Você está na página 1de 8

UFMA- Universidade Federal do Maranhão

Disciplina: Direito Tributário


Curso: Ciências Contábeis
Discente: Renata Maria Mota da Silva

1. Apesente a definição de Imunidade.

Usamos o termo “imunidade” para nos referirmos a um conjunto de regras1


estabelecidas na constituição federal, que estipula a impossibilidade de tributação de
determinadas situações por pessoas políticas. Tais regras incluem em seu antecedente
uma descrição de eventos que não podem ser tributados, como a regra do art. 150, VI, d,
que proíbe a tributação das transações com livros, jornais, periódicos e papéis
destinados à sua impressão. Esta é uma decisão negativa sobre a possibilidade de
tributação. As imunidades, tomadas como regras que estabelecem a impossibilidade de
tributação em determinadas situações, juntamente com as regras de competência
formam um conjunto de regras que definem o âmbito de atuação dos políticos.

2. Faça a distinção entre imunidades e isenções.

As imunidades são normas constitucionais que, juntamente com as normas de


competência, definem o campo de competência das pessoas políticas. São regras que
tratam de hipóteses que não podem ser tributadas. São normas estruturais que interagem
com normas jurisdicionais tributárias e indicam até que ponto os políticos podem agir
para criar tributos. As isenções, consideradas normas jurídicas, baseiam-se em textos
que não se enquadram na constituição. Ao contrário das imunidades, seu suporte físico
não é um texto constitucional. As isenções não são normas que trabalham em conjunto
para definir a competência tributária. Isso significa que não há hipóteses sobre exceções
na constituição federal. As isenções são regras mediadas por leis constitucionais que
determinam que determinadas situações não devem ser tributadas. Deste ponto de vista,
pode-se até pensar que são equivalentes a imunidades do ponto de vista jurídico, no
entanto, tal conclusão não se aplica.

3. Abrangência das imunidades: alcança somente os impostos ou todos os tributos?

No entanto, há divergência sobre a questão de saber se as imunidades se aplicam apenas


aos impostos ou aos tributos em geral. Do nosso lado, com base nas premissas já
estabelecidas, acreditamos que a solução é simples. Dado que as referidas imunidades
nada mais são do que uma categoria criada pela doutrina, e neste caso decidimos definir
as imunidades como normas constitucionais que estabelecem a impossibilidade de os
políticos tributarem determinadas situações, sem qualquer referência ao tipo de imposto,
determinações negativas podem ser em relação a impostos ou outros tipos de impostos.
Afinal, há que dizer que no capítulo “Sistema fiscal nacional” o legislador nem sequer
utiliza o conceito de “imunidade” para determinar a impossibilidade de criação de
impostos. No entanto, deve-se notar que, se for feita a possibilidade de limitar o
significado do termo "imunidade", é bem possível dizer que as imunidades dizem
respeito apenas aos impostos. No entanto, não é essa possibilidade que fizemos neste
trabalho, pois em nossa opinião não há dúvida de que existem normas no texto
constitucional que nos permitem fazer juízos hipotético-condicionais sobre
determinações negativas quanto à capacidade de tributar em relação a outros impostos
além dos impostos.

4. Explique o significado das seguintes hipóteses de imunidades:

4.1. Imunidade recíproca

Trata-se de norma que explicita os efeitos do princípio federativo e da autonomia dos


políticos em matéria tributária, pois estabelece expressamente que os políticos não
podem exigir impostos uns dos outros, a fim de evitar a interferência de um político na
realização de o outro.

4.1.1. Os termos “patrimônio, renda ou serviços”

Pode-se ver também que a proibição é a imposição de impostos que incidem sobre
“patrimônio, renda ou serviços”. Uma interpretação restritiva desta disposição nos
levaria a concluir que os impostos, cuja relevância não incide sobre bens, rendimentos
ou serviços, não estariam abrangidos por esta imunidade. Por exemplo, o IOF é um
imposto cobrado sobre transações financeiras. Portanto, não se enquadraria em nenhum
dos três tipos de “renda, bens ou serviços”. De fato, essa não nos parece a melhor
interpretação, pois o objetivo era evitar a interferência de uma figura política em outra
por meio de tributação, independentemente da significância.

4.1.2. A imunidade recíproca alcança o contribuinte de direito, de fato ou ambos?


Os impostos podem ser divididos em diretos e indiretos. Diretas são aquelas cuja carga
tributária recai sobre pessoa física ou jurídica que faz parte da responsabilidade
tributária, e indiretas aquelas em que a carga tributária pode ser transferida para
terceiros fora da relação jurídica tributária. Nos impostos indiretos, a pessoa que faz
parte de uma relação jurídica e, portanto, tem a obrigação de recolher o imposto, é
chamada por lei de contribuinte, e a pessoa que não faz parte de uma relação jurídica,
mas arca com o ônus tributário chamado de contribuinte fato. Por exemplo, o imposto
de renda é um imposto que pode ser classificado como direto porque a carga tributária
geralmente é suportada pela pessoa que faz parte da relação jurídica tributária, ou seja, a
pessoa que recebe os rendimentos. Em contrapartida, o ICMS pode ser classificado
como imposto indireto se a carga tributária puder ser transferida para terceiros que não
integram o polo passivo da relação jurídica tributária. Isso significa que o vendedor é o
contribuinte de direito e o consumidor é o contribuinte de fato, pois é ele quem
provavelmente arcará com as consequências da tributação se o valor do imposto for
incluído na estrutura de preços produtos. Simplificando, o fato gerador é a venda de
mercadorias. Por lei, o organizador do evento "venda de mercadorias" é, portanto, o
pagador. Um contribuinte não "existe na lei" simplesmente porque não é legalmente um
contribuinte.

4.1.3. Abrangência da imunidade recíproca em relação às autarquias, fundações e


outras pessoas jurídicas

De acordo com o §2º do Art. De acordo com o Art. 150 da Constituição Federal, a
imunidade mútua "aplica-se aos municípios e fundações constituídos e mantidos pelo
poder público em relação aos bens, rendas e serviços relacionados ou decorrentes de
suas finalidades básicas". Observe que, como no art. 150, VI, a, da Constituição
Federal, a imunidade se aplica às pessoas envolvidas em relação jurídica tributária. Em
outras palavras, a concessão de imunidade é baseada no tipo de pessoa jurídica
envolvida na relação jurídica, e não em determinadas operações ou bens. São pessoas
jurídicas que possuem regime jurídico próprio e não se confundem com outras entidades
que também possuem personalidade jurídica, mas com elas não se confundem, como as
fundações constituídas e mantidas por pessoas físicas. A imunidade aqui prevista aplica-
se apenas à imunidade criada e mantida pela autoridade pública. A imunidade foi
alargada às pessoas de direito público cujo regime jurídico não é permutável com o
privado. As pessoas jurídicas qualificadas de empresas públicas e sociedades de
economia mista não se enquadram no conceito de autarquias ou fundações mantidas
pelo poder público. São, sem dúvida, pessoas jurídicas de natureza diversa. Portanto,
não se enquadram na imunidade prevista no art. 150, § 2º, da Constituição Federal.
Independentemente disso, o Supremo Tribunal Federal tem, em alguns casos, garantido
a essas pessoas jurídicas o direito à imunidade com base na referida regulamentação.

4.1.4. Exploração de atividade econômica pelas pessoas jurídicas beneficiadas pela


imunidade recíproca

O objetivo da imunidade recíproca é evitar a tributação nos casos em que o governo,


municípios e fundações estejam atuando no seu papel típico de exercer atividades de
interesse público primário, e não naqueles em que investigam atividades econômicas
reguladas pelas normas aplicáveis O setor privado. De acordo com o § 3 parágrafos 1
carta 150 da Constituição Federal, "as vedações do inciso VI, "a" e do § anterior não se
aplicam aos bens, rendas e serviços relacionados ao uso de atividades econômicas que
sejam regidas pelas normas aplicáveis às empresas privadas, ou pelo qual haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem isenta o potencial
comprador da obrigação de pagar o IPTU”.

4.1.5. Análise da cláusula restritiva “no que se refere ao patrimônio, à renda e aos
serviços, vinculados às suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

O § 2º do artigo 150 da Constituição Federal limita a imunidade dos municípios e


fundações instituídas e mantidas pelo poder público aos bens, rendas e serviços
relacionados ou decorrentes de suas finalidades básicas. A primeira observação a ser
feita é que a imunidade concedida às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo
poder público não se limita aos impostos incidentes sobre o patrimônio, renda e serviços
dessas instituições, mas se estende a todos os impostos. Estão, portanto, isentos de
impostos no que diz respeito ao desenvolvimento de suas finalidades básicas. A última
parte do regulamento pertinente, a cláusula "ligada aos seus fins básicos ou deles
decorrentes", pode ser interpretada em termos de determinação das fontes ou origem.
Ou seja, a imunidade se estende a todos os rendimentos oriundos do desempenho de
suas atividades - sejam ou não atividades finais - se forem aplicados para seus fins
institucionais, ou apenas rendimentos decorrentes do desenvolvimento das atividades
finais da instituição? Parece-nos que a imunidade se aplica a todos os rendimentos
auferidos, quer decorrentes da realização de atividades propositadas de autarquias ou
fundações, quer de outras atividades, se neste caso o desenvolvimento dessas atividades
não significar um desequilíbrio econômico-financeiro em relação à outras pessoas
jurídicas que exerçam atividade similar, infringindo os princípios da livre concorrência
e do exercício de atividade profissional ou econômica jurídica.

4.2. Imunidade dos templos de qualquer culto

É vedado às pessoas políticas instituírem impostos sobre templos de qualquer culto no


que se refere ao patrimônio, renda e serviços, vinculados a suas finalidades essenciais.

4.2.1. Demarcação do conteúdo semântico da expressão “templos de qualquer culto

De acordo com o art. 150, VI, b, da Constituição Federal, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios não incidirão impostos sobre "templos de qualquer culto". A
Constituição Federal estabelece no artigo 5º, VI que “é inviolável a liberdade de
consciência e de crença, assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida a
proteção dos locais de culto e suas liturgias na forma da lei” e no artigo 5º, VIII que
"ninguém terá seus direitos restringidos em razão de crença religiosa ou opinião
filosófica ou política, a menos que sejam invocados para isentá-lo da obrigação legal
imposta a todos e se recusarem a prestar serviço substitutivo previsto em lei". Esta
imunidade nada mais é, portanto, do que um desenvolvimento do princípio
constitucional que assegura a liberdade de religião e o livre exercício do culto em
matéria fiscal, na medida em que impede a criação de obstáculos ao exercício da
atividade religiosa através da tributação. Ressalte-se que a imunidade visa assegurar que
a tributação pela tributação não constitua obstáculo ao livre exercício da atividade
religiosa e ameace a efetividade de tal garantia constitucional. Os cultos de adoração
podem ser realizados formal ou informalmente. Em ambos os casos, é claro que seu
desempenho exigirá mais do que apenas o local destinado à implementação. Dessa
forma, se a finalidade é assegurar o livre exercício da expressão religiosa, a proteção se
estende a todos os meios necessários para alcançá-la. Isso nos leva a pensar que o termo
“templo” não foi utilizado no regulamento discutido como sinônimo de local físico onde
ocorre um evento religioso, mas no sentido de entidade religiosa.

4.2.2. A imunidade e as propriedades das entidades religiosas.

Imóveis de propriedade de entidades religiosas usados para serviços religiosos não


podem ser tributados. Portanto, não é possível exigir deles, por exemplo, IPTU. Por
outro lado, se o imóvel onde são realizados os cultos for alugado por instituição, e ainda
que a instituição tenha se comprometido a pagar o IPTU, o imposto incidirá, salvo se
prevalecer que a imunidade em questão afete também o próprio contribuinte, uma vez
que no exemplo dado, o contribuinte é proprietário de direito que não é uma instituição
religiosa.

4.2.3. A imunidade dos cultos e os cemitérios

Os cemitérios podem pertencer a entidades religiosas e ser considerados locais sagrados


de culto e homenagem aos que já partiram desta vida. E assim seria arranjado um lugar
que correspondesse ao conceito de templo de qualquer culto. Por outro lado, o cemitério
pode pertencer a uma pessoa jurídica de direito privado, que utilize o local
economicamente. Neste caso, para o explorador econômico, o local não é um “templo”,
mas um bem como qualquer outro que é explorado economicamente, que poderia ser
lucrativo com essa atividade ou qualquer outra.

4.2.4. A imunidade dos cultos e as receitas auferidas com imóveis alugados

É claro que os imóveis pertencentes a instituições religiosas não são utilizados


diretamente para atingir seus fins básicos, como a prática do culto. No entanto, pode
acontecer que a renda obtida seja utilizada para fins institucionais de entidade religiosa,
e neste caso, ao examinar a questão do ponto de vista da destinação de recursos, a
determinação contida no § 4º § 1º carta 150 da Constituição Federal seria cumprido e a
instituição teria direito à imunidade. Nesse sentido, como podemos ver na citação
abaixo, há uma manifestação legal.

4.3. Normas imunizantes contempladas na alínea “c” do art. 150 da Constituição


Federal

De acordo com o disposto no artigo 150, VI, c, da Constituição Federal, é vedado aos
políticos tributar bens, renda ou serviços de partidos políticos, inclusive suas fundações,
organizações sindicais, instituições de ensino e assistência social, sem fins lucrativos,
atendendo aos requisitos da lei.

4.4. A imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do art.
150, VI, d, da Constituição, o imposto sobre livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à sua impressão. A proibição visa retirar a carga tributária que pode incidir
sobre tais itens, limitando a disseminação de ideais ou até mesmo dificultando a
educação e a formação das pessoas. A proteção constitucional visa assegurar a não
tributação dos veículos destinados à difusão de ideias, informações e conhecimentos. A
imunidade não se destina a empresas que vendem livros, jornais ou periódicos, mas a
objetos. Em última análise, trata-se de uma redução no custo de livros, jornais ou
periódicos, e não nos custos operacionais das empresas que vendem esses itens.

4.5. A imunidade dos fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no


Brasil

Trata-se de uma hipótese de imunidade que foi inserida pela Emenda Constitucional 75
de 15/10/2013, que acrescentou a alínea “e” ao artigo 150, VI da Constituição Federal.
Com essa inserção, os políticos foram proibidos de cobrar impostos sobre gravações
sonoras musicais e videofonogramas produzidos no Brasil que contenham obras
musicais ou literário-musicais de autores brasileiros e/ou obras geralmente executadas
por artistas brasileiros, bem como suportes materiais ou arquivos digitais que contêm
armazenados no estágio de mídia óptica legível a laser de replicação industrial.

4.6. A “isenção” do art. 195, §7º da Constituição Federal

O § 7º do artigo 195 da Constituição Federal estabelece que “os sujeitos da assistência


social que atendam aos requisitos estabelecidos em lei estão isentos de contribuições
previdenciárias”. Trata-se de uma limitação do âmbito da tributação, que normalmente
deve ser realizada por uma pessoa política competente para introduzir o imposto. Não
há cronologia entre uma lei que contemple a tributação e uma lei isenta de tributação; é
da fusão dos dois que se define o campo de impacto. Para que se possa falar em
concessão de determinada isenção, é necessário que o imposto já tenha sido introduzido,
pois a isenção consiste em reduzir um dos critérios da regra padrão da carga tributária.
Então, até que esteja no lugar, não há nada para reduzir.

4.7. Outras hipóteses de imunidades

Partindo da premissa de que as imunidades são normas constitucionais que estabelecem


a impossibilidade de tributar determinadas situações, bens ou pessoas, encontramos no
texto constitucional, além dos já citados, outros regulamentos que incluem normas de
inelegibilidade relativas a impostos, taxas e contribuições. Existem imunidades que são
limitadas a determinados impostos. Um exemplo deste tipo de imunidade é dado no art.
156, § 2º, I, da Constituição Federal. Este dispositivo prevê que o ITBI não incide sobre
a transmissão de bens ou direitos integrantes do patrimônio da pessoa jurídica na
realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão,
constituição, cisão ou dissolução de a empresa e pessoa jurídica, se nesses casos a
atividade principal do adquirente não for a compra e venda desses bens ou direitos, o
aluguel de bens imóveis ou o arrendamento mercantil.

4.8. A análise da regra contemplada no §4º do art. 150 da Constituição Federal

O § 4º do artigo 150 da Constituição Federal dispõe que "as vedações expressas no


inciso VI, alíneas "b" e "c" abrangem apenas os bens, rendas e serviços relacionados
com os fins básicos das entidades nele elencadas". Tal cláusula restritiva pode ser
percebida em termos de origem ou destino. Isso significa que se estamos falando de
uma instituição religiosa, por exemplo, sua finalidade essencial é basicamente a
realização de cultos. Todos os recursos obtidos com tal atividade são, portanto, imunes.
No entanto, se uma instituição eclesiástica aufere rendimentos através do
desenvolvimento de atividades fora das suas finalidades institucionais, como por
exemplo a organização de um almoço com o objetivo de angariar fundos, é indiscutível
que esta atividade não se enquadra nos objetivos básicos de uma entidade religiosa.

Você também pode gostar