Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 4

Ficha de trabalho 12

1. O artigo 8.º da Lei n.º 8/2017, de 3 de março, que estabelece o estatuto jurídico
dos animais, dispõ e o seguinte: “A presente lei entra em vigor no primeiro dia do
segundo mês seguinte ao da sua publicaçã o”. Defina vacatio legis, refira qual a sua
funçã o e indique a data de entrada em vigor da mencionada lei.
Por vacatio legis entende-se o período de tempo que medeia entre a publicaçã o de uma lei
e a sua entrada em vigor, de acordo com o art.°5 n°2 do CC. A vacatio tem como objetivo a
tomada de conhecimento da existência da lei por cidadã os que se compreende à luz do
disposto no art.°6, norma que estabelece a obrigaçã o do conhecimento da lei e estatui que
a sua ignorâ ncia nã o justifica a falta do seu cumprimento nem tampouco isenta as pessoas
das consequências nela estabelecidas "ignorantia iuris non excusat". Está subjacente ao
art.°6 a segurança jurídica enquanto finalidade do Direito na sua dimensã o de certeza
jurídica ou capacidade de o sujeito prever as consequências jurídicas do seu ato.
Nos termos do n°2 do art.°5, entre a publicaçã o e a vigência da lei decorrerá o tempo que a
pró pria lei fixar ou na falta de fixaçã o o que for determinado em lei especial. Assim,
quando uma lei é publicada torna-se necessá rio em primeiro lugar verificar se ela indica a
data em que deverá entrar em vigor ou se, pelo contrá rio, nada diz a esse respeito. Se a
pró pria lei determina o momento do começo da sua vigência nenhuma dú vida se levanta
entrando em vigor na data por ela fixada. O caso em análise nã o oferece grandes
dificuldades uma vez que o legislador no art.°8 da lei 8/2017 estabeleceu a data de
entrada em vigor do diploma, primeiro dia do segundo mês seguinte ao da sua publicaçã o,
ou seja, no dia 1 de maio de 2017.

2. A Lei n.º 54/2017, de 14 de julho, que aprovou o regime jurídico do contrato de


trabalho do praticante desportivo, do contrato de formaçã o desportiva e do
contrato de representaçã o ou intermediaçã o, nã o refere a data da sua entrada em
vigor. Quid iuris?
Caso o legislador nã o refira a data de entrada em vigor do diploma legal aplica-se o
período supletivo de vacatio legis previsto no art.°2 da lei 74/98 ex vi do art. 5 n°2 do CC.
Assim sendo, a lei 54/2017 entrou em vigor 5 dias apó s a publicaçã o, ou seja, no dia 19 de
julho de 2017. (Nã o esquecer que o pró prio dia nã o conta)

3. Numa altura de grande proliferaçã o de leis em virtude da pandemia Covid-19, Teresa,


estudante de Direito, subscreveu o Diá rio da Repú blica, de modo a manter-se sempre
informada quanto à rá pida evoluçã o legislativa. Deparou-se, para seu grande espanto, com
um Decreto-Lei do Governo que prevê a sua imediata entrada em vigor. Teresa
questionase se tal será possível. Quid iuris?
No presente caso estamos perante o problema de supressã o da vacatio legis pelo
legislador e da consequente entrada imediata em vigor da lei. Elaborada uma lei, uma
condiçã o prévia se impõ e para que comece a vigorar a respetiva publicaçã o. É um
requisito de eficácia da lei. Este princípio é consagrado no art.°5 n°1 ao estabelecer que a
lei só se torna obrigató ria depois de publicada no jornal oficial, todavia a publicaçã o da lei
nã o significa que esta entre imediatamente em vigor. Por regra decorre entre a publicaçã o
da lei e o inicio da sua vigência um período de tempo, vacatio legis, destinado a permitir a
divulgaçã o da lei e a tornar possível o seu conhecimento pelos respetivos destinatá rios,
período esse, mais curto ou mais extenso consoante a dificuldade de apreensã o da lei, a
dificuldade de adaptaçã o das pessoas ao novo regime legal e a urgência da lei. Coloca-se a
questã o de saber se o legislador pode ir ao ponto de suprimir totalmente a vacatio. Por um
lado, há certos casos, como o estado de emergência provocado por uma pandemia em que
a imediata entrada em vigor de uma lei é uma necessidade absoluta por inadiá vel urgência
ou para evitar a frustraçã o dos objetivos da lei. Por outro lado, a entrada imediata em
vigor da lei pode ser extremamente violenta para as pessoas pois torna-se obrigató ria
antes da possibilidade de conhecimento do seu conteú do pelos cidadã os. O art.°2 da lei
74/98 estabelece de forma perentó ria que nã o pode em caso algum o início de vigência
dos atos legislativos verificar-se no pró prio dia da publicaçã o. Contudo, tratando-se de lei
ordiná ria da assembleia da Repú blica pode ser derrogada por diploma de nível
hierá rquico igual ou superior que determine a vigência imediata. Nestes caso o doutor
Oliveira Ascensã o, distingue três casos: 1- Leis com efeitos jurídicos automá ticos, nã o há
em princípio impedimentos pois nã o exigem comportamentos das pessoas. 2- Leis que
contêm normas de conduta dirigidas a ó rgã os pú blicos, nada se opõ em há vigência
imediata, devendo as dificuldades suscitadas ser resolvidas no seio desses entes pú blicos.
3- Leis que contêm normas de conduta dirigidas aos particulares, é a hipó tese mais
problemá tica. Em casos de absoluta exigência, nunca em casos comuns, sob pena de
violaçã o das legitimas expectativas, o legislador parece admitir a entrada em vigor da lei
desde que esta se situe no mesmo grau hierá rquico da lei 74/98. Nesse caso temos a
derrogaçã o da vacatio mínimo de um dia imposta pelo art. 2º n1 da lei 74/98. Em
conclusã o, o espanto de Teresa é compreensível dado que em situaçõ es de normalidade,
entre a publicaçã o da lei e a sua entrada em vigor decorrerá sempre pelo menos 1 dia, por
forma a colocar os cidadã os em condiçõ es de conhecer a lei, pela qual deverã o doravante
pautar os seus comportamentos.

4. Sabendo que o Có digo Civil português data de 1966, A entende que o seu artigo 1.º deve
ser considerado caduco na parte relativa à s normas corporativas, devido ao
desaparecimento dos pressupostos de aplicaçã o da lei, uma vez que atualmente já nã o
existem os organismos corporativos aí referidos. Terá razã o?
As normas corporativas estã o definidas no art.°1 n°2. O nosso có digo civil atual foi
promulgado em 1966 o que significa que foi elaborado na vigência da constituiçã o de 1933
que previa os organismos corporativas. Entretanto, apó s 1974 e com a entrada em vigor
de uma nova lei fundamental em 1976, despareceram os organismos corporativas.
Importa saber se a norma do art.°1 na parte referente à s normas corporativas nã o terá
terminado a sua vigência. Nos termos da lei, a lei pode cessar por caducidade ou
revogaçã o. A lei caduca quando deixa de vigorar por causa intrínsecas, ou seja, por força
de circunstâ ncias inerentes à pró pria lei que determinam a fim da sua vigência
independentemente da manifestaçã o de vontade do legislador. Apesar de terem
desaparecido os organismos corporativas das diferentes categorias morais, culturais,
econó micas ou profissionais a que se refere o art.°1 n°2 na sequência da revoluçã o de 25
de Abril de 1974, a norma é passível de uma interpretaçã o atualista, cabendo nas normas
corporativas, as normas de entidades com poder regulamentar pró prio, de que é exemplo
a ordem dos advogados, nã o só cabendo aqui normas de ordens profissionais como ainda
de outras pessoas jurídicas como as organizaçõ es desportivas. Assim, e sendo possível
retirar o sentido ú til da norma, nã o deve a mesma ser considerada caduca por
desaparecimento da norma que se arrogava regular. Por fim, as normas corporativas nã o
podem contrariar as disposiçõ es legais art. 1 n°3 e prevalecem sobre o usos, art.°3 n°2.

5. O artigo 1.º do DL n.º 10/2004, de 30 de maio, estatui que “os contratos de mú tuo
celebrados para aquisiçã o de prédio urbano destinado a habitaçã o em que o mutuante seja
uma instituiçã o bancá ria podem ser efetuados por documento particular com
reconhecimento de assinaturas, seja qual for o seu valor”. Entretanto, por força do DL n.º
116/2008, de 4 de julho, foi introduzida uma nova redaçã o no artigo 1143.º CC,
estabelecendo-se que “o contrato de mú tuo de valor superior a 25.000 € só é vá lido se for
celebrado por escritura pú blica e o de valor superior a 2.500 se o for por documento
assinado pelo mutuá rio”. A e B pretendem contrair um empréstimo de 100.000 € junto do
Banco X para financiar a aquisiçã o de um apartamento. Qual a forma exigida para a
celebraçã o deste contrato?
5. Como a norma introduzida pelo decreto lei 116/2008 é uma norma geral, aplicá vel a
todos os contratos mú tuo, nã o revoga a norma constante do art.1º do decreto-lei 10/2004,
que constitui uma norma especial, apenas aplicá vel ao mú tuo para aquisiçã o de prédio
urbano destinado à habitaçã o. Deste modo, a forma exigida é a forma que consta do
decreto-lei 10/2004, ou seja recomendo particular com reconhecimento de assinaturas.

Você também pode gostar