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Aula 1 - Introdução
O CTN (1966), lei ordinária, foi recepcionado com status de lei complementar, pois cumpre o
art. 146, CF. Não é matéria controversa. Embora formalmente ordinária, é materialmente
complementar, pois estabelece normas gerais de direito tributário.
Contexto: CF/46, o entendimento sobre argumentação, direito tributários, entre outros, era
muito diferente do que é hoje.
Para que servem as leis complementares que instituem normas gerais? Quando surgiu o
CC/02, surgiram algumas questões inusitadas. Alguns tributaristas tentaram usar o novo CC,
que é uma norma geral bastante abstrata, para o âmbito tributário, principalmente para
atualização monetária, juros, etc. O argumento era: “questões de juros não são de normas
gerais”, então “qualquer matéria de juros do CTN não foi recepcionada pela constituição”. O
STF tem decisões a esse respeito. Norma geral é aquilo que diz respeito à segurança jurídica
a partir do princípio federativo. Se a gente tem 100% de unanimidade, há um estado único,
não federação. Se há 100% de autonomia, também não há federação. Para ter uma
federação é preciso ter um equilíbrio entre ambos. Os entes federados não são
independentes, são autônomos.
O CTN é dividido em dois livros: (i) aspectos de normas de incidência (ii) normas gerais -
nascimento, vida e morte da obrigação tributária. A segunda parte regula a instituição do
tributo, o que são lançamentos, quais são os lançamentos, como se extingue, como se
fiscaliza. Lançamento é ato administrativo.
O art. 110 do CTN diz que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o
alcance dose institutos, conceitos, e forma de direito privado. E de direito público? Diz-se
que solidariedade, responsabilidade, entre outros, são conceitos de direito privado, não de
direito público.
No art. 178, diz que as isenções concedidas a prazo certo e sob condição não podem ser
revogados pelo legislaador. Por exemplo, alguém é chamado para empreender na zona
franca de manaus por 5 anos. Isso significa que o estado não pode revogar o benefício. E se
não for isenção, então não pode? Claro que pode! Há decisão do TRF, na semana passada,
sobre redução de base de cálculo, que entendeu que não se aplica o 178. Absurdo. O 178
concretiza o princípio da segurança jurídica, feito em 66, num contexto em que havia
destaque à isenção.
É importante não interpretar de maneira unicamente literal.
O que está ocorrendo hoje no direito tributário? Nós vivemos hoje no auge do
consequencialismo em matéria tributária, para os dois lados. Quem perde no campo, quer ir
para justiça desportiva para ajustar o resultado.
As categorias e seus critérios, que refletem a própria razão de ser das normas, têm sido
deixados de lado pelos aplicadores. Na semana retrasada, o STF julgou um caso que estava
há muitos anos na corte (2012, aproximadamente). Os estados onde ficam as mineradoras
instituíram taxas de mineração, que tinha por objeto a quantidade de minérios extraídos, e
não o que cada estado iria fazer. Como vimos que a taxa serve para financiar o serviço do
estado, a base de cálculo deve refletir uma grandeza do estado, não do contribuinte. Isso
seria imposto, não taxa. Havia 6 votos para um lado, e um ministro pediu destaque, para ir
ao presencial. Os contribuintes juntaram parecer que mostrou que o valor das taxas era 5
vezes maior do que o valor da fiscalização. O julgamento foi 8 a 3 para o fisco.
Como chegamos a esse ponto? Teoria da interpretação que o intérprete faz o que quer,
teoria da aplicação que o aplicador afasta a norma que quer.
O consequencialismo migrou para o direito. A norma jurídica se torna válida não por si
mesma, mas pelo o que causa. Assim, há decisões que julgam não em favor dos requisitos
normativos, mas em razão das consequências práticas das decisões.
No tributário, isso entrou a partir dos entes federados e depois o stf adotou. Depois disso, os
contribuintes começaram a adotar também. O que é estranho é que o STF tem usado o
consequencialismo não a partir das consequências da conduta que está sendo julgada, mas
em razão das consequências da própria decisão, o que é um consequencialismo “meio
fajuto”.
Neoconstitucionalismo. O STF tem afastado requisitos óbvios. O caso das taxas era apenas
exemplo. Não estamos na disciplina de teoria geral do direito, mas o que está por trás é o
ceticismo interpretativo radical - o intérprete atribui o significado que quer ao termo - e
particularismo puro - a norma, diante do caso concreto, pode ser afastado. As palavras
carregam significados que vão se concretizando a partir do tempo, ainda mais no direito em
que há uma realidade institucional.
Legalidade. A nossa constituição é singela. É possível adicionar outros critérios para além do
que ela estabelece? Não. Mas, há alguém que faz isso. Fazem interpretação econômica - e
definem a própria realidade econômica que está por trás. A partir disso, há uma série de
violações à CF. Surge, por exemplo, o “direito fundamental de pagar impostos”;
Aula 3 - 29.08.2022
Hipótese Consequência
Aspecto material (fato descrito na Alíquota
hipótese) - ex.: venda de bens; prestação de Base de cálculo
serviço (verbo + complemento)
Aspecto Espacial: vender mercadoria no
estado de são paulo
Aspecto Temporal: vender mercadoria no
mês x,
→ Fato Gerador
Deve haver uma relação entre todos os elementos. Porém, o aspecto material é o mais
importante, pois dele decorrem todos os outros. Com a base de cálculo, é possível saber o
que o legislador quer tributar.
Exemplo. IPVA - quem tem deficiência física está isento. Trata-se de uma isenção (retirar
fatia da hipótese de incidência). Ocorre o fato gerador, mas depois desocorre? Trata-se de
um aspecto subjetivo. Incidência x isenção
Fato gerador é polissêmico: (i) no art. 114, usa-se fato gerador para se referir à hipótese de
incidência - situação definida em lei como necessária e suficiente ao surgimento da
obrigação tributária.
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência.
Condição necessária: elemento sem o qual a definição não se consuma, não ocorre
O legislador pode escolher como “hipótese de incidência” um fato que não seja suficiente.
Normalmente, o problema é esse. Ex.: O ICMS (circulação entendida como venda) - venda de
mercadoria (Hipótese de incidência); o CTN diz que o ICMS e o IPI tem como hipótese de
incidência a saída da mercadoria. “Se acontecer um ventaval e as mercadoria saírem do
estabelecimento, esse é o fato? se a mercadoria for roubada, isso é saída?”
Não se pode confundir o fato indicativo do fato gerador com o fato gerador nem hipótese de
incidência com fato gerador. Como saber qual é o fato gerador? Olhar o fato gerador sob a
lente da Constituição Federal.
Há duas obrigações: (i) principal: obrigação de pagar; (ii) acessória (prevista no CTN):
obrigação instrumental para que a principal possa ser cumprida. Ex.: apresentar declaração
sobre o imposto de renda; ter todos os comprovantes de rendimentos tributáveis.
A obrigação pode ser discernida do crédito tributário. No direito civil, obrigação e crédito
estão juntos. No direito tributário, a união entre obrigação e crédito não existe. Surge a
obrigação quando ocorre o fato gerador. Porém, deve existir um ato administrativo chamado
lançamento tributário para transformar a obrigação em crédito. Antes disso, há uma
obrigação não exigível. Ex.:
(i) IPTU - o crédito se constitui a partir da notificação (meio de exteriorização do
lançamento) do contribuinte (lançamento de ofício);
(ii) ITR - o contribuinte precisa preencher um formulário para descrever as
características do imóvel, bem como de seus frutos, para depois notificá-lo
(lançamento por declaração);
(iii) IR - até o dia 30 de abril (normalmente), o contribuinte deve apresentar a
declaração anual de rendimento (ele deve baixar o programa do site da receita para
preencher o formulário de declaração). A receita possui 5 (cinco) anos para impugnar
os valores pagos e notificar o contribuinte sobre a diferença (prazo decadencial). Se
não concordar, deve-se lavrar o auto de infração. Depois, possui cinco anos para
ingressar com uma ação de execução tributária. A declaração do contribuinte não
constitui o crédito tributário. O lançamento ocorre quando a autoridade concorda ou
discorda do que foi informado pelo contribuinte. Homologação expressa é quando a
receita devolve o formulário para o contribuinte; homologação tácita é quando a
receita apenas deixa transcorrer o prazo decadencial de discordância (“lançamento”
por homologação - quem pratica o lançamento se é ato administrativo? é a
autoridade, não o contribuinte; por isso, deve ser colocado entre aspas neste caso).
Os demais países sulamericanos possuem carga tributária inferior à carga do Brasil, de tal
forma que os empresários têm preferido investir em outros países na america do sul que
não o Brasil.
Prof. diz que as atuais preocupações sobre tributação sobre consumo não parte das pessoas
que são vítimas disso (consumidores), mas das grandes empresas que querem se beneficiar
com esse tipo de sistema.
Por que não tributar menos o consumo e mais a propriedade e a renda - porque gera
desgaste eleitoral e os políticas teriam dificuldade com reeleição, que é um outro obstáculo.
O simples e a PEC 45-2019. A PEC não revoga o simples. Problema: desconsidera o crédito.
Alíquota única + fato gerador amplo. Nem entre os formuladores da PEC há consenso.
17.10.2022 -