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■ 1.3.1.1. Sujeito
■ 1.3.1.2. Objeto
É o bem sobre o qual o sujeito exerce o poder que o ordenamento lhe defere. A
vontade, necessariamente, deverá ser exteriorizada sobre algo que não o próprio sujeito.
■ 1.3.1.2. Objeto
É o bem sobre o qual o sujeito exerce o poder que o ordenamento lhe defere. A
vontade, necessariamente, deverá ser exteriorizada sobre algo que não o próprio sujeito.
Divide-se entre bens que possuem apreciação econômica ou não. (bens da
personalidade).
Bens da personalidade: os atributos inerentes à condição de ser humano, por terem
a possibilidade de sofrerem os influxos da vontade de seu titular, são denominados bens
da personalidade. Por isso, pode-se deliberar sobre o seu nome, imagem e privacidade.
1º elemento → Sujeito 2º elemento → Objeto
É possível dizer que, assim como as pessoas naturais, as leis também têm sua vida,
ou seja, nascem, existem e morrem. A este processo vital dá-se o nome de vigência.
Antes de obter esta vigência, a lei passará pelo processo legislativo, que nada mais é
que seu período de concepção e gestação, normalmente nas casas legislativas. Este
processo legislativo é objeto de estudo do Direito Constitucional. Ao final deste
processo, ter-se-á dois atos marcantes: a promulgação e a publicação.
A promulgação é a autenticação da lei por quem de direito. É, por assim dizer, o
ato que afirma que está tudo certo e que aquela norma está pronta para nascer e produzir
seus regulares efeitos, ou seja, é uma chancela pela autoridade constitucionalmente
competente.
Contudo, a lei só será um comando geral a partir do momento em que a sociedade
possa dela tomar conhecimento. Então, para a difusão de seu texto, tem-se a publicação,
que no Brasil será feita através de publicação no Diário Oficial. Com este ato, a lei
nasce e estará apta a produzir seus regulares efeitos após o início de sua vigência.
Convém recordar que este período que medeia a publicação e a efetiva vigência
recebe o nome de vacatio legis. Neste interregno, a lei já existe, está perfeita e
completa. Todavia, como não está em vigor, não obriga, não pode ser invocada e
consequentemente não cria direitos ou deveres.
Na ausência de disposição expressa na própria lei a respeito de sua vigência, a Lei
de Introdução optou por estabelecer o princípio do prazo único ou simultâneo,
estipulando que o início se dará em todo o país 45 dias após a publicação (art. 1º da
LINDB).
Se porventura a lei brasileira for aplicável no estrangeiro (p. ex.; atos praticados por
servidores das representações diplomáticas), o início da vigência ocorrerá três meses
após a publicação (art. 1º, § 1º, da LINDB)
“Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos,
excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento”.
Os prazos referidos neste artigo são aqueles estipulados pelo Código Civil ou por
atos de autonomia privada, tais como prazos de prescrição ou decadência, de vigência
de contratos e assim por diante.
A lei publicada pode conter erros ou incorreções que venham a exigir nova
publicação de seu texto para que essas falhas sejam supridas. Se esta republicação
ocorrer durante o período de vacatio legis, inicia-se nova contagem para que o texto
correto seja conhecido por todos, sem qualquer necessidade de novo processo
legislativo. Esta previsão está no art. 1º, § 3º, da LINDB.
Porém, se as emendas ou correções vierem a ocorrer depois da entrada em vigor da
lei, estas serão consideradas leis novas. Assim, eventuais direitos que se adquirirem no
período de vigência da lei reformada devem ser resguardados, não podendo então serem
atingidos pela publicação do texto corrigido. Esta é a interpretação que se colhe do art.
1º, § 4º, da LINDB.
De todo modo, estas disposições servem para marcar hipóteses nas quais se tenha
correções de falhas materiais. Caso haja alteração do próprio conteúdo da lei, somente
respeitando o devido processo legislativo será possível alterá-la.
Havendo necessidade de regulamentação, pelo Poder Executivo, da lei publicada,
enquanto não for editado o decreto correspondente, a eficácia da norma será
considerada suspensa. Esta necessidade de regulamentação será considerada verdadeira
condição suspensiva à obrigatoriedade da lei.
“Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do
texto e da vigência”.
Quanto à continuidade, é possível afirmar que via de regra as leis nascem para
vigorar por tempo indeterminado. Isto não significa dizer que as leis seriam eternas, o
que seria contraditório com a própria função do Direito de regulamentar a vida em
sociedade, algo extremamente dinâmico.
Assim, deve-se entender que uma lei terá vigor até que uma força contrária possa
lhe retirar a eficácia. Este é o sentido do art. 2º da LINDB.
Esta cessação da eficácia pode decorrer, basicamente, de três fatores: a) revogação;
b) temporariedade da lei; c) declaração de inconstitucionalidade.
A respeito da revogação, esta é sem dúvida a principal força contrária que fará com
que a lei venha a ter interrompida sua produção de efeitos. Pode ser classificada em:
revogação total (ab-rogação) – quando todos seus dispositivos são atingidos; revogação
parcial (derrogação) – quando apenas uma parcela de seus dispositivos perde eficácia.
Como o ordenamento deve ser um todo único e harmônico, a incompatibilidade
entre normas deverá ser revolvida a partir de critérios hermenêuticos, tais como o
cronológico, hierárquico e a especialidade da norma para tratar de certas situações. As
antinomias porventura constatadas serão, portanto, aparentes.
Tais hipóteses de revogação estão estampadas no art. 2º, § 1º, da LINDB. Há que se
destacar que a LC n. 95/98 estabeleceu expressamente, por razões de segurança jurídica,
que a revogação deve ser preferencialmente expressa, nos termos do art. 9º:
“A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições
legais revogadas”.
A escolha de qual direito deve ser aplicado num determinado caso concreto é
denominada Direito Internacional Privado, regulado pela LINDB entre os arts. 7º e 17.
Através de vários tratados internacionais, são estabelecidos critérios para a definição do
efeito extraterritorial da lei.
O Direito Brasileiro optou pelo princípio do domicílio, ou seja, para reger as regras
sobre começo e fim da personalidade, o direito ao nome, a capacidade jurídica, os
direitos de família, aplica-se as leis do País no qual a pessoa for domiciliada. Para tanto,
devem-se aplicar as regras de domicílio previstas nos arts. 70 e s. do Código Civil.
Aplicações deste princípio estão espalhadas pelos parágrafos do art. 7º da LINDB.
Sobre eventual antinomia entre os arts. 9º e 17 da LINDB, no que toca às dívidas de
jogo ou aposta contraídas em outro país por brasileiros, o STJ entendeu que, se no
exterior a lei estabelece ser esta uma obrigação civil (ao contrário da lei brasileira, que a
reputa como mera obrigação natural; vide arts. 814 e s. do CC), o brasileiro pode sofrer
a execução em território nacional de sentença estrangeira que o condena ao pagamento.
Ou seja, optou-se pela regra contida no art. 9º da LINDB (para reger as obrigações,
aplica-se a lei do país onde se constituíram).
■ 1.6.5. Lei n. 13.655, de 25 de abril de 2018
Publicada em 26 de abril de 2018, a Lei n. 13.655 introduz onze novos artigos à Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), trazendo assim disposições sobre
segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público.
Já no primeiro artigo acrescentado, o art. 20, extrai-se que a grande preocupação do
legislador foi reduzir o âmbito de discricionariedade do aplicador da norma (Judiciário e
Executivo), aumentando-se assim a previsibilidade, quando da tomada de decisões. A
redação do artigo estabelece que “nas esferas administrativa, controladora e judicial,
não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos, sem que sejam consideradas as
consequências práticas da decisão”. E no parágrafo único arremata dizendo que “a
motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face
das possíveis alternativas”.
Cabe destacar que parcela da doutrina tem denominado esta previsão legal de princípio
do consequencialismo judicial. Por meio deste princípio, os juízes podem e devem atuar
com discricionariedade na interpretação de uma norma, porém não devem descuidar das
consequências práticas a que aquela determinada forma de interpretar poderá
conduzir. Ou seja, há agora mais um comando ao julgador: deverá ponderar sobre os
efeitos que a sua decisão poderá produzir na sociedade.
Uma bela novidade trazida é aquela constante do art. 26, através da qual se possibilita o
denominado controle consensual da administração pública, ao autorizar explicitamente a
celebração de compromissos com os interessados, com o objetivo de colocar fim a
controvérsias jurídicas e interpretativas, mediante solução jurídica proporcional,
equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais.
Vale lembrar que o dano moral é aquele oriundo da violação aos direitos da
personalidade (dano moral é uma técnica de que o legislador se vale para proteger a
pessoa natural, compensando-se o titular que sofreu uma lesão em seus direitos da
personalidade). Nesse sentido, há construção jurisprudencial que prevê a possibilidade
de a pessoa jurídica ser reparada por eventuais danos que afetem sua imagem, reputação
e nome. O STJ sumulou há mais de uma década esse entendimento.
Da
personalidade O nascimento com vida (evento futuro e incerto) faz com que o início da personalidade re
condicionada
Concepcionist A aquisição da personalidade se dá desde a concepção
a
Observações:
1) Nascer é ser separado do corpo da mãe. Nascer com vida é ser separado do
corpo da mãe e respirar autonomamente.
2) Nascer com vida é pressuposto para a aquisição da personalidade civil.
3) Nascituro é o ser já concebido, mas ainda não nascido.
4) Natimorto é o ser que nasce sem vida e, portanto, não chega a adquirir
personalidade civil.
5) Concepturo é o possível ser, já que ainda nem sequer foi concebido
(conhecido em direito de família e direitos das sucessões como prole eventual.
Vale lembrar que o concepturo pode ser beneficiado em testamento, desde que
seja concebido no prazo decadencial de 2 anos – art. 1.800, § 4º, do CC).
Este artigo pode ser lido da seguinte forma: a personalidade civil da pessoa começa
do nascimento com vida (teoria natalista); mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os
direitos (na verdade, as expectativas de direitos patrimoniais) do nascituro. Ou seja,
deve-se entender que, como a personalidade civil só se inicia com o nascimento com
vida, até esse momento o nascituro não pode adquirir direitos de cunho patrimonial, o
que conduz, quanto a estes, a existir apenas uma expectativa. Com o nascimento com
vida, a expectativa se transforma em verdadeiro direito subjetivo.
Dessa maneira, é correto dizer que o natimorto, apesar de não adquirir personalidade
jurídica, será titular de direitos da personalidade.
■ 2.3. Capacidade
A capacidade é comumente conceituada como a medida da personalidade jurídica
(ou personalidade civil).
Indo à capacidade de fato, nota-se que esta consiste na possibilidade de o sujeito
praticar atos da vida civil pessoalmente (por si só), ou seja, sem a necessidade da
presença de terceiros para representá-lo ou assisti-lo. Como dito no quadro acima, é
sobre essa capacidade de fato que incidirá a importante teoria das incapacidades.
Para que um incapaz possa praticar atos da vida civil, será importante a presença de
um representante para o absolutamente incapaz ou de um assistente para o
relativamente incapaz.
■ 2.5. Emancipação
A emancipação é a aquisição antecipada da plena capacidade de fato, ou seja, o
sujeito, antes de completar a maioridade civil, acaba por alcançar a situação jurídica de
plenamente capaz. O emancipado continua sendo menor, e em razão disso permanece
sob a proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente. Dessa maneira, o menor
emancipado não poderá praticar atos reservados por lei aos maiores de 18 anos, por
exemplo, adoção, frequência a certos locais e obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação.
A emancipação foi disciplinada pelo Código Civil em seu art. 5º, parágrafo único, e
comportaria três espécies: (a) voluntária; (b) judicial; e (c) legal.
■ 3. MORTE
Juridicamente, a morte pode ser conceituada como o fim da personalidade (tanto da
personalidade civil quanto dos direitos da personalidade). A morte, antes de ser um fato
jurídico, é um fato natural que desencadeia efeitos jurídicos. Dentro da classificação dos
fatos jurídicos, a morte será considerada fato jurídico em sentido estrito, ou seja, é um
evento da natureza que deflagrará uma série de efeitos na esfera do Direito. Dentre tais
efeitos, vale destacar os seguintes:
■ 3.1.1. Real
■ 3.1.2. Presumida
A morte presumida ocorre quando uma pessoa natural desaparece, havendo
incerteza quanto a sua morte ou não. A morte presumida poderá se dar com ou sem
declaração de ausência.
Se o ausente reaparecer até a sucessão definitiva, irá reaver os bens no estado em que se
encontrarem e somente terá de indenizar por benfeitorias e frutos se a ausência for
voluntária. Se for involuntária, não terá de indenizar os acessórios ao possuidor.
■ 3.2. Comoriência
Comoriência é a presunção de morte simultânea de duas ou mais pessoas (art. 8º
do CC). Se não for possível averiguar qual indivíduo morreu primeiro, por exemplo,
num acidente aéreo ou de trânsito, para efeito de sucessão, ambos serão considerados
presumidamente mortos no mesmo momento. Só faz sentido falar em comoriência se as
pessoas simultaneamente mortas forem herdeiras entre si. Caso contrário, a comoriência
carece de qualquer efeito prático.
Direitos subjetivos
Direitos subjetivos patrimoniais Direitos subjetivos existenciais
Quando houver conflito entre particulares que envolvam direitos fundamentais que não
se enquadrem na categoria de direitos da personalidade, será resolvido com base na
Constituição, falando-se, então, em eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
■ 4.2. Características
■ 4.2.6. Atipicidade
Os direitos da personalidade são colocados em nosso Código Civil por meio de um
rol exemplificativo, pois o legislador entendeu que a melhor forma de tutelar tais
direitos seria por meio de uma cláusula geral prevista no art. 12, caput, do CC.
Portanto, nem todos os direitos da personalidade são previstos no Código Civil,
podendo o juiz reconhecer diante do caso concreto a proteção de outros que não estejam
taxativamente arrolados na lei.
disposições acerca do corpo
o Código Civil, os arts. 13, 14 e 15
o “salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou
contraria os bons costumes”.
direito ao nome
o arts. 16 a 19, o Código Civil
o nome compreende o prenome e o sobrenome (também denominado
patronímico ou nome de família)
o O nome não pode ser empregado por outrem em publicações que
exponham o titular a desprezo público, ainda que não haja a intenção de
difamar o sujeito, ou seja, há proteção contra a utilização indevida do
nome alheio. Por isso, o nome alheio também não pode ser usado, sem
autorização, em propaganda comercial. Cabe lembrar que o apelido
(pseudônimo) adotado para atividades lícitas goza da mesma proteção
concedida ao nome.
o o registro de que o nome obedece ao princípio da imutabilidade, ou seja,
via de regra não pode ser alterado. Todavia, diversas normas preveem a
possibilidade de modificação do nome, tais como: em virtude do
casamento ou divórcio, homonímia prejudicial, nomes vexatórios ou com
erros de grafia, naturalização, proteção a testemunhas, transexuais, dentre
outras hipóteses.
direito à imagem e à honra
o art. 20 do CC
o invioláveis, salvo se necessárias à manutenção da ordem pública e à
administração da justiça.
o No que tange à necessidade de autorização prévia por parte do titular
para o uso da imagem e honra, o STF, em 2015, no bojo da ADIn 4.815,
promoveu interpretação conforme a Constituição desse artigo, para
entender que no caso de livros biográficos não se faz necessária a
autorização prévia do retratado. Preservou-se assim, como regra, a não
restrição à liberdade de expressão (ver a parte relativa à intepretação
constitucional e controle de constitucionalidade em Direito
Constitucional).
■ 5.2. Classificação
As pessoas jurídicas podem ser classificadas em dois grupos: pessoas jurídicas de
direito público (interno ou externo) e de direito privado.
São consideradas pessoas jurídicas de direito público interno: a União, os Estados-
membros, os Municípios, o Distrito Federal. Também pertencem a esse grupo as
autarquias, as fundações públicas e as demais entidades de caráter público, criadas por
lei, com personalidade jurídica própria, tais como as associações públicas.
Nos termos do art. 42 do CC, são pessoas jurídicas de direito público externo os
Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional
público.
Por fim, são consideradas pessoas jurídicas de direito privado, além das já citadas
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 44 do CC, as
associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas e os partidos
políticos.
5.2.1. Associações
Segundo definição corrente, as associações são sociedades civis sem finalidade
lucrativa em que há um somatório de esforços e/ou recursos dos associados para a
obtenção de fins comuns. As associações são criadas, geralmente, com finalidades
filantrópicas, literárias, religiosas, morais, culturais, educacionais, científicas,
profissionais, esportivas, entre outras. Embora não possuam fins lucrativos, as
associações podem realizar atividades que produzam rendimentos, desde que estes
sejam empregados na própria associação, ou seja, que não sejam revertidos lucros para
seus associados ou diretores.
■ 5.2.2. Fundações
■ 6. DOMICÍLIO
■ 6.1. Conceito
É a sede jurídica da pessoa. É o local onde o sujeito ordinariamente (com
habitualidade) pratica os atos da vida civil. O domicílio terá uma série de utilidades no
âmbito do Direito, tais como: definir o local de competência para julgamento, o foro da
abertura da sucessão, o local de pagamento das obrigações etc.
■ 7.1. Conceito
Os bens são o objeto de uma relação jurídica, constituindo-se em valores materiais
ou imateriais. Toda relação jurídica travada entre sujeitos terá seu objeto. Assim, por
exemplo, em um contrato de compra e venda o preço a ser pago e o bem a ser
transferido são o objeto dessa relação jurídica de natureza contratual.
No Código Civil, a partir do art. 79, são previstos três capítulos para disciplinar os
bens: bens considerados em si mesmos, bens reciprocamente considerados e bens
públicos. Essas divisões nada mais são que classificações dos bens.
O art. 94 do CC, estabelece que às pertenças, via de regra, não será aplicado o
princípio da gravitação jurídica, salvo disposição em contrário pelas partes, por
determinação legal ou por decorrência das circunstâncias do caso. Ou seja, a alienação
do bem principal não significa que as pertenças terão o mesmo destino, já que pertença
não é bem acessório. Exemplos de pertenças: os tratores em relação à fazenda; os
quadros decorativos de um apartamento; os aparelhos de ar-condicionado de uma
escola.
Negócios jurídicos Atos não negociais (ou atos jurídicos em sentido estrito)
Arts. 104 a 184 Art. 185
Os efeitos serão
Os efeitos decorrem da lei (ex lege).
definidos pelas
partes, respeitados os Os efeitos já estão previstos pela lei.
limites impostos pela É uma adesão volitiva aos efeitos estabelecidos previamente pela lei
lei
Exemplos: contrato,
casamento e Exemplos: adoção, reconhecimento voluntário de paternidade e emanci
testamento
■ 8.2.1.2.2. Atos-fatos
Ocorrem sempre que há um comportamento humano, independentemente da
presença da vontade humana, desencadeando-se os efeitos previstos em lei. A diferença
do ato não negocial é que no ato-fato não há necessariamente uma conduta volitiva. A
lei não se importa com a voluntariedade da conduta. Exemplos: descoberta (art. 1.233
do CC), prescrição e decadência (arts. 189 e s. do CC).
■ 8.2.1.2.3. Fato jurídico em sentido estrito
É qualquer evento da natureza que desperte consequências jurídicas. Por exemplo,
morte, nascimento com vida, eventos de força maior, terremotos, enchentes, simples
decurso do tempo etc.
Seguindo a ordem estabelecida pelo próprio Código Civil, é importante ingressar
nos pontos nodais de cada um dos fatos jurídicos retrodescritos.
Segundo a teoria estrutural, teoria que melhor explica o instituto, negócio jurídico
seria todo fato jurídico consistente em uma declaração de vontade à qual o ordenamento
jurídico atribuirá os efeitos designados como desejados, desde que sejam respeitados os
pressupostos de existência, os requisitos de validade e os fatores de eficácia (impostos
pela norma jurídica). Portanto, o negócio jurídico seria a expressão máxima do
princípio da autonomia privada, permitindo a cada indivíduo definir, a partir de sua
manifestação de vontade, quais são as normas particulares que irão reger sua vida. Para
tal fim, a vontade do Estado, inserida nas mais diversas leis, deve ser igualmente
respeitada. Assim, a celebração de um negócio jurídico atualmente é a soma da vontade
do particular e da vontade do Estado.
No negócio jurídico se pode observar que o ato que partiu da vontade humana terá
efeitos indicados por quem o praticou, gerando a criação, a modificação ou a extinção
de direitos. Ao contrário do ato não negocial, em que o resultado (efeito) do exercício
da vontade deriva da lei, no negócio jurídico a exteriorização consciente da vontade se
dirige à obtenção do resultado eleito das partes (desde que respeitados os limites
impostos pela ordem jurídica).
A fim de melhor compreender o negócio jurídico, a doutrina construiu ao longo dos
anos os planos de análise do negócio jurídico, quais sejam: plano da existência, da
validade e da eficácia. Esse esquema de planos foi trazido para o Brasil por Pontes de
Miranda, sendo então chamada de escada ponteana.
(Pressupostos de) existência: são os elementos sem os quais não há sequer negócio
jurídico
Agente (pessoa): somente uma pessoa pode declarar e recepcionar a vontade.
Assim, por exemplo, não pode ser beneficiário de testamento algo que não seja
pessoa.
Vontade: a vontade é fundamental para a criação do negócio jurídico. Assim,
atos de extorsão da vontade não induzem o nascimento de negócio, tais como
aqueles obtidos através de coação vis absoluta (violência física).
Objeto: há que se ter um objeto, sobre o qual a vontade das partes recairá. Dessa
maneira, o serviço ou o produto serão comumente o objeto no âmbito de
contratos de consumo, a título de exemplo.
Forma: se o negócio não tem forma, significa que a vontade ainda está no
âmbito interno do agente. Por esse motivo, a vontade precisa ser exteriorizada
para que tenhamos o negócio jurídico. A forma poderá ser verbal, gestual,
escrita.
Caráter substantivo
(Requisitos de) validade: são as exigências que a lei estabelece para que um negócio
existente possa receber a chancela do ordenamento jurídico.
Agente capaz (arts. 3º a 5º do CC): deve-se ter um agente com plena capacidade
de fato.
Vontade livre e consciente (arts. 138 a 157 do CC): se presente algum vício do
consentimento, como o erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão, haverá
invalidade do negócio.
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: a licitude do objeto é
fundamental para a validade do negócio, assim como a possibilidade física e
jurídica e a determinabilidade.
Forma prescrita ou não defesa em lei: a regra é o princípio da liberdade das
formas, nos termos dos arts. 107 e 108 do CC. Porém, por vezes a lei exigirá
alguma formalidade, como instrumento público ou forma escrita. Nesses casos, a
forma é prescrita e deve ser seguida, sob pena de se afetar a validade do negócio.
Caráter adjetivo
(Fatores de) eficácia: são os que afetarão de alguma maneira a produção de efeitos do
negócio existente.
Eficácia simples: se inserida uma condição ou um termo (arts. 121 a 137 do
CC), pode ser que os efeitos a serem produzidos pelo negócio fiquem
submetidos ao advento de certos fatos. Assim, diz-se que há ineficácia simples.
Eficácia relativa: por vezes o negócio existe, é válido, produz efeitos. Porém, se
tais efeitos não se produzem em face de um sujeito determinado, diz-se que o
negócio é a este inoponível (ineficaz relativamente a...). Têm-se bons exemplos
dessa ineficácia nos arts. 290 e 662 do CC.
1) Os requisitos estabelecidos nos arts. 104 e s. do CC são
denominados requisitos gerais de validade, ou seja, aplicam-se
indistintamente a qualquer negócio jurídico (contrato, testamento,
casamento etc.). Além destes, a lei, ao regulamentar cada negócio,
poderá instituir requisitos especiais de validade, estabelecendo-se
assim novas hipóteses de nulidade ou anulabilidade, tal como
acontece nos seguintes artigos, a título de exemplo:
2) O não atendimento aos requisitos gerais ou especiais acarretará
a invalidade do negócio jurídico. Há que se destacar que essa
invalidade é um gênero que comporta duas
espécies: nulidade e anulabilidade. Alguns autores mais antigos
denominavam tais espécies, respectivamente, nulidade absoluta e
nulidade relativa.
3) Princípio da conservação dos negócios jurídicos (da
preservação ou da continuidade dos negócios jurídicos): a lei
estabelecerá uma série de regras para que o juiz possa, diante do caso
concreto, ao verificar o não atendimento de um requisito de validade,
evitar a aplicação da sanção de invalidade, preservando-se assim a
vontade declarada. Dessa forma, a invalidação de um negócio jurídico
é atualmente a ultima ratio, ou seja, a invalidade só deve ser
decretada quando não se tiver como “salvar” o ato praticado. Têm-se
algumas hipóteses de conservação estabelecidas expressamente pelo
Código Civil:
a) Confirmação ou ratificação: tanto quanto possível, a própria
parte ou seu assistente podem confirmar o negócio a fim de
afastar a anulabilidade. A confirmação é ato da própria parte, e a
ratificação é ato do seu assistente. Após a prática do negócio
com uma causa de anulabilidade, a parte ou o seu assistente, de
maneira expressa ou tácita, podem manifestar concordância com
aquilo que foi praticado.
- Direito das Coisas - é o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo relações
jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis. Como
coisas, pode-se entender tudo aquilo que não é humano, conforme exposto no Capítulo
2 desta obra, ou a inda os bens corpóreos, na linha da polêmica existente na doutrina.
No âmbito do Direito das Coisas há uma relação de domínio exercida pela pessoa
(sujeito ativo) sobre a coisa. Não há sujeito passivo determinado, sendo esse toda a
coletividade. Segue-se a clássica conceituação de Clóvis Beviláqua citada, entre outros,
por Carlos Roberto Gonçalves, para quem o Direito das Coisas representa um complexo
de normas que regulamenta as relações dominiais existentes entre a pessoa humana e
coisas apropriáveis.1
Em que pese essa distinção, a doutrina, de modo geral, trata esses conceitos como
sinônimos. Sendo assim, há divergência doutrinária acerca de qual termo seja o correto.
De todo modo, Tartuce opta por empregar o termo “direito real”, em razão do CC civil
adotar essa terminologia.
Ademais, existem duas teorias que justificam o emprego do termo “direito real”
Para Tartuce a segunda teoria é a que melhor explica o fenômeno. Em outros termos
podemos dizer que o poder de utilização da coisa, sem intermediário, é o que caracteriza
os direitos reais.
De início, é comum afirmar que os direitos reais são absolutos, no sentido de que trazem
efeitos contra todos (princípio do absolutismo). Todavia, como fazem Cristiano Chaves
de Farias e Nelson Rosenvald, é preciso esclarecer que esse absolutismo não significa
dizer que os direitos reais geram um "poder i limitado de seus titulares sobre os bens
que se submetem a sua autoridade.
Em suma, em casos de colisão que envolvem os direitos fundamentais, caso do direito
de propriedade, deve-se buscar a solução na técnica de ponderação, desenvolvida, entre
outros por Robert Alexy; e incluída expressamente no Novo Código de Processo Civil
1
Tradição em direito civil = É a entrega da coisa ao adquirente, com a intenção de lhe transferir a sua
propriedade ou a posse. Tradição é uma palavra com origem no termo em latim traditio, que significa
"entregar" ou "passar adiante".
(art. 489, § 2 .0). Cite-se, por exemplo, o conflito entre o direito de propriedade e a
proteção ambiental, ambos tutelados constitucionalmente.
■ P R I N C I PA I S D I F E R E N ÇA S E N T R E OS D I R E ITOS R EA I S
E O S D I R E ITOS P E S S O A I S PAT R I M O N I A I S . R E V I
SÃO D O Q U A D RO COM PARATIVO
2
Observe-se que a Lei 1 1 .48 1 , de 3 1 de maio de 2007, introduziu duas novas categorias de
direitos reais sobre coisa alheia: a concessão de uso especial para fins de moradia e a concessão
de direito real de uso, que também podem ser objeto de hipoteca, conforme a nova redação que
foi dada ao art. 1 .473 do CC. Assim, j á se percebe, de imediato, que a lei pode criar,
sucessivamente, outros direitos reais. Tais novos direitos reais visam regularizar áreas
favelizadas, muitas vezes áreas públicas que não podem ser objeto de usucapião.
3
Tais imissões provisórias têm relação com a desapropriação, propiciando uma maior efetividade do
instituto. Ademais, a“Imissão provisória de posse é a transferência da posse do bem objeto da
expropriação para o expropriante, já no início da lide, concedida pelo juiz, se o Poder Público declarar
urgência e depositar em juízo, em favor do proprietário, importância fixada segundo critério previsto em
lei.
passivo toda a coletividade (ideia de sujeito passivo universal4, desenvolvido, entre
outros, por Orlando Gomes). Nos direitos pessoais, há, em regra, um sujeito ativo, que
tem um direito (credor); e um sujeito passivo, que tem um dever obrigacional (devedor).
2. ª Diferença - Refere-se ao primeiro princípio regulamentador. Os direitos reais
sofrem a incidência fundamental do princípio da publicidade, diante da importância da
tradição e do registro; os direitos pessoais patrimoniais são influenciados pelo princípio
da autonomia privada, de onde surgem os contratos e as obrigações. Todavia, conforme
aduzido, cresce a importância da autonomia privada para o Direito das Coisas,
particularmente pela tendência de contratualização do Direito Privado.
3. ª Diferença - Os direitos reais têm eficácia erga omnes, contra todos (princípio do
absolutismo). Por outra via, costuma-se afirmar que os direitos pessoais patrimoniais,
caso dos contratos, têm efeitos inter partes, o que é consagração da antiga regra res
inter
alias e do princípio da relatividade dos efeitos contratuais. Todavia, essa diferenciação
em relação aos efeitos tem sido relativizada pela doutrina e pela jurisprudência
contemporâneas. De início, há forte tendência de se apontar a eficácia dos contratos
perante terceiros e a tutela externa do crédito, como precursores da função social dos
contratos. Ilustrando, repise-se o art. 608 do CC/2002, pelo qual aquele que aliciar
pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviços a outrem, pagará a este o
correspondente a dois anos de prestação de serviços. O dispositivo consagra a teoria do
terceiro cúmplice, atribuindo responsabilidade civil ao aliciador contratual. Por outro
lado, os direitos reais têm sofrido restrições em relação aos seus efeitos. Como ponto
contundente, repise-se a Súmula 308 do STJ, que enuncia: "A hipoteca firmada entre a
construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de
compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel". Pelo teor da
súmula, a boa-fé objetiva, caracterizada pela pontualidade contratual, vence a hipoteca,
que somente gera efeitos entre a construtora e o agente financeiro. Esse ponto de
aproximação embaralha, em relação aos efeitos, os direitos reais e os pessoais,
representando forte mitigação das diferenças entre os institutos.
4. ª Diferença - Enquanto nos direitos reais, o rol é taxativo (art. 1 .225 do CC), de
acordo com o entendimento ainda majoritário de aplicação do princípio da tipicidade;
nos direitos pessoais patrimoniais, o rol é exemplificativo, o que pode ser retirado do
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sujeito passivo universal recai um dever geral de abstenção – a sociedade como um todo deve se
abster de prejudicar o direito real do titular. Satisfaz a ideia de que todo direito (e, portanto, toda
relação jurídica) pressupõe uma relação triangular entre sujeito ativo, sujeito passivo e objeto.
art. 425 do CC, pela licitude de criação de contratos atípicos. Todavia, conforme
ressaltado, parte da doutrina contemporânea, como é o caso deste autor, entende que o
rol dos direitos reais é exemplificativo e não mais taxativo.
5. ª Diferença - Os direitos reais geram o direito de sequela5, respondendo a coisa, onde
quer que ela esteja. Os direitos pessoais geram a responsabilidade patrimonial dos bens
do devedor pelo inadimplemento da obrigação (art. 3 9 1 do CC).
6. ª Diferença - Os direitos reais têm caráter permanente; enquanto que os direitos
pessoais de cunho patrimonial um suposto caráter transitório. Porém, essa diferença do
mesmo modo tem sido mitigada, eis que atualmente muitos contratos trazem uma
relação de perpetuidade diante de seu prolongamento no tempo. São os contratos cativos
de longa duração, verdadeiros casamentos contratuais, situação muitas vezes dos
contratos de seguro-saúde e de seguro de vida, celebrados a longo prazo por
consumidores.
■ 32. PROPRIEDADE
■ 32.1. Conceito
Tradicionalmente, a propriedade é conceituada a partir das faculdades jurídicas
contidas em tal direito subjetivo. Assim, a propriedade seria o direito de usar, gozar,
dispor e reivindicar um bem, nos termos do art. 1.228 do CC.
Em conceituação mais moderna, define-se a propriedade como uma relação jurídica
complexa, que se forma entre seu titular e a coletividade, tendo como objeto um dever
jurídico genérico de abstenção. A propriedade deve ser encarada não apenas com base
em suas faculdades jurídicas, mas sim fundada em uma relação jurídica genérica. A
proteção ao direito de propriedade somente passa a ter importância quando inserida em
uma relação intersubjetiva, ainda que de um lado só contenha sujeitos indeterminados.
A propriedade não traz para o proprietário apenas faculdades; traz também limitações de
ordem pública ou privada; impõe o cumprimento de sua função social; impõe
obrigações propter rem, dentre outras.
■ 32.2. Características
O possuidor será aquele que exercer, de maneira plena ou não, uma das faculdades
concernentes ao domínio – usar, gozar e dispor, nos termos do conceito estampado no
art. 1.196 do CC.
Importante destacar ainda que se deve avaliar corretamente qual a ação a ser
movida, já que não há entre as ações possessórias e as petitórias. Existe fungibilidade
somente entre as ações possessórias (art. 554 do CPC).
5º) Não estar em curso uma ação possessória (pressuposto processual negativo – ver art.
557 do CPC): quanto ao prazo para a propositura, a doutrina e jurisprudência
majoritárias entendem que a ação reivindicatória veicula uma pretensão perpétua, já que
visa proteger o direito de propriedade, direito imprescritível e que não se extingue pelo
não uso.
Art. 2º, § 2º - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.