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Dentro do Direito Tributário, quando um juiz vai julgar uma lide tributária, a primeira
coisa que ele deve ter certeza é de que se trata, de fato, de uma lide tributária (se o Estado
está realmente cobrando um tributo) para se saber qual o regime jurídico aplicado.
Exemplo: Houve uma discussão sobre as custas judiciais serem ou não um tributo. No
momento em que o STF disse que as custas judiciais seriam tributos da espécie taxa, auto-
maticamente seriam aplicadas todas as restrições tributárias como, por exemplo, aumentar
as taxas por meio de resolução (vide princípio da legalidade) ou respeitar o prazo da noven-
tena e o princípio da anterioridade etc.
Dessa forma, dizer ou não se algo é tributo importa no regime jurídico aplicado.
Obs.: Uma classificação, ou seja, dividir um gênero em espécies, somente tem relevância
prática se as espécies estão sobre regimes jurídicos diferentes. Exemplo: Discussão
sobre pedágio ser taxa ou preço público. O estado do Rio Grande do Sul aumentou
o valor do pedágio por decreto. Se for preço público, é válido. Se for taxa, não. Pos-
teriormente, o STF decidiu – alterando a sua jurisprudência – que o pedágio é Preço
Público, logo pode ser aumentado por meio de decreto.
As regras aplicadas em impostos são diferentes de taxas – e diferente das demais. Assim,
após saber se algo é tributo, deve-se saber a natureza jurídica do tributo, desvendar o regime
jurídico ao qual está submetida aquela cobrança.
Inicialmente, deve-se estudar o conceito de tributo, que está no art. 3º do CTN.
Conceito de Tributo
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Art. 3º do CTN. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
ANOTAÇÕES
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ATENÇÃO
Já foi cobrado em prova: O legislador quis dizer que está vedada, como regra, a cobrança
do produto in labore (em trabalho) ou in natura (em bens).
Exemplo de in labore: O serviço militar obrigatório não tem natureza tributária, pois a
obrigação tributária é em moeda, e não em trabalho.
Exemplo de in natura: Certo contribuinte importou 1.000 garrafas de whisky, vindas da
Escócia, e posteriormente descobriu que a alíquota de imposto de importação sobre as
garrafas é de 20%. Assim, o contribuinte deixa cerca de 200 garrafas (20% das garrafas)
na alfândega, com a finalidade de pagar os tributos. Contudo, as garrafas serão devolvidas,
pois o tributo deve ser pago em moedas (recolhido em reais).
• A doutrina analisa que o trecho ‘’ou cujo valor nela se possa exprimir’’ autoriza a
utilização de indexadores, como:
– OTN – Obrigação do Tesouro Nacional;
– BTN – Bônus do Tesouro Nacional;
– BTNF – Bônus do Tesouro Nacional Fiscal;
– UFIR – Unidade Fiscal de Referência.
Antigamente, costumava-se dizer que o tributo era 100 UFIRs. A ideia era que a UFIR
fosse algo que poderia ser convertido em moeda, com uma mera operação aritmética. Dessa
forma, o tributo não deixaria de ser prestação em moeda, somente sendo expresso de
outra forma.
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ATENÇÃO
No início dos anos 2000, o CTN foi alterado em seu art. 156, inciso XI, no qual se au-
toriza que o tributo possa ser quitado por meio de dação em pagamento de bens imó-
veis. O CTN somente autoriza a dação em pagamento em casos bem específicos e
necessariamente por meio de bens imóveis.
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Em direito privado, a principal fonte das obrigações é o contrato, que, na sua origem,
decorre diretamente da manifestação da vontade das partes (ex voluntate). A lei obriga a
pagar a obrigação, mas não obriga as partes a firmarem as obrigações.
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A obrigação tributária é ex lege, ou seja, decorre da lei.
O tributo é uma obrigação que ‘’não constitui sanção de ato ilícito’’, conforme art. 3º
do CTN. Esta é a única diferença entre tributo e multa.
Obs.: Há diversos casos em que alguém faz a prática de atos ilícitos e, por meio deles,
obtém rendimentos. Nesse caso, pode o Estado cobrar o seu imposto de renda? Fica
a discussão se pode o Estado cobrar tributos advindo de atos ilícitos ou não.
Obs.: O STF poderia dizer, hoje em dia, que o dinheiro que advém de ato ilícito, como trá-
fico de drogas, continua sendo dinheiro e vai ser objeto de tributação.
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ATENÇÃO
A Constituição Federal (CF) somente permite o confisco como sanção.
Exemplo: A CF prevê que quem tem trabalho escravo em sua propriedade vai perdê-la
(expropriação) e não terá direito à indenização.
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Confisco é pena e tributo não pode ser confiscatório, então tributo não pode ser sanção
por ato ilícito.
O PULO DO GATO
As bancas CESPE e FCC enxergam que, no princípio do não confisco, a vedação de
que o tributo seja considerado sanção por ato ilícito.
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Assim, quando ocorre o fato gerador, tem que ser cobrado o tributo.
O art. 142 do CTN define o que é lançamento e, no parágrafo único, dispõe que
a atividade de administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de
responsabilidade funcional.
ATENÇÃO
A cobrança de tributo é sempre vinculada, não cabendo nenhuma exceção.
Sob o ponto de vista do contribuinte (sujeito passivo), a prestação é compulsória, ou
seja, independe da sua vontade.
30m
Sob o ponto de vista da autoridade administrativa, a cobrança é vinculada, não
importando o que pensa a autoridade fiscal com relação àquela matéria.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Ricardo Alexandre de Almeida Santos.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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