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DIREITO TRIBUTÁRIO

Princípio da Isonomia, Uniformidade Geográfica e Vedação ao Confisco


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PRINCÍPIO DA ISONOMIA, UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA E


VEDAÇÃO AO CONFISCO

Ressalte-se neste início de aula, que o candidato deve treinar e treinar no ato de resolver
as últimas provas do Exame de Ordem Unificado (OAB). De sorte, 80% das questões estão
nos últimos certames.

DIRETO DO CONCURSO
1. (OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO V) No exercício de 1995, um contribuinte dei-
xou de recolher determinado tributo. Na ocasião, a lei impunha a multa moratória de
30% do valor do débito. Em 1997, houve alteração legislativa, que reduziu a multa
moratória para 20%. O contribuinte recebeu, em 1998, notificação para pagamento do
débito, acrescido da multa moratória de 30%. A exigência está
a. correta, pois aplica-se a lei vigente à época de ocorrência do fato gerador.
b. errada, pois aplica-se retroativamente a lei que defina penalidade menos severa ao
contribuinte.
c. errada, pois o princípio da irretroatividade veda a aplicação retroagente da lei tributária.
d. errada, pois a aplicação retroativa da lei é regra geral no direito tributário.

COMENTÁRIO
A lei de 1995 previa a multa de 30%. A lei de 1997, multa de 20%, reduzida ao fato gerador
passado. Portanto, ficará em 20%, porque é a penalidade mais benéfica. A notificação que
o contribuinte recebeu em 1998 está errada, conforme art. 106, II, c do Código Tributário
Nacional (CTN).

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:


II – tratando-se de ato não definitivamente julgado:
c. quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da
sua prática.

Lembrando que retroagir não é regra, é uma exceção.


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2. (OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO V). A obrigação tributária principal tem por objeto
a. a escrituração de livros contábeis
b. o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária
c. a prestação de informações tributárias perante a autoridade fiscal competente
d. a inscrição da pessoa jurídica junto ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ

COMENTÁRIO
A obrigação tributária principal é a obrigação em pagar os tributos e as penas; os tributos e
suas cinco espécies e as multas. Obrigação acessória é a obrigação de fazer ou não fazer
– positiva ou negativa – ação ou omissão.
a. A escrituração de livros contábeis é uma obrigação acessória.
b. É objeto da obrigação tributária principal o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.


§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

5m Obrigação principal é uma obrigação em pagar tributos e multas; tributos e penalidades.


c. Prestar informações tributárias é uma obrigação acessória.
d. A inscrição da pessoa jurídica ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ é uma
obrigação acessória.

3. (QUESTÃO INÉDITA/2021) Determinada Lei Municipal, publicada em 17/01/2011 fixou


o aumento das multas e alíquotas relativas aos fatos jurídicos tributáveis e ilícitos per-
tinentes ao ISS daquele ente federativo. Considerando que determinado contribuinte
tenha sido autuado pela autoridade administrativa local em 23/12/2010 em razão da
falta de pagamento do ISS dos meses de abril de 2010 a novembro de 2010 assinale a
alternativa correta a respeito de como se procederia a aplicação da legislação tributária
para a situação em tela.
a. Seriam mantidas as alíquotas e multas nos valores previstos na data do fato gerador.
b. Seriam aplicadas as alíquotas previstas na lei nova e as multas seriam aplicadas nos
valores previstos na data do fato gerador.
c. Seriam mantidas as alíquotas nos valores previstos na data do fato gerador e as
multas seriam aplicadas nos valores previstos de acordo com a nova lei.
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d. Seriam aplicadas as alíquotas e multas nos valores previstos de acordo com a nova lei.

COMENTÁRIO
Tem-se o fato gerador (FG) de abril a novembro de 2010. Depois ocorreu uma autuação
(lançamento) em 23/12/2010, logo após, uma nova lei em 17/01/2011, que aumentou o va-
lor da alíquota e da multa. Se tem um FG em 2010, deve-se ter uma hipótese de incidência,
uma lei anterior, por exemplo em 2009. Supõe-se que essa lei anterior previu a alíquota de
15% e multa de 10%, como não foi paga, houve autuação. Depois desse fato surgiu nova
lei que aumentou a alíquota para 20% e a multa para 12%. Porém a lei não retroage. Para
a lei retroagir tem que abolir, extinguir a multa, e isso não aconteceu, pelo contrário, ela foi
aumentada. A multa só retroage se for reduzida, e a nova lei, aumentou. O cliente ficará
com a lei do FG, porque ela aumentou. Não vai retroagir in pejus.
Seriam mantidas as alíquotas e multas nos valores previstos na data do fato gerador
(art. 150, III, “a” da Constituição Federal (CF).

Princípio da Isonomia ou da Igualdade


10m
Art. 150, II, da CF:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, inde-
pendentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

É vedado (proibido) aos quatro Entes Federativos instituir tributo que não seja igual em
todo o território. É vedado diferenciar os contribuintes que se encontrem em situação equiva-
lente, pela ocupação profissional, pela denominação jurídica dos rendimentos sob pena de
violar o princípio da igualdade. Tratar igual os iguais na medida de suas desigualdades.

Princípio da Isonomia dentro do Direito Tributário


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Raciocínio lógico

Tem-se as seguintes opções:


João, alemão, sócio do Wallmart supermercados.
Maria, americana (EUA), gerente do Extra supermercados.
José, brasileiro, caixa do Carrefour supermercados.
Assinale a opção correta:
a. João, Maria e José pagarão impostos de renda (IR) diferentes, porque possuem
nacionalidades diferentes (≠ IR – ≠ nacionalidades).
b. João, Maria e José pagarão impostos de renda (IR) diferentes, porque possuem ocu-
pações profissionais diferentes (≠ IR – ≠ ocupações profissionais).
c. João, Maria e José pagarão impostos de renda (IR) diferentes, porque trabalham em
denominações diferentes (≠ IR – ≠ denominações)
d. João, Maria e José pagarão imposto de renda (IR) iguais (= IR).
15m

A alternativa correta é a letra “d”. Não se pode deduzir que o caixa ganha um salário
mínimo, o gerente ganha mais e o sócio ganha ainda mais. Tais fatos não devem ser parâ-
metro para a resposta. O art. 150, II da CF versa que é vedado diferenciar o imposto pela
ocupação profissional, não se pode, portanto, considerá-la como critério diferenciador de tri-
buto. A única possibilidade de se diferenciar os tributos é a ocorrência do fato gerador (FG).
Se a questão não menciona o valor dos salários dos indivíduos, não se pode deduzir. Existe
a possibilidade de o caixa de mercado, por exemplo, ter outras atividades como bicheiro, tra-
ficante, dono de “jogo do bicho”, e no final das contas ganhar muito mais. É o princípio non
olet. O Direito Tributário não tem cheiro.

Princípio da Uniformidade Geográfica

Esse princípio refere-se à legislação. As leis devem ser conhecidas e estudadas para se
20m
entender o Direito Tributário. Nessa conformidade, os exames iniciam-se com os textos rela-
cionados à CF, ao CTN, às súmulas e à legislação.

Referência da CF:
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Art. 151. É vedado à União:


I – instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção
ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro,
admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País;

Isonomia é tratar igual os iguais na medida de suas desigualdades. Por exemplo, pode
ser concedido incentivo fiscal para a Zona Franca de Manaus, para a região Norte, Nordeste
e Centro-Oeste. Portanto a CF regulamenta os incentivos fiscais.

Referência da CF:

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).

Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio finan-
ceiro e atuarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributá-
ria entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

Obs.: O princípio da uniformidade geográfica sempre é assunto de prova.

Princípio da Vedação ao Confisco

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV – utilizar tributo com efeito de confisco;

É vedado aos quatro entes federativos e ao tributo em suas 5 espécies (impostos,


taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios e as contribuições especiais, ins-
tituir tributo com efeito de Confisco. O valor de um tributo não pode ser tão alto que prive o
indivíduo do mínimo para viver com dignidade – princípio da dignidade da pessoa humana.
No conceito anterior não estão inclusos os tributos extrafiscais, regulatórios de mercado,
e que podem ter somente as alíquotas – alteradas por ato do Poder Executivo em forma de
decreto, dentro do limite estabelecido em lei. São elas:
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25m • impostos sobre importação de produtos estrangeiros (II);


• exportação para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE);
• produtos industrializados (IPI); e
• imposto sobre operações financeiras (IOF).

Embora o inciso IV mencione apenas os tributos, o princípio da vedação ao Confisco


inclui também as multas. Portanto, nem tributos nem multas podem ter caráter de confisco.
As multas podem ser punitivas – que são por atos infracionais e as moratórias – por atraso no
pagamento. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as multas tributárias moratórias
não podem ser superiores a 20% e as punitivas não podem ser superiores a 100%. Acima
dessas porcentagens é considerado confisco.

Súmulas n. 70 e n. 323 do STF

É inadmissível interditar um estabelecimento e apreender a mercadoria para obrigar a


pagar tributo, sob pena de confisco.

Súmula n. 70
É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo.
Súmula n. 323
É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos.

Na prática, existem estabelecimentos sendo fechados e mercadorias apreendidas todos


os dias. Não se trata aqui da natureza da mercadoria e sim da forma de confisco.
Ressalte-se que a Súmula n. 323 não se aplica aos produtos importados. A mercado-
ria importada só é liberada mediante a apresentação da guia de pagamento do tributo. Por-
30m tanto a súmula vale apenas para produtos nacionais em circulação. O não pagamento retém
a mercadoria na Receita Federal conforme art. 12, § 2º da Lei Complementar n. 87/1996
(LEI KANDIR):

Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:


§ 2º Na hipótese do inciso IX, após o desembaraço aduaneiro, a entrega, pelo depositário, de
mercadoria ou bem importados do exterior deverá ser autorizada pelo órgão responsável pelo seu
desembaraço, que somente se fará mediante a exibição do comprovante de pagamento do impos-
to incidente no ato do despacho aduaneiro, salvo disposição em contrário.
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Vedação à Limitação do Tráfico de Bens e Pessoas

É vedado tributar o direito à liberdade de ir, vir e permanecer sob pena de confisco, salvo os
casos de pedágio e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), conforme a CF.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Po-
der Público;

GABARITO
1. b
2. b
3. a

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Maria Christina D’ Oliveira.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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