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Analise da LINDB-Lei de Introdução ás normas do Direito Brasileiro Decreto-lei nº. 4.

657, de 4
de setembro de 1942.

2, 3, 4, 5, 15, 17, 20 30

Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue. Exceto as leis de caráter temporário que já trazem expressas o tempo de sua validade,
as leis brasileiras têm caráter permanente, ou seja, seguem em vigor até que se publique uma
outra lei que a modifique ou revogue.

§ 1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. A lei mais
nova revoga a lei antiga, toda ou em parte, conforme a situação. Aparecerá de forma expressa
ou tácita a revogação. A revogação se dá por incompatibilidade parcial ou total, quando a
matéria necessitar de uma regulação totalmente diferente em virtude da evolução de
costumes.

§ 2º. A lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior. A norma geral não revoga a especial assim como a especial
não revoga a geral, podendo ambas reger a mesma matéria contanto que não haja choque
entre elas. Se houver este choque caberá um método de resolução de antinomias.

§ 3º. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência. Sem grandes comentários, essa situação explicitada acima se justifica pelo
fato do nosso ordenamento jurídico não admitir o dispositivo da repristinação automática. A
repristinação só ocorre se expressamente for declarada.

Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. A lei depois de
tornada publica através de publicação oficial, respeitando o período de vacatio legis se houver,
passa a vigorar para todos, não podendo ninguém alegar ignorância para justificar seu
descumprimento.

Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito. Nem Sempre o Juiz vai encontrar uma lei que seja aplicável ao
caso concreto, pois existem lacunas no Direito. Porém, não há situação que seja interesse do
direito sem lei anterior que o defina, ou seja, ainda que não se encontre uma lei específica para
resolver uma situação, devese usar a analogia se for possível encontrando casos julgados
semelhantes, os costumes embora no sistema civil law este não tenha a mesma força como no
sistema commow law, e os princípios gerais do direito que são os norteadores das leis no nosso
sistema jurídico.

Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum. O Juiz deverá aplicar a norma para o fim que ela se destina, ou seja, a sua
interpretação deverá atender o melhor possível a situação, enquadrando a lei no caso
concreto, evitando lacunas ou contradições normativas

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou
haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das
formalidades necessárias para a execução no lugar em que, foi proferida; d) estar traduzida por
intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. Não dependem de homologação as sentenças meramente declaratórias do


estado das pessoas.

As sentenças proferidas no estrangeiro não têm obrigatoriedade em outro por questões de


soberania e independência de jurisdições, para o caso de alguma sentença estrangeira ser
executada no Brasil, depende de uma serie de requisitos que são os elencados acima

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade,
não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os
bons costumes. Não terão eficácia às leis do país estrangeiro que de alguma forma ofender o
país em sua soberania, ordem ou bons costumes

Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante
em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão. (Incluído pela
Lei nº 13.655, de 2018)

Este é outro artigo com redação didática. Como ele esclarece, sua ideia é de aumentar a
segurança jurídica no âmbito da Administração Pública.

O art. 20 da LINDB introduz a necessidade de o órgão julgador considerar um


argumento metajurídico no momento de decidir, qual seja, as consequências
práticas da decisão.

Em outras palavras, a análise das consequências práticas da decisão passa a


fazer parte das razões de decidir.

Isso vale para decisões proferidas nas esferas administrativas (ex: em um


PAD), controladora (ex: julgamento das contas de um administrador público
pelo TCE) e judicial (ex: em uma ação civil pública pedindo melhores condições
do sistema carcerário)

Tentativa de mitigar a força normativa dos princípios

A Constituição Federal é repleta de valores jurídicos abstratos. São inúmeros


exemplos: dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), valores sociais do trabalho
e da livre iniciativa (art. 1º, IV), moralidade (art. 37, caput), bem-estar e a justiça
sociais (art. 193), meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225).
Esses valores jurídicos abstratos são normalmente classificados como
princípios. Isso porque os princípios são normas que possuem um grau de
abstração maior que as regras.

Em um período histórico chamado de positivismo, que ficou no passado, os


princípios, pelo fato de terem esse alto grau de abstração, não eram nem
considerados como normas jurídicas.

Com base na força normativa dos princípios constitucionais, o Poder Judiciário,


nos últimos anos, condenou o Poder Público a implementar uma série de
medidas destinadas a assegurar direitos que estavam sendo desrespeitados.

Previsão contraditória

Vale ressaltar que esse art. 20 revela uma enorme contradição. Isso porque ele
defende que o julgador não deve decidir com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Ocorre que a própria Lei nº 13.655/2018 introduz na LINDB uma série de
expressões jurídicas abstratas, como por exemplo: segurança jurídica de
interesse geral, interesses gerais da época, regularização de modo
proporcional e equânime, obstáculos e dificuldades reais do gestor, orientação
nova sobre norma de conteúdo indeterminado etc.

MOTIVAÇÃO DEVERÁ DEMONSTRAR A NECESSIDADE E ADEQUAÇÃO

Veja o que diz o parágrafo único do art. 20 da LINDB:

Art. 20. (...)Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a


adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.

Motivação

Todas as decisões sejam elas proferidas pelos órgãos administrativos,


controladores ou judiciais, devem ser motivadas.

Isso significa que o administrador, conselheiro ou magistrado, ao tomar uma


decisão, deverá indicar os motivos de fato e de direito que o levaram a agir
daquela maneira.

Novo requisito da motivação

O administrador, conselheiro ou magistrado quando for...

impor alguma medida ou


invalidar ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa

... deverá demonstrar que a decisão tomada é necessária e a mais adequada.

... explicando, inclusive, as razões pelas quais não são cabíveis outras
possíveis alternativas.

Motivação = contextualização dos fatos + exposição dos fundamentos de


mérito e jurídicos

Motivação per relationem

A motivação por meio da qual se faz remissão ou referência às alegações de


uma das partes, a precedente ou a decisão anterior nos autos do mesmo
processo é chamada pela doutrina e jurisprudência de motivação ou
fundamentação per relationem ou aliunde. Também é denominada de
motivação referenciada, por referência ou por remissão.

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluído
pela Lei nº 13.655, de 2018)
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou
da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das
possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Como a supremacia do interesse público é uma das pedras de torque do Direito Administrativo,
as consequências práticas analisadas na decisão devem levar em consideração os anseios do
povo. Corroborando isso, o parágrafo único acima diz que a motivação deve demonstrar a
necessidade e a adequação do ato.

Ou seja, ao motivar, o administrador público não pode mais decidir com base apenas em
razões principiológicas. Ele deve avaliar, tendo por base os elementos de Direito Administrativo
e os que estão nos processos de tomada de decisões, quais serão as consequências práticas da
medida.

Para alguns, no entanto, o dispositivo é infeliz por não vedar absolutamente a aplicação de
valores jurídicos abstratos. Afinal, se o administrador público, com base exclusivamente nesses,
tomar uma decisão com análise prévia nos efeitos práticos da mesma, o ato será válido, ainda
que sem amparo de normas-regras.

Importante apontar que tal decisão se aplica nas esferas administrativa, controladora e judicial.
Logo, mesmo o juiz deve levar em consideração os aspectos práticos ao tomar decisões em
processos judiciais que refletem no âmbito da Administração Público, como em ações civis
públicas.

Assim, podemos afirmar que esse dispositivo também objetiva evitar o denominado "ativismo
judicial". Afinal, inúmeras são as decisões tomadas pelos Tribunais contra as Administrações
Públicas com base em valores jurídicos abstratos, como os princípios constitucionais.

Para alguns, com a novidade legal, o Legislador reagiu de maneira retrógrada à força normativa
dos princípios constitucionais.

Críticas ao artigo 20

Os artigos 20 a 30 da LINDB, de uma maneira geral, são bastante criticados. Há uma boa
corrente que defende que, ao invés de trazerem segurança jurídica, como era o objetivo,
fizeram o inverso.

Nesse aspecto, sustentam que o Legislador foi infeliz ao introduzir essas novidades na LINDB, a
começar pelo próprio artigo 20. Este defende que as decisões de âmbito administrativo não
podem ser tomadas com base em "valores jurídicos abstratos". No entanto, diversos novos
artigos trazem várias expressões abstratas.

Nessa esteira, temos nos novéis dispositivos expressões como “segurança jurídica de interesse
geral”, “interesses gerais da época”, "modo proporcional e equânime”, “obstáculos e
dificuldades reais do gestor”, “orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado”,
dentre outros. Tudo isso em apenas onze artigos.

Assim, o próprio Legislador devia ter dado segurança aos novos dispositivos, e não uma maior
insegurança, através da introdução de diversos valores jurídicos abstratos na LINDB.

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