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APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO E NO TEMPO

A lei tem seu campo de aplicação limitado por quatro fatores:


- TEMPO
- ESPAÇO
- MATÉRIA
- PESSOAS

TEMPO - Início- Não havendo vacatio legis a lei começa a


vigorar após a sua publicação.Contudo, é importante observarmos a
prescrição normativa da LC 95/98,alterada pela LC 107/01:
Art.8º - “A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável
para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua
publicação” para as leis de pequena repercussão”
APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO E NO TEMPO

Disciplina a LINB no Art. 1º - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo
o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

O que seria essa disposição contrária? Observem que essas são regras gerais e, cada “LEI NOVA” prescreve
na sua parte final, o início de sua validade ou o fim de sua vacátio legis. Ex. Código Civil (Lei 10.406/2002)
Art. 2044 - Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação.

Observem!!!

VACATIO LEGIS
Lei Publicada em 24/05/2019
Com Vacatio Legis de 45 dias Fim da vacatio: 07/07/19 Inicio da Vigência, dia 08/07/2019

        § 1 A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância
o

far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia
subseqüente à sua consumação integral. Obs.: O Art. 2.044 acima e vejam se tem algo de errado
com este parágrafo do artigo 8º da LC 95/98(LC107/01)?
Podemos concluir que a vacatio legis é o intervalo de tempo
existente entre a publicação da norma e o início de sua
vigência. Qual é a finalidade desse tempo ?

Ah!!! Então quer dizer que posso ter a vacatio de 45 dias, do tempo que o
legislador definir na norma e até mesmo não tê-la? É isso aí, mas tem
regras especiais para as normas tributárias, eleitorais e sociais.

A lei que cria ou aumenta tributos só pode entrar em vigor no 1º dia do exercício financeiro seguinte ao
que ocorreu a publicação. O tributo, ao entrar em vigor, fica com sua eficácia suspensa até o início do
próximo exercício financeiro quando incidirá (artigo 150, III, “b” da CF). Há exceções ao princípio da
anterioridade que serão estudadas nos princípios constitucionais do direito tributário (art. 150, § 1º da
CF).
 A emenda constitucional 42/2003 trouxe mais uma limitação ao poder de tributar, dispondo que a
União, Estados, Distrito Federal e Municípios não podem cobrar tributos antes de 90 dias da publicação
da lei que os criou ou aumentou (art. 150, III, “c” da CF). Assim, além de só poderem ser cobrados no
exercício financeiro seguinte ao da publicação, deve existir um intervalo de 90 dias entre a publicação e
a entrada em vigor da lei. Há exceções ao artigo 150, III, “c” da CF que serão estudadas no momento
oportuno.
 A medida provisória que implicar em instituição (criação) ou majoração (aumento) de impostos, salvo
imposto sobre importação (II), imposto sobre exportação (IE), impostos sobre produtos industrializados
(IPI), imposto sobre operações financeiras (IOF) e imposto extraordinário, só entrará em vigor (produzirá
efeitos) no exercício financeiro seguinte se tiver sido convertida em lei até o último dia daquele
exercício em que foi editada (art 62, §2º da CF).
Quanto a vacatio legis eleitoral, prevê o Art.16 da
Constituição Federal – “A lei que alterar o processo eleitoral entrará
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até
um ano da data de sua vigência”. (EC nº 4, de 1993)

Afinal, quanto tempo a norma permanece VIGENTE no ordenamento


jurídico? Alias, VIGÊNCIA é a qualidade daquilo que está em vigor. A lei
está em vigor quando apta a produzir os seus efeitos, quando pode ser exigida.

Art. 2o  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1o  A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2o  A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a lei anterior.
§ 3o  Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

ab-rogação - total
derrogação – parcial
REVOGAR Expressa – Ex. Art.2045 do CC
- Incompatibilidade
Tácita - Regula inteiramente a matéria da
norma anterior
Art. 2.045. Revogam-se a Lei n o 3.071, de 1o de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira
do Código Comercial, Lei no 556, de 25 de junho de 1850.
Quanto a vacatio legis DA SEGURIDADE SOCIAL ?

Leiam os dispositivos
constitucionais abaixo

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais:
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
Com base no artigo 2º da LINB e seus parágrafos, técnicamente, no
direito pátrio, somente uma norma revoga outra? E OS COSTUMES
CONTRA LEGEM ? AS LEIS ANACRÔNICAS? AS LEIS INJUSTAS?

A maioria dos DOUTRINADORES entendem que não. Mas outros sustentam ser possível a revogação de
lei por costume – se um costume contra a lei chega a ser aplicado e reconhecido pelos Tribunais e a lei
se transforma em letra morta, DE FATO ela foi revogada pelo costume. Há projeto de lei no sentido de se
fazer tal inserção na LICC);

AÇÃO DA LEI – ATIVIDADE – PRODUÇAO DE EFEITOS?


No direito brasileiro, vigora o PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE, ou seja, a norma fora estabelecida para
regular as relações futuras, originadas de fatos ocorridos após a sua vigência.

Existem doutrinadores que argumentam que os efeitos das normas jurídicas novas podem
RETROAGIR(agir para ó passado), face a interpretação, acredito equivocada, das regras abaixo:

LINDB - Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.

CF- artigo 5º, XXXVI - XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
VIGÊNCIA DAS LEIS NO ESPAÇO

-TERRITORIALIDADE - em geral, as leis devem ser aplicadas


em um território nacional, que corresponde ao seu espaço
terrestre, águas e atmosfera. Isto em razão da própria
soberania nacional.
- a territorialidade poderia levar o estado nacional ao
isolamento.

- EXTRATERRITORIALIDADE - pode ocorrer, todavia, de lei


estrangeira ser aplicada no território nacional. Tais questões
são disciplinadas pelo Direito Internacional Privado.
- extraterritorialidade poderia gerar conflitos acerca da
soberania dos países;
-TERRITORIALIDADE MODERADA - em razão dos problemas
decorrentes dos dois sistemas, adotou-se a territorialidade
moderada:
A territorialidade, rege nossos bens e obrigações – artigos 8º
e 9º da LINDB
 As normas que regulam o começo e o fim da personalidade,
o nome, a capacidade das pessoas, os direitos de família e
sucessão são pessoais, ou seja, obedecem à
extraterritorialidade – artigos 7º e 10 da LINDB);
- Autoridade competente (autoridade competente para resolver
conflitos de interesses no Brasil é a autoridade brasileira – artigo
12 da LINDB e artigo 17, LINDB);
-Extradição (previsão na CF – artigo 5º, LI e LII).
LICC - EXTRATERRITÓRIO

Art. 8o  Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á


a lei do país em que estiverem situados.
§ 1o  Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens
moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
§ 2o  O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se
encontre a coisa apenhada.
Art. 9o  Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se
constituirem.
§ 1o  Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma
essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto
aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2o  A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir
o proponente.
MATÉRIA

As leis versam sobre matérias específicas. Daí a divisão


fundamental do direito em público e privado. Ex: a CLT aborda
matéria trabalhista, o CP aborda matéria penal, etc);
PESSOAS
NORMAS GERAIS Nesse ponto, pode-se distinguir, aplicadas
a todas as pessoas, indistintamente. Ex: CC, CP, etc;
NORMAS ESPECIAIS, que somente se aplicam a
determinada categoria de pessoas. Ex: o ECA só se aplica às
crianças e aos adolescentes; CDC nas relações de consumo;
NORMAS INDIVIDUAIS, aplicadas individualmente. Ex:
dispositivos contratuais ou testamentários, etc);

São nestes campos limitados – tempo, espaço, matéria e


pessoas – que toda lei tem sua vigência ou validade. O que se
aplica às leis, nesse sentido, pode ser estendido às demais
normas jurídicas;

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