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AO JUÍZO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE TERESINA

Autos: xxxxxxxxxx.xxxxx-xx

ANA LIZ, já qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe,


representada por intermédio do seu advogado, vem, respeitosamente, nas formas do
artigo 581, IV, do Código de Processo penal, INTERPOR o presente

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

em face da decisão de pronúncia do magistrado às fls. xxxx

Requer o recebimento e processamento do presente recurso e a reforma da


decisão supra.

Caso Vossa Excelência entenda por manter a decisão de pronúncia,


requer que os autos sejam submetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Piauí, nos
moldes do artigo 589 do Código de Processo Penal.

Termos em que pede deferimento,

Teresina, 8 de março de 2022

Advogado

OAB n° xxxx
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Recorrente: Ana Liz
Processo: xxxxxxx

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PIAUÍ

I. DOS FATOS

O Ministério Público imputou à recorrente, por meio da instauração de


denúncia, a prática do delito de homicídio doloso simples, em sua modalidade de dolo
eventual (Art. 121 c/c 18, I, do CP).
Segundo os fatos, a recorrente, ao tentar realizar uma ultrapassagem, atingiu
a vítima Diogo, que viera em alta velocidade na via oposta. Em decorrência de
acidente de trânsito, apesar de prontamente prestado socorro pela recorrente, a vítima
não resistiu aos ferimentos e veio a falecer.
O agente do Ministério Público alega a imprevisão da recorrente acerca do
resultado causado, dado a sua desatenção ao trânsito e a ausência do uso da seta para a
ultrapassagem.
A denúncia foi recebida pelo juiz competente da Vara do Tribunal do Júri
da Comarca de Teresina e todos os atos processuais exigidos em lei foram
regularmente praticados.
Concluída a instrução probatória, o juiz competente, em decisão
devidamente fundamentada, decidiu pronunciar a recorrente pelo crime e razões
apontados na inicial acusatória.

II. DO DIREITO

Verifica-se que a recorrente foi pronunciada pelo magistrado pela prática de


homicídio doloso em seu caráter eventual. (Art. 121 c/c 18, I CP).
Da análise legislativa que constitui a decisão (art. 413, CPP), vê-se que,
para a fundamentar a pronúncia, é necessária a convicção do juiz quanto: a)
materialidade do fato; e, b) indícios suficientes de autoria, ou seja, pela constatação de
um crime doloso contra a vida.
Ocorre que, da análise dos autos, nota-se que sequer são abordados indícios
que corroborem com o caráter subjetivo do dolo eventual imputado à recorrente,
apenas a mera suposição dos agentes estatais. Conforme o conteúdo factual já
formulado no presente processo, todas as circunstâncias indicam que a recorrente não
assumiu qualquer risco no momento do acidente de trânsito:
a) Estava dentro do limite de velocidade
b) Prontamente prestou socorro
Em contrapartida, pode se considerar um risco o fato da vítima estar em alta
velocidade em sua motocicleta.
Ora, enquanto se aponta a ausência de seta do veículo pela requerida para
constituir um crime doloso e fundamentar a pronúncia, não se abordou o perigo
constituído por um indivíduo em alta velocidade nas vias.
Em vista disso, é cristalino que a conduta objeto dos autos decorre de culpa
inconsciente, não dolo eventual. Assim, é necessário a reformulação penal, nos moldes
do art. 414 do Código de Processo Penal.

III. DOS PEDIDOS

Nos termos expostos, requer:

a) O reconhecimento e provimento do presente recurso por meio reforma de


decisão de pronúncia, proferida pelo juiz de origem, decretando a impronúncia
da recorrente quanto ao crime de homicídio doloso;
b) A intimação do Ministério Público para apresentar contrarrazões;

Teresina, 8 de março de 2022


Advogado

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