .

entidades beneficentes de Contribuições para


Art. 195, §7º assistência social que atendam às o financiamento da
exigências estabelecidas em lei. seguridade social

Art. 226, §1º Celebração do Casamento Civil Taxa


Doutrina (vide no livro digital na biblioteca da Universidade)

“A imunidade musical possui característica objetiva, pois afeta apenas os objetos relacio-
nados à música, a saber, o ICMS, entre outros. Aqueles tributos incidentes sobre a gravadora
(IPTU, IPVA, Taxas, Contribuições) continuarão a existir normalmente, porquanto a norma
imunizante é clara ao desonerar apenas as obras musicais e os objetos afetos a ela”
(Eduardo Sabbag, em Manual de Direito Tributário, 9ª Edição, página 412, Saraiva Jur
Editora).

Você também pode gostar