Você está na página 1de 9

Aluna: Maria Eduarda Torres Felix

1. Quais são as fontes da norma jurídica processual?

R): A Constituição, a legislação federal; Tratados internacionais; Medidas


provisórias; Precedentes judiciais; Negócios jurídicos; Regimentos internos dos
tribunais; Resoluções do Conselho Nacional de Justiça; Leis estaduais;
Costumes. Essas são as principais fontes das normas jurídicas processuais,
cada uma com seu próprio peso e relevância no sistema jurídico brasileiro.

2. Explique o princípio do devido processo legal.

R) O Devido Processo Legal, quando considerado no contexto do procedimento


(conforme estabelecido no artigo 5º da Constituição de 1988), refere-se ao
conjunto de procedimentos que aderem aos direitos fundamentais processuais
consagrados na Constituição. Estes direitos incluem o princípio do contraditório,
a imparcialidade do juiz, a publicidade e a motivação. A conformidade com o
"devido processo legal", ou, de maneira mais precisa, o direito a um "processo
justo", serve como base para a legitimidade do exercício da jurisdição. Além
disso, ele representa uma proteção fundamental para as partes em relação ao
poder do Estado.

3. Explique o princípio da dignidade da pessoa humana.

R) O Estado Constitucional é fundado na dignidade da pessoa humana (art. 1.º,


III, da CF) e preocupado com a efetiva tutela dos direitos (art. 5.º, XXXV, da CF).
Assim, o artigo 8º do CPC estabelece que no processo civil brasileiro, o órgão
julgador deve proteger e fomentar a dignidade da pessoa humana. Esse princípio
abrange todos os direitos fundamentais, independentemente de estarem
explicitamente na Constituição. Uma vez que a função judicial é uma função
estatal, o CPC impõe ao juiz a responsabilidade de garantir e promover a
dignidade da pessoa humana no exercício de sua função.
4. Explique o princípio da legalidade (juridicidade).

R): O artigo 8º do CPC estabelece a obrigação do juiz de respeitar o princípio da


legalidade, que pode ser interpretado de duas maneiras: como uma norma de
procedimento ou como uma norma de decisão. Na dimensão do procedimento,
esse princípio está ligado ao devido processo legal em sua forma formal, não
havendo uma dimensão processual separada. Na dimensão material, a
legalidade exige que o juiz tome decisões em conformidade com o Direito como
um todo, indo além da simples aplicação da lei, incluindo elementos não escritos
e diversas fontes do Direito. O dever de observar precedentes judiciais e
jurisprudência, previsto em várias partes do CPC, destaca a importância de
repensar o princípio da legalidade, uma vez que os precedentes também fazem
parte do Direito. A menção ao princípio da legalidade no artigo 8º do CPC reflete
uma época em que a lei era vista como a única fonte do Direito, apesar de uma
tentativa de atualização do texto.

5. Explique os princípios da ampla defesa e do contraditório e


diferencie-as.

R): A ampla defesa é a garantia de que todas as partes envolvidas em um


processo legal tenham o direito de apresentar argumentos, evidências e
justificações em sua própria defesa. Isso inclui o direito de expressar-se,
participar ativamente no processo, chamar testemunhas, apresentar provas,
formular alegações e rebater as alegações da parte adversa. Seu propósito
fundamental é assegurar que nenhuma decisão seja tomada sem que as partes
envolvidas tenham a oportunidade de se manifestar.

Por outro lado, o princípio do contraditório está relacionado à ideia de que todas
as partes em um processo têm o direito de conhecer e se opor às alegações e
provas apresentadas pelas outras partes. Isso envolve o direito de ser informado
sobre todos os acontecimentos no processo, o acesso às informações relevantes
e a capacidade de se contrapor a qualquer alegação ou evidência contrária.
Em resumo, a ampla defesa se concentra no direito das partes de se
defenderem de maneira abrangente, enquanto o contraditório se refere ao direito
das partes de se oporem e responderem às alegações e evidências da parte
adversa. Ambos são princípios fundamentais para a justiça e a equidade no
processo legal, equilibrando os interesses das partes e evitando processos
desiguais ou injustos. São essenciais para garantir o devido processo legal e são
amplamente reconhecidos em sistemas jurídicos em todo o mundo.

6. Explique o princípio da boa-fé processual.

R) Os participantes em um processo devem agir com honestidade e conduta


ética, o que é definido como a "boa-fé objetiva" neste contexto. Esse princípio é
conhecido como a boa-fé processual e é derivado do artigo 5º do Código de
Processo Civil (CPC), que estabelece que qualquer pessoa envolvida no
processo deve agir de acordo com a boa-fé.

7. Explique o princípio da primazia da decisão de mérito.

R) O princípio da primazia da decisão de mérito, por sua vez, é concretização do


princípio da cooperação. Pela primazia da decisão de mérito estabelece que, no
sistema legal, as questões fundamentais de um caso devem ser decididas com
prioridade. Isso significa que os tribunais devem se concentrar na resolução do
mérito da questão em vez de simplesmente arquivar o caso com base em
questões técnicas ou processuais. Esse princípio busca assegurar que os
litigantes tenham a oportunidade de ter suas reivindicações avaliadas em
profundidade, promovendo a justiça e evitando decisões baseadas em
formalidades.

8. Explique o princípio do juiz natural.

R): Essa garantia fundamental não é explicitamente mencionada na


Constituição, mas deriva da combinação de dois dispositivos constitucionais: o
que proíbe a existência de julgamentos ou tribunais especiais e o que estabelece
que ninguém pode ser processado senão pelas autoridades competentes
(conforme os incisos XXXVII e LIII do artigo 5º da Constituição de 1988). Essa
garantia é um avanço moderno. Em termos formais, um juiz natural é aquele que
possui competência de acordo com as regras gerais e abstratas predefinidas. É
importante observar que a seleção do árbitro pelas partes é realizada em
conformidade com a lei, respeitando, assim, esse princípio.

9. Conceitue lide.

R): Lide é o conflito de interesses estabelecido entre as partes em um processo


judicial que dá origem à demanda.

10. Conceitue processo.

R): O processo pode ser considerado um mecanismo de estabelecimento de


normas legais, representando um ato jurídico complexo que envolve tanto o
procedimento judicial quanto a relação jurídica entre as partes.

11. Conceitue jurisdição.

R): A jurisdição é a função concedida a um terceiro imparcial, que age de forma


imperativa e criativa para reconhecer, efetivar e proteger situações jurídicas
concretas apresentadas, resultando em uma decisão final que não pode ser
contestada externamente e tem o potencial de se tornar incontestável.

12. Quais as características principais da jurisdição.

R): Imparcialidade; Imperatividade; inevitabilidade; Caráter criativo


(reconstrutivo); Proteção de situações jurídicas; Decisão incontestável. Essas
características são essenciais para garantir a justiça e a efetividade do sistema
judicial.

13. O que é heterocomposição?

R): Heterocomposição é uma forma de resolução de disputas para se referir a


um método em que terceiros imparciais, como juízes, árbitros ou mediadores,
são responsáveis por tomar decisões ou ajudar as partes a alcançar um acordo
em um conflito. Em outras palavras, na heterocomposição, as partes envolvidas
em uma disputa transferem a responsabilidade de resolver o conflito para
terceiros neutros que tomarão uma decisão ou auxiliarão na negociação de um
acordo.

14. Defina a imperatividade e inevitabilidade da jurisdição.


R): A jurisdição é uma manifestação do Poder estatal e, portanto, é imposta
imperativamente. Isso significa que ela reconstrói e aplica o Direito a situações
específicas que são apresentadas ao órgão jurisdicional.

A jurisdição faz parte dos três poderes estatais, ao lado da função legislativa e
administrativa. Embora seja um monopólio do Estado, a função jurisdicional não
precisa ser executada exclusivamente por ele. Em alguns casos, o Estado pode
autorizar agentes privados, como no exemplo da arbitragem.Isso nos leva ao
princípio da inevitabilidade da jurisdição. Quando as partes recorrem à jurisdição,
elas devem obedecer às decisões do órgão jurisdicional, independentemente de
sua vontade. A jurisdição é imposta por si mesma, e as partes não podem evitar
que a autoridade estatal atue sobre seus direitos. Portanto, a inevitabilidade da
jurisdição é uma característica fundamental desse sistema, mais do que um
princípio propriamente dito.

15. Por que a jurisdição pode ser considerada atividade criativa?

R): Porque a jurisdição não se limita apenas a aplicar a lei existente, mas
também pode envolver a interpretação e criação de normas jurídicas para
solucionar os casos em questão.

16. O que significa coisa julgada e aptidão para a coisa julgada?

R): A coisa julgada é uma situação jurídica que se aplica exclusivamente às


decisões proferidas pelo Poder Judiciário. Somente uma decisão judicial tem a
capacidade de tornar-se incontestável e imutável por meio da coisa julgada.
Assim, a aptidão para a coisa julgada é a qualidade que uma decisão possui
quando atende aos requisitos legais para tornar-se imutável e incontestável. Isso
geralmente ocorre quando a decisão esgota todas as vias de recurso disponíveis
e quando não há mais a possibilidade de revisão ou modificação. A decisão
adquire, então, a qualidade de "coisa julgada", o que significa que ela é final e
vinculante para as partes envolvidas no processo.

17. O que é autotutela?

R): A autotutela é uma forma de resolução de conflitos na qual uma das partes,
ou até mesmo ambas, tentam impor sua vontade diretamente, muitas vezes à
custa dos interesses da outra parte. Isso resulta em uma solução egoísta e
parcial do litígio, em que um dos envolvidos age como o "juiz da causa". A
autotutela é uma prática proibida na maioria dos sistemas jurídicos civilizados e
pode até mesmo ser considerada um crime, como o exercício arbitrário das
próprias razões para particulares ou o exercício arbitrário ou abuso de poder
quando envolve o Estado. Apesar disso, a autotutela ainda persiste em alguns
contextos do sistema legal.

18. O que é autocomposição?

R): A autocomposição é um método de resolução de conflitos no qual uma das


partes decide voluntariamente sacrificar seu próprio interesse, total ou
parcialmente, em favor do interesse da outra parte. É uma forma altruísta de
resolver litígios e é atualmente considerada uma abordagem prioritária na
pacificação social, conforme estipulado no artigo 3º, § 2º, do CPC (Código de
Processo Civil). A autocomposição pode ocorrer tanto fora quanto dentro do
processo judicial.

19. Conceitue arbitragem.

R): A arbitragem é um método alternativo de resolução de conflitos no qual as


partes envolvidas em uma disputa concordam em submeter a questão a um
árbitro ou um painel de árbitros, em vez de recorrer aos tribunais tradicionais. O
árbitro é uma terceira parte imparcial e especializada que emite uma decisão
vinculante, chamada de laudo arbitral, para resolver o litígio. Esse processo
oferece às partes maior flexibilidade, confidencialidade e agilidade na resolução
de suas disputas. A arbitragem é frequentemente usada em questões comerciais
e contratuais, sendo uma alternativa à litigância judicial.

20. Conceitue jurisdição voluntária.

R): Refere-se a um tipo de jurisdição em que não há um conflito adversarial entre


partes, como em casos de disputas legais, mas, em vez disso, envolve situações
em que o Estado intervém para proteger interesses de indivíduos, como
autorizações, homologações ou reconhecimentos legais, e não há partes
contestadoras. É uma jurisdição exercida com base na vontade das partes ou
em situações nas quais o Estado age para regular questões específicas sem que
haja um litígio em disputa.

21. Conceitue competência.

R): Competência, em resumo, refere-se à distribuição de poderes e atribuições


específicas entre os órgãos da jurisdição, determinando os limites dentro dos
quais um juiz ou tribunal pode exercer sua autoridade. É o conceito que
estabelece a medida da jurisdição, ou seja, a quantidade de poder jurisdicional
conferida a cada órgão ou grupo de órgãos, permitindo-lhes atuar de acordo com
as leis estabelecidas. A competência é um conceito geral do direito que se aplica
não apenas à jurisdição, mas também a outros campos, como legislação e
administração, delimitando o escopo de ação e os poderes atribuídos a
diferentes entidades ou agentes de acordo com a constituição ou a lei.

22. O que diz a regra Kompetenzkompetenz?

R: A regra da "Kompetenzkompetenz," define que todo tribunal tem a autoridade


para determinar a sua própria competência. Em outras palavras, qualquer órgão
jurisdicional possui, no mínimo, a competência para avaliar e decidir se detém a
jurisdição adequada para um caso específico, independentemente de sua
competência real para julgar o mérito desse caso. Portanto, tal regra confere a
cada juiz o poder de avaliar sua própria competência.

23. O que significa perpetuação da jurisdição?

R: A "perpetuação da jurisdição" refere-se à regra que determina que a


competência de um tribunal, uma vez estabelecida por meio do registro ou
distribuição da petição inicial de um caso, permanece inalterada até que uma
decisão final seja proferida. Em outras palavras, a competência do tribunal é
fixada no momento em que o caso é apresentado e não muda, mesmo que
ocorram mudanças de fato (como mudança de domicílio do réu) ou mudanças
de direito (como alteração das regras de competência) posteriormente.

24. O que é foro de eleição?


R: O "foro de eleição" refere-se a uma cláusula contratual em que as partes
envolvidas em um contrato especificam o tribunal ou o local onde resolverão
qualquer disputa relacionada ao contrato. Essa cláusula permite que as partes
escolham um tribunal específico para lidar com litígios decorrentes do contrato,
em vez de depender do tribunal que normalmente teria jurisdição com base em
critérios geográficos ou outros.

25. O que é “foro privilegiado”.

R: "Foro privilegiado," também conhecido como "foro especial" ou "foro por


prerrogativa de função," é uma prerrogativa legal que concede a certos
funcionários públicos o direito de serem julgados em tribunais específicos ou por
procedimentos especiais, em vez de serem processados em tribunais comuns,
como o restante da população.

26. Qual o conceito do direito de ação?

R: O direito de ação é um direito fundamental que compreende um conjunto de


situações jurídicas que garantem ao seu titular o poder de acessar os tribunais
e demandar uma tutela jurisdicional adequada, tempestiva e efetiva. É um direito
que resulta da aplicação de várias normas constitucionais, incluindo os princípios
da inafastabilidade da jurisdição e do devido processo legal. A "ação" é o ato
jurídico pelo qual o direito de ação é exercido, também conhecido como
"demanda".

27. Para a teoria imanentista, o que era o direito de ação?

R: Considera que o direito de ação é a própria demanda. Em outras palavras,


para essa teoria, o direito de ação não é um direito autônomo, separado da
demanda em si, mas sim a própria busca por uma solução jurídica em um
processo. Isso significa que o direito de ação é entendido como a faculdade de
provocar a jurisdição para obter uma resposta ao seu pleito. Nessa perspectiva,
a ação é vista como um ato de provocação do Poder Judiciário, e o direito de
ação é o próprio exercício desse ato. Essa teoria enfatiza a unicidade entre o
direito de ação e o processo judicial.

28. Cite as condições da ação.


R: Legitimidade das partes (legitimatio ad causam); Interesse de agir;
Possibilidade jurídica do pedido.

29. O que é “carência de ação”’.

R: A carência de ação é uma situação em que a ação judicial é considerada


inadequada ou não preenche os requisitos necessários para ser admitida pelo
Poder Judiciário. Em outras palavras, a carência de ação ocorre quando a
demanda apresentada não atende às condições da ação, tais como legitimidade
das partes, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido.

30. Comente sobre a expressão “possibilidade jurídica do pedido”.

R: A "possibilidade jurídica do pedido" é uma das condições da ação,


fundamental para a admissão de um processo judicial. Essa condição avalia se
o que o autor solicita está de acordo com as leis e regulamentos. Em resumo, a
ação precisa apresentar pedidos que sejam legalmente viáveis,
independentemente do mérito da causa. Se o pedido contrariar as leis ou não
tiver base legal, a ação pode ser rejeitada. Em suma, essa expressão garante
que as demandas judiciais estejam em conformidade com o sistema legal.

Você também pode gostar