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NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

DEVIDO PROCESSO LEGAL:


O processo para que seja correto deverá observar todas as normas processuais previstas
 Apesar de não estar expresso nos dispositivos do CPC, a doutrina considera Base (princípio fundamental) do Direito Processual Civil
o Há quem diga que é o postulado geral do direito processual ou um supraprincípio, que estaria acima das demais normas processuais civis.
O termo:
 Devido: o processo conforme as regras entendidas como corretas à época em que se insere
 Processo: método de produção de prova
 Legal: acordo com o direito

Dimensões:
 Formal (Judicial): o processo deve se desenvolver seguindo rigorosamente os ditames legais
 Substantivo (material): está conectado com as ideias de razoabilidade e proporcionalidade do processo

NORMAS FUNDAMENTAIS:
Estão previstas nos 12 primeiros artigos do CPC, são elas que orientam toda sua codificação
 OBS: Princípios processuais + Regras Processuais = Normas processuais
o Os princípios não são apenas vetores de interpretação!

 Não é um rol exaustivo, outras normas estão espalhadas pelo CPC, expressas e implícitas
o Além de outras previstas na própria CF/88 que possuem natureza processual
▪ O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas prevista nela
▪ Ex: Princípio do devido processo legal, contraditório, ampla defesa etc.

Princípio da inércia da jurisdição:


Poder Judiciário deve permanecer inerte até ser provocado
 Finalidade: garantir a imparcialidade do Juízo

Art. 2º: O processo começa por iniciativa da parte (princípio dispositivo) e se desenvolve por impulso oficial (Princípio
inquisitivo)
 SALVO as exceções previstas em lei
 Esses princípios são utilizados para justificar os modelos processuais

OBS: As ideias centrais dos princípios são antagônicas, pois no princípio:


 Dispositivo: conferir à parte do processo o centro das atenções
 Inquisitivo: conferir ao juiz o centro das atenções

No Brasil, temos um sistema processual misto, com destaque para o princípio dispositivo. Funciona assim:
 Primeiramente as partes têm a prerrogativa de trazer a pretensão que desejarem para que seja discutida no processo
o Por meio de argumentações, teses e provas
 E depois o juiz tem a responsabilidade de conduzir o processo até a decisão final, preferencialmente de mérito

OBS: Princípio da adstrição (ou congruência): juiz deve julgar a demanda nos limites em que foi proposta pelas partes, não sendo
admitida decisão:
 Aquém (infra ou citra petita)
 Além (ultra petita) ou,
 Fora (extra petita) daquilo que foi pedido pelas partes

Princípio da inafastabilidade de tutela jurisdicional


A lei não excluirá da apreciação do PJ lesão ou ameaça a direito
 Previsão legal: art. 3º, do CPC, e, XXXV, do art. 5º, da CF/88
 Ou, princípio do acesso à Justiça ou da ubiquidade
 Ou seja, estado tem o dever de responder ao jurisdicionado (quem ingressa com uma ação em Juízo)
o PORÉM sempre que possível, o Estado deve procurar formas consensuais de solucionar os conflitos
▪ Princípio da promoção pelo Estado da solução por autocomposição

OBS: Jurisdição não é monopólio do Estado, por isso, os cidadãos podem, buscar outros instrumentos para resolução dos seus
conflitos, PORÉM, as partes somente poderão utilizar os instrumentos previstos nos parágrafos do art. 3º.
 Arbitragem, na forma da lei.
 Conciliação
 Mediação
OBS: Juízes, advogados, defensores públicos e membros do MP, podem desenvolver outros métodos de solução consensual
 Inclusive no curso do processo judicial

Atenção:
 Por decorrência do princípio da inafastabilidade de jurisdição, não é possível criar obstáculos à propositura de ações judiciais
o Ex: Depósito prévio para admissibilidade de ação judicial (Súmula Vinculante 28)
 Não confunda com o princípio da Inevitabilidade: Diz respeito à vinculação obrigatória das partes ao processo
o Elas passam a integrar a relação processual em um estado de sujeição aos efeitos da decisão jurisdicional.

Princípio da Celeridade
CF/88 Art. 5º. LXXVIII: São assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.
 Seja no âmbito judicial ou administrativo
 A celeridade depreendida do art. Refere-se à eficiência e não rapidez do processo
o Objetivo: chegar ao resultado com o menor número de atos processuais

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

Princípio da boa-fé processual


Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé
 A boa-fé do art. 5º é uma cláusula geral objetiva
o Determina que o comportamento humano deve estar pautado em conformidade com um padrão ético de conduta
▪ Independentemente da crença da pessoa (que seria a boa-fé subjetiva)
OBS:
 Cláusula geral: legislador define que tanto a hipótese de incidência quanto a de consequência são variáveis.
o Ex: Função social da propriedade, e o princípio do devido processo legal
 Conceito jurídico indeterminado: legislador define bem a consequência, mas permite a variação da hipótese de incidência

Subsunção do fato à norma:


Conduta se adequa à hipótese normativa cominando em uma consequência jurídica
 Hipótese normativa: descreve a situação regulada pela norma
 Consequência: efeito jurídico do fato descrito na norma
Ex:
 Fato: Divulgar indevidamente a imagem de uma pessoa
 Hipótese de incidência: violação ao direito de imagem, previsto na CF/88 e CPC
 Consequência: Dever de indenizar

Princípio da cooperação
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa
e efetiva
 Esse dispositivo revela o modelo cooperativo de processo (Não havia previsão expressa no CPC 73)
 Se aproxima do princípio da boa-fé objetiva
 Objetivos:
o Celeridade processual, evitando as atitudes e atos procrastinatórios ao processo
o Equilíbrio, sem preponderância das partes ou do magistrado, isso incluí os advogados, defensores, promotores etc.

Os 4 deveres dos juízes:


São extraídos didaticamente do princípio da cooperação, cabendo-lhe o dever de:
 Consulta: dialogar com as partes e, especialmente, consultando-lhes sobre o que não se manifestaram, antes de proferir qualquer
decisão
 Prevenção: apontar falhas processuais a fim de não comprometer a prestação de tutela jurisdicional
 Esclarecimento: decidir de forma clara e, ao mesmo tempo, de intimar as partes sobre fatos não compreendidos pelo juízo
 Auxílio: remoção de obstáculos processuais, a fim de possibilitar às partes o cumprimento do devido processo legal
o Ex: Esclarecendo ou exigindo: direitos, suas faculdades, ônus e os deveres processuais

Princípio da Igualdade no Processo


Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao:
 Exercício de direitos, faculdades e deveres processuais
 Meios de defesa ... Competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório*
 Ônus
 Aplicação de sanções processuais ...

OBS: É um dispositivo bem aberto e confere margem de integração pelo juiz no caso concreto.
 Também é chamado de Princípio da Isonomia, Paridade de armas
 Ex: Possibilidade de dilatação de prazos processuais,
 Ex2: Alteração da ordem de produção dos meios de prova previsto no art. 139, VI, do CPC
o Que tem por finalidade possibilitar o contraditório em igualdade de condições

Hermenêutica processual civil


Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz deverá observar:
 Fins sociais
 Exigências do bem comum
 Dignidade da pessoa humana
 Proporcionalidade;
 Razoabilidade;
 legalidade;
 publicidade;
 Eficiência

Princípio do Contraditório
Regra: Art. 9º NÃO se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida (oitiva das partes).
Exceções:
O parágrafo único prevê que o contraditório PRÉVIO não se aplica as decisões provisórias em matéria de:
 Tutela de urgência, que podem ser:
 Antecipada (satisfativa): assegura a efetividade do direito material
 Cautelar: assegura a efetividade do direito processual

 Tutela da evidência: MAS, somente quando:


 As alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente
 Houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante
 Se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito
o Nesses casos: será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa

Dever de consulta
Art. 10. O juiz NÃO pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado
às partes oportunidade de se manifestar, AINDA QUE se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
 Proibição de: “Decisão surpresa” (ou decisão de terceira via)
 Protege o modelo de processo cooperativo

Princípio da publicidade e motivação


Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do PJ:
 Serão públicos, e (Princípio da publicidade)
 Fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (Princípio da motivação)

Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de
defensores públicos ou do MP.

OBS: A CF/88 também determina que é possível restringir o acesso à informação, para a preservação do:
 Direito à intimidade do interessado;
 Interesse público

Ordem cronológica de conclusão


Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016).
 § 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em:
o Cartório e na
o Rede mundial de computadores.

Exceções (§2):
 As sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido;
 Julgamento de:
 Processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
 Recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;
 Embargos de declaração
 Agravo interno
 Decisões proferidas:
 Sem resolução de mérito (Art. 485)
 Por relatores nos tribunais (Art. 932)
 As preferências legais e as metas estabelecidas pelo CNJ;
 Os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
 A causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.

OBS: Sobre o §2
 Entre suas preferências legais, deve-se observar, também, a ordem cronológica
o E para elas será feito uma lista própria do juízo indicando a ordem que será observada na prática, tal como informa o §3º
 Não é um rol exaustivo

§ 4ºApós a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado pela parte não altera a ordem
cronológica para a decisão, EXCETO quando implicar a:
 Reabertura da instrução ou
 Conversão do julgamento em diligência. §5 Após a decisão requerimento (§4), o processo retornará à
mesma posição em que anteriormente se encontrava na lista
§ 6º Ocupará o 1º lugar na lista prevista no § 1o ou, conforme o caso, no § 3º, o processo que:
I - Tiver sua sentença ou acórdão anulado
 SALVO quando houver necessidade de realização de diligência ou de complementação da instrução;

II - Se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II.


 Julgamento de REsp. e RE sobrestados, quando publicado o acórdão paradigma

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