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IMUNIDADES

O tema que será tratado nesta aula é de suma importância para concursos públicos. As bancas adoram cobrar
imunidades tributárias nas provas de Direito Tributário.

Desta forma, vamos abordar o assunto no grau de profundidade que ele merece, com o intuito de deixá-lo
totalmente preparado para qualquer prova sobre o assunto.

Assim, iniciaremos explicando o conceito de imunidade, isenção e não incidência. Posteriormente, serão
abordadas as classificações doutrinárias das imunidades. Por fim, vamos estudar as imunidades em espécie!
Vocês verão que o assunto é bem tranquilo, embora tenha certa riqueza de jurisprudência.

1. Conceito de Imunidade, Isenção e Não Incidência

Você precisa saber que imunidade, isenção e não incidência geram o mesmo efeito prático para a pessoa
beneficiada: não pagar tributo. Uma pessoa isenta ou imune não paga o tributo objeto da imunidade ou da
isenção. Então, na prática, o efeito é o mesmo!

Porém, juridicamente, e nas provas de concursos públicos, existem distinções relevantes, e é por isso que as
estudaremos, você precisa estar pronto no dia da prova! Vamos lá!

A fim de compreendermos com exatidão a diferença entre os conceitos de imunidade, isenção e não
incidência, é necessário que entendamos primeiramente o que vem a ser incidência tributária.

Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos essenciais para que seja possível sua
cobrança (hipótese de incidência, sujeitos ativo e passivo, base de cálculo e alíquota).

Veja que a hipótese de incidência, como elemento essencial na instituição dos tributos, prevê na lei uma
situação que, ocorrida no mundo real, dará origem ao fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a
situação prevista em lei se concretizar, houve incidência tributária (ocorre o fato gerador). Nós já vimos
superficialmente isso na aula anterior, você se lembra?

Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser considerado não incidência? Podemos
citar três situações:

• A pessoa política não faz uso da competência tributária que lhe foi conferida. Podemos dizer que seria o
caso de um tributo instituído “pela metade”, em que o ente não prevê todas as hipóteses de incidência
capazes de gerar a tributação;

• A pessoa política não possui competência tributária para determinar certas situações fáticas como hipótese
de incidência. Esta hipótese se refere a situações que fogem do raio de incidência daquele tributo. Por
exemplo, o IPVA não pode incidir sobre bicicletas;

• A pessoa política é “barrada” pela CF/88. Ou seja, há certo dispositivo constitucional que inibe a
possibilidade de o ente prever aquela situação como hipótese de incidência do tributo.
Observação: Competência tributária é o poder conferido pela Constituição aos entes
federados para instituírem tributos (impostos, taxas etc.), sempre por meio de lei. Como a
CF/88 não cria tributos, é o exercício da competência tributária que torna possível a
cobrança dos tributos. O tema será estudado em outra aula.

Todas as três situações acima se referem a não incidência tributária. Contudo, a última pode ser considerada
como hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. Por tal motivo, é denominada
IMUNIDADE.

A imunidade pode ser considerada uma incompetência tributária.

Perceba, pela explicação inicial do tópico, que tanto na imunidade propriamente dita, como nas demais
situações que de não incidência, não há a ocorrência do fato gerador. Guarde isso!

Precisamos nos atentar ainda para o conceito de isenção. Trata-se de um benefício fiscal concedido pelo
ente político, por intermédio de lei. Ou seja, é a dispensa legal do pagamento do tributo, sendo considerada
uma decisão política.

Neste caso, há uma hipótese de incidência prevista na lei que instituiu o tributo e, por esse motivo, o fato
gerador ocorre. Contudo, o tributo não vem a ser cobrado, pois a isenção é uma hipótese de exclusão do
crédito tributário. Não iremos nos aprofundar neste conceito, por enquanto, para não ter o risco de
confundirmos. O momento irá chegar.

O que importa, por enquanto, é saber que a isenção decorre do exercício da competência tributária e o fato
gerador do tributo chega a ocorrer, e a obrigação tributária chega a existir. Isto é, o ente poderia cobrar
aquele tributo, mas decide isentar os contribuintes, mediante a edição de uma lei. Nesta aula, estamos
adotando a doutrina clássica, pois é o posicionamento adotado pelo STF (ADI 286).

Há divergência doutrinária sobre a existência ou não da obrigação tributária nos casos de


isenção.
A doutrina clássica, preconizada por Amílcar de Araújo Falcão1, dentre outros, defende que
a isenção constitui apenas em dispensa legal do pagamento do tributo, isto é, o fato
gerador ocorre, a obrigação tributária chega a existir, mas não o crédito tributário, tendo
em vista que ocorre a sua exclusão, nos termos do art. 175, I, do CTN. Esta é a linha adotada
pelo STF (ADI 286).

A doutrina mais moderna entende que, em casos de isenção, não há ocorrência do fato
gerador, de forma que a obrigação tributária não chega a existir. Nesta linha, De acordo
com o autor Roque Antônio Carraza2, “a isenção pode ser definida como limitação legal do
âmbito de validade da norma jurídica tributária, que impede que o tributo nasça ou faz com
que ele surja de modo mitigado.”

Dando continuidade ao nosso estudo, por outro lado, a imunidade é uma delimitação da competência
tributária, ou melhor, uma limitação constitucional ao poder de tributar, posicionando-se ao lado dos
princípios constitucionais tributários. Ou seja, existe um limite além do qual o ente instituidor não pode
tributar, por expressa disposição constitucional. Vimos também que não ocorre o fato gerador neste caso.

Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada pela CF/88 para tratar das
imunidades, visto que o simples fato de estar no texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade.

Neste sentido, o STF (RMS 22.192/DF) já decidiu que, embora o art. 195, § 7°, da CF/88, mencione a palavra
“isentas”, a interpretação que deve ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade.

Repare que, embora diferenciamos não incidência de imunidade, esta está inserida dentro
do conceito daquela, com a ressalva de que foi prevista constitucionalmente.

Espero que o quadro abaixo possa auxiliá-los a entender melhor o que dissemos até agora.

1
FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária. 6ª Edição. 2002. Pág. 66
2
CARRAZA, Roque Antônio. ICMS. 9ª Edição. Editora Malheiros. 2003
Não
Imunidade Isenção
Incidência
Situação não
a) Limitação ao 1. Opção política
prevista na lei
poder de do ente
instituidora ou
tributar; tributante;
impossível;

2. Previsão em
b) Previsão no
Não há norma norma
texto
que preveja; infraconstitucio-
constitucional;
nal;

Não ocorre fato c) Não ocorre 3. Ocorre fato


gerador; fato gerador; gerador;

Por fim, cabe destacar o conceito de alíquota zero, que é mais uma hipótese em que o tributo acaba não
sendo cobrado. Nesse caso, ocorre o fato gerador, contudo, o valor do tributo é nulo, já que a alíquota é
zero. Isso ocorreria, por exemplo, se o Governo Federal decidisse reduzir a alíquota de Imposto de
Importação a zero sobre determinados produtos essenciais ao País.

2 - Imunidades e Obrigações Acessórias

Sempre que falamos de imunidade, estamos falando do não recolhimento do tributo. Então, dizer que uma
pessoa é imune a determinado imposto, significa dizer que a pessoa está, por determinação constitucional,
dispensada do recolhimento do imposto.

Neste ponto da aula, é importante trazer um conceito que não é o foco central da aula, mas que toma
relevância por estar relacionado com a imunidade tributária. Trata-se das obrigações tributárias.

Uma obrigação tributária significa uma obrigação do contribuinte com a Fazenda Pública, que pode ter como
objeto o pagamento de tributo, mas também pode ter como objeto outras prestações, como, por exemplo,
apresentar uma declaração, emitir notas fiscais, etc.

Então, sempre quando se fala em obrigação tributária, não estamos falando necessariamente de obrigação
de pagar tributos, mas sim de deveres que o contribuinte possui em relação à Fazenda. Correto?

Indo um pouco além, existem obrigações tributárias “principais”, que sempre se refere ao pagamento
(tributo ou multas tributárias) e também existem as obrigações tributárias “acessórias”, que representam os
demais deveres despidos do caráter patrimonial (notas fiscais, declarações etc.), ou seja, são as obrigações
do contribuinte perante o Fisco, que não envolvem “dinheiro”.
Repetindo: todas as obrigações tributárias representam obrigações para os contribuintes, mas nem sempre
essas obrigações se referem ao “pagamento”. Quando tais obrigações se referirem a pagamento, são
obrigações principais; quando não se relacionarem a um pagamento, são acessórias. Ok?

Então, nós já sabemos que a imunidade recai sobre as obrigações principais, afinal, como já foi dito, se uma
pessoa é imune a determinado imposto, estará dispensado do seu “pagamento”, e pagamento é obrigação
tributária principal.

Mas onde queremos chegar?

As obrigações acessórias não dependem da obrigação principal, são autônomas. Por isso, a dispensa da
obrigação principal, seja pela isenção ou imunidade, não dispensa o contribuinte de continuar cumprindo
obrigações acessórias que tenham relação com o tributo objeto do benefício fiscal concedido.

Antes de estudarmos as imunidades, gostaria de deixar claro que, embora se trate de uma dispensa
constitucional do pagamento de tributos, a imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias
instituídas pela legislação tributária.

Nesse sentido, para o STF (RE 250.844), “exigir de entidade imune a manutenção de livros fiscais é
consentâneo com o gozo da imunidade tributária (...)”. Nesse ponto da aula você já sabe que a manutenção
de livros fiscais é um exemplo de obrigação acessória.

Em maio de 2020, o STF também decidiu (ACO 1098, Informativo 980) que não há violação ao princípio da
legalidade, caso as obrigações acessórias sejam instituídas por atos infralegais.

Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está dispensada de
cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização tributária.
3 – Classificação das Imunidades Segundo a Doutrina

Neste tópico, iremos abordar as principais classificações das imunidades adotadas pela doutrina. À medida
que expusermos uma classificação, traremos exemplos estatuídos na própria CF/88, com o objetivo de
facilitar a absorção do assunto.

3.1 - Classificação quanto ao parâmetro para concessão: subjetivas,


objetivas ou mistas

A Constituição Federal, ao instituir as imunidades, pode adotar como parâmetro tanto as pessoas (imunidade
subjetiva), quanto as coisas (imunidade objetiva). Podemos ter ainda imunidades que consideram as coisas
e as pessoas ao mesmo tempo, sendo estas denominadas imunidades mistas.

As imunidades subjetivas podem ser exemplificadas pela imunidade recíproca. De acordo com o art. 150, VI,
a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, a
renda ou serviços, uns dos outros. Observe que a imunidade é direcionada a pessoas políticas, mas não o é
às empresas privadas, por exemplo. Com isso, fica clara a importância que tem a “pessoa” para se definir
se haverá ou não imunidade.

Cabe observar que a imunidade subjetiva não exime as pessoas por ela abrangidas da responsabilidade pela
retenção de tributos, caso estejam designadas pela lei. Sendo assim, a União fica, a título de exemplo,
responsável pela retenção do imposto de renda incidente sobre os rendimentos de seus servidores, pois
estes não são imunes.

Observação: Responsável tributário, como veremos em momento oportuno, é a pessoa


que, embora não tenha relação pessoal com a situação que fez surgir o fato gerador, está
a ela ligada por expressa disposição legal.

Ainda que esteja imune, a “pessoa” pode estar sujeita, por meio de lei, a fazer retenção e
recolhimento dos tributos devidos por outrem.

Temos aqui mais um exemplo obrigação acessória: o fato de a empresa estar obrigada a
descontar os tributos devidos por terceiros e recolhê-los. Veja que não há encargo
financeiro, mas tão somente a obrigação de “fazer algo”.

No que se refere às imunidades objetivas, o exemplo amplamente utilizado é o da imunidade cultural. De


acordo com o art. 150, VI, d, da CF/88, é vedado a todos os entes federativos instituir impostos sobre os
livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Desta forma, não importa qual pessoa esteja
vendendo um jornal, por exemplo. O que é relevante para a aplicação da imunidade é o bem que está sendo
objeto de comercialização.

Por último, as imunidades mistas podem ser ilustradas pela imunidade que impede a incidência do Imposto
sobre Propriedade Territorial Rural sobre as pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel. Atente para o fato de que as glebas rurais constituem o aspecto
objetivo e, o fato de seu proprietário não poder possuir outro imóvel, revela o aspecto subjetivo da referida
imunidade.

Até aqui, tudo compreendido? Passemos, pois, para a segunda classificação.

3.2 - Classificação quanto à origem: ontológicas e políticas

As imunidades ontológicas são aquelas que decorrem do princípio da isonomia e do pacto federativo. Ou
seja, são imunidades que, ainda que não houvesse sua previsão constitucional, existiriam.

Nesse sentido, podemos adotar como exemplo a imunidade recíproca. Repare que tal imunidade busca
preservar a autonomia financeira dos entes federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto federativo.

Por outro lado, as imunidades políticas são aquelas que só existem por decisão expressa do legislador
constituinte. Isso não quer dizer que elas não protegem outros princípios constitucionais. Por exemplo, a
imunidade cultural impede a cobrança de imposto sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à
sua impressão.

3.3 - Classificação quanto à forma de previsão: explícitas ou implícitas

Configuram-se explícitas as imunidades expressas no próprio texto constitucional. Trata-se das hipóteses
que o legislador já previu, no momento da elaboração da Constituição Federal.

É possível também que algumas imunidades não tenham sido reconhecidas expressamente, mas, por
decorrerem de princípios constitucionais, a jurisprudência passe a aceitá-las da mesma forma que as que
estão confeccionadas na CF. A essas imunidades, a doutrina denominou implícitas. Até o momento, não
temos exemplos de imunidades implícitas.

Perceba que podemos fazer uma interligação entre o que foi visto aqui e o que vimos na classificação quanto
à origem das imunidades. As imunidades políticas são sempre explícitas, pois necessariamente devem estar
previstas no texto da Constituição.

Por outro lado, vimos que as imunidades ontológicas, ainda que não fossem previstas na CF, existiriam.
Desta maneira, podemos afirmar que tais imunidades podem ser tanto explícitas como implícitas.

3.4 - Classificação quanto à necessidade de regulamentação:


incondicionadas e condicionadas

Esta classificação diz respeito à necessidade de que a imunidade, para surtir efeitos no mundo concreto,
esteja regulamentada por norma infraconstitucional, ou seja, por leis.
Neste contexto, se as imunidades forem incondicionadas, como, por exemplo, a imunidade recíproca, não
há necessidade de edição de lei, produzindo efeitos imediatamente.

Devemos lembrar que também há as imunidades condicionadas, que são aquelas que dependem de
regulamentação por lei, para que possam produzir efeitos. Como exemplos, podemos citar a imunidade
prevista no art. 150, VI, c, da CF/88. Trata-se da imunidade referente às instituições de educação e assistência
social sem fins lucrativos. Estas só poderão gozar da benesse constitucional, caso haja regulamentação legal.

Recuperando os seus estudos de Direito Constitucional, podemos dizer que as imunidades condicionadas
constituem normas de eficácia limitada, pois se faz necessária uma regulamentação infraconstitucional.

1. Classificação quanto ao alcance: gerais e específicas

Em alguns casos, o legislador constituinte optou por incluir vários tributos e todos os entes federativos
dentro de certas imunidades. Por exemplo, a imunidade recíproca veda a instituição de diversos impostos
(sobre patrimônio, renda ou serviços) e tal vedação é extensiva à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios.
Neste caso, tal imunidade é denominada geral ou genérica.

Todas as imunidades previstas no art. 150, VI, da CF/88, são consideradas genéricas.

Por outro lado, em algumas situações, as imunidades são mais restritas, alcançando tributos específicos e,
por consequência, apenas o ente competente para instituí-los. Cite-se, por exemplo, o caso da imunidade
concedida ao IPI sobre operações de exportação (art. 153, § 3°, III). Tal imunidade pode ser denominada
específica, tópica ou especial.

(PGE-MA-Procurador/2016) A imunidade tributária expressa a incompetência do ente para instituição do


tributo na situação ali prevista, podendo ser fixada na Constituição Federal ou em lei complementar.
Comentário: É verdade que a imunidade tributária expressa a incompetência do ente para instituição do
tributo sobre o que foi imunizado. Contudo, a imunidade deve necessariamente estar prevista na
Constituição Federal.
Gabarito: Errada
(TJ-PE-Titular de Serviços de Notas e de Registros/2013) A imunidade tributária
a) pode vir definida em lei ou na Constituição Federal, mas nunca em decreto.
b) para ser concedida depende de requerimento do interessado à autoridade administrativa competente.
c) pode ser criada por lei do ente competente para instituir o tributo, podendo ser em caráter geral ou em
caráter específico.
d) é prevista na Constituição Federal, que fixa as hipóteses de incompetência para o ente instituir o tributo
nas situações por ela definidas.
e) é prevista na Constituição Federal, mas sua aplicação depende sempre de despacho de autoridade
administrativa fiscal competente que reconheça a não incidência.
Comentário:
Alternativa A: A imunidade tributária apenas pode ser definida na Constituição Federal. Alternativa errada.
Alternativa B: A imunidade não fica sujeita à deferimento por parte da autoridade administrativa. Alternativa
errada.
Alternativa C: Essa regra aplica-se à isenção, mas não à imunidade, visto que esta só pode ser definida na
CF/88. Alternativa errada.
Alternativa D: Realmente, a imunidade é prevista na Constituição Federal, fixando hipóteses de
incompetência tributária para o ente instituir o tributo, ou seja, traça limites ao poder de tributar dos entes
federativos. Alternativa correta.
Alternativa E: Embora seja realmente prevista na CF, sua aplicação independe de despacho de autoridade
administrativa. Alternativa errada.
Gabarito: Letra D
ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
Neste tópico, abordaremos as principais imunidades de forma aprofundada, e mencionaremos as demais,
previstas fora do Capítulo do Sistema Tributário Nacional, apenas para que você tenha conhecimento da
existência delas. Ok?

Imunidade Recíproca

Mencionamos a imunidade recíproca em vários exemplos no estudo da classificação doutrinária das


imunidades, certo? Por esse motivo, creio que vocês acabaram tendo uma noção do que se trata.

Na verdade, tal imunidade – também denominada imunidade intergovernamental – existe para proteger a
autonomia financeira dos entes federados e, consequentemente, o pacto federativo. Podemos afirmar,
portanto, que ela configura uma cláusula pétrea, no entendimento da Suprema Corte (ADI 939).

Como é viabilizada esta proteção que acabamos de dizer? Ora, de acordo com o art. 150, VI, a, da CF/88, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio,
renda ou serviços uns dos outros.

Você precisa estar atento ao fato de que as únicas espécies de tributos abrangidas por esta imunidade são
os impostos. Além disso, note que o conceito é ainda mais restrito: apenas os impostos sobre o patrimônio,
renda ou serviços foram alcançados pela imunidade recíproca.

Para entender o assunto que vamos estudar, é necessário que você conheça o conceito de contribuinte de
direito e contribuinte de fato. Esse tema toma relevância em situações nas quais as pessoas que arcam, de
fato, com o ônus tributário não são as mesmas que recolhem o tributo ao erário. Isso ocorre nos
denominados tributos indiretos.

Imaginemos que determinado cidadão compra uma TV de LED em uma loja de eletrodomésticos. Sobre a
incidência do ICMS nesta operação, a loja é eleita pela lei como contribuinte e é ela que vai recolher tal
imposto, correto? No entanto, quem sofre o ônus do tributo não é a loja, mas, sim, a pessoa física que
adquiriu a TV. Isso ocorre, porque a loja simplesmente acrescenta o custo daquele tributo no valor da TV.

Dessa forma, dizemos que contribuinte de direito é aquele eleito pela lei para recolher o tributo, e
contribuinte de fato é o que arca realmente com o ônus do tributo. Entendido?

Tudo isso será visto com maiores detalhes em outras aulas. O importante agora é que você saiba distinguir
tais figuras, para entender com precisão o que será dito a seguir.

Vejamos, então, como é o entendimento da Suprema Corte em relação à aplicabilidade da imunidade


recíproca sobre os tributos indiretos:

Ementa: TRIBUTÁRIO. ICMS. SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA. MUNICÍPIO. CONTRIBUINTE DE


FATO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150, VI, A, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO
IMPROVIDO. I - A imunidade do art. 150, VI, a, da Constituição somente se aplica ao imposto
incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente beneficiado, na qualidade de
contribuinte de direito. II - Como o Município não é contribuinte de direito do ICMS relativo a
serviços de energia elétrica, não tem o benefício da imunidade em questão, uma vez que esta
não alcança o contribuinte de fato. Precedentes. III – Agravo regimental improvido.

(STF, ARE 663.552-AgR/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgado em
28/02/2012)

Para a Suprema Corte (ARE 663.552), a imunidade recíproca somente se aplica se o ente beneficiado estiver
na condição de contribuinte de direito, não o alcançando como contribuinte de fato.

Vejam que quem faz o recolhimento do tributo, relativo aos serviços de energia elétrica, são as próprias
prestadoras de serviço, sendo elas denominadas contribuinte de direito.

Por outro lado, a referida imunidade pode se aplicar em operações de importação de bens, quando o ente
federado for o importador. Neste caso, perceba que há a identidade do contribuinte de fato e do
contribuinte de direito, não havendo transferência do ônus tributário (STF, AI 518.405-AgR).

Além destas situações, podemos acrescentar que o STF (AI AgR/RS 174.808 e RE 196.415/PR) já considerou
ilegítima a incidência de IOF sobre aplicações financeiras dos entes federados, bem como a tributação da
renda resultante de tais aplicações pelo IR.

O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de


examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a
autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais
cabíveis (STF, RE 259.976-AgR). Para fins de provas, é interessante visualizarmos toda a emenda deste
julgado, conforme se transcreve abaixo:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROPÓSITO MODIFICATIVO.


EXCEPCIONALIDADE AUSENTE. ALEGADA CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. ACÓRDÃO QUE TOMA
COMO PREMISSA A VINCULAÇÃO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA À ATIVIDADE
ESSENCIAL DA ENTIDADE PROTEGIDA. APLICAÇÃO AO PRODUTO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS
PARA AFASTAR O IOF.

1. Conforme assentado em uma série de precedentes e no próprio acórdão embargado, a


imunidade tributária é indiferente à integral gratuidade dos serviços prestados e abarca os meios
de existência da entidade, ainda que inconfundíveis com a respectiva atuação institucional. 2. O
benefício não será aplicável, dentre outros motivos, se ficar constatado (i) desvio de finalidade
ou (ii) risco à concorrência e à livre iniciativa. 3. Tanto a decisão agravada como o acórdão
recorrido indicaram explicitamente que as razões de recurso extraordinário basearam-se em
meras presunções, que não são toleradas à luz do devido processo legal de constituição do crédito
tributário.

(...)

(STF, RE 259.976 AgR-ED/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgado em
19/10/2010)
Observação: O caso concreto se referia à imunidade recíproca extensiva à OAB. Ainda hoje
estudaremos mais detalhes sobre esta situação.

Ressalte-se ainda que, para o STF (ADI 2.024 e RE 364.202/RS, respectivamente), a imunidade recíproca não
pode ser invocada para as contribuições previdenciárias e para as taxas. Sendo assim, por exemplo, uma
repartição federal poderia estar sujeita a pagar taxa pela coleta de lixo.

Até aqui vimos a aplicabilidade da imunidade recíproca aos entes federados. No entanto, há que se lembrar
de que esta limitação constitucional ao poder de tributar é extensiva a outras pessoas jurídicas, de acordo
com o art. 150, § 2°, da CF/88, a seguir transcrito:

“Art. 150: (...)

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e


mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.”

A citada extensão é denominada “imunidade tributária recíproca extensiva”, por parcela da doutrina. Note
que há uma restrição neste parágrafo: a necessidade de que o patrimônio, a renda e os serviços das referidas
entidades estejam vinculados às finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Perceba ainda que esta
restrição não foi feita em relação aos entes políticos, como demonstra a ementa do seguinte julgado:

"O julgado recorrido contempla a conclusão de que a União não está condicionada ao ônus de
comprovar vinculação do bem tributado a uma finalidade pública, o que somente ocorre nos
casos das autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público no que se refere à
tributação do patrimônio, renda e serviços vinculados a suas finalidades essenciais. (...)”

(STF, RE 635.012/RJ, Decisão Monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgado em 07/02/2013)

De qualquer modo, é interessante destacar a jurisprudência do STJ, no sentido de que há presunção de que,
os imóveis pertencentes às entidades autárquicas, se destinam aos seus fins institucionais:

PROCESSUAL CIVIL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IPTU. PRESUNÇÃO DE QUE O IMÓVEL SE DESTINA


AOS FINS INSTITUCIONAIS DA ENTIDADE AUTÁRQUICA.

ÔNUS DA PROVA EM CONTRÁRIO. INCUMBÊNCIA DO PODER TRIBUTANTE.

1. Conforme a jurisprudência dominante do STJ, presume-se que o imóvel de entidade


autárquica esteja afetado a destinação compatível com seus objetivos e finalidades
institucionais. Portanto, o ônus de provar que o patrimônio da autarquia está desvinculado dos
seus objetivos institucionais e, portanto, não abrangido pela imunidade tributária prevista no art.
150 da Constituição, recai sobre o poder tributante. Com efeito, assim como cabe ao executado-
embargante o ônus da prova de sua pretensão desconstitutiva, incumbe ao embargado, réu no
processo de embargos à execução, a prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor. Precedentes citados.

2. Recurso especial não provido.


(STJ, Segunda Turma, REsp 1.335.220/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Julgamento em
21/08/2012)

Para o STJ, o ônus de provar que o patrimônio da autarquia está desvinculado dos seus
objetivos institucionais é do ente tributante.

Destaque-se que, muito embora o texto constitucional restrinja a aplicação desta imunidade às autarquias e
às fundações públicas, o entendimento predominante no STF (RE 407.099/RS e AC 1.550-2) é o de que a
benesse é extensível também às empresas públicas (EP) e às sociedades de economia mista (SEM)
prestadoras de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado.

A princípio, você poderia pensar que isso seria proibido pelo art. 173, § 2°, da CF/88, segundo o qual “as
empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos
às do setor privado”.

Contudo, o que deve ser considerado é que existem dois tipos de EP e SEM, isto é, há aquelas exploradoras
de atividade econômicas (sujeitas ao art. 173, da CF/88) e há as prestadoras de serviços públicos (sujeitas ao
art. 175, da CF/88). As únicas abrangidas pela imunidade recíproca são as prestadoras de serviço público.

Nesse sentido, o STF já concedeu imunidade às seguintes EP e SEM:

 Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – (STF, RE 407.099);


 Infraero – (STF, RE 524.615-AgR);
 Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (CAERD) – (STF, AC 1.550-2/RO);
 Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) – (STF, RE 253.472)
 Casa da Moeda do Brasil (CMB) – (STF, RE 610.517)
 Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) (STF, ACO 2.568)

Observação: Em 2014, tivemos mais três decisões favoráveis à imunidade gozada pela ECT.
Senão, vejamos:

Em 15/10/2014, o STF reconheceu a imunidade relativa ao IPTU incidente sobre imóveis de


propriedade da ECT, bem assim os por ela utilizados.

Em 12/11/2014, o Plenário do STF decidiu que não incide o ICMS sobre o serviço de
transporte de bens e mercadorias realizado pela Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – ECT.

Em 26/11/2014, a Suprema Corte (ACO 879/PB) reafirmou sua jurisprudência a respeito da


imunidade tributária relativa ao IPVA, gozada pela ECT.
Além dos casos acima citados, o entendimento do STF (RE 580.264/RS) tem sido o de que “as sociedades de
economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal,
gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal”.

Na direção oposta do que vimos, o STF (RE 285.716-AgR) negou à Petrobrás, sociedade de economia mista
destinada à exploração econômica em benefício de seus acionistas, a imunidade recíproca. De acordo com a
Suprema Corte, “é irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a
circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal”. Dessa forma,
podemos memorizar que o fato de a atividade estar sujeita a monopólio estatal não traz como consequência
a aplicação de imunidade.

Ressalte-se que a OAB – entidade não integrante da administração pública indireta – também foi alcançada
pela imunidade recíproca, no entendimento do STF (RE 259.976-AgR). De acordo com a Suprema Corte, a
OAB desempenha atividade própria de Estado, motivo que faz com que ela também esteja imune.

Embora a OAB esteja inserida no seleto rol de entidades abrangidas pela imunidade recíproca, o STF já
chegou a decidir que as Caixas de Assistência dos Advogados, mesmo integrando a estrutura da OAB, não
são imunes (STF, RE 662.816/BA-AgR), sob a argumentação de que as Caixas de Assistência têm sua área de
atuação voltada aos benefícios individuais dos associados. Trata-se de entidade destinada a prover
benefícios pecuniários e assistenciais a seus associados, não desempenhando as atividades inerentes à
Ordem dos Advogados do Brasil (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado democrático de direito,
dos direitos humanos, da justiça social Também não lhe compete privativamente promover a representação,
a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil).

Tal posicionamento, contudo, foi superado no julgamento dos embargos de declaração, opostos contra outra
decisão proferida pela Segunda Turma do STF (RE 405267 AgR-segundo-ED / MG). Neste julgamento, o
relator, Min. Edson Fachin, destacou que as caixas de assistência dos advogados prestam serviço público
delegado, possuem caráter jurídico de ente público e não exploram atividade econômica com intuito
lucrativo.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é imune.

As Caixas de Assistência dos Advogados também são imunes.

Outro ponto a ser destacado é que nos serviços públicos prestados por meio de delegação pelo poder
público, a atividade delegada em si, caso seja exercida com intuito lucrativo, não há que se falar em
imunidade. É o caso, por exemplo, dos serviços de registros públicos, cartorários e notariais que, por terem
intuito lucrativo e serem devidamente remunerados, não estão imunes (STF, ADI 3.089). Por conta desse
entendimento, faz-se necessário transcrever parte da ementa do acórdão proferido pelo STF no julgamento
da ADI 3.089:
As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação, porquanto a
circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a exceção
prevista no art. 150, § 3º da Constituição. O recebimento de remuneração pela prestação dos
serviços confirma, ainda, capacidade contributiva.

A imunidade recíproca é uma garantia ou prerrogativa imediata de entidades políticas


federativas, e não de particulares que executem, com inequívoco intuito lucrativo, serviços
públicos mediante concessão ou delegação, devidamente remunerados.

Não há diferenciação que justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a não-
tributação das atividades delegadas. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida, mas
julgada improcedente.

(STF, ADI 3.089/DF, Pleno, Rel. Min. carlos Britto, Julgado em 13/02/2008)

O simples fato de o serviço ter natureza pública não basta para ficar caracterizada a
imunidade!

Para concluir o tema, precisamos estudar a última norma que versa sobre a imunidade recíproca, que é o §
3° do art. 150, que diz o seguinte:

“Art. 150: (...)

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio,


à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.”

Uma leitura atenta do dispositivo permite inferir que há duas hipóteses que escapam da abrangência da
imunidade recíproca.

A primeira diz respeito a quando o patrimônio, a renda e os serviços são utilizados para exploração de
atividades econômicas em concorrência com os empreendimentos privados. O que se deve ficar atento é ao
motivo que fez o legislador constituinte inserir esta exceção, que é o fato de não permitir que haja
concorrência desleal. Ou seja, seria injusto que determinadas entidades utilizassem da imunidade para
concorrer no mercado, certo?
Ainda devemos tratar sobre os casos de delegação de serviços públicos, nos quais são cedidos imóveis dos
entes públicos a pessoas jurídicas de direito privado, para exploração da atividade. Em tais casos, o STF
mantinha o entendimento de que a imunidade recíproca se estendia ao imóvel pertencente à União utilizado
por empresa privada, sob o regime de concessão.

Porém, no julgamento do RE 601.720/RJ, foi considerada a exigência do IPTU em tal situação. O caso concreto
envolveu a INFRAERO, que é uma pessoa jurídica de direito privado (empresa pública) com imunidade
pacificamente reconhecida pelo STF, e uma empresa privada (Barrafor – concessionária de veículos Ford),
sendo o bem imóvel objeto da concessão de uso pertencente à União.

O entendimento da maioria dos ministros da Suprema Corte foi o de que a imunidade recíproca não é
aplicável ao caso em razão do disposto no art. 150, § 3º, da CF/88, por se tratar de atividade privada
desenvolvida no local, evitando que haja violação à livre concorrência, pela aplicação de uma imunidade a
uma empresa em detrimento de seus concorrentes que atuam no mesmo segmento.

Há que se destacar que o STF (RE 242.827) já decidiu que a imunidade recíproca extensiva alcança o INCRA
– autarquia federal -, desobrigando-o de pagar ICMS sobre a exploração de unidade agroindustrial. No
entendimento do tribunal, a exploração é ocasional e está inserida no âmbito de sua destinação social. Trata-
se de um caso muito específico, mas é bom que você saiba que o STF assim já se posicionou.

A segunda hipótese afirma que a imunidade recíproca não exonera o promitente comprador da obrigação
de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

A situação se refere a quando uma pessoa particular (promitente comprador) assina um contrato de compra
e venda, adquirindo um imóvel de um ente imune. Lembre-se de que a mera assinatura do contrato não
transfere a propriedade do bem, mas o comprador passa a ter sobre o bem o direito real de aquisição de
coisa alheia, bastando, segundo a CF/88, para ser tributado normalmente.

Nesse contexto, o STF já sumulou o seguinte entendimento:

Súmula STF 583 - Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia


é contribuinte do imposto predial territorial urbano.
Patrimônio Extensiva a
IMUNIDADE
Impostos Renda autarquias e
RECÍRPOCA
Serviços fundações públicas

Não se aplica: EP e SEM Vinculação a


Não se aplica: prestadoras de finalidades
Taxas serviço público essenciais
- Explor. Ativ. Econ.
Contr. Previd.
- Contrib. De fato
- Serv. Cartoriais

(SEFAZ-DF-Auditor Fiscal/2020) A imunidade tributária recíproca dos entes federativos não é extensível às
respectivas autarquias e fundações públicas.
Comentário: De acordo com o art. 150, § 2º, da CF/88, a imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Gabarito: Errada
(MPE-CE-Promotor de Justiça/2020) A União não pode instituir tributos de nenhuma natureza sobre o
patrimônio dos estados e municípios.
Comentário: A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, "a", da CF/88, é específica para os impostos,
não alcançando outras espécies tributárias. Ao resolver a questão, o candidato precisa ter muito cuidado
para não confundir imposto" com "tributo".
Gabarito: Errada
(PGM-Campo Grande-Procurador/2019) As imunidades recíprocas são limitações constitucionais ao poder
de tributar e têm status de cláusulas pétreas.
Comentário: De fato, a imunidade recíproca atua protegendo o princípio federativo, garantindo autonomia
financeira aos entes federativos. Por essa razão, é considerada cláusula pétrea.
Gabarito: Correta
(PGE-PE-Procurador/2018) As hipóteses de limitação ao poder de tributar decorrente do princípio
constitucional da imunidade recíproca incluem
a) proibir a União de instituir impostos sobre o patrimônio de estados e municípios.
b) vedar as limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais.
c) proibir que estado estabeleça diferença tributária entre bens e serviços em razão do município de
procedência ou de destino.
d) vedar isenções de tributos da competência de outros entes federativos.
e) proibir a instituição de tributo federal que não seja uniforme em todo o território nacional.
Comentário:
Alternativa A: A imunidade recíproca impede a instituição e cobrança de impostos sobre o patrimônio, renda
e serviços, sendo tal vedação aplicável a todos os entes federativos, inclusive a União. Alternativa correta.
Alternativa B: Trata-se, neste caso, do princípio constitucional da liberdade de tráfego. Alternativa errada.
Alternativa C: Trata-se de princípio da não discriminação em razão da procedência ou destino. Alternativa
errada.
Alternativa D: Trata-se do princípio da vedação às isenções heterônomas. Alternativa errada.
Alternativa E: Trata-se do princípio da uniformidade geográfica da tributação. Alternativa errada.
Gabarito: Letra A
(SEFAZ-PI-Auditor Fiscal/2015) A Constituição Federal estabelece limitações ao poder de tributar, concedido
aos entes federados. No que se refere a estes limites, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, instituir tributos sobre a renda e patrimônio uns dos outros, inclusive em relação às
autarquias, fundações e empresas públicas, instituídas ou mantidas por estes entes federados.
Comentário: Primeiramente, devemos nos atentar ao fato de que a referida imunidade citada na questão
se restringe aos impostos, não sendo extensiva aos “tributos” de um modo geral. Ademais, além desse erro,
as empresas públicas não foram consideradas imunes no texto constitucional, mas apenas as autarquias e
fundações instituídas e mantidas pelo poder público.
Gabarito: Errada
(ICMS-PE/2014) As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, ainda que seu
capital social seja majoritariamente estatal, não gozam da imunidade tributária recíproca.
Comentário: O STF já decidiu que as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde,
cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso
VI do art. 150 da Constituição Federal.
Gabarito: Errada
(TRT-16ª Região – Analista Judiciário/2014) Facundo, Auditor Fiscal da Receita Federal, pretende multar a
Fundação “Vida e Paz”, fundação instituída e mantida pelo Poder Público, haja vista que a mesma jamais
pagou imposto sobre seu patrimônio, renda e serviços. Nesse caso,
a) Facundo apenas pode cobrar tributo pelos serviços exercidos pela fundação, mas não sobre a renda e o
patrimônio, os quais detém imunidade tributária.
b) correta a postura de Facundo, vez que a citada fundação não detém imunidade tributária.
c) correta a postura de Facundo, pois apenas as autarquias possuem imunidade tributária.
d) incorreta a postura de Facundo, vez que a fundação possui imunidade tributária relativa aos impostos
sobre seu patrimônio, renda e serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou as delas decorrentes.
e) Facundo apenas pode cobrar tributo sobre a renda da fundação, mas não sobre seus serviços e patrimônio,
os quais detém imunidade tributária.
Comentário: Sabemos que a imunidade recíproca foi estendida às autarquias às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes, conforme determina o art. 150, § 2º, da CF/88. Portanto,
Facundo não pode multar a referida fundação, sob o fundamento de que tal entidade jamais pagou imposto
sobre seu patrimônio, renda e serviços.
Gabarito: Letra D
(ICMS-PE/2014) A sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto não é
abrangida pela imunidade tributária recíproca.
Comentário: O STF já se manifestou no sentido da extensão da imunidade tributária recíproca às sociedades
de economia mista prestadora de serviços públicos. Assim, já foi concedida imunidade para a CAERD
(Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia), uma sociedade de economia mista prestadora de serviço
público de água e esgoto.
Gabarito: Errada
Imunidade Religiosa

O art. 150, VI, b, da CF/88, veda que todos os entes federativos cobrem impostos sobre os templos de
qualquer culto. Levando em consideração o disposto no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade
de culto é um direito individual, o que faz com que a imunidade ora analisada se configure uma cláusula
pétrea.

Verifica-se também que, pelo fato de o Brasil ser um país laico, a imunidade religiosa alcança todas as
religiões, sem qualquer distinção.

A imunidade religiosa é incondicionada! Grave isso!

Há que se ressaltar, nesse contexto, que, da mesma forma como ocorre com as demais imunidades inseridas
no art. 150, VI, da Magna Carta, a imunidade religiosa somente alcança os impostos, não sendo extensiva,
no entendimento do STF (RE 129.930), às contribuições sindicais.

Ainda seguindo o raciocínio do STF (RE 325.822), embora o texto constitucional mencione que a imunidade
protege os “templos”, devemos entender que o legislador constituinte quis dizer que a vedação abrange
também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais da entidade
religiosa.

Neste rumo, ainda que um imóvel pertencente a determinada entidade religiosa encontre-se alugado para
terceiros, a imunidade subsiste, pois embora a atividade exercida não esteja de acordo com o disposto no
art. 150, § 4°, da CF/88, para o STF, basta que os recursos gerados estejam sendo vertidos para as finalidades
essenciais de tais entidades.

Cabe destacar que, em relação ao IPTU, o texto constitucional foi alterado em 2022, pela EC 116/2022,
passando a incluir o § 1º-A ao art. 156, cuja redação é a seguinte:

Art. 156:

(...)

§ 1º-A O imposto previsto no inciso I do caput deste artigo não incide sobre templos de
qualquer culto, ainda que as entidades abrangidas pela imunidade de que trata a alínea
"b" do inciso VI do caput do art. 150 desta Constituição sejam apenas locatárias do bem
imóvel.
Por se tratar de uma imposição constitucional acerca da não incidência tributária, trata-se de uma imunidade
que visa a proteger a liberdade de culto, mesmo nos casos em que a entidade religiosa não tenha o seu
próprio imóvel. Como exemplo, podemos pensar naquela igrejinha recém constituída, que aluga um
pequeno salão para celebrar os cultos religiosos. Sobre tal imóvel, não deverá ocorrer a incidência de IPTU.

Igreja que possua imóveis locados a terceiros - O STF definiu que há imunidade se os
recursos dos aluguéis forem revertidos para as suas próprias finalidades.

Igreja que não possui o próprio imóvel – A CF define que há imunidade sobre o IPTU
daquele imóvel, mesmo quanto seja locatária.

Ademais, a Suprema Corte (RE 578.562), dando entendimento extensivo à imunidade religiosa, entende que
os cemitérios que consubstanciam extensões destas entidades também são alcançados pela vedação
constitucional em tela.

Perceba que não são todos os cemitérios que estão abrangidos pela imunidade, mas
apenas aqueles que são, de fato, mera extensão da entidade religiosa.

Por fim, cabe-nos ressaltar a decisão do STF (RE 562.351) no sentido de que a maçonaria não é alcançada
pela imunidade religiosa, já que nas lojas maçônicas não se professa qualquer religião.
Relacionados
com finalidades RECURSOS
essenciais GERADOS

Alcança Imóveis
IMUNIDADE Patrimônio/Renda
Impostos Alugados a
RELIGIOSA /Serviços
Terceiros

Não se aplica: Cemitérios


Maçonaria (Extensão)

(SEFAZ-MA-Auditor Fiscal/2016) De acordo com as regras constitucionais atinentes às limitações do poder


de tributar, é VEDADO
a) aos Estados, instituir e cobrar a “Taxa de Fiscalização de Prestação de Serviços de Interesse à Saúde”,
relativamente a estabelecimento pré-escolar (maternal), entidade sem fins lucrativos e que exerce suas
atividades essenciais.
b) aos Municípios, instituir e cobrar o ISS sobre a prestação de serviço de saúde por hospitais de propriedade
de entidade de economia mista, que cobra pelos serviços que presta, e cuja maior parte do capital pertence
ao Estado.
c) aos Municípios, instituir e cobrar a “taxa de lixo” das repartições públicas estaduais, pertencentes à
Administração direta estadual.
d) instituir e cobrar contribuição de melhoria decorrente da valorização de um terreno baldio de propriedade
de instituição religiosa.
e) aos Estados, instituir e cobrar o IPVA sobre veículos de propriedade de órgão da Administração direta da
União.
Comentário:
Alternativa A: A referida taxa, a ser cobrada em razão do poder de polícia, não é vedada, haja vista que a
imunidade das entidades educacionais sem fins lucrativos abrange apenas impostos sobre seu patrimônio,
renda ou serviços. Alternativa errada.
Alternativa B: O STF já julgou caso semelhante, mas se referia à entidade que tinha sua receita proveniente
exclusivamente de repasses públicos, atendendo unicamente pelo SUS, ou seja, não havia cobrança pelos
seus serviços, o que não é o caso dessa questão, que não menciona se tratar de entidade sem fins lucrativos.
Alternativa errada.
Alternativa C: A imunidade recíproca abrange exclusivamente a espécie tributária impostos, não alcançando
as taxas. Portanto, não há que se falar em tal vedação. Alternativa errada.
Alternativa D: A imunidade religiosa se restringe aos impostos incidentes sobre seu patrimônio, renda ou
serviços. Dessa forma, é plenamente possível instituir e cobrar contribuição de melhoria decorrente da
valorização de um terreno de propriedade de instituição religiosa. Alternativa errada.
Alternativa E: O IPVA é um imposto que incide sobre o patrimônio (veículos). Portanto, é vedado aos Estados
instituir e cobrar o IPVA sobre veículos de propriedade de órgão da Administração direta da União, em
virtude da imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da CF/88. Alternativa correta.
Gabarito: Letra E
(ICMS-SP/2013) É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a imunidade aos impostos, taxas
e contribuições de melhoria dos templos de qualquer culto.
Comentário: A imunidade religiosa restringe-se apenas aos impostos, não alcançando as taxas e
contribuições de melhoria.
Gabarito: Errada
(TJ-PE-Juiz/2013) A imunidade sobre o templo de qualquer culto apenas alcança os impostos, sendo devidas,
portanto, as taxas e contribuição de melhoria incidentes sobre o imóvel destinado ao templo.
Comentário: De fato, a imunidade religiosa (sobre templos de qualquer culto) alcança tão somente os
impostos, sendo devidas as taxas e contribuições de melhoria incidentes sobre as entidades religiosas.
Gabarito: Correta
(TRF-3ª Região-Analista Judiciário/2014) A renda auferida pelas igrejas com dízimo (doação em dinheiro
feita pelos fiéis) é imune de imposto de renda.
Comentário: A renda auferida pelas entidades religiosas não sofre a incidência do imposto de renda, tendo
em vista haver imunidade tributária.
Gabarito: Correta
Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos
Trabalhadores, Instituições de Educação e de Assistência Social

De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes políticos cobrar impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços dos partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de trabalhadores e
das instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.

O art. 150, VI, “c”, trata da imunidade de várias entidades. Qual é a extensão dos termos
“sem fins lucrativos” e “atendidos os requisitos da lei”?

De acordo com Regina Helena Costa3:

sem fins lucrativos  “Requisito a ser preenchido tão somente pelas instituições de
educação e assistência social, uma vez que os partidos políticos e suas fundações, bem
como as entidades sindicais de trabalhadores, são entes que, por sua própria natureza, não
objetivam lucro.”

atendidos os requisitos da lei  “Aplicável a todas as pessoas nele mencionadas.”

Somente sindicatos de trabalhadores estão abrangidos pela imunidade. Os sindicatos dos


empregadores ou de setores (ou categorias) econômicos não estão.

O que nos chama a atenção – e por tal motivo eu o negritei – é o fato de a norma constitucional exigir a
edição de uma lei, para que as instituições de educação e assistência social gozem da referida imunidade.
Além disso, seria uma lei ordinária ou complementar?

3
COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional. 4ª Edição.
2014.
Para dirimir as dúvidas, será necessário recorrer ao entendimento do STF acerca do assunto, conforme
vemos a seguir (grifos nossos):

“Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha da melhor doutrina, o
que a Constituição remete à lei ordinária, no tocante à imunidade tributária considerada, é a
fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou
assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade, que, quando susceptíveis
de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à lei complementar.”

(STF, ADI-MC 1.802/DF, Plenário, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Julgamento em 27/08/1988)

Perceba que, quando uma lei for fixar normas sobre a constituição e o funcionamento das referidas
entidades, basta que se edite uma lei ordinária. É o que ocorreu com a edição da Lei 9.532/97, estabelecendo
diversas regras relacionadas às entidades objeto da imunidade. No julgamento acima, o STF teve a
oportunidade de analisar os requisitos previstos no § 2º, do art. 12, desta norma, e decidiu que a maioria
deles se referiam à constituição e funcionamento dessas entidades, podendo, pois, serem regulados pela via
de lei ordinária.

Observação: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, é necessária a edição de lei
complementar para regular tais limitações ao poder de tributar.

Outra pergunta pertinente seria: qual lei complementar cumpre com esse papel? Ora, trata-se de uma lei
muito conhecida por nós (ou que ainda o será), que é o CTN. Em seu art. 14, a Lei 5.172/66 elenca os
requisitos para que as já mencionadas entidades gozem da imunidade:

“Art. 14 – (...)

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer


título;

II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos


institucionais;

III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de


formalidades capazes de assegurar sua exatidão.”

Na falta de cumprimento destes requisitos, a autoridade competente pode suspender a


aplicação do benefício da imunidade tributária, conforme preconiza o art. 14, § 1°.
Perceba que, ao lermos na CF/88 que tais entidades não podem ter fins lucrativos, não quer dizer que elas
não podem obter resultado financeiro positivo, pois isso é essencial para que qualquer entidade se
desenvolva. No entanto, o que é vedado pelo CTN é que haja distribuição de seu patrimônio ou de suas
rendas, a qualquer título, inclusive aos sócios, gerentes etc.

Também não se pode confundir a repartição de lucros com a justa remuneração de seus colaboradores pelos
trabalhos desenvolvidos na entidade. Isso é permitido.

Outro ponto a ser discutido em nosso curso, de suma importância para o conhecimento amplo da imunidade
estudada, é a restrição de que somente o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às finalidades
essenciais da entidade estarão imunes aos impostos sobre eles incidentes. Trata-se, pois, da mesma
restrição feita à imunidade religiosa, disposta no art. 150, § 4°, da CF/88.

Repare que a imunidade religiosa não se submete às restrições do art. 14 do CTN.

Vale ressaltar que, da mesma forma como tem ocorrido com a imunidade religiosa, o STF tem sido bastante
flexível na análise da vinculação asseverada na CF. Nesse sentido, vamos citar, a partir de agora, alguns
julgados, da própria Corte, que já foram ou que há grandes chances de serem cobrados em prova. Portanto,
atenção total!

Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal,
desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas.

Observação: Esta súmula vinculante possui a mesma redação da Súmula 724 do STF. Isso
significa que já se tratava de entendimento pacífico no STF. A distinção é que, a partir da
sua publicação, o posicionamento nela contido possui efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta.

Semelhantemente ao que estudamos na imunidade religiosa, o STF também entende que se aplica a
imunidade quando o imóvel, pertencente às entidades referidas no art. 150, VI, c, estiver alugado a terceiros.
A única condição é que a renda gerada seja aplicada nas atividades essenciais das entidades.

Além disso, de acordo com a mesma Corte (RE 144.900), são imunes os serviços não relacionados às
finalidades essenciais das entidades, desde que a receita deles destine-se ao financiamento de tais
finalidades. No caso concreto, foi considerado imune de ISS o serviço de estacionamento de veículos
prestado por hospital em pátio interno. Vejamos a íntegra da ementa desse julgado:

EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO. INSTITUIÇÃO DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE SERVIÇO CALCULADO SOBRE O PREÇO
COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS NO PÁTIO INTERNO DA ENTIDADE. Ilegitimidade.
Eventual renda obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança de
estacionamento de veículos em área interna da entidade, destinada ao custeio das atividades
desta, está abrangida pela imunidade prevista no dispositivo sob destaque. Precedente da
Corte: RE 116.188-4. Recurso conhecido e provido.

(STF, Primeira Turma, RE 144.900/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 22/04/1997)

Na esteira desse entendimento, também foi considerado imune do IPTU imóvel de propriedade de uma
entidade beneficente, em cujas instalações era mantida uma livraria. A imunidade subsiste, neste caso,
pois o que importa é que as rendas auferidas sejam revertidas para a manutenção de suas atividades
institucionais.

Sobre a renda destinada às finalidades essenciais, destaque-se que também já foi considerada imune pelo
STF “a renda obtida pelo SESC na prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de ingressos
de cinema ao público em geral”.

Para o STF, as escolas de ensino profissionalizante estão enquadradas no rol de entidades


do art. 150, VI, c. Cite-se, como exemplo, o SENAC e o SENAI.

Além disso, ainda que os imóveis estejam sendo utilizados como escritório e residência de membro da
entidade, continuam imunes. Senão, vejamos:

Instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (...). O fato de os imóveis estarem
sendo utilizados como escritório e residência de membros da entidade não afasta a imunidade
prevista no art. 150, VI, alínea c, § 4º, da CF."

(STF, RE 221.395, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em 08/02/2000)

Diferentemente do que acaba de ser visto, em 2010, a Segunda Turma do STF havia afastado a aplicação da
imunidade prevista no art. 150, VI, “c”, da CF/88, aos terrenos baldios sem vinculação às finalidades
essenciais das entidades imunes.
Contudo, em 2013, a Primeira Turma da Colenda Corte, de forma divergente, decidiu que a constatação de
que imóvel vago ou sem edificação não seria suficiente, por si só́, para destituir a garantia constitucional
da imunidade tributária. A ementa do julgamento do RE 385.091/DF foi parcialmente transcrita abaixo:

EMENTA: Imunidade. Entidade de assistência social. Artigo 150, VI, c, CF. Imóvel vago. Finalidades
essenciais. Presunção. Ônus da prova.

1. A regra de imunidade compreende o reverso da atribuição de competência tributária. Isso


porque a norma imunitória se traduz em um decote na regra de competência, determinando a
não incidência da regra matriz nas áreas protegidas pelo beneplácito concedido pelo constituinte.

(...)

3. No caso da imunidade das entidades beneficentes de assistência social, a Corte tem conferido
interpretação extensiva à respectiva norma, ao passo que tem interpretado restritivamente as
normas de isenção.

(...)

5. A constatação de que um imóvel está vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para
destituir a garantia constitucional da imunidade. A sua não utilização temporária deflagra uma
neutralidade que não atenta contra os requisitos que autorizam o gozo e a fruição da
imunidade.

6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.

(STF, Primeira Turma, RE 385.091/DF, Min. Rel. Dias Toffoli, Julgamento em 06/08/2013)

Certamente, essa divergência entre as turmas causa dúvidas no candidato sobre qual posicionamento levar
para a prova. A orientação mais sensata é a de que seja seguido o mais recente julgamento, direcionado à
manutenção da referida imunidade, em caso de imóvel vagos ou sem edificação.

Ainda no que se refere à imunidade em tela, quando nossa análise recai sobre o ICMS (tributo indireto), há
que se relembrar dos conceitos que já vimos sobre contribuinte de direito e de fato. Você se lembra, certo?
Caso não tenha certeza, retorne ao tópico da imunidade recíproca e leia novamente. Vamos lá, então:

“O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 - EDv/SP, fixou entendimento


segundo o qual as entidades de assistência social são imunes em relação ao ICMS incidente
sobre a comercialização de bens por elas produzidos, nos termos do art. 150, VI, "c" da
Constituição. Embargos de divergência conhecidos, mas improvidos.”

(STF, RE 186.175 ED-EDv/SP, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em 23/08/2006)

Embora já tenha havido decisões em sentido contrário em ocasiões anteriores, atualmente, o


entendimento predominante no STF é o de que a imunidade das entidades de assistência social abrange o
ICMS incidente sobre a comercialização de bens por elas produzidos.
Esse posicionamento foi corroborado pelo STJ, no julgamento do RMS 46.170-MS, ao reafirmar que a
jurisprudência do STF é firme no sentido de que a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF também se
aplica ao ICMS, desde que a atividade seja relacionada com as finalidades essenciais da entidade.

Contudo, o STJ (RMS 46.170-MS, julgado em 23/10/2014) ressaltou que tal imunidade não se aplica
em relação ao ICMS decorrente da prática econômica desenvolvida por entidade de assistência social sem
fins lucrativos que tem por finalidade realizar ações que visem à promoção da pessoa com deficiência,
quando desempenhar atividade franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

Dessa forma, ainda que a renda obtida pela entidade seja revertida em prol de suas atividades
essenciais, a imunidade em relação ao ICMS não pode ser concedida no caso, porquanto a atividade
econômica fraqueada dos Correios foge dos fins institucionais da entidade, ou seja, o serviço prestado não
possui relação com seus trabalhos na área de assistência social.

Memorize para a prova: desempenho de atividade franqueada da ECT por entidade de


assistência social sem fins lucrativos não a isenta do ICMS incidente sobre as operações.

Ademais, ainda sobre a imunidade de tais entidades, o STF decidiu o seguinte:

“Não há invocar, para o fim de ser restringida a aplicação da imunidade, critérios de


classificação dos impostos adotados por normas infraconstitucionais, mesmo porque não é
adequado distinguir entre bens e patrimônio, dado que este se constitui do conjunto daqueles. O
que cumpre perquirir, portanto, é se o bem adquirido, no mercado interno ou externo, integra
o patrimônio da entidade abrangida pela imunidade.”

(STF, RE 203.755/ES, Segunda Turma, Rel. Min. Carlos Velloso, Julgamento em 17/09/1996)

Com base no entendimento de que o que importa é saber se o bem adquirido no mercado interno ou
externo integra o patrimônio da entidade imune, o STF estendeu a citada imunidade às aquisições no
mercado interno:

ICMS. IMUNIDADE. (ART. 150, VI, C, DA CF). AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS NO


MERCADO INTERNO. ENTIDADE BENEFICENTE. 1. A imunidade tributária prevista no art. 150,
VI, c, da Constituição, compreende as aquisições de produtos no mercado interno, desde que
os bens adquiridos integrem o patrimônio dessas entidades beneficentes. 2. Agravo regimental
improvido.

(STF, AI 535.922-AgR/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em 30/09/2008)
No que se refere à figura do contribuinte de fato (adquirente de mercadorias ou serviços), o
entendimento do STF é o mesmo aplicável à imunidade recíproca (também visto nesta aula):

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. ICMS. ENTIDADE


SEM FINS LUCRATIVOS. IMUNIDADE RECÍPROCA. IMPOSSIBLIDADE. BENEFÍCIO DA IMUNIDADE
NÃO ALCANÇA CONTRIBUINTE DE FATO. AGRAVO IMPROVIDO. I – Entidade educacional que não
é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviço de energia elétrica, não tem benefício da
imunidade em questão, uma vez que esta não alcança o contribuinte de fato.

(STF, AI 731.786-AgR/SC, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgamento em


19/10/2010)

Embora os dois últimos julgados se refiram a situações em que a entidade imune é contribuinte de
fato, há uma diferença entre eles: no AI 535.922, os bens adquiridos passam a integrar o patrimônio da
entidade; no AI 731.786 se refere a mero consumo do serviço de energia elétrica.

O que você precisa guardar para a prova é o seguinte:

-Se a questão mencionar que o bem foi adquirido e passou a integrar o patrimônio da
entidade, haverá imunidade.

-Se houver apenas menção de que a entidade está na posição do contribuinte de fato, não
haverá imunidade.

Além de tais casos, devemos guardar que a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF/88, também “abrange
o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados, que incidem sobre bens a serem
utilizados na prestação de seus serviços específicos” (STF, RE 243.807).

Destaque-se que tal imunidade estende-se ao Imposto sobre operações financeiras (IOF) (STF, RE 192.899-
AgR):

EMENTA: IOF. Imunidade tributária. Instituição de educação sem fins lucrativos. A imunidade
tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição, estende-se ao imposto sobre operações
financeiras. Precedente: RE 230.128-AgR, 1ª T., 8.10.2002, Ellen Gracie, DJ 8.11.2002.

(STF, RE 192.899/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Julgamento em


20/06/2006)
O ensino de línguas estrangeiras também caracteriza-se como atividade educacional para aplicação da
imunidade tributária, consoante o entendimento firmado pelo STF no RMS 24.283.

A cobrança de mensalidades pelas entidades educacionais não descaracteriza a


imunidade, se não houver distribuição de rendas, lucro ou participação nos seus
resultados.

Com o intuito de finalizar este tópico, vamos discorrer agora sobre a possibilidade de as entidades fechadas
de previdência social serem abrangidas pela imunidade ora em análise.

Eis o posicionamento do STF para este assunto:

Súmula STF 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins
lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.

Nesse contexto, de acordo com a Suprema Corte, somente serão alcançadas pela imunidade conferida às
entidades de assistência social as entidades fechadas de previdência social privada, quando não houver
contribuição dos beneficiários.

As entidades fechadas de previdência social privada são aquelas criadas por certas organizações, com o
intuito de complementar o valor que será pago de aposentadoria pelo INSS aos seus funcionários.
Normalmente, a contribuição ocorre tanto parte do patrocinador (organização) como do beneficiário
(empregado).

Observe, entretanto, que a CF/88 não abarcou no art. 150, VI, c, as entidades de previdências, mas tão
somente as de assistência social. Então, no entender do STF, somente se não houver contribuição dos
beneficiários, é que a entidade se caracterizará como assistencial, fazendo jus, assim, à imunidade.

Outro ponto digno de nota é o que foi disposto no art. 202, § 3°, da CF/88, como vemos a seguir:

“Art. 202 – (...)

§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados,


Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades
de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador,
situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do
segurado.”

O dispositivo menciona que os entes políticos e as entidades a eles vinculadas (administração indireta)
somente contribuirão com entidades de previdência privada na condição de patrocinadores e, mesmo
assim, as contribuições deles não podem exceder às dos segurados.
Agora eu lhe pergunto: se as contribuições dos patrocinadores devem ser menores que a dos segurados, é
porque sempre deve haver contribuições dos segurados, para que os entes públicos participem como
patrocinadores, concorda?

Fazendo uma relação, portanto, com o que acabamos de ver, não será possível que uma entidade tenha
patrocinadores públicos e, ao mesmo tempo, goze da imunidade do art. 150, VI, c.

Como de praxe nesta aula, vamos esquematizar a estudada imunidade (incluindo apenas o principal):

IMUNIDADE Art.
150, VI, “c”

Partidos Políticos
Impostos

Sindicato Trab.
Patrimônio/Renda/S
erviços
Inst. Educacionais

Abrange IOF
Inst. Assistenciais

(Pref. Caruaru-PE-Procurador/2018) A imunidade tributária


a) recíproca alcança todos os tributos previstos na Constituição Federal.
b) aplica-se incondicionalmente a entidades de assistência social sem fins lucrativos.
c) aplica-se exclusivamente à propriedade de imóveis de entidades educacionais, desde que não tenham fins
lucrativos.
d) aplica-se aos bens, rendas e serviços relacionados às atividades essenciais dos partidos políticos.
e) trata-se de política parafiscal com sede constitucional, que não exclui a competência tributária plena.
Comentário:
Alternativa A: A imunidade recíproca se restringe aos impostos sobre patrimônio, renda ou serviços.
Alternativa errada.
Alternativa B: Tal imunidade fica condicionada ao cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei
complementar. Alternativa errada.
Alternativa C: Esta imunidade alcança o patrimônio, renda ou serviços das entidades educacionais, desde
que não tenham fins lucrativos. Alternativa errada.
Alternativa D: Realmente, a imunidade prevista no art. 150, VI, "c", aplica-se aos bens, rendas e serviços
relacionados às atividades essenciais dos partidos políticos.Alternativa correta.
Alternativa E: A imunidade tributária exclui parte da competência tributária, impedindo, por ordenança
constitucional, a cobrança de impostos sobre determinadas pessoas ou bens. Alternativa errada.
Gabarito: Letra D
(ICMS-PE/2014) A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos
somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada, se não houver contribuição dos
beneficiários.
Comentário: De acordo com a Súmula 730, do STF, a imunidade tributária conferida a instituições de
assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Gabarito: Correta
(ICMS-SP/2013) A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pela
Constituição Federal somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver
contribuição dos beneficiários.
Comentário: De acordo com a Súmula 730, do STF, a imunidade tributária conferida a instituições de
assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Gabarito: Correta
Imunidade Cultural

O art. 150, VI, d, da CF/88, estabelece que é vedado a todos os entes federados instituírem impostos sobre
os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.

Trata-se da imunidade cultural – também denominada imunidade de imprensa – cujo principal objetivo é
favorecer o acesso aos meios culturais, como livros, jornais e periódicos.

De imediato, percebemos uma grande diferença entre as demais imunidades já vistas durante a aula e a
cultural: esta é objetiva, incidindo sobre “coisas”, ao passo que as demais são subjetivas, sendo parâmetro
para concessão a “pessoa”.

Seguindo essa linha de entendimento, poderíamos dizer que a imunidade não alcança o Imposto de Renda,
por exemplo, incidente sobre os lucros auferidos pelas editoras:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ANISTIA DO ART. 150, VI, D, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IPMF. EMPRESA
DEDICADA À EDIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E
PERIÓDICOS. Imunidade que contempla, exclusivamente, veículos de comunicação e informação
escrita, e o papel destinado a sua impressão, sendo, portanto, de natureza objetiva, razão pela
qual não se estende às editoras, autores, empresas jornalísticas ou de publicidade -- que
permanecem sujeitas à tributação pelas receitas e pelos lucros auferidos. Consequentemente,
não há falar em imunidade ao tributo sob enfoque, que incide sobre atos subjetivados
(movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira).
Recurso conhecido e provido.

(STF, RE 206.774, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 03/08/1999)

No mesmo sentido, as operações financeiras realizadas pelas empresas que industrializam tais produtos
não podem ser imunizadas do IOF (STF, RE 504.615-AgR).

Ademais, a referida imunidade acaba por defender o direito à liberdade de expressão, caracterizado nos
incisos IV, V, IX e XIV do art. 5º da CF/88, o que a torna uma cláusula pétrea.

Vistos os conceitos iniciais da imunidade cultural, é necessário que conheçamos a jurisprudência a ela
atinente, sendo de suma importância para as provas de concurso público.

Assim sendo, a jurisprudência consagrada no STF era a de que, além dos livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à sua impressão, também estavam imunes os outros insumos assimiláveis ao papel. Foi nessa
linha que o STF demonstrou, por meio da Súmula 657, que a imunidade cultural abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos:

Súmula STF 657 - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

Ocorre que, ao julgar o Recurso Extraordinário 202.149, a Primeira Turma do STF chegou a considerar que a
imunidade tributária relativa a livros, jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e
insumos. A referência, no preceito, a papel seria, então, meramente exemplificativa e não exaustiva.
Contudo, posteriormente, o Min. Celso de Mello admitiu e julgou embargos de divergência (DJe 16/04/2015),
apresentados pela União, ocasião em que demonstrou que a decisão tomada pela Primeira Turma divergia
da jurisprudência consagrada do STF, conhecendo e dando provimento ao recurso extraordinário da União.

Sem nos aprofundarmos neste momento no rito processual, para nossa prova, isso significa que, atualmente,
é recomendável seguir o entendimento mais restritivo, qual seja: apenas estão imunes livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão, bem como aqueles assimiláveis ao papel!

Nessa mesma linha, em maio de 2018, a Primeira Turma do STF (AI 735.816 AgR), decidiu que a imunidade
cultural não pode ser interpretada de modo amplo e irrestrito. Com isso, o STF decidiu que inexiste
imunidade relativa a tributos incidentes sobre a importação de tintas e chapas de gravação destinadas à
publicação de jornal.

Acrescente-se que, para a Suprema Corte, não há proteção constitucional à prestação de serviços de
composição gráfica ou de impressão onerosos a terceiros (RE 723.018-AgR).

Na linha desse mesmo entendimento, o STF (RE 630.462-AgR) também considerou que os serviços de
distribuição de periódicos, revistas, publicações, jornais e livros não estão abrangidos pela imunidade
cultural. Portanto, nesse caso, incide o ISS (Imposto sobre Serviços) normalmente.

Além disso, não há que se falar em análise do valor cultural, como requisito para conceder a imunidade. De
acordo com o STF, “os álbuns de figurinhas e os respectivos cromos adesivos estão alcançados pela
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal”.

A concessão da imunidade sobre livros, jornais e periódicos independe da prova do valor


cultural ou pedagógico da publicação.

A referida imunidade também abrange as apostilas:

“EMENTA: IMUNIDADE. IMPOSTOS. LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E PAPEL DESTINADO À


IMPRESSÃO. APOSTILAS. O preceito da alínea "d" do inciso VI do artigo 150 da Carta da
República alcança as chamadas apostilas, veículo de transmissão de cultura simplificado.”

(STF,RE 183.403/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em 07/11/2000)

Ainda no que diz respeito à imunidade cultural, destacamos o julgamento do Recurso Extraordinário
330.817/RJ, com repercussão geral reconhecida, no qual ficou decidido pelo Supremo Tribunal Federal
que livros eletrônicos e os suportes próprios para sua leitura são alcançados pela imunidade. Assim,
podemos dizer que não apenas os livros digitais (e-books), mas também os denominados e-readers, isto é,
equipamentos eletrônicos elaborados exclusivamente para viabilizar o acesso aos livros digitais.
Se a extensão da imunidade cultural aos livros eletrônicos já era considerada muito relevante, o tema tomou
ainda mais relevância para as próximas provas de concursos púbicos com a aprovação, em abril de 2020, da
Súmula Vinculante 57, cujo enunciado é o seguinte:

Súmula Vinculante 57 - A imunidade tributária constante do artigo 150, VI, d, da CF/88 aplica-se
à importação e comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes
exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que
possuam funcionalidades acessórias

Livros digitais e os equipamentos eletrônicos destinados à sua leitura são imunes da


incidência de impostos! Isso vai cair nas próximas provas! É a Súmula Vinculante 57!

Destaque-se que a inserção de anúncios e publicidade em listas telefônicas, com o objetivo de permitir a
divulgação das informações a custo zero para os assinantes, não descaracteriza a imunidade em tela (RE
199.183).

No entanto, é de se ressaltar que os encartes de propaganda com exclusiva índole comercial não podem ser
considerados imunes, como vemos a seguir:

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. ENCARTES DE PROPAGANDA DISTRIBUÍDOS COM JORNAIS E


PERIÓDICOS. ISS. ART. 150, VI, d, DA CONSTITUIÇÃO. Veículo publicitário que, em face de sua
natureza propagandística, de exclusiva índole comercial, não pode ser considerado como
destinado à cultura e à educação, razão pela qual não está abrangido pela imunidade de
impostos prevista no dispositivo constitucional sob referência, a qual, ademais, não se
estenderia, de qualquer forma, às empresas por eles responsáveis, no que concerne à renda
bruta auferida pelo serviço prestado e ao lucro líquido obtido.”

(RE 213.094/ES, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 22/6/1999)

Observação: Mais uma vez podemos perceber o caráter objetivo da imunidade, a qual não
alcançou as empresas! Nesse caso, excepcionalmente, a imunidade não alcançou nem
mesmo os bens, por terem exclusiva índole comercial!
Não Abrange: Encartes de
propag./Serv. Composição
Livros, Jornais e Gráfica
IMUNIDADE Periódicos
Impostos
CULTURAL Papel destinado sua
impressão Abrange: Álbum de
Figurinhas/
Apostilas/Filmes e papéis
As pessoas jurídicas não fotográficos
estão protegidas.
Incide: IOF/IR/ISS

(MPE-CE-Promotor de Justiça/2020) Livros e jornais gozam de isenção tributária.


Comentário: O que se tem é um caso de imunidade, prevista no art. 150, VI, "d", da CF/88, que não pode ser
confundida com isenção, sendo esta prevista sempre em lei.
Gabarito: Errada
(SEFAZ-PE/Auditor Fiscal do Tesouro Estadual/2014) Em relação às imunidades tributárias, é correto
afirmar:
a) Os serviços notariais e de registro, por serem exercidos em caráter público, por delegação do Poder
Público, sujeitam-se à imunidade tributária recíproca.
b) A sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto não é abrangida pela
imunidade tributária recíproca.
c) As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, ainda que seu capital social
seja majoritariamente estatal, não gozam da imunidade tributária recíproca.
d) A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos somente alcança
as entidades fechadas de previdência social privada, se não houver contribuição dos beneficiários.
e) A imunidade tributária sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão não se aplica
ao álbum de figurinhas.
Comentário:
Alternativa A: Tal tema já foi enfrentado pelo STF, que afastou a imunidade no caso. Alternativa errada.
Alternativa B: O STF já reconheceu, por exemplo, a imunidade da companhia de água e esgoto do Estado de
Rondônia (CAERD). Alternativa errada.
Alternativa C: Pelo contrário. Nessa hipótese tais sociedades de economia mista farão jus à imunidade.
Alternativa errada.
Alternativa D: É a literalidade da súmula 730 do STF. Alternativa correta.
Alternativa E: O STF já reconheceu a imunidade em tal situação. Alternativa errada.
Gabarito: Letra D
(ICMS-PE/2014) A imunidade tributária sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão
não se aplica ao álbum de figurinhas.
Comentário: Vimos durante a aula que o STF já decidiu favoravelmente à extensão da imunidade cultural ao
álbum de figurinhas.
Gabarito: Errada
Imunidade em favor da produção musical brasileira

Nesse momento, vamos tratar de uma emenda constitucional, que acrescentou mais uma imunidade ao
texto constitucional, que afeta diretamente o tema estudado na aula de hoje. Trata-se da EC 75/2013, cujo
projeto foi denominado PEC da Música. Vamos ver o que diz o seu texto:

“Art. 1º O inciso VI do art. 150 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido da seguinte
alínea e:

VI . instituir impostos sobre:

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais


ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.”

O que isso significa? A emenda trouxe mais uma imunidade tributária.

Lembre-se do que estudamos na semana passada: é permitido que uma emenda


constitucional venha acrescentar novos direitos aos contribuintes, instituindo outras
limitações ao poder de tributar!

Vamos entender os termos mencionados no dispositivo constitucional:

Fonogramas  Registro sonoro em suporte material (CDs ou disco de vinil)

Videofonogramas  Registro de imagem e som em suporte material (DVDs).

Obras Musicais  Relativas a música.

Obras Literomusicais  Espetáculos ou reunião social em que se leem trechos literários


ou poemas e que há apresentações musicais.

Sabendo-se que imunidade é uma forma de não incidência constitucionalmente qualificada, qual seria,
portanto, a limitação imposta ao Estado pela EC 75/2013? Ora, está vedado a todos os entes federativos
instituir impostos (e não tributos, como as bancas adoram cobrar) sobre fonogramas e videofonogramas
musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras
em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham.
Destaque-se que a etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser foi excepcionada, não
estando imune aos impostos.

Para facilitar a memorização de tal exceção, faz-se necessário entender o motivo de ela ter sido incluída no
texto constitucional. Levando em consideração que a grande maioria dos CDs e DVDs fabricados no Brasil sai
da Zona Franca de Manaus, o que houve foi a tentativa de manter aquele pólo industrial atrativo para as
empresas.

Explique-se melhor: caso o processo de replicação se tornasse imune, não haveria motivo para as fábricas
responsáveis por esta etapa industrial continuarem instaladas naquela longínqua região já que, o benefício
fiscal lá concedido, hoje estaria imune em todo o território nacional. Entendeu?

O principal aspecto sobre essa novidade é saber como as bancas podem cobrar este assunto. Eu diria que
elas vão permanecer estendendo aos tributos a imunidade que só abrange impostos, considerando incorreta
a assertiva.

Outra possibilidade é cobrar a exceção que nós vimos (sobre a replicação das mídias), bem como a restrição
de que apenas os fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil e que contenham obras
de autores brasileiros – e/ou interpretadas por artistas brasileiros – estão imunes aos impostos.

Enfim, você deve saber o seguinte:

1. Os fonogramas e videofonogramas devem ser produzidos no Brasil;


2. As obras não precisam ser dos autores brasileiros. Entretanto, devem ser, no mínimo,
interpretadas por artistas brasileiros;
3. Abrange os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham;
4. A etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser não está imune.

(TJ-RR-Juiz Substituto/2015) Mary, Juan, Cristina e François são quatro amigos que tinham, originariamente,
as respectivas nacionalidades: americana, mexicana, brasileira e canadense. Eles acabaram de se graduar em
música, na Juilliard School, de Nova Iorque.
Em 2010, os quatro músicos decidiram passar o carnaval no Brasil. Os estrangeiros se encantaram com a
terra, com o povo e, principalmente, com a variedade de sons da música brasileira.
Juan gostou tanto que, em 2011, naturalizou-se brasileiro. François, por sua vez, conseguiu visto de
residência permanente no Brasil já em 2012.
Em 2014, Mary produziu, em Belo Horizonte, um CD com canções sertanejas de Marcelo & Marcelinho,
autores gaúchos, que interpretaram as canções de sua autoria; Juan produziu, no Rio de Janeiro, um DVD
com melodias do cancioneiro indígena da Amazônia; Cristina produziu, na Argentina, um CD com letras e
músicas de sua criação e, por fim, François produziu, em São Paulo, um CD instrumental com melodias
folclóricas medievais de autores franceses.
Com base nas informações acima e no que dispõe a Constituição Federal a respeito das limitações ao poder
de tributar, o ICMS NÃO incide sobre as operações de comercialização, no território nacional, do
I. CD produzido por Cristina.
II. CD produzido por Mary.
III. DVD produzido por Juan.
IV. CD produzido por François.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e IV.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
Comentário: A imunidade da música nacional alcança os impostos sobre fonogramas e videofonogramas
musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras
em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
Analisemos, caso a caso:
Mary: Trata-se de fonograma contendo obras musicais interpretadas por artistas brasileiros e foi produzido
no Brasil. Portanto, está imune da incidência do ICMS.
Juan: Sendo Juan brasileiro naturalizado, o DVD (videofonograma) por ele produzido no Brasil com melodias
do cancioneiro indígena da Amazônia está imune da incidência do ICMS.
Cristina: Não se enquadra na regra da imunidade, porque, embora seja brasileira, sua obra foi produzida no
exterior (Argentina).
François: Não se enquadra na regra da imunidade, porque, embora seja uma obra produzida no Brasil, não
contém obras de autores brasileiros ou interpretadas por artistas brasileiros.
Gabarito: Letra C
(SEFAZ-PI-Auditor Fiscal/2015) A Constituição Federal estabelece limitações ao poder de tributar, concedido
aos entes federados. No que se refere a estes limites, é vedado instituir impostos sobre livros, jornais,
periódicos e papel destinado à sua impressão, e sobre fonogramas musicais produzidos no Brasil, com obras
musicais de autores brasileiros, natos ou naturalizados, salvo na etapa de replicação industrial de mídias
ópticas de leitura a laser.
Comentário: A imunidade cultural veda realmente a instituição de impostos sobre livros, jornais, periódicos
e papel destinado à sua impressão. Ademais, foi acrescentada ao texto constitucional a imunidade que veda
a instituição de impostos sobre fonogramas (e videofonogramas também!) musicais produzidos no Brasil,
com obras musicais de autores brasileiros, natos ou naturalizados, ou interpretadas por artistas brasileiros,
ficando ressalvada dessa imunidade a etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
Gabarito: Correta
(TCM-GO-Auditor de Controle Externo/2015) De acordo com a Constituição Federal, é vedado aos
Municípios instituir
a) impostos e contribuições sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, especificamente
naquilo que se relaciona com as finalidades essenciais dessas entidades.
b) impostos e taxas sobre patrimônio, renda ou serviços, da União, dos Estados e do Distrito Federal e de
outros Municípios.
c) impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros.
d) tributos sobre templos de qualquer culto, no que diz respeito ao patrimônio, renda e serviços,
relacionados ou não com as suas finalidades essenciais.
e) impostos sobre livros, jornais, periódicos, papel, tinta e demais insumos empregados na sua impressão.
Comentário:
Alternativa A: A imunidade dos partidos políticos abrange apenas os impostos sobre seu patrimônio, renda
ou serviços. Alternativa errada.
Alternativa B: A imunidade recíproca abrange apenas os impostos, não alcançando as taxas. sobre
patrimônio, renda ou serviços. Alternativa errada.
Alternativa C: De fato, o texto constitucional impede a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
de instituírem impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros.
Alternativa correta.
Alternativa D: A imunidade religiosa somente alcança os impostos e, ainda, apenas no que se refere ao
patrimônio, renda e serviços, relacionados com as suas finalidades essenciais. Alternativa errada.
Alternativa E: A imunidade cultural abrange apenas os impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à sua impressão, e materiais assimiláveis ao papel, porém não de forma ampla, alcançando todo
e qualquer insumo. Alternativa errada.
Gabarito: Letra C
OUTRAS ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
Além das imunidades até agora estudadas, há várias outras espalhadas pela Constituição.

Em alguns casos, como no art. 195, § 7, o texto constitucional trata tais limitações ao poder de tributar como
isenção. Não obstante tais previsões, de acordo com o STF, são consideradas imunidades.

Como já vimos, a isenção seria a dispensa legal do pagamento do tributo, e não um preceito constitucional,
condicionando o exercício da competência tributária.

Feitas tais observações e revisões, seguem abaixo as demais imunidades mencionadas no corpo do texto
constitucional:

 São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal (art. 5°, XXXIV);

 Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (imune) de custas judiciais, as quais são consideradas
taxas pelo STF (art. 5°, LXXIII);

 São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a
certidão de óbito (art.5°, LXXVI);

 São gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao


exercício da cidadania (art. 5°, LXXVII);

 As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidirão sobre as receitas


decorrentes de exportação (art. 149, §2°, I);

 O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior (art. 153, §3°, III);

 O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que
não possua outro imóvel (art. 153, §3°, II);

 O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se
exclusivamente à incidência do IOF, sendo imune de qualquer outro tributo (art. 153, §5°);

 O ICMS não incidirá (art. 155, §2°, X):

a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior;

b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos
e gasosos dele derivados, e energia elétrica;

c) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e


imagens de recepção livre e gratuita;
 À exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia
elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (art. 155,
§3°);

Observação: A imunidade se refere a todos os demais impostos, com exceção do II, IE e


ICMS. Nesse sentido, vejamos uma importante súmula do STF:

Súmula STF 659 - É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL sobre as


operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de
petróleo, combustíveis e minerais do País.

 O ITBI não incidirá sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação,
cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente
for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil (art.
156, §2°,I);

 São isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de


imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, §5°);

 A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral
de previdência social (art. 195, II);

 São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°);

 A celebração do casamento é gratuita, portanto, imune a taxas (art. 226, § 1º).

Antes que você se desespere, pensando que não vai conseguir decorar tudo isso, posso garantir que, durante
o curso, veremos todas as principais imunidades que são cobradas nas provas de Direito Tributário (as que
foram inseridas dentro do capítulo que se dedica ao trato do Sistema Tributário Nacional).

Portanto, à medida que formos explicando a matéria, você verá que a “decoreba” será quase que natural.
Não se desespere, pois o objetivo deste tópico é que você tenha conhecimento da existência de tais
imunidades. Tudo bem?

Antes de partirmos para as questões, vamos estudar a seguir a imunidade prevista no art. 195, § 7º.

1 – A imunidade das entidades assistenciais, relativas a


contribuição para a seguridade social

Digno de tópico específico, sobretudo por ser cobrado com certa riqueza de detalhes pelas bancas
examinadoras, o art. 195, § 7º, da CF/88, estabelece o seguinte:

Art. 195 - (...):


§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

Embora o texto constitucional afirme se tratar de isenção, tenha muito cuidado, pois é uma clara imunidade,
afinal, é uma limitação ao poder de tributar.

Observação: Tenha muito cuidado com as questões literais, que podem transcrever a
literalidade do texto constitucional, algo que será indubitavelmente correto.

E, por se tratar de limitação ao poder de tributar, o art. 146, II, da CF/88, determina que sua regulação ocorre
por meio de lei complementar. Assim sendo, revogando a Lei 12.101/09, foi editada a LC 187/2021, que
dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes e regula os procedimentos referentes à imunidade
de contribuições à seguridade social de que trata o § 7º do art. 195 da Constituição Federal.

Por se tratar de uma prova de Direito Tributário, você não precisa ler esta norma por completo, mas apenas
ter uma noção de quais são as disposições e exigências ali contidas, o que iremos falar resumidamente agora.

Art. 2º Entidade beneficente, para os fins de cumprimento desta Lei Complementar, é a


pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que presta serviço nas áreas de
assistência social, de saúde e de educação, assim certificada na forma desta Lei
Complementar.

O art. 3º, da LC 187/21 estabeleceu que para fazerem jus à imunidade as entidades beneficentes que atuem
nas áreas da saúde, da educação e da assistência social devem atender , cumulativamente, aos seguintes
requisitos:

I - não percebam seus dirigentes estatutários, conselheiros, associados, instituidores ou benfeitores


remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das
competências, das funções ou das atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos;

II - apliquem suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na
manutenção e no desenvolvimento de seus objetivos institucionais;

III - apresentem certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos
tributos administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil e pela Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional, bem como comprovação de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS);

IV - mantenham escrituração contábil regular que registre as receitas e as despesas, bem como o registro em
gratuidade, de forma segregada, em consonância com as normas do Conselho Federal de Contabilidade e
com a legislação fiscal em vigor;

V - não distribuam a seus conselheiros, associados, instituidores ou benfeitores seus resultados, dividendos,
bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto, e, na hipótese de
prestação de serviços a terceiros, públicos ou privados, com ou sem cessão de mão de obra, não transfiram
a esses terceiros os benefícios relativos à imunidade prevista no § 7º do art. 195 da Constituição Federal;
VI - conservem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data de emissão, os documentos que comprovem a
origem e o registro de seus recursos e os relativos a atos ou a operações realizadas que impliquem
modificação da situação patrimonial;

VII - apresentem as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente
legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade, quando a receita bruta anual auferida for
superior ao limite fixado pelo inciso II do caput do art. 3º da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de
2006; e

VIII - prevejam, em seus atos constitutivos, em caso de dissolução ou extinção, a destinação do eventual
patrimônio remanescente a entidades beneficentes certificadas ou a entidades públicas.

Não são imunes apenas as entidades com a finalidade de prestação de serviços na área de
assistência social, mas também na área da saúde ou educação.

(Pref. Campinas-SP-Procurador/2016) Existe imunidade de ITBI para, dentre outras, a hipótese de


incorporação de uma pessoa jurídica por outra, desde que a atividade preponderante da incorporadora não
seja a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil.
Comentário: De acordo com o art. 156, § 2º, I, da CF/88, O ITBI não incide sobre a transmissão de bens ou
direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de
bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses
casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de
bens imóveis ou arrendamento mercantil. Portanto, a questão está correta.
Gabarito: Correta
(TJ-PI-Juiz Substituto/2015) Empresa Pecúnia Informática S/A, tem sede em Teresina, Piauí. No regular
exercício de suas atividades, foi contratada em 2014 pelo Município de São Paulo para prestar serviços de
informática de janeiro a dezembro de 2015, prevendo-se no contrato o pagamento mensal dos valores
devidos à empresa contratada.
Um cidadão propõe uma ação popular questionando a lisura da contratação direta, formalizada em 2014,
entre a empresa Pecúnia Informática S/A e o Município de São Paulo, tendo por objeto a prestação de
serviços de informática.
Segundo o art. 5° , LXXIII da Constituição da República, qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Considerando os confins da competência constitucional tributária, o dever de não pagar as custas judiciais,
na hipótese em apreço, decorre de
a) anistia.
b) isenção.
c) imunidade.
d) não-incidência.
e) remissão.
Comentário: Trata-se de uma imunidade, uma vez que é o próprio texto constitucional restringindo a
competência tributária, impedindo a cobrança de custas judiciais (taxas) na hipótese de ação popular.
Gabarito: Letra C
(TCM-RJ-Auditor-Substituto de Conselheiro/2015) Acerca das imunidades tributárias, é correto afirmar que
a) a imunidade dos templos de qualquer culto abrange o local de culto e também imóveis de propriedade da
entidade religiosa locados a terceiros, desde que o aluguel reverta em benefício da atividade religiosa.
b) as entidades fechadas de previdência privada estão amparadas pela imunidade, devido à natureza
assistencial.
c) são aplicáveis exclusivamente em relação aos impostos.
d) a imunidade relativa às operações com petróleo, combustíveis e minerais alcança os tributos em geral,
compreendendo impostos e contribuições.
e) a imunidade recíproca beneficia as empresas públicas e sociedades de economia mista.
Comentário:
Alternativa A: De acordo com a jurisprudência do STF, a imunidade religiosa alcança, além dos templos
destinados aos cultos religiosos, os imóveis de propriedade da entidade religiosa locados a terceiros, desde
que o aluguel reverta em benefício da atividade religiosa. Alternativa correta.
Alternativa B: Nem todas entidades fechadas de previdência privada estão amparadas pela imunidade, pois,
de acordo com o STF, a imunidade tributária só alcança as entidades fechadas de previdência social privada
se não houver contribuição dos beneficiários. Alternativa errada.
Alternativa C: Existem diversas imunidades em nosso texto constitucional aplicáveis a outras espécies
tributárias além dos impostos, como as taxas, por exemplo. Alternativa errada.
Alternativa D: Este assunto ainda será estudado em aula posterior. Porém, de antemão, podemos afirmar
que a referida imunidade alcança apenas os impostos, ressalvados o Imposto de Importação, Imposto de
Exportação e o ICMS. Alternativa errada.
Alternativa E: A imunidade recíproca não beneficia todas as empresas públicas e sociedades de economia
mista, mas tão somente aquelas prestadoras de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva de
Estado. Alternativa errada.
Gabarito: Letra A

Mais uma etapa cumprida, futuro servidor!

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RESUMO DOS ASSUNTOS MAIS IMPORTANTES

Conceito e Classificação das Imunidades Tributárias

 A imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas pela legislação tributária. As
obrigações acessórias são condutas impostas ao contribuinte, que não possuem caráter pecuniário,
criando obrigações de “fazer” ou “deixar de fazer” algo no interesse da arrecadação e fiscalização.

 A não incidência tributária pode ocorrer de formas distintas, a saber: a pessoa política não faz uso da
competência tributária que lhe foi conferida; a pessoa política não possui competência tributária para
determinar certas situações fáticas como hipótese de incidência; e a pessoa política é impedir de tributar
determinado fato pela própria CF/88. Neste último caso, temos a imunidade tributária.

 A isenção, por outro lado, decorre do exercício da competência tributária. Trata-se de situação que, a
princípio seria tributada, mas que, por decorrência de lei específica do ente competente para instituir o
tributo, se torna isenta.

Imunidade Recíproca

 A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da CF/88, veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. Tal imunidade
existe com o intuito de proteger a autonomia financeira dos entes federados e, consequentemente, o
pacto federativo.
 No que se refere aos tributos indiretos, o entendimento do STF é o de que a imunidade recíproca aplica-
se apenas quando a entidade imune se encontra na situação de contribuinte de direito.
 Vale destacar que, por decorrência de previsão na própria CF/88, a imunidade recíproca é extensiva às
autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à
renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
 Outro aspecto importante sobre a imunidade recíproca é que não se aplica a ao patrimônio, à renda e
aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo
usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem
imóvel.
 Apresentamos a seguir um breve esquema sobre a imunidade recíproca:

Patrimônio Extensiva a
IMUNIDADE
Impostos Renda autarquias e
RECÍRPOCA
Serviços fundações públicas

Não se aplica: EP e SEM Vinculação a


Não se aplica: prestadoras de finalidades
Taxas serviço público essenciais
- Explor. Ativ. Econ.
Contr. Previd.
- Contrib. De fato
- Serv. Cartoriais

Imunidade Religiosa

 A denominada imunidade religiosa, prevista no art. 150, VI, “b”, da CF/88, veda que todos os entes
federativos cobrem impostos sobre os templos de qualquer culto. Levando em consideração o disposto
no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade de culto é um direito individual, o que faz com
que a imunidade ora analisada se configure uma cláusula pétrea.
 De acordo com o art. 150, § 4º, da CF/88, a referida imunidade compreende somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades religiosas.
 Apresentamos a seguir um breve esquema sobre a imunidade religiosa:
Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos
Trabalhadores, Instituições de Educação e De Assistência Social

 De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes políticos cobrar impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços dos partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de
trabalhadores e das instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei.
 Apresentamos a seguir um breve esquema sobre tal imunidade:

IMUNIDADE Art.
150, VI, “c”

Partidos Políticos
Impostos

Sindicato Trab.
Patrimônio/Renda/S
erviços
Inst. Educacionais

Abrange IOF
Inst. Assistenciais
Imunidade Cultural

 A imunidade cultural, prevista no art. 150, VI, “d”, da CF/88, estabelece que é vedado a todos os entes
federados instituírem impostos sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua
impressão. Trata-se de imunidade objetiva, alcançando apenas o objeto imune, e não a pessoa que
o produz ou comercializa.
 Apresentamos a seguir um breve esquema sobre a imunidade religiosa:

Não Abrange: Encartes de


propag./Serv. Composição
Livros, Jornais e Gráfica
IMUNIDADE Periódicos
Impostos
CULTURAL Papel destinado sua
impressão Abrange: Álbum de
Figurinhas/
Apostilas/Filmes e papéis
As pessoas jurídicas não fotográficos
estão protegidas.
Incide: IOF/IR/ISS
Imunidade em Favor da Produção Musical Brasileira

 A imunidade em favor da produção musical brasileira, contida no art. 150, VI, “e”, da CF/88, estabelece
que é vedado a todos os entes federativos instituir impostos (e não tributos, como as bancas adoram
cobrar) sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham.
 Acerca dessa imunidade tributária, você deve saber o seguinte:
o Os fonogramas e videofonogramas devem ser produzidos no Brasil;
o As obras não precisam ser dos autores brasileiros. Entretanto, devem ser, no mínimo,
interpretadas por artistas brasileiros;
o Abrange os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham;
o A etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser não está imune.

Outras Espécies de Imunidades Tributárias

 São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal (art. 5°, XXXIV);
 Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (imune) de custas judiciais, as quais são consideradas
taxas pelo STF (art. 5°, LXXIII);
 São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a
certidão de óbito (art.5°, LXXVI);
 São gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao
exercício da cidadania (art. 5°, LXXVII);
 As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidirão sobre as receitas
decorrentes de exportação (art. 149, §2°, I);
 O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior (art. 153, §3°, III);
 O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que
não possua outro imóvel (art. 153, §3°, II);
 O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente
à incidência do IOF, sendo imune de qualquer outro tributo (art. 153, §5°);
 O ICMS não incidirá (art. 155, §2°, X):
 sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários
no exterior;
o sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis
líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
o nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e
imagens de recepção livre e gratuita;
o exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia
elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País
(art. 155, §3°);
 O ITBI não incidirá sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação,
cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for
a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil (art. 156,
§2°,I);
 São isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, §5°);
 A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social (art. 195, II);
 São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°);
 A celebração do casamento é gratuita, portanto, imune a taxas (art. 226, § 1º).

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