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DIREITO TRIBUTÁRIO

Princípio da Irretroatividade e Retroatividade


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PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE E RETROATIVIDADE

RELEMBRANDO
Nas aulas anteriores, foram estudados os conceitos de: relação jurídica tributária; obriga-
ção; lançamento; crédito; espécies de certidão de dívida ativa; bem como os princípios
fundamentais, cujo principal é o princípio da legalidade; anterioridade anual e nonagesimal.
Nesta aula, dar-se-á continuidade ao estudo dos princípios em Direito Tributário. Será es-
tudado o princípio da irretroatividade.

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE

No Direito Tributário, o princípio da irretroatividade está previsto no art. 150, § 3º, alínea
a, da Constituição Federal; no art. 144, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), e é deri-
vado do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição, que dispõe que a lei não retroagirá para pre-
judicar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
O princípio da irretroatividade não é um princípio do Direito Tributário, ele é do Direito como
um todo, é a lei aplicada para a frente, para o futuro, para coisas que ainda vão acontecer,
porque, como regra, a lei não retroage, não é aplicada a fato gerador pretérito, a fato passado.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Lei A (2030) – Fato gerador (2032) – Lei B (2034) – Lançamento (2036) – Lei C (2038)

Tem-se uma Lei A, publicada em 2030; um fato gerador qualquer em 2032; e então uma
nova Lei B em 2034. Esta nova lei revoga a anterior no que for contrário. Então, vem o lança-
mento para constituir o crédito desse fato gerador. Tendo-se então outra nova Lei C em 2038,
a qual irá revogar a lei anterior no que for contrário.

1. Qual é a lei que se aplica ao fato gerador de 2032?


a. Lei A
b. Lei B
c. Lei C
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COMENTÁRIO
Em 2032, ano do fato gerador, não se pode prever o futuro. Por isso, a lei que existe, que
produz efeitos e eficácia, portanto, a legislação em vigência na data do fato gerador é a
que deverá ser aplicada.
5m

2. Qual é a lei que se aplica ao lançamento de 2036?


a. Lei A
b. Lei B
c. Lei C

COMENTÁRIO
O art. 144 do CTN estabelece que se aplica ao lançamento a lei que está em vigência na
data da ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
Portanto: aplica-se ao lançamento a lei em vigência na data da ocorrência do fato gerador.

3. Supondo-se que haja um fato gerador em 2035, sendo lançado apenas em 2037, qual
é a lei que se aplica ao fato gerador?
a. Lei A
b. Lei B
c. Lei C

COMENTÁRIO
A lei aplicada ao fato gerador deve ser a imediatamente anterior à data da ocorrência
desse fato.

4. Qual é a lei que se aplica ao lançamento de 2037?


a. Lei A
b. Lei B
c. Lei C
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COMENTÁRIO
A lei aplicada ao lançamento deve ser aquela imediatamente anterior à data da ocorrência
do fato gerador.

5. Supondo-se que haja um fato gerador em 2039, sendo lançado apenas em 2041, qual
é a lei que se aplica ao fato gerador?
a. Lei A
b. Lei B
c. Lei C

COMENTÁRIO
A lei aplicada ao fato gerador deve ser a imediatamente anterior à data da ocorrência desse fato.

6. Qual é a lei que se aplica ao lançamento de 2041?


a. Lei A
b. Lei B
c. Lei C

COMENTÁRIO
A lei aplicada ao lançamento deve ser a imediatamente anterior à data da ocorrência do
fato gerador.
10m

7. Verdadeiro ou falso:
a. A lei é irretroativa.
b.A lei não retroage.
c. A lei nunca vai retroagir.
d. A lei pode retroagir.

COMENTÁRIO
a. A regra é que a lei é aplicada para a frente, para o futuro, para coisas que ainda acontecerão.
b. A regra é que a lei é aplicada para a frente, para o futuro, para coisas que ainda acontecerão.
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c. Existem situações excepcionais em que a lei pode retroagir.


d. Há casos de exceção em que a lei retroage.

O PULO DO GATO
A expressão “em regra” está embutida no comando da questão. O exame não precisa avi-
sar quando está na regra. Ele só precisa avisar quando estiver na exceção. Para passar no
exame da ordem, o que o candidato precisa é aprender que o mais importante é saber inter-
pretação de texto, ter raciocínio lógico e estar com o psicológico minimamente estabilizado.

EXCEÇÕES

Segundo o art. 5º da Constituição, a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu;
a lei do Direito do Trabalho não retroage, salvo para beneficiar o empregado, que é a parte
hipossuficiente da relação; a lei do consumidor não retroage, salvo para beneficiar o consu-
midor; a lei tributária não retroage, salvo para beneficiar o contribuinte.
15m
Logo, se, excepcionalmente, a lei retroagir, será para algum benefício. Não existe retro-
atividade in pejus, para prejudicar, só existe a in mellius, ou seja, retroatividade benigna. A
regra é que a lei é aplicada ao futuro, a coisas que ainda vão acontecer. Mas, como se sabe,
toda regra possui exceções. A exceção, nesse caso, é que a lei pode retroagir a fato pas-
sado, desde que em uma retroatividade benigna e apenas em casos expressamente deter-
minados em lei.

Lei interpretativa

A primeira exceção é que, quando for meramente interpretativa, a lei pode retroagir em
qualquer hipótese, conforme art. 106, I, do CTN, desde que não exclua penalidades de
infrações. Isso porque a lei que interpreta não passa de uma norma geral que explica,
conceitua ou regulamenta algo preexistente. Igualmente, o art. 144, § 1º, do CTN dispõe
que, em todas as vezes que uma nova lei amplie os poderes de fiscalização e investigação
do Fisco, essa nova lei retroagirá, porque se trata de uma lei genuinamente interpretativa.
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Ato não definitivamente julgado

A segunda exceção, que é a mais cobrada no exame da ordem, é o caso de ato não definiti-
vamente julgado. Se um ato não está definitivamente julgado, é porque que ainda existe um pro-
cesso em tramitação, ainda não houve trânsito em julgado, ainda cabe recurso, isto é, alguma
coisa ainda está acontecendo. Ter um ato não definitivamente julgado é a primeira condição.
Conforme o art. 106, II, do CTN, a lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
a. Quando deixe de defini-lo como infração, ou seja, a nova lei vai extinguir o tributo ou o
valor da alíquota, acabando com o tributo;
b. Quando deixe de tratá-lo como omissão ou ação, ou seja, vai abolir as obrigações
acessórias, desde que não tenha sido fraudulenta e não tenha implicado em falta de paga-
mento de tributo;
c. Quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo
da sua prática.
25m
Exemplo: no interior do país, há uma mulher que cria sete filhos, cujo pai foi embora para
trabalhar por empreitadas, voltando para casa apenas por alguns períodos de tempo. Os pais
dessa mulher eram analfabetos, mas criaram os filhos por meio do trabalho na lavoura, no
campo. Essa mulher, por sua vez, também não teve oportunidade de estudar, porque pre-
cisou trabalhar na lavoura para ajudar os pais e, depois, para sustentar os filhos. Os filhos
dessa mulher também não puderam estudar, porque, durante a pandemia, o ensino remoto
não chegou a eles, eles então tiveram que ajudar a mãe no trabalho na lavoura. Essa mulher
sobrevive com seus sete filhos com R$ 300,00 por mês, sendo obviamente isenta do imposto
de renda. Como a ninguém é dado o desconhecimento da lei, ela tinha que ter o conhe-
cimento jurídico de que ela deveria, no passado, se declarar como isenta para a Receita
Federal, porém, ela não sabia que tinha essa obrigação acessória, sendo então processada
e multada no seu CPF. Até que se definiu uma norma de extinção da obrigação acessória
de se declarar como isento. Hoje, no Brasil, ninguém mais precisa realizar essa declaração.

ATENÇÃO
Essa mulher continua sendo processada ou se arquiva o processo para a beneficiar? Ar-
quiva-se, desde que deixe de considerar como ação ou omissão, como uma obrigação
acessória. O que se faz com a alíquota para retroagir? Abolir. O que se faz com a acessó-
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ria para retroagir? Abolir. O que se faz com a multa para retroagir? Reduzir. A redução só
retroage no que se refere à multa. Isso é o que mais se pede no exame.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Supondo que exista, no Brasil, uma lei publicada em 2030, que estipula, hipoteticamente,
uma alíquota de 20% de um tributo qualquer e uma multa de 15%. Um fato gerador ocorreu
em 2032: uma dívida foi executada. Tem-se um processo em andamento, um ato não defini-
tivamente julgado. No meio desse processo, surgiu uma nova Lei B, que vai reduzir o valor
da alíquota de 20% para 13% e o valor da multa de 15% para 2%.
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8. O cliente terá direito à alíquota de:


a. 20%
b. 13%

COMENTÁRIO
A redução da alíquota não retroage a fato gerador passado. Para reduzir, a alíquota tem
que ser abolida.

9. Com relação à multa, o cliente tem direito a:


a. 15%
b. 2%

COMENTÁRIO
A redução só retroage no que diga respeito à multa.
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GABARITO
1. a
2. a
3. b
4. b
5. c
6. c
7. V/V/F/V
8. a
9. b

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Maria Christina Barreiros D’ Oliveira.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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