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PROCESSO Nº XXXXXXXXXX
Nesse ensejo, requer seja admitido o presente recurso, sendo a decisão proferida
conforme art. 589 do Código Penal, submetida ao juízo de retratação e, caso seja a mesma
mantida, pede seja o presente recurso, com inclusas razões, remetido ao Egrégio Tribunal
de Justiça, para fins de processamento e julgamento.
Nestes termos,
Pede deferimento.
DATA: 09.08.2016
LOCAL: XXXX
ADVOGADO: XXXX
OAB: XXXX
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO.
RECORRENTE: JERUSA.
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO.
PROCESSO Nº XXXXXXXXXX.
DOS FATOS
Jerusa trafegava com seu veículo em uma via de mão dupla. Atrasada para um
compromisso, mas ainda assim dirigindo no limite da velocidade permitida, ela decidiu
ultrapassar o carro a sua frente, o qual estava abaixo da velocidade.
Ante ao exposto, a recorrente não praticou dolo e sim agiu com culpa, visto que o dolo
necessita do artifício que inspira a má-fé, contudo, de acordo com os autos, em momento
nenhum Jerusa assumiu o risco de provocar a morte da vítima, uma vez que conduzia seu
automóvel dentro dos limites da velocidade.
Jerusa estava apreensiva pelo atraso perante um importante compromisso
profissional, no entanto, estava dentro dos limites de velocidade que a via lhe permitia,
apenas desatendeu de ligar a seta sinalizadora, o que poderia ter evitado o acidente.
Nesse sentido, o dolo se configura quando o agente prevê o resultado, tal hipótese não
se enquadra a conduta da recorrente.
Cumpre ressaltar, que Jerusa agiu com imprudência, sem o devido cuidado na ação, o
que caracteriza culpa em sua consulta comissiva.
Diante do exposto, resta evidenciado que, de modo algum, a recorrente teve a vontade
de causar a morte da vítima. Ocorre que, Jerusa foi negligente ao não perceber que a seta
estava desligada.
Portanto, o delito deve ser desclassificado nos termos do art. 419 do Código de
Processo Penal, do homicídio doloso para o homicídio culposo.
Nesse sentindo, existirá culpa quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia, nos termos do art. 18, inciso II, do Código Penal.
Dessa maneira, não tem como argumentar quanto ao homicídio praticado pela
recorrente.
Perceba-se que o direito pretendido pela recorrente encontra guarido no
posicionamento da jurisprudência:
TJ-MT – XXXXXX20218110000 MT
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – ART 121, §, IV, DO CP – SETENÇA DE
PRONÚNCIA – ACIDENTE DE TRÂNSITO – HOMICÍO DOLOSO – PEDIDO
DESCLASSIFICATÓRIO PARA HOMICÍDIO CULPOSO – PROCEDÊNCIA – FALTA
DE ELEMENTOS MÍNIMOS PARA PROVA QUE JUSTIFIQUEM A PRONÚNCIA A
TÍTULO DE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA – DESCLASSIFICAÇÃO DE DOLO
EVENTUAL PARA CULPA, DEMONSTRADA A IMPRUDÊNCIA DO RECORRENTE –
CONDENAÇÃO PELO ARTIGO 302 DA LEI 9.503/97 – RECURSO PROVIDO. DE
ACORDO COM PARECER DA PGJ. A pronúncia do réu conforme a denúncia somente
deve ocorrer se houver certeza ou dúvida quanto a ocorrência do dolo eventual sustentado
pela acusação. Em outras palavras, inexistindo qualquer elemento mínimo de convicção a
apontar para a prática de homicídio, em acidente de trânsito, na modalidade de dolo
eventual, não é possível a submissão do réu ao julgamento perante o Tribunal do Júri,
sendo, pois, imperiosa a desclassificação do crime, para o previsto no art. 302 do CTB,
uma vez, que as circunstâncias do caso concreto demonstram que o recorrente agiu com
culpa ao trafegar, em via pública, sem a devida atenção, cautela e prudência.
2. Que seja a decisão do juízo a quo REFORMADA, a fim que o delito seja
desclassificado, nos termos do art. 419, do Código de Processo Penal, com
intuito da recorrente responder pelo delito de homicídio culposo.
LOCAL: XXXXXX
DATA: 09.08.2016
ADVOGADO
OAB