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UFMA – Universidade Federal do Maranhão

Disciplina: Introdução a Administração

Curso: Ciências Contábeis

Discente: Gabriel Bastos Silva, Renata Maria Mota da Silva

Resenha Crítica do Artigo: BUROCRACIA E PODER: UM ESTUDO DE CASO


EM UMA EMPRESA DE CRÉDITO AO CONSUMIDOR DO ESTADO DE SÃO
PAULO
O artigo, “Burocracia e Poder: Um estudo de caso em uma empresa de crédito
ao consumidor do Estado de São Paulo”, que contém dez páginas, foi
publicada em 2022 no site de Cadernos Pós-Graduação da UNINOVE, pelos
autores Hélio Batista, Mestrando pelo Programa de Administração da
UNINOVE, e Isabella Freitas Gouveia de Vasconcelos, Doutora em
Administração de Empresas-EAESP/FGV e professora do Programa de
Mestrado Profissional em Administração da UNINOVE.

O artigo inicia-se com a explicação da Teoria da Burocracia e os pressupostos


da Análise de Poder de Michel Crozier, sociólogo francês especialista no
estudo das organizações. O autor através de suas obras exemplifica como as
características das organizações induzem determinados comportamentos nos
grupos que reforçam ainda mais as mesmas regras e estruturas, em um círculo
vicioso, fato que ocorre independentemente da vontade destes mudar ou não o
sistema. Crozier através do seu estudo enfatiza outra característica da
burocracia, evitar relacionamentos pessoais e espontâneos que possam levar a
conflitos. A regra estrutura as relações entre os grupos e reforça a
impessoalidade na organização. Desta forma, mesmo que a regra cause
disfunção, despersonalização e estruturação de relacionamentos garantem o
funcionamento do sistema, evitando conflitos.

Após introdução acerca da análise crozeriana, a metodologia utilizada para


desenvolver a pesquisa se apoia no estudo etnográfico, ou seja, o principal
foco se dá no estudo da cultura e comportamento de determinados grupos
sociais. O estudo teve duração de 3 meses e 20 pessoas foram entrevistadas.
Documentos policiais militares também são expostos a informações
operacionais por meio de observação participante e entrevistas. Trata-se de um
estudo longitudinal que buscou reconstruir a história da organização nos
últimos 20 anos. Para a coleta de dados, foi utilizado o método grounded
theory, também conhecido como método comparativo contínuo, desenvolvido
pelo sociólogo americano Anselm Strauss e adaptado para estudos
etnográficos qualitativos.

A empresa estudada, Alpha, prestava serviços para lojas de departamento e


era declarada líder do mercado em São Paulo, porém em 1994 quase foi à
falência e atualmente não atua mais no mercado. Dessa forma, os autores
realizaram uma pesquisa onde estudaram a história da empresa desde sua
ascensão nos anos 80 até 1994. Durante meados dos anos 80, a empresa
estudada era líder absoluta na prestação de serviços de crédito, a prestação
ocorria da seguinte maneira, a empresa Alpha montava um ponto de
atendimento aos clientes, onde a loja de departamentos fornecia a
infraestrutura e empresa de crédito fornecia os funcionários para realizar o
atendimento. O trabalho realizado por esses colaboradores era extremamente
metódico, era feita uma análise por meio de check list padrão onde quem não
estivesse a par de todos os requisitos solicitados teria o crédito negado,
fazendo desta atividade um serviço totalmente burocratizado.

No caso da empresa estudada, apenas o departamento financeiro era o único a


deter informações geradas pelo sistema de cobrança, não havia transparência
organizacional, quando existia diferença de valores, se fosse este fosse
benéfico para a empresa Alpha, o lojista não era contatado e muito menos o
erro era corrigido, porém se ocorresse o contrário a empresa de crédito pedia a
correção do erro, a fim de não ficar em prejuízo. A médio prazo esta política
deu errado. Quando detinha o quase-monopólio o sistema da empresa
funcionava, contudo, a partir da instalação do Plano Real, a concorrência no
segmento se expandiu e o cenário que era favorável passou a ser conturbado.
Em função disso, a empresa praticamente entrou em falência.

Os autores concluem que o ponto chave da pesquisa foi estudar as regras que
estruturam espaços de interação e poder entre os atores sociais, verificando
como o conhecimento e os sistemas de informação, além da própria estrutura
burocrática, possibilitando a criação de zonas de incerteza pertinente, gerando
espaços de negociação nas estruturas organizacionais.

Podemos observar e consequentemente aprender através do estudo de caso,


que a teoria de Michel Crozier, importante sociólogo francês, que os atores
sociais podem ou não colaborar, dependendo dos seus interesses e objetivos
pessoais. Teoria essa que foi exemplificada perfeitamente com o exemplo da
empresa Alpha, onde os interesses de um grupo específico e ganhos a curto
prazo, fez com que a empresa fosse a ruinas.

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