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GENERALIDADES
SISTEMAS DE VIGÊNCIA
O Direito é uno. A sua divisão em diversos ramos é apenas para fins didáticos. Por isso, o
estudo da vigência e eficácia da lei é aplicável a todas as normas jurídicas e não apenas às do
Direito Civil.
Dispõe o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro que: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente
publicada”. Acrescenta seu § 1º: “Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira,
quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada”.
Adotou-se, portanto, o sistema do prazo de vigência único ou sincrônico ou simultâneo,
segundo o qual a lei entra em vigor de uma só vez em todo o país.
O sistema de vigência sucessiva ou progressiva, pelo qual a lei entra em vigor aos poucos, era
adotado pela antiga Lei de Introdução. Com efeito, 3 (três) dias depois de publicada, a lei entrava
em vigor no Distrito Federal, 15 (quinze) dias depois no Rio de Janeiro, 30 (trinta) dias depois nos
Estados marítimos e em Minas Gerais, e 100 (cem) dias depois nos demais Estados.
Conquanto adotado o sistema de vigência único, Oscar Tenório sustenta que a lei pode fixar o
sistema sucessivo. No silêncio, porém, a lei entra em vigor simultaneamente em todo o território
brasileiro.
VACATIO LEGIS
Vacatio legis é o período que medeia entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor.
Tem a finalidade de fazer com que os futuros destinatários da lei a conheçam e se preparem
para bem cumpri-la.
A Constituição Federal não exige que as leis observem o período de vacatio legis. Aliás,
normalmente as leis entram em vigor na data da publicação. Em duas hipóteses, porém, a vacatio
legis é obrigatória:
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a) Lei que cria ou aumenta contribuição social para a Seguridade Social. Só pode entrar em
vigor noventa dias após sua publicação (art. 195, § 6.º, da CF).
b) Lei que cria ou aumenta tributo. Só pode entrar em vigor noventa dias da data que haja
sido publicada, conforme art. 150, III, c, da CF, com redação determinada pela EC 42/2003.
Saliente-se, ainda, que deve ser observado o princípio da anterioridade.
Em contrapartida, em três hipóteses, a vigência é imediata, sem que haja vacatio legis, a
saber:
CLÁUSULA DE VIGÊNCIA
Cláusula de vigência é a que indica a data a partir da qual a lei entra em vigor.
Na ausência dessa cláusula, a lei começa a vigorar, em todo o país, 45 (quarenta e cinco) dias
depois de oficialmente publicada. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira,
quando admitida, inicia-se 3 (três) meses depois de oficialmente publicada. A obrigatoriedade da lei
nos países estrangeiros é para os juízes, embaixadas, consulados, brasileiros residentes no
estrangeiro e para todos os que fora do Brasil tenham interesses regulados pela lei brasileira.
Saliente-se, contudo, que o alto mar não é território estrangeiro, logo, no silêncio, a lei entra em
vigor 45 (quarenta e cinco) dias depois da publicação.
Os prazos de 45(quarenta e cinco) dias e de 3 (três) meses, mencionados acima, aplicam-se às
leis de direito público e de direito privado, outrossim, às leis federais, estaduais e municipais, bem
como aos Tratados e Convenções, pois estes são leis e não atos administrativos.
Conforme preceitua o §2º do art. 8º da LC 95/1998, as leis que estabelecem período de
vacância deverão utilizar a cláusula “esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de
sua publicação oficial”. No silêncio, porém, o prazo de vacância será de 45 (quarenta e cinco) dias,
de modo que continua em vigor o art.1º da LINDB.
FORMA DE CONTAGEM
Quanto à contagem do prazo de vacatio legis, dispõe o art. 8º, § 1º, da LC 95/1998, que deve
ser incluído o dia da publicação e o último dia, devendo a lei entrar em vigor no dia seguinte.
Conta-se o prazo dia a dia, inclusive domingos e feriados, como salienta Caio Mário da Silva
Pereira. O aludido prazo não se suspende nem se interrompe, entrando em vigor no dia seguinte ao
último dia, ainda que se trate de domingo e feriado.
O jurista Serpa Lopes esclarece que se a execução da lei depender de regulamento, o prazo de
45 (quarenta e cinco) dias, em relação a essa parte da lei, será contado a partir da publicação do
regulamento.
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LEI CORRETIVA
Pode ocorrer de a lei ser publicada com incorreções e erros materiais. Nesse caso, se a lei
ainda não entrou em vigor, para corrigi-la, não é necessária nova lei, bastando a repetição da
publicação, sanando-se os erros, reabrindo-se, destarte, o prazo da vacatio legis em relação aos
artigos republicados. Entretanto, se a lei já entrou em vigor, urge, para corrigi-la, a edição de uma
nova lei, que é denominada lei corretiva, cujo efeito, no silêncio, se dá após o decurso do prazo de
45 (quarenta e cinco) dias a contar da sua publicação. Enquanto não sobrevém essa lei corretiva, a
lei continua em vigor, apesar de seus erros materiais, ressalvando-se, porém, ao juiz, conforme
esclarece Washington de Barros Monteiro, o poder de corrigi-la, ainda que faça sentido o texto
errado.
Por outro lado, se o Poder Legislativo aprova um determinado projeto de lei, submetendo-o à
sanção do Presidente da República, e este acrescenta determinados dispositivos, publicando em
seguida o texto, a hipótese será de inconstitucionalidade, por violação do princípio da separação
dos poderes. De fato, o Presidente da República não pode acrescentar ou modificar os dispositivos
aprovados pelo Poder Legislativo, devendo limitar-se a suprimi-los, pois, no Brasil, é vedado o veto
aditivo ou translativo, admitindo-se apenas o veto supressivo.
A lei é publicada no Diário Oficial do Executivo. Nada obsta a sua publicação no Diário Oficial
do Legislativo ou Judiciário. Todavia, o termo inicial da vacatio legis é a publicação no Diário Oficial
do Executivo.
Caso o Município ou o Estado-membro não tenham imprensa oficial, a lei pode ser publicada
na imprensa particular.
Nos municípios em que não há imprensa oficial nem particular, a publicação pode ser feita
mediante fixação em lugar público ou então em jornal vizinho ou no órgão oficial do Estado.
De acordo com esse princípio, consagrado no art. 3.º da LINDB, ninguém se escusa de cumprir
a lei, alegando que não a conhece. Trata-se da máxima: nemine excusat ignorantia legis.
Assim, uma vez em vigor, todas as pessoas sem distinção devem obedecer a lei, inclusive os
incapazes, pois ela se dirige a todos.
Diversas teorias procuram justificar a regra acima. Para uns, trata-se de uma presunção jure et
jure, legalmente estabelecida (teoria da presunção). Outros defendem a teoria da ficção jurídica. Há
ainda os adeptos da teoria da necessidade social, segundo a qual a norma do art. 3.º da LINDB é uma
regra ditada por uma razão de ordem social e jurídica, sendo, pois, um atributo da própria norma.
Aludido princípio encontra exceção no art. 8.º da Lei das Contravenções Penais, que permite
ao juiz deixar de aplicar a pena se reconhecer que o acusado não tinha pleno conhecimento do
caráter ilícito do fato.
O princípio do jura novit curia significa que o juiz conhece a lei. Consequentemente, torna-se
desnecessário provar em juízo a existência da lei.
Esse princípio comporta as seguintes exceções:
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a) direito estrangeiro;
b) direito municipal;
c) direito estadual;
d) direito consuetudinário.
De acordo com esse princípio, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2.º
da LINDB). Assim, só a lei pode revogar a lei. Esta não pode ser revogada por decisão judicial ou por
ato do Poder Executivo.
Em regra, as leis têm efeito permanente, isto é, uma vigência por prazo indeterminado, salvo
quanto as leis de vigência temporária.
A não aplicação da lei não implica na renúncia do Estado em atribuir-lhe efeito, pois a lei só
pode ser revogada por outra lei.
REPRISTINAÇÃO
EFICÁCIA DA NORMA
HIPÓTESES
REVOGAÇÃO
Revogação é a cessação definitiva da vigência de uma lei em razão de uma nova lei.
Só a lei revoga a lei, conforme o princípio da continuidade das leis. Saliente-se que o
legislador não pode inserir na lei a proibição de sua revogação.
A revogação pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).
A revogação ainda pode ser expressa, tácita ou global.
A revogação expressa ou direta é aquela em que a lei indica os dispositivos que estão sendo
por ela revogados. A propósito, dispõe o art. 9º da LC 107/2001: “A cláusula de revogação deverá
enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”.
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A revogação tácita ou indireta ocorre quando a nova lei é incompatível com a lei anterior,
contrariando-a de forma absoluta. A revogação tácita não se presume, pois é preciso demonstrar
essa incompatibilidade. Saliente-se, contudo, que a lei posterior geral não revoga lei especial.
Igualmente, a lei especial não revoga a geral (§2º do art. 2º da LINDB). Assim, o princípio da
conciliação ou das esferas autônomas consiste na possibilidade de convivência das normas gerais
com as especiais que versem sobre o mesmo assunto. Esse princípio, porém, não é absoluto. De
fato, a lei geral pode revogar a especial e vice-versa, quando houver incompatibilidade absoluta
entre essas normas; essa incompatibilidade não se presume; na dúvida, se considerará uma norma
conciliável com a outra, vale dizer, a lei posterior se ligará à anterior, coexistindo ambas. Sobre o
significado da expressão “revogam-se as disposições em contrário”, Serpa Lopes sustenta que se
trata de uma revogação expressa, enquanto Caio Mário da Silva Pereira, acertadamente, preconiza
que essa fórmula designa a revogação tácita. Trata-se de uma cláusula inócua, pois de qualquer
maneira as disposições são revogadas, por força da revogação tácita prevista no § 1º do art. 2º da
LINDB. Convém lembrar que o art. 9º da LC 107/2001 determina que a cláusula de revogação
deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas, de modo que o legislador
não deve mais se valer daquela vaga expressão “revogam-se as disposições em contrário”.
A revogação global ocorre quando a lei revogadora disciplina inteiramente a matéria
disciplinada pela lei antiga. Nesse caso, os dispositivos legais não repetidos são revogados, ainda
que compatíveis com a nova lei. Regular inteiramente a matéria significa discipliná-la de maneira
global, no mesmo texto.
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De acordo com esse princípio, previsto no art. 5º, inc. XXXVI da CF, a lei não pode retroagir
para violar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Devem ser respeitadas,
portanto, as relações jurídicas constituídas sob a égide da lei revogada.
→ Direito Adquirido: é o que pode ser exercido desde já por já ter sido incorporado ao
patrimônio jurídico da pessoa. O §2º do art.6º da LINDB considera também adquirido:
a) O direito sob termo. O art.131 do CC também reza que o termo, isto é, o fato futuro e
certo, suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
b) O direito sob condição preestabelecida inalterável a arbítrio de outrem: Trata-se, a rigor, de
termo, porque o fato é futuro e certo, porquanto inalterável pelo arbítrio de outrem. Exemplo: Dar-
te-ei a minha casa no dia que chover, sob a condição de João não impedir que chova. Ora, chover é
um fato certo e inalterável pelo arbítrio de João e, portanto, trata-se de termo, logo o direito é
adquirido.
→ Ato Jurídico Perfeito: é o já consumado de acordo com a lei vigente ao tempo em que se
efetuou. Exemplo: contrato celebrado antes da promulgação do Código Civil não é regido por este
diploma legal, e sim pelo Código Civil anterior.
→ Coisa Julgada: é a sentença judicial de que já não caiba mais recurso. É, pois, a
imutabilidade da sentença.
Atente-se que a Magna Carta não impede a edição de leis retroativas; veda apenas a
retroatividade que atinja o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Assim, a retroatividade não se presume, deve resultar de texto expresso em lei e desde que
não viole o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Abre-se exceção à lei penal
benéfica, cuja retroatividade é automática, vale dizer, independe de texto expresso, violando
inclusive a coisa julgada.
Convém então elencar três situações de retroatividade da lei:
a) lei penal benéfica;
b) lei com cláusula expressa de retroatividade, desde que não viole o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada. Na área penal, porém, é terminantemente vedada a
retroatividade de lei desfavorável ao réu. Convém esclarecer que a entidade estatal que editou a
referida lei para conceder benefícios retroativos não poderá se eximir desses benefícios. A
propósito, dispõe a súmula 654 do STF: “A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º,
XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha
editado”. Assim, editada uma lei federal prevendo benefícios retroativos para os servidores
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públicos federais, não poderá a União invocar que tinha direito adquirido de não conceder os
aludidos benefícios ou que havia uma sentença transitada em julgado negando os benefícios a
determinados servidores.
c) lei interpretativa: é a que esclarece o conteúdo de outra lei, tornando obrigatória uma
exegese, que já era plausível antes de sua edição. É a chamada interpretação autêntica ou
legislativa. A lei interpretativa não cria situação nova; ela simplesmente torna obrigatória uma
exegese que o juiz, antes mesmo de sua publicação, já podia adotar. Aludida lei retroage até a data
de entrada em vigor da lei interpretada, aplicando-se, inclusive, aos casos pendentes de
julgamento, respeitando apenas a coisa julgada. Cumpre, porém, não confundir lei interpretativa,
que simplesmente opta por uma exegese razoável, que já era admitida antes da sua edição, com lei
que cria situação nova, albergando exegese até então inadmissível. Neste último caso, a
retroatividade só é possível mediante cláusula expressa, desde que não viole o direito adquirido, o
ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
INEFICÁCIA
A lei só é revogada em razão da superveniência de uma nova lei. Em certas hipóteses, porém,
a lei perde a sua validade, deixando de ser aplicada ao caso concreto, não obstante conserve a sua
vigência em razão da inexistência da lei superveniente revogadora.
Assim, é possível a ineficácia de uma lei vigente, bem como a eficácia de uma lei revogada.
Essa última hipótese ocorre quando a lei revogada é aplicada aos casos em que há direito
adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada.
Malgrado a sua vigência, a lei é ineficaz, isto é, inaplicável nas seguintes hipóteses:
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inválida, sem que ela precise ser revogada. Exemplo: leis de vigência temporária.
b) desuso: é a cessação do pressuposto de aplicação da norma. Exemplo: a lei que proíbe a caça de
baleia deixará de ser aplicada se porventura desaparecerem todas as baleias do planeta.
c) costume negativo ou contra legem: é o que contraria a lei. O costume não pode revogar a
lei, por força do princípio da continuidade das leis. Todavia, prevalece a opinião de que ele
pode gerar a ineficácia da lei, desde que não se trate de lei de ordem pública. Como
ensina Rubens Requião, verificada que a intenção das partes foi a de adotar certos
costumes, o julgador deve aplicá-lo, sobrepondo-o à norma legal não imperativa. De
acordo com Serpa Lopes, a realidade, através de um costume reiterado, enraizado nos
dados sociológicos, em harmonia com as necessidades econômicas e morais de um povo,
é capaz de revogar a norma. Não se trata, data venia, de revogação, pois esta só é
produzida pelo advento de uma nova lei; a hipótese é de ineficácia. Como exemplos de
costumes contra legem, podem ser citados: a emissão de cheque pré-datado; a expedição
de triplicata pelo fato da duplicata não ter sido devolvida tornou-se praxe, embora a lei
preveja para a hipótese o protesto por indicações, ao invés da triplicata.
d) decisão do STF declarando a lei inconstitucional em ação direta de inconstitucionalidade
(controle por via de ação ou aberto). Cumpre observar que essa decisão judicial não
revoga a lei, apenas retira a sua eficácia.
e) resolução do Senado Federal cancelando a eficácia de lei declarada incidentalmente
inconstitucional pelo STF (controle por via de exceção ou difuso). Atualmente, encontra-se
em voga a teoria do efeito expansivo do controle de constitucionalidade, segundo a qual
esta resolução do Senado serve apenas para dar publicidade à inconstitucionalidade, pois
o efeito erga omnes dessa decisão deriva do acórdão do STF.
f) princípio da anterioridade da lei tributária, pois, uma vez publicada, sua eficácia
permanece suspensa até o exercício financeiro seguinte.
g) a lei que altera o processo eleitoral entra em vigor na data de sua publicação, mas não
tem eficácia em relação à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
Introdução
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No que tange à aplicação do direito público, as referidas normas devem ser observadas em
três esferas:
a) administrativa: é o setor interno da administração pública.
b) controladora: é o Tribunal de Contas, que é o órgão incumbido do controle externo.
c) judicial: refere-se aos processos que tramitam no Poder Judiciário, envolvendo a Fazenda
Pública.
As normas sobre a aplicação do direito público, previstas na LINDB, fornecem os requisitos
para:
a) a motivação da decisão (arts. 20 e 21);
b) a interpretação das normas sobre gestão pública (arts. 22, 23 e 24);
c) solução amigável (art. 26);
d) imposição de compensação (art. 27);
e) a responsabilidade civil do agente público (art. 28).
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Numa ação individual, por exemplo, onde uma pessoa pleiteia do Poder Público a importação
de um medicamento caríssimo, o juiz, na fundamentação, deverá levar em conta, ao invocar o
princípio da dignidade da pessoa humana, a situação financeira da administração pública e os
efeitos que esta decisão poderá provocar, como a de abrir precedentes para centenas de pedidos
similares, a ponto de provocar a bancarrota das financias públicas e, dessa forma, justificar o
eventual indeferimento do pedido.
Um dos objetivos da lei é gerar decisões responsáveis, impondo-se, destarte, limites à
judicialização da política.
Os princípios, conquanto detenham força normativa, antes de serem aplicados, devem ser
ponderados com as consequências práticas da decisão.
Há, dessa forma, uma certa mitigação à força normativa dos princípios, que não podem mais
ser aplicados sem que se lance o olhar para os efeitos práticos que essa decisão poderá gerar.
A situação trazida pela LINDB, na verdade, é a consagração da cláusula da reserva do
possível.
Esta cláusula é a que justifica a não concretização imediata de um direito social em razão da
falta de recursos financeiros.
É, pois, a defesa apresentada pelo Administrador Público para explicar a sua inércia quanto à
não implantação imediata dos direitos sociais.
O art. 2º do Pacto de São José da Costa Rica faz menção à cláusula da reserva do possível e
reconhece que se deve envidar esforços a fim de se conseguir progressivamente a plena efetividade
dos direitos sociais, na medida dos recursos disponíveis.
A cláusula da reserva do possível pode ser:
a) fática ou absoluta: é a ausência ou insuficiência de recursos financeiros.
b) jurídica ou relativa: é o fato de o orçamento não fazer menção à despesa para o
atendimento de determinado direito social. Como se sabe, o administrador público, sob pena de
infringência da Lei da Responsabilidade Fiscal, não pode efetuar gastos que não encontrem
previsão específica no orçamento.
O STF, no entanto, visando dificultar as desculpas utilizadas pelos administradores públicos,
decidiu que o conteúdo das normas programáticas não pode ser encarada como mera promessa
constitucional inconsequente, devendo se dar efetividade concreta ao mínimo existencial que
assegure às pessoas o acesso ao direito ali previsto.
A justificativa da cláusula da reserva do possível não é aceita pelo Poder Judiciário quando a
não implantação do direito social decorre da falta de vontade política, demonstrada por dados
concretos, e não propriamente pela falta de recursos financeiros.
Decisão que impõe medida à administração pública ou que invalida ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa
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É uma forma de fazer o julgador sair das “nuvens” e botar os olhos na realidade, com o
escopo de se evitar decisões inconsequentes.
Acerca da interpretação das normas sobre gestão pública, impõe-se o estudo dos seguintes
aspectos:
a) princípio do primado da realidade (art. 22 e seu §1º);
b) critérios para aplicação de sanções (§§ 2º e 3º do art. 22);
c) mudança de interpretação (art. 23);
d) revisão sobre a validade (art. 24);
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seriam aceitas.
Noutras palavras, diante do caráter excepcional da situação fática, a inexigibilidade de
conduta diversa servirá como uma desculpa para o descumprimento da norma.
Em linguagem sintética, a impressão que se tem é que foi implantada a seguinte linha
hermenêutica: “diante das circunstâncias práticas, os fins justificam os meios”.
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Imposição de compensação
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Atos administrativos normativos são os de caráter geral e abstrato, editados com o fim de se
conferir fiel execução à lei. Exemplos:
a) Decreto ou decreto regulamentar ou decreto executivo: ato normativo da competência
exclusiva do Chefe do Poder Executivo, que visa detalhar as disposições gerais e abstratas da lei. É
previsto no artigo 84, IV, da CF. Há também decretos individuais, que não têm natureza normativa
(exemplo: decreto de desapropriação).
b) Resolução: ato normativo emanado de autoridades superiores, mas diversas do Chefe do
Poder Executivo. Exemplo: Resoluções do Conselho Federal de Medicina.
c) Regulamento : é o ato normativo que contém um conjunto de normas jurídicas elaboradas
por um órgão da Administração Pública ou por outra entidade pública ou privada autorizada por
lei.
d) Portaria: é o ato normativo editado por qualquer autoridade pública, contendo instruções
sobre a aplicação de leis ou de atos administrativos ou recomendações de caráter geral ou
instruções sobre a execução de serviços. Há também portarias individuais, que não tem caráter
normativo (exemplo: portaria sobre nomeação ou demissão).
e) Regimento: é ato normativo que disciplina o funcionamento interno de órgãos públicos.
f) Deliberação: ato normativo decisório, tomado por órgão colegiado, sobre tema que lhe fora
submetido a estudo e decisão.
Sobre os atos normativos, dispõe o art. 29 da LINDB:
“Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa,
salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação
de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão”.
Consagrou-se, destarte, a possibilidade de uma prévia consulta pública, salvo para os atos de
mera organização interna, como é o caso dos regimentos.
O objetivo da lei é conferir maior transparência e participação popular aos atos normativos,
pois eles têm caráter geral e abstrato.
Sobre a forma de consulta pública, reza o §1º do art. 29:
“A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da
consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver”.
O citado art. 29 é o único dispositivo incluído pela Lei 13.655/2018 com “vacatio legis” de 180
(cento e oitenta dias), pois os demais entraram em vigor na data da sua publicação.
Segurança Jurídica
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entendimento que ela mesma adotou anteriormente, até ulterior revisão, obrigando-a a decidir de
forma paritária para todos que se encontram na mesma situação.
“As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das
normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas”.
O parágrafo único acrescenta que:
“Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em relação ao
órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.”
Os precedentes vinculantes são os regulamentos, súmulas administrativas e respostas a
consultas. A meu ver, a expressão “regulamento” deve ser interpretada em sentido amplo para
abranger todos os administrativos normativos: decreto, resolução, portaria, regimento e
deliberação. Por razões lógicas, se até a resposta a consulta é um precedente administrativo
vinculante, força convir que também deve ser obrigatório à Administração Pública o cumprimento
de seus atos normativos, ainda que não se trate de resolução.
Aliás, os precedentes judiciais obrigatórios, previstos nos art. 927 do CPC, também devem ser
vinculantes para a Administração Pública, com o escopo de se manter a harmonia e uniformidade
do Direito. A propósito, dispõe o art. 927:
“Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas
repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do
Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados”.
Três aspectos merecem destaque:
a) a administração pública tem o dever de incluir suas decisões, referentes à aplicação das
normas, em regulamentos ou súmulas administrativas.
b) a administração pública tem o dever de responder às consultas que lhe forem endereçadas
acerca da melhor aplicação do Direito no âmbito administrativo.
c) o administrado poderá provar documentalmente o Direito, através de regulamentos,
súmulas administrativas e respostas a consultas, ampliando-se a segurança jurídica.
Por fim, cumpre recordar que a eventual ulterior alteração do precedente vinculante, além de
ter caráter irretroativo, deverá observar o disposto no art. 23 da LINDB, impondo um regime de
transição para que as novas regras sejam cumpridas de forma proporcional, equânime e eficiente e
sem prejuízo aos interesses gerais. O art. 24 da LINDB, conforme já dito anteriormente, também
trata de segurança jurídica.
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Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Olivia Oliveira Guimarães
DIREITO CIVIL - LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DOCPF - 04326633123
DIREITO BRASILEIRO
PROF. FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS
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