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NOVO CPC

(Prof. Fredie Didier)

Enunciados do FPPC (Fórum Permanente de Processualistas Civis) – foi produzido


mais de 300 enunciados sobre o Novo Código de Processo Civil. Acabam sendo uma
nova doutrina sobre o novo CPC/2015.

1 - Normas fundamentais do Processo Civil (art. 1º ao 12):


Cria-se uma nova categoria que é a das normas fundamentais do Processo civil:
a) Tem 12 artigos, sendo que eles não exaurem as normas fundamentais
processuais. Há normas fundamentais que estão na Constituição e que não estão nesse
rol (ex: Devido Processo Legal e proibição da prova ilícita) e também normas
fundamentais que estão espalhadas ao longo do código e que não estão nestes 12
artigos.
b) O rótulo normas fundamentais não está por acaso. Tem esse rótulo porque os
12 primeiros artigos consagram regras e princípios. As normas fundamentais
processuais podem ser princípios ou regras.
Ex: Regra de que as decisões devem ser motivadas, é uma norma fundamental
mas não é um princípio.
Por isso que o título é normas fundamentais e não princípios fundamentais.

Vamos analisar os artigos que trazem novidade.


1.1. Clone legal. Violação. Recurso Extraordinário. Constitucionalização do
Processo Civil
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na
Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código.
Coloca-se logo nesse artigo a ideia de que não é possível compreender o Processo
Civil sem antes examinar a Constituição. As disposições do código devem ser
interpretadas de acordo com a Constituição. Ele é o Art. 1º não por acaso, deixando
claro que o código produzido atualmente deve ser compatível com a Constituição.
Do ponto de vista simbólico ele é muito bom, mas do ponto de vista normativo é
uma obviedade.
Surge uma pergunta: E se por ventura o juiz não interpretar uma norma
processual de acordo com a Constituição violando o art. 1º do CPC? Caberá RESP porque
violou norma federal ou RE porque viola a constituição?
Para Fredie seria caso de RE, pois embora se viole o art. 1º ele apenas enuncia
(reproduz) uma norma constitucional. É um clone legal já que ela não cria, mas continua
reverberando uma norma que é constitucional nada obstante sua previsão em texto
constitucional.
É o mesmo que ocorre com o artigo 3º que simplesmente repete o que a
constituição diz (princípio da inafastabilidade da jurisdição).
Quando a lei é um clone da Constituição caberá Recurso Extraordinário.

1.2. Princípio de promoção pelo Estado da solução por autocomposição


É um novo princípio que estabelece uma política Nacional de autocomposição.

Art. 3o (...)

§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução


consensual dos conflitos.

§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução


consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes,
advogados, defensores públicos e membros do Ministério
Público, inclusive no curso do processo judicial.

Esse dispositivo consagra um princípio de atuação do Estado a fim de promover a


solução dos conflitos por autocomposição.
Ele consagra uma verdadeira política pública que passa ser uma meta do Estado
estimulando uma solução pacífica do conflito.
Observações importantes:
a) Consagra a Resolução 125/2010 do CNJ;
b) O parágrafo 3º diz que o estímulo não será apenas pelo Estado mas pelo Juiz,
promotor e Advogado (verdadeira política nacional). Todo o código é
estruturado no sentido de estimular a autocomposição. Temos uma lei que
disciplina com exaustão a conciliação e a mediação.

1.3. Princípio da duração razoável do processo. Princípio da Primazia da decisão


de mérito. Princípio da Efetividade expresso.
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Há dois princípios novos:
a) PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO: As partes têm o direito à solução de
mérito. A solução de mérito é prioritária sobre a solução que não é de mérito. O juiz só
não julga o mérito se não tiver jeito mesmo. O código tem vários exemplos que
demonstram a existência desse princípio.
EX1: É dever do juiz determinar a correção dos vícios processuais porque
isso privilegia o exame do mérito:
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste
Código, incumbindo-lhe:
(...)
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o
saneamento de outros vícios processuais;

Ex2: O juiz não pode indeferir a petição inicial sem antes dar oportunidade
que a parte a emende.
Ex3: A apelação contra qualquer sentença que extinga o processo sem
exame do mérito tem juízo de retratação.
Ex4: Art. 1029, §3º - facilitar decisão de mérito deste recurso. É um marco
na concretização desse princípio.
Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos
previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o
presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições
distintas que conterão:
§ 3o O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça
poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou
determinar sua correção, desde que não o repute grave.
Também reproduzido na Lei 13.015/14 que cuida dos Recursos Repetitivos do
âmbito trabalhista.

b) Princípio da Efetividade do Processo: O artigo 4º consagra o princípio da


efetividade do processo. A novidade é que pela primeira vez na nossa história temos um
artigo que expressamente diz isso. Antes sua fundamentação era exclusiva do devido
processo legal.
1.4. Igualdade processual.
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa,
aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais,
competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
a) Igualdade processual é um princípio velho porém agora dissecado pelo novo
CPC.
b) Competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório: não há uma definição clara
sobre o que seria zelar pelo efetivo contraditório. É um dispositivo muito aberto
que traz temor. O professor receia que os juízes, a pretexto de zelar com o
efetivo contraditório, ajam com parcialidade.
Ex1: Para garantir o contraditório, o juiz pode dilatar os prazos processuais.
Neste caso temos disposição expressa e inédita (adequação jurisdicional do
processo)

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste


Código, incumbindo-lhe:
(...)
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos
meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a
conferir maior efetividade à tutela do direito;

ATENÇÃO: Essa dilatação de prazo não pode ser feita depois que o prazo acabou.
O juiz tem que dilatar os prazos antes dele começar a correr. Ele não pode superar
a preclusão dilatando o prazo.
“A autorização legal para ampliação de prazos pelo juiz não se presta
a afastar preclusão temporal já consumada” (enunciado 129 do FPPC)

1.5. Princípio da Boa-Fé processual


Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve
comportar-se de acordo com a boa-fé.
Antes desse artigo 5º, a doutrina tinha que extrair o princípio da boa-fé no devido
processo legal, pois antes não tinha um dispositivo infraconstitucional que deixasse
claro e expresso esse princípio. Alguns autores fundamentavam o princípio dentro do
art. 14, inc. II do CPC.
a) Aquele que de qualquer forma: ele se dirige a todos os sujeitos do processo,
inclusive o Juiz. Juiz, perito, advogado, testemunha, devem comportar-se de acordo com
a boa-fé.
Essa redação é cópia do código de processo civil Suíço.

b) Vamos dissecar o princípio da boa-fé:


Não podemos confundir boa-fé objetiva com boa-fé subjetiva.
i. Boa fé subjetiva: é um fato da vida. É o fato de alguém acreditar que está agindo
licitamente. É um estado psicológico que as pessoas têm de que estão agindo de
maneira lícita.
O legislador se utiliza muito da boa-fé subjetiva como fato relevante para a
produção de efeitos jurídicos. (ex: o credor de boa-fé tem direito aos frutos).

ii. Boa fé objetiva: é uma norma. É um princípio segundo o qual os


comportamentos humanos devem estar pautados em um padrão ético de conduta.
OBS: É da Boa-fé objetiva que se trata o princípio da boa-fé.

ATENÇÃO: Esse artigo 5º do CPC é um exemplo de cláusula geral processual.


Cláusula geral: Se trata de um dispositivo (é texto) normativo construído de
maneira indeterminada tanto em relação a sua hipótese normativa como em relação a
sua consequência normativa (vide caderno).
Por ser uma cláusula geral é preciso concretizá-lo na prática. Neste caso os
Tribunais terão que definir padrões de comportamentos de acordo com a boa-fé.

Reflexos práticos do princípio da BOA-FÉ processual (alemães concretizaram em


quatro grupos):
1. O princípio da boa-fé torna ilícita qualquer conduta dolosa: É a má-fé
processual ilícita no âmbito subjetivo.
Ex: Cliente teve decisão contra si. O cliente procurou advogado e este orientou
um acordo. Durante o acordo transcorreu o prazo de recurso e a sentença
transitou em julgado. A outra parte disse que agora que acabou o processo
não queria mais acordo.

2. O princípio da BOA-FÉ impede o abuso do direito: O abuso do direito no


processo é ilícito porque contraria a boa-fé. É como se houvesse uma proibição
geral para o abuso do direito do processo.

3. Comportamento contraditório “venire contra factum proprium”: Se eu


pratico um ato e esse ato gera em outra pessoa a expectativa de que manterei
uma coerência em minha atuação. Se por ventura eu frustrar isso, estarei
praticando um comportamento contraditório.

EX: Executado que oferece à penhora um bem e depois alega a


impenhorabilidade desse bem.

4. Supressio processual: A Supressio é a perda de um direito pelo fato de não tê-


lo exercido por um tempo tal que gerou na outra parte a expectativa de que
eu não mais o exerceria.
O princípio da boa-fé faz com que surja a supressio.
EX: Processo tramitou durante 10 anos. Quando chegou a sentença o juiz
extinguiu o processo sem exame do mérito. Num caso como esse em que o
processo tramitou durante todo esse período, pelo silêncio do juiz no controle
da admissibilidade gerou a expectativa de que ele estava regular.

Todas essas hipóteses poderão se desenvolver com base no art. 5º do CPC.

Além dessas acrescentaríamos outras duas:


5. Deveres de cooperação processual: veremos em aula específica
6. Função hermenêutica: vai orientar a interpretação da postulação e da decisão.
Petição inicial e decisão deverão ser interpretadas de acordo com o princípio
da boa-fé.

1.6. Dever de consulta. Expressão do art. 10 do CPC. Proibição de decisão


surpresa
É um dos artigos mais importantes e relevantes do novo CPC. Há muitos anos no
Brasil, pelo menos 20 anos se defende a ideia de que o direito ao contraditório garante
às partes o direito de poder se manifestar sobre qualquer questão que seja relevante
para a solução da causa.
Mesmo que se trate de uma questão ex officio. Qualquer questão que deva ser
decidida pelo juiz deve ser previamente submetida ao debate, ao diálogo.
Essa exigência evita a decisão surpresa!
Essa exigência decorre do DEVER DE CONSULTA: O juiz tem o dever de consultar
as partes sobre qualquer questão que elas não tiveram oportunidade de se manifestar.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base
em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a
qual deva decidir de ofício.
ATENÇÃO: Esse artigo não enuncia um princípio do contraditório, mas uma
verdadeira regra que impõe o dever de consulta. Essa regra concretiza o princípio do
contraditório.
Essa regra é tão importante que ela foi repetida em outros dispositivos do código:
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo,
modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito,
caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento
da parte, no momento de proferir a decisão.
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as
partes sobre ele antes de decidir.
Regra aplicada aos Tribunais:
Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à
decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda
não examinada que devam ser considerados no julgamento do recurso,
intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias.
§1o Se a constatação ocorrer durante a sessão de julgamento, esse
será imediatamente suspenso a fim de que as partes se manifestem
especificamente.
§2o Se a constatação se der em vista dos autos, deverá o juiz que a
solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as providências
previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em
pauta para prosseguimento do julgamento, com submissão integral da
nova questão aos julgadores.

(Uniformização da Jurisprudência)
Art. 927. Os juízes e os tribunais
§ 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art.
489, § 1o, quando decidirem com fundamento neste artigo.
O ARTIGO 10 deve ser aplicado não só quando o juiz decide mas também no
processo de formação do precedente.
O código novo prestigia muito o sistema de precedentes judiciais. Por causa disso
o código novo exige que a formação do precedente seja uma formação cuidadosa. Deste
modo todos os fundamentos relevantes para a formação do precedente sejam
submetidos ao contraditório, para que ele nasça com maior legitimidade e robustez.

ATENÇÃO: O descumprimento dessa regra gera nulidade da decisão por


violação ao contraditório.
1.7. Consagração do princípio do contraditório
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela
seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

I - à tutela provisória de urgência; (tutela provisória de urgência)


II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II
e III; (tutela provisória sem urgência)
III - à decisão prevista no art. 701. (ação monitória)

Entenda que o dispositivo fala CONTRA, assim, se a decisão for a favor de uma das
partes sem que esta parte tenha sido ouvida. É por isso que o código admite a
improcedência liminar, que é uma rejeição da petição inicial logo de cara, sem mesmo
citar o réu.
Apelação contra decisão que julga improcedente liminarmente o pedido permite
a retratação dando maior diálogo aos sujeitos juiz e réu.

O parágrafo único quer dizer que não precisa ouvir a parte se for proferir contra
ela uma decisão provisória. Se a decisão é provisória, nem sempre há necessidade de
ouvir a outra parte. Apenas decisões definitivas devem sem exceção ouvir a outra
parte quando lhe for prejudicial.
O parágrafo único não é exaustivo. Há outros exemplos no código que possibilita
a decisão provisória sem ouvir o réu (ex: liminar possessória / liminar em mandado de
segurança/ liminar de despejo).

1.8. Igualdade processual


Trata-se de um dispositivo novo que não tem referência no antigo CPC/73,
dissecando a igualdade processual.
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa,
aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais,
competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
É uma cláusula geral que permite a concretização da paridade de tratamento
entre as partes.
O princípio da igualdade no processo exige a observância de quatro aspectos:
a) Imparcialidade do Juiz: É um dever que decorre do princípio da igualdade.
b) Igualdade no acesso à justiça: Não pode haver discriminação no acesso à justiça
(por raça, sexo, condição social)
c) Redução das dificuldades do acesso à justiça:
Dificuldade financeira será reduzida por meio das regras sobre gratuidade da
justiça.
Dificuldades geográficas por meio da possibilidade expressa de sustentação oral
por videoconferência.
Dificuldades de comunicação reduzida por meio de previsão expressa de exigência
da utilização da língua brasileira de sinais quando houver partes ou testemunhas que
necessitem delas.
d) Paridade de informação: As partes devem receber as informações com
igualdade.
Outros exemplos do princípio da igualdade no novo CPC:
Exemplo 1: Prioridade de tramitação
Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou
tribunal, os procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim
compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei
no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;
(Doença grave é novidade do novo CPC)
II - regulados pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente).
O CPC não só estabeleceu as hipóteses de prioridade, mas também disciplinou o
procedimento para que ela seja outorgada pelo juízo:
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova
de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade judiciária
competente para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo
as providências a serem cumpridas.
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria
que evidencie o regime de tramitação prioritária.
§ 3o Concedida a prioridade, essa não cessará com a morte do
beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite ou do
companheiro em união estável.
§4o A tramitação prioritária independe de deferimento pelo órgão
jurisdicional e deverá ser imediatamente concedida diante da prova da
condição de beneficiário. (Não pode o juiz negar, se preenchidos os
pressupostos, deve o juiz conceder a tramitação prioritária)

1.8. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. DIGINIDADE DA


PESSOA HUMANA
O artigo deve ser dividido em 3 partes.
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins
sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a
dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
A primeira parte em amarelo é quase uma reprodução da Lei de introdução de
normas do direito brasileiro trazendo um texto da década de 1940.
A parte em verde é uma mistura de coisas de tendências modernas que no aspecto
histórico é contrário a parte amarela.
O professor critica muito esse dispositivo.
A dignidade da pessoa humana aparece aqui para “iluminar” a interpretação de
todo o código, inova apenas com previsão expressa. O CPC/15 traz uma série de regras
que tem como propósito concretizar a dignidade da pessoa humana. Ex. LIBRAS no
processo. Grande rol de bens impenhoráveis para proteger o patrimônio mínimo.
Tramitação prioritária de pessoas portadoras de doença grave.
A terceira parte em rosa fala sobre a legalidade, publicidade e a eficiência. Lembra
o art. 37 da CRFB/88 que cuida dos princípios do direito administrativo.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
O legislador se inspirou neste dispositivo da constituição federal. No CPC não
menciona a impessoalidade e nem a moralidade. Isso porque a impessoalidade no
âmbito do processo é o Juiz Natural e não se colocou moralidade no âmbito do processo
se confunde com boa-fé.

a) Princípio da legalidade: Ao aplicar o ordenamento jurídico ao invés de Lei. Parte


do pressuposto de que Lei não é a única fonte do Direito. Então o juiz tem que aplicar
os fins sociais e as exigências do bem comum quando aplica o direito e não
simplesmente a Lei.
No entanto, o mesmo legislador que corrigiu isso menciona princípio da legalidade
como se ainda a Lei fosse a única fonte do direito.
Esse Código ajuda a construir o princípio da legalidade. Princípio da legalidade
significa cumprir o DIREITO como um todo. O princípio da legalidade tem que ser
repensado como um princípio de respeito ao Direito e o art. 8º deixa isso claro ao falar
ao aplicar o Ordenamento Jurídico e não somente a Lei como era a noção dada na
década de 1940.

b) Princípio da eficiência: O princípio da eficiência tem dois aspectos.


b.1.) Princípio da eficiência como norma de Direito Administrativo que repercute
no Poder Judiciário como Órgão da Administração. Não há aqui nenhuma peculiaridade
como norma de direito administrativo.

b.2.) Princípio da eficiência como norma processual recai sobre o Juiz como
administrador do processo. Essa gestão de processo não deixa de ser uma atividade
administrativa voltada ao processo.
Impõe que o Juiz gerencie o processo com eficiência.
Observar a eficiência é obter o máximo de uma finalidade com um mínimo de
recursos. Da mesma forma é preciso atingir essa finalidade da melhor forma possível.
Há uma relação com o princípio da eficiência com o antigo princípio da economia
processual. Para Fredie o princípio da eficiência é economia processual com outro
nome remodelado.
A Constituição Federal menciona a palavra Eficiência. Quando muda o nome para
eficiência traz-se junto toda a carga que já existe no Direito Administrativo no sentido
de impor ao juiz um dever de gerir bem o processo de acordo com as boas práticas da
administração. Fazer com que o juiz se comporte como um bom administrador.
Com esse princípio é possível realizar adequações atípicas no processo, ainda que
sem autorização legal. Reunir processos mesmo que não sejam conexos desde que
necessitem de uma mesma prova pericial.
Ex: Calendário processual e conexão probatória.
Diferença entre eficiência e efetividade – vide caderno.

1.9. Respeito a ordem cronológica de conclusão


Juízes e Tribunais devem julgar os processos de acordo com a ordem de conclusão.
Houve alteração legislativa retirando a obrigatoriedade e apenas para que a ordem
cronológica seja preferencialmente cumprida.
LEI Nº 13.256, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2016.
Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à
ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.
Art. 4º Esta Lei entra em vigor no início da vigência da Lei nº 13.105,
de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar
permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na
rede mundial de computadores.
Essa regra se aplica somente para proferir decisões finais é que precisa cumprir a
ordem cronológica das conclusões. Para decisões interlocutórias e acórdãos
interlocutórios não necessita de ordem cronológicas.
Há algumas exceções a essa regra, havendo casos que permitem que o juiz decida
fora da ordem de conclusão:
§ 2o Estão excluídos da regra do caput:
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou
de improcedência liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica
firmada em julgamento de casos repetitivos;
Essa é uma das principais características do novo CPC com o sistema de
precedentes. Firmar precedente para os casos repetitivos e ser ele obrigatório.
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução
de demandas repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
Decisões de extinção do processo sem exame do mérito e as decisões monocráticas
de relator.
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho
Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham
competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por
decisão fundamentada.
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem
cronológica das conclusões entre as preferências legais.
As preferências legais também terão ordem cronológica própria. É uma lista
própria de cronologia para as preferências legais.
§4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1 o, o
requerimento formulado pela parte não altera a ordem cronológica
para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a
conversão do julgamento em diligência.
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornará à
mesma posição em que anteriormente se encontrava na lista.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1o ou, conforme o
caso, no § 3o, o processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver
necessidade de realização de diligência ou de complementação da
instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II. (aplicação da tese
firmada em recursos repetitivos)

1 – Artigo também alterado antes da vigência do novo CPC:


Está intimamente conectado com a ordem cronológica de decisão. É uma
cronologia no cartório também. O Escrivão tem que atender a cronologia dos
cumprimentos das decisões judiciais.
“Art. 153. O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá,
preferencialmente, à ordem cronológica de recebimento para
publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais.
§ 1o A lista de processos recebidos deverá ser disponibilizada, de forma
permanente, para consulta pública.
§ 2o Estão excluídos da regra do caput:
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento
judicial a ser efetivado;
II - as preferências legais.
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem
cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as preferências
legais.
§ 4o A parte que se considerar preterida na ordem cronológica poderá
reclamar, nos próprios autos, ao juiz do processo, que requisitará
informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de 2 (dois) dias.
Procedimento de reclamar a preterição.
§ 5o Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato
cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo
disciplinar contra o servidor.
E se o juiz preterir? Qual será a consequência? Não haverá nulidade da
sentença, uma vez que não gera qualquer prejuízo as partes do
processo. O desrespeito a ordem cronológica poderá ser utilizado
como um fundamento para demonstração de suspeição do juiz.
2 – Regra de direito transitório:
Quando o novo CPC entrar em vigor, pega-se todos os processos conclusos e
organiza a lista de acordo com a antiguidade da distribuição.
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se
aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
§ 5o A primeira lista de processos para julgamento em ordem
cronológica observará a antiguidade da distribuição entre os já
conclusos na data da entrada em vigor deste Código.

1.10. Princípio do respeito ao auto-regramento da vontade no processo


Não está no rol dos 12 primeiros artigos do novo CPC. É uma norma fundamental
nova como uma das mais importantes.
O processo para ser considerado devido não pode ser um ambiente hostil ao
exercício da liberdade. Liberdade essa concretizada no poder de auto-regramento
(autonomia privada).
É o poder de autorregular-se inerente à liberdade. Não há sentido que eu possa
regrar minha vida em diversas dimensões e não possa regrá-la no processo. O processo
deve ser um ambiente propício ao exercício da autonomia privada.
O processo não pode conter restrições irrazoáveis ao exercício da autonomia
privada.
Aquela ideia de que a vontade das partes é irrelevante está superado. É claro que
essa autonomia tem mais limites do que a praticada no âmbito da autonomia privada.
Agora parte-se da premissa de que a regra é a liberdade. Na dúvida se permite o
autoregramento.
Esse princípio está espalhado ao longo de todo o código. Mostraremos algumas
demonstrações desse princípio, sendo o novo CPC todo estruturado nesse princípio:
a) O CPC inteiro prevê um estímulo a autocomposição (princípio da promoção pelo
Estado da autocomposição);
b) Se permite homologação judicial de acordo de qualquer natureza, incluindo-se
outros sujeitos e outras lides;
c) Consagra-se uma cláusula geral de negociação processual. Permite que as partes
formulem qualquer acordo sobre as regras do processo. Teremos uma aula só para
tratar sobre isso. Para Fredie é a maior novidade do CPC;
d) Previsão de uma série de negócios processuais típicos (ex: calendário
processual, convenção sobre ônus da prova, saneamento consensual, escolha
consensual de perito, mudança convencional da audiência, escolha convencional do tipo
de liquidação);
e) Um capítulo inteiro dedicado a mediação e conciliação.
f) consagração expressamente da arbitragem como meio jurisdicional;
g) Consagração do princípio da cooperação. Está intimamente relacionado com a
valorização da participação das partes no processo. Tanto que alguns autores chegam a
dizer que a proliferação de negócios no processo está relacionada ao princípio da
cooperação.
Por isso o professor coloca esse princípio como um dos pilares do novo CPC.

1.11. Princípio do respeito ao auto-regramento da vontade no processo e


impulso oficial.
Atenção! As partes, por acordo podem modular a atuação oficial do juiz no
impulso do processo. Essa é uma das exceções do artigo.
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.

Tradicionalmente se dava como exemplo de exceção ao artigo 2º é a possibilidade


de o juiz instaurar um inventário de ofício. Não é mais possível que o inventário poderá
ser começado de ofício.
Essa regra não impede que a parte autora desista da causa, observada a
necessidade consentimento pelo réu a parte poderá desistir da demanda como
sempre lhe foi permitido.
Fim da aula 6

1.12. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO


O Princípio da cooperação tem como meta transformar o processo em um
ambiente cooperativo. Transformar o processo numa comunidade de trabalho em que
vigorem a LEALDADE e o EQUILÍBRIO entre os sujeitos do processo.
Quando se fala em sujeitos do processo, coloca-se também o Juiz “(...)todos os
sujeitos do processo”. O objetivo é estabelecer um modelo de processo cooperativo que
fica entre dois extremos.
De um extremo um modelo em que haja preponderância da figura do juiz (modelo
publicista) que conduz o processo como um presidente além de interferir com decisões,
o juiz tem muitos poderes e ele pode ser exercido a despeito das partes.
Por outro extremo é o processo liberal (modelo adversarial) que é aquele que a
proeminência é das partes, sendo o juiz um mero expectador para decidir.
O princípio da cooperação permite que as partes dialoguem e que entre eles haja
equilíbrio durante a tramitação do processo agindo todos com lealdade.
É um corolário (consequência) do princípio da boa-fé. Não por acaso que o
princípio da cooperação é o art. 7º logo após o artigo que fala da boa-fé.
A jurisprudência alemã reconheceu que o princípio da boa-fé gera deveres de
cooperação (deveres anexos da boa-fé). O desenvolvimento dos princípios da boa-fé
processual também gerou os deveres de boa-fé processual tanto das partes quanto do
juiz.
COOPERAR ENTRE SI – não é ajudar um ao outro. É agir em conformidade com os
deveres decorrentes da boa-fé. São deveres objetivos, de não transformar o processo
em um ambiente hostil. O processo deve ser um ambiente proprício de diálogo e
equilíbrio e leal.

O princípio da cooperação gera para o juiz alguns deveres:


a) Dever de consulta: vide anotações anteriores (art. 10 do CPC/15) o juiz tem o
dever de consultar as partes sobre ponto relevante de questão que elas não
se manifestaram. Isso melhora a qualidade do debate.
b) Dever de esclarecimento: Ele se revela de duas formas. De um lado é o dever
de dar decisões claras. Do outro e como novidade do modelo cooperativo o
juiz tem o dever de pedir esclarecimento da parte se não compreender sua
postulação. O juiz não pode indeferir porque não entendeu. Somente
indeferirá se a parte não esclareceu.
c) Dever de prevenção: O juiz tem o dever de apontar as falhas/defeitos
processuais indicando como ele deve ser corrigido. Todos devem cooperar
para uma decisão de mérito justa e efetiva (art. 6º).
Atenção: tem doutrina que reconhece um 4º dever de cooperação do juiz
d) Dever de auxílio: dever do juiz auxiliar as partes na remoção dos obstáculos
processuais. É um direito muito consagrado no direito Alemão e Austríaco.
Fredie não concorda e diz que não existe isso no Brasil.

2 – NORMA PROCESSUAL
2.1. Vacatio de 1 ano
2.2. O CPC em seu artigo 15 se aplica ao processo trabalhista, eleitoral e
administrativo. É lei de aplicação subsidiária nestes três ramos do direito.
2.3. Eliminação do procedimento sumário.
Agora é só o procedimento comum e pronto.
Problema 1: E as causas de rito sumário em andamento? Continuarão no rito
sumário até a sentença.
Problema 2: Muitas leis extravagantes faziam referência ao procedimento
sumário (Lei da usucapião especial, lei da ação discriminatório), e agora?
Todas as remissões ao procedimento sumário feitas na legislação extravagante,
consideram-se com remições feitas ao procedimento comum.
2.4. Norma temporal de aplicação
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada.

Os atos a praticar, serão afetados pela norma nova mas os atos já praticados não
serão afetados. Do mesmo modo as situações jurídicas (direitos) não podem ser
afetadas pela Lei nova (direito adquirido).
Ex: Código reduz do quadruplo para o dobro o prazo para os entes público
contestar. Se o prazo estiver correndo e o código viger na fluência do prazo já há o
direito de contestar em prazo em quádruplo.

3 – COMPETÊNCIA
3.1. Perpetuação da Jurisdição
A causa deve se perpetuar naquele juízo e fatos supervenientes não vão alterar o
juízo onde a causa está. Estabilização do processo.
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da
distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do
estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando
suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.

Distribuição: Mais de uma vara.


Registro: Vara única.
No CPC/15 data da propositura da ação é uma coisa e data da distribuição e do
registro é outra. A fixação da competência é a data da distribuição ou do registro. No
CPC/73 data da propositura da ação e distribuição eram consideradas a mesma coisa.
Competência absoluta: antes se falava em razão da matéria ou da hierarquia. Hoje
o novo CPC/15 utiliza-se do termo genérico. Qualquer mudança superveniente de
competência absoluta tem aptidão de quebrar a perpetuação da jurisdição.

3.2. Procedimento na cumulação de pedidos com incompetência para um deles


Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão
remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas
empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de
fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de
terceiro interveniente, exceto as ações:
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de
trabalho;
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
§ 1o Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação
seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação.
§ 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos
em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não
examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas
entidades autárquicas ou de suas empresas públicas.
§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar
conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído
do processo.
Se há cumulação de pedidos, um pedido para o qual a JF é competente e outro
não. Ele não admitirá a cumulação e processará apenas o pedido pelo qual ele é
competente. Ele não remeterá os autos.
3.3. Súmula 224 do STJ foi incorporada ao CPC

§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar


conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído
do processo.
Súmula 224 do STJ, Excluido do feito o ente federal, cuja presença
levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal
restituir os autos e não suscitar conflito.

Imagine que um juiz estadual receba um pedido para o qual ele tenha
competência. Vem a Unão e pede para intevir no feito. O Juiz estadual envia o processo
para o juízo Federal que vai analisar a possibilidade da intervenção. Se entender que a
União não intervém, deverá devolver os autos para a Justiça Estadual que deverá aceitar
o julgamento do feito e não suscitar conflito.

3.4. Foro competente do inventário


Há uma gradação e um esclarecimento que o CPC/73 não fazia.
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o
competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o
cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou
anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o
espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é
competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis; (antes só falava em bens, sem
ser imóveis)
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens
do espólio.
3.5. Foro competente do inventário
Esse dispositivo é reprodução da Constituição Federal. A novidade é o artigo 52
que é um espelho do art. 51. Pega a regra aplicada para a União e aplica para os Estados
e Distrito Federal.
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em
que seja autora a União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser
proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou
fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito
Federal.
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em
que seja autor Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a
ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de
ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da
coisa ou na capital do respectivo ente federado.

3.6. Competência para ações relativas a casamento e união estável


Deixou de ser o foro do domicílio da mulher. A regra será no domicílio do guardião
do filho incapaz. Se ambos forem guardiões, a competência será no foro do último
domicílio do casal e se nenhuma das partes residir no domicílio do réu.
Art. 53. É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e
reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo
domicílio do casal;

3.7. Competência para ações relativas a casamento e união estável


Idoso que vai tutelar direitos previstos no estatuto do idoso ele poderá ingressar
no seu domicílio. O professor entende que o idoso impõe no seu domicílio se quiser, por
isso entende que é competência relativa. É caso de ações individuais.
No entanto, no caso de ações coletivas, seguirão a regra do estatuto do idoso que
diz que a competência será do local do ato ou fato que causou a conduta ou ação. Nesse
caso a competência será absoluta. Então o art. 80 do Estatuto do Idoso deve ser
interpretado como se dissesse respeito apenas a ações coletivas.
Com essa regra nova o art. 80 do Estatuto do Idoso somente será aplicado em
casos de demandas coletivas.
III - do lugar:
(...)
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito
previsto no respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de
reparação de dano por ato praticado em razão do ofício;

3.8. Conexão e continência


Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.
Mudou a terminologia, uma vez que o CPC/73 falava em OBJETO e que equivale
ao pedido.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão
conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. (súmula 235
do STJ).

§ 2o Aplica-se o disposto no caput:


I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa
ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
Acaba discussão histórica se era possível reunir ação de execução com ação de
conhecimento. Ex: ação de execução de contrato e ação de revisão de contrato.

O próximo é a maior de todas as novidades:


§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que
possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou
contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão
entre eles.
Mesmo sem conexão entre eles: Consagra-se a conexão por
prejudicialidade. É possível ignorar o caput e o §1º pois esse é um terceiro caso de
conexão previsto no código. É o caso em que a solução de uma causa interfere na
solução da outra.

CONTINÊNCIA:
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente (ação maior)
tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida
(ação menor) será proferida sentença sem resolução de mérito, caso
contrário, as ações serão necessariamente reunidas.

Nem sempre a continência vai gerar a reunião dos processos. Só ocorrerá a


reunião se a causa maior for proposta depois.

PREVENÇÃO
AS Causas conexas devem ser reunidas no juízo prevento. No CPC/73 havia dois
critérios de prevenção (ver caderno). O Código novo unificou os critérios no art. 59. Só
há um critério de determinação do juízo prevento.
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento
o juízo.

FORO DE ELEIÇÃO
Foro de eleição internacional: Consagra-se uma prática comercial internacional
acabando com a ideia de que foro de eleição internacional viola a soberania estrangeira.
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o
processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de
eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional,
arguida pelo réu na contestação.

Disciplina do foro de eleição abusivo: No CPC/15 fala de cláusula abusiva em


qualquer contrato, antigamente era apenas em caso de contrato de adesão (art. 112,
p. único CPC/73).
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor
e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de
direitos e obrigações.
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento
escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode
ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa
dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de
eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.
ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
Qualquer que seja a incompetência (relativa ou absoluta) será alegada como
preliminar de contestação. Nada de peça avulsa.
Qualquer alegação de incompetência (relativa ou absoluta) poderá ser feita no
domicílio do réu. Não precisa o réu ir aonde está tramitando o foro mas no seu domicílio.
O MP que atua como fiscal da ordem jurídica (custus iuris) poderá alegar
incompetência relativa.
A incompetência absoluta não gera nulidade do ato decisório automaticamente.
Os autos são remetidos ao outro juízo, sendo a decisão preservada sendo o juízo
competente podendo manter a decisão anterior.
§4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os
efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra
seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.

O CPC/15 deixa claro que a decisão sobre a competência deve ser feita
imediatamente pelo juiz. Não pode esperar para decidir sobre a competência. A
alegação de incompetência tende a ser uma decisão interlocutória. Rejeita ou remete
os autos. O Código novo diz que só cabe agravo de instrumento nos casos listados
expressamente. Porém não estão na lista decisões interlocutórias de incompetência.
Cabe recurso imediato sobre decisão de incompetência?
Professor afirma que o rol das hipóteses de Agravo de Instrumento é taxativo, mas
não significa que permita interpretação por analogia.
§ 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá
imediatamente a alegação de incompetência.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA
1 – Agora fica claro que o MP não intervirá em qualquer conflito de competência.
Somente nos conflitos de competências de causas que ele já intervém. No CPC/73 o MP
intevém em qualquer conflito de competência.
2 – Deixa-se claro que o juiz que não aceitar o processo declinado por outro deve suscitar
conflito.
3- Há possibilidade do relator do conflito de competência julgá-lo monocraticamente
em determinadas situações:
Art. 955 (caput)
Parágrafo único. O relator poderá julgar de plano o conflito de
competência quando sua decisão se fundar em:
I - súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça
ou do próprio tribunal;
II - tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente
de assunção de competência.

4 – CONDIÇÕES DA AÇÃO
Correspondência do art. 13 do CPC/73 com novidades. Esse ponto reforça o
princípio da primazia da decisão de mérito.
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da
representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará
prazo razoável para que seja sanado o vício.
§ 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na
instância originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo,
dependendo do polo em que se encontre.
§ 2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal
de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a
providência couber ao recorrido.

Tanto os pressupostos processuais quanto as condições da ação são requisitos


para análise do mérito da causa. O CPC novo aboliu o rótulo condição da ação.
Também não existe mais a expressão carência de ação.
Para fredie foram eliminadas em razão da sua equivocidade pois designam mau
os fenômenos. Assim, as três figuras: legitimidade, interesse e possibilidade jurídica do
pedido. As duas primeiras o CPC/15 trata delas mas não como condição da ação. A
possibilidade jurídica do pedido não é mais tratada pelo novo CPC. Assim, o CPC criou a
possibilidade de improcedência liminar do pedido.
Legitimidade e interesse de agir são pressupostos processuais. Ou seja, requisitos
para o exame da admissibilidade do processo. A legitimidade ordinária, para fredie é
questão de mérito. De admissibilidade é apenas a legitimidade extraordinária (posição
minoritária).
Mudanças importantes no texto da Lei:
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e
legitimidade. (CPC/15)
Art. 3º Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e
legitimidade.
Neste caso a mudança foi muito sutil mas importante.
1 – Ação e contestação não são as únicas postulações em juízo (ex: recurso) - O
interesse e a legitimidade deve ser aferido em qualquer postulação e não somente em
propositura ou contestação; 2 – Essa mudança de redação encampa um entendimento
doutrinário segundo o qual o processo é um conjunto de atos e de situações jurídicas e
as relações estabelecidas no processo são muito dinâmicas e variam muito com o
passar do tempo. Isso quer dizer que no processo pode assumir posições distintas com
interesses distintos a depender do momento processual.

Fim da aula 9

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