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GLOSSÁRIO – UNIDADE 01 (Parte I)

1. Conceito de Processo.

1.1 Fredie Didier Júnior:

Processo pode ser entendido como 1. método de criação de normas jurídicas; 2.


ato jurídico complexo (procedimento); 3. relação jurídica.

1.1.1 Processo como método de criação de normas jurídicas:

a) Processo legislativo: produção de normas gerais pelo Poder Legislativo;

b) Processo administrativo: produção de normas gerais e individualizadas pela


Administração Pública;

c) Processo jurisdicional: produção de normas pela Jurisdição.

1.2 Paulo Roberto Gouvêa Medina:

Complexo ordenado de atos jurídicos que se praticam na esfera judicial, de


forma a possibilitar o exercício da ação e em ordem a alcançar a finalidade da
jurisdição (resolver o mérito).

Concluindo: Processo é o meio ou instrumento instituído pelo Estado para


viabilizar o exercício de sua função jurisdicional.

2. Direito Constitucional Processual

2.1 Conceito: O Direito Constitucional Processual é o estudo dos princípios e


regras processuais contidos em uma específica constituição.

3. Direito Processual Constitucional

3.1 Conceito: O Direito Processual Constitucional é o estudo sistematizado da


“jurisdição constitucional” que abrange princípios e regras (tanto constitucionais
como infraconstitucionais) destinadas ao controle de constitucionalidade de
leis e atos normativos, como também relativos à tutela jurisdicional dos
direitos e garantias fundamentais.

O Direito Processual está intimamente ligado aos conceitos de jurisdição,


processo, ação e defesa.

4. Princípios

4.1 Princípio do devido processo legal


Esse princípio fundamenta-se no direito anglo-saxão (due process of law) e
inclui em sua temática geral outros princípios: o da ampla defesa (que visa conferir às
partes todos os meios, admitidos em direito, para comprovar as alegações); do
contraditório (por meio do qual se exerce a chamada dialética processual, com a
possibilidade de negar os fatos e provas levadas ao Juiz) da motivação (que estabelece
que as decisões devem ser motivadas, até para que a parte saiba o que, efetivamente,
ocorreu e possa recorrer, caso deseje, e se manifestar acerca de ponto controvertido,
dentre outros atos processuais. Comando Constitucional: Ninguém será privado da
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LIV).

4.2 Princípio da isonomia

● Igualdade: a lei será aplicada a todos de forma igual;

● Equidade?

● Igualdade material e igualdade formal.

4.3 Princípio do contraditório e da ampla defesa;

Contraditório significa contradizer. A ampla defesa possibilita os instrumentos


para contradizer.

Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral


são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

4.4 Princípio do juiz natural;

Esse princípio tem por base o artigo 5º, inciso XXXVII, CF/88 e garante ao
jurisdicionado que, caso seja condenado/julgado, isto acontecerá por um Juiz e por um
Tribunal preexistentes, criados e estabelecidos por lei.

Conclui-se, então, que tal julgamento não será juízo (composto por Magistrados
e servidores) e Juiz constituídos para decidir aquele caso, naquele momento (tribunal
de exceção), constituído depois do fato (post factum).

4.6 Princípio da inafastabilidade da jurisdição;

A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.


Jurisdição: poder-dever do Estado; expressão do poder Estatal consistente na função de
julgar. Solução de litígios.

4.7 Princípio da publicidade dos atos processuais


Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo
não prejudique o interesse público à informação.

4.8 Princípio da motivação das decisões;

O princípio em pauta exige que as decisões sejam fundamentadas (motivadas).


Esse princípio é expresso na própria Constituição (artigo 93, incisos IX, comentado em
momento anterior desta aula).

4.9 Princípio do duplo grau de jurisdição;

Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal


competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou
detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais.

4.10 Demais princípios: Princípio da proibição da prova ilícita; Princípio da razoável


duração do processo; Princípio da Imparcialidade do Juiz; Princípio da Assistência
Judiciária Gratuita; Princípio da Obrigatoriedade e da Oficialidade.

5. Direitos e garantias fundamentais

5.1 Conceito: normas jurídicas intimamente ligadas à ideia de dignidade da pessoa


humana e de limitação do poder estatal. Se fundamentam e legitimam todo o
ordenamento jurídico;

5.2 Evolução histórica

As três primeiras gerações/dimensões equivaleriam, respectivamente, aos ideais


liberdade, igualdade e fraternidade, extraídos da Revolução Francesa.

5.3 Características

a) Relatividade: não há direito absoluto. Lembrar da ideia de atos processuais serem


públicos (princípio da publicidade) e lembrar das exceções (preservação da vida íntima
e da vida privada.

b) Imprescritíveis: não se perde o respectivo direito com o passar do tempo. As


garantias fundamentais são imprescritíveis. Ou seja, não há a incidência da prescrição,
da decadência.

c) Historicidade: surgiram há muito tempo e evoluem e se adaptam de acordo com as


mudanças históricas/sociais. Decorrem, portanto, de um longo processo evolutivo.
Exemplo: direito fundamental à internet?
d) Universalidade: são direitos e garantias destinadas a todos os seres humanos, sem
quaisquer distinções de sexo, idade, profissão....

e) Irrenunciabilidade: não podemos “abrir mão”, renunciar a tais direitos.

f) Indisponíveis: não podem ser alienados.

5.4 Eficácia horizontal dos direitos fundamentais

Os direitos fundamentais se configuram como relações jurídicas verticais


(relação entre Estado – indivíduo). Isto significa que há, de um lado, o Estado (com seu
poder de “império”), possuindo o dever de observar todas os ditames constitucionais e
garantir os direitos dos cidadãos. Por outro lado, há o particular como beneficiário
destes direitos.

Atualmente, parte da doutrina e da jurisprudência defende que a observância dos


direitos e garantias fundamentais deve ter sua aplicabilidade estendida às relações
horizontais, isto é, entre particulares.

5.5 Aplicabilidade dos direitos e garantias fundamentais

Como regra geral, os direitos e garantias fundamentais possuem aplicabilidade


imediata. Será possível, por exceção, a existência de direitos que dependem da edição
de lei regulamentadora, desde que a própria Constituição determine.

REFERÊNCIAS

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da


Constituição. 7ª Ed. Coimbra: Almedina.
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocencio Martires; BRANCO, Paulo Gustavo
Gonet. Curso de Direito Constitucional – 5ª Ed. Saraiva. 2010.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito Constitucional Positivo. São Paulo:
Malheiros: 2010.

MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8ª Ed. Salvador: JusPODVIM,


2020.

DUTRA, Luciano. Direito Constitucional – Organização Político-Administrativa do


Estado.

DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Direito Processual Constitucional. 10. ed. São
Paulo: Editora Foco, 2021.

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