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AO JUÍZO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO GONÇALO DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO

Autos nº XXXXXXXXX

PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO

Carlos (nome completo), (estado civil), (profissão), inscrito sob o CPF nº XXXXXXXXX, RG nº
XXXXXXXXXXX, (endereço eletrônico), residente (endereço completo), nos autos da AÇÃO
PENAL de número XXXXX, vem respeitosamente perante a Vossa Excelência, por seu
procurador devidamente constituído, inconformada com a sentença proferida por este Juízo
de Primeiro Grau, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no artigo 593,
inciso I do Código de Processo Penal, pleiteado através de fato e fundamentos jurídicos
apontados nas razões recursais, que seguem anexas, a serem remetidas ao Egrégio Tribunal
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Pugna-se pela intimação da parte contrária para
apresentação de contrarrazões no prazo legal de 15 (quinze) dias, com fulcro no artigo
1.010, §1º do Código de Processo Civil.

Nestes termos, pede deferimento.


Local, data XX/XX/XXXX.

_________________________
Nome do Advogado / Nº da OAB
(assinado digitalmente)
RAZÕES RECURSAIS

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Processo nº XXXXXXXXXXXXXXXXX

APELANTE: CARLOS (nome completo)

APELADA: (nome completo)

COLENDA CÂMARA
EMÉRITOS DESEMBARGADORES

1. CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

Em conformidade ao texto jurídico expresso no artigo 1.009 do Código de


Processo Civil, é plenamente cabível o recurso de apelação, com a finalidade de buscar a
reforma da sentença proferida pelo Juízo de Primeiro Grau. Ao que se refere à
tempestividade, importa-se mencionar que o presente recurso foi interposto
tempestivamente, pois cumpriu-se o prazo determinado pelo artigo 1.003, § 5º do Código de
Processo Civil, sendo determinado o prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do
referido recurso. Considerando que a intimação proferida no teor da sentença ocorreu no
dia 18/09/2019, ainda não decorreu hoje, dia da interposição do presente recurso, o prazo
recursal, nos moldes do artigo 231, inciso V, também do Código de Processo Civil.
2. RESUMO FÁTICO

Através do ajuizamento de ação penal, onde o apelante Carlos, foi julgado pelas
sanções penais previstas nos artigos 302 e 303 da Lei nº 9.503/97, pelo fato ocorrido no dia
08 de julho de 2017, no município de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro. Onde o
reclamante estava sob a direção de um veículo automotor e acabou se envolvendo no
acidente de trânsito, que infelizmente, resultou na morte de duas pessoas, sendo Mário uma
criança de 09 anos e a outra vítima foi Júlio, ambos acabaram falecendo em decorrência das
lesões ocasionadas pelo acidente. Ademais, através de testemunhas, o reclamante, também
foi indiciado por ter acometido uma terceira vítima, qual seja, Pedro, porém este foi
socorrido em um hospital público, da onde saiu sem ser notado, tendo seu laudo elaborado
tão somente pelo que foi constatado no atendimento médico, já que Pedro não pode ser
ouvido no curso da instrução, pois não foi localizado.
Importa-se esclarecer que durante o curso de instrução, o apelante negou estar
acima da velocidade permitida, acrescentando ainda que perdeu o controle do automóvel
em razão de buracos na pista. Que posteriormente também foi constatado através do exame
pericial realizado no carro que estava sob uso de Carlos e na pista onde ocorreu o acidente.
Ainda de acordo com o laudo pericial, foi apontado imperícia da parte de Carlos, o que teria
sido fator contributivo para ocasionar o acidente. Ressaltando que este também foi o
entendimento do Juízo de Primeiro Grau, que fixou a pena base no mínimo legal para cada
um dos crimes, acrescentando ainda a agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea h do
Código Penal, aumentando a pena base em 03 meses. Ficando a pena final acomodada em
04 anos e 09 meses, com início de cumprimento em regime fechado. Ocorre que a referida
decisão não merece prosperar, conforme exposto a seguir.

3. RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

3.1 Extinção da punibilidade

A sentença proferida deve ser reformada, pois evidente é a necessidade de se


admitir a extinção da punibilidade em relação ao crime de lesão corporal, motivado pela
decadência, conforme nos demonstra o artigo 107, IV do Código Penal, a saber: “Art. 107 -
Extingue-se a punibilidade: IV - pela prescrição, decadência ou perempção;”.
Restou cediço, que não há outras evidências se não testemunhais, de que Pedro
também foi vítima, já que este nunca compareceu na Delegacia e nem em juízo, não
havendo qualquer circunstância a indicar que ele tinha interesse em ver o autor do fato
responsabilizado criminalmente. Dessa forma, passados mais de 06 meses da identificação
da autoria, houve decadência, nos termos do artigo citado anteriormente e do artigo 38 do
Código de Processo Penal que também é claro em dizer que: “A procuração geral para o
foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o
advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar,
reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se
funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso”.
Portanto, a sentença merece reforma ao que tange a extinção da punibilidade
com relação ao crime de lesão corporal praticada na direção veicular que teria vitimado
Pedro, porque este não teve representação legal, o que é condição legal prevista na
legislação para que o Ministério Público pudesse oferecer a denúncia. Acrescentando ainda,
que o artigo 291, §1º da Lei 9.503/97 (CTB), aplica-se ao crime de lesão corporal culposa
praticada na direção de veículo automotor o previsto no artigo 88 da Lei 9.099/95, ou seja, o
dispositivo legal que exige a representação do ofendido nos crimes de lesão corporal leve ou
culposa.

3.2 Absolvição dos crimes de homicídio culposo

Importa-se mencionar que a respeitosa decisão de primeiro grau já reconheceu


que não houve imprudência por parte do réu em razão do excesso de velocidade,
corroborada pela perícia acostada nos autos. Portanto, não há prova material da conduta
imputada na denúncia, porquanto resta somente a absolvição do réu, pelo fundamento do
artigo 386, inciso VII do Código de Processo Penal.
Com relação a condenação por imperícia do réu na direção do veículo
automotor, esta demonstra-se ser ilegal, considerando que tal conduta não foi narrada na
denúncia, por isso ela viola o princípio da correlação, sendo certo que o Ministério Público
não aditou a inicial acusatória em momento adequado. Nestes termos, o fato imputado na
denúncia não merece prosperar sendo certo que a absolvição é medida que se impõe.

3.3 Afastamento de agravante em razão da idade da vítima


Ressalta-se que pertinente ao processo dosimétrico, por meio deste requer que
seja afastada a agravante do artigo 61, inciso II, alínea h do Código Penal mencionada na
respeitosa decisão de primeiro grau, tendo em vista que tal agravante somente poderia ser
aplicada se o crime fosse configurado como doloso. Tal artigo de lei tem sua intenção
totalmente voltada punir de forma mais severa o indivíduo que, dolosamente, pratica crimes
contra criança, ou seja, para os crimes culposos, como o que se trata no presente, não há
que se falar em agravante, sob pena de adotarmos responsabilidade penal objetiva.

3.4 Afastamento do concurso material de crimes

Restou cediço, que no presente processo ocorre o concurso formal entre os


delitos, pois em uma única conduta o réu causou mais de um resultado. Portanto, é certo
dizer que as regras devem ser aplicadas conforme a previsão do artigo 70 do Código Penal,
em detrimento do artigo 69 do Código Penal, devendo este juízo optar pela exasperação da
pena mais grave e não a soma das penas aplicadas.

3.5 Afastamento do regime inicial fechado

Ora, ainda que a condenação primária seja mantida, não poderia ser aplicado o
regime inicial fechado. Rogo pelo afastamento do regime mais severo, para que seja
aplicado o regime aberto ou o semiaberto, acrescentando que de acordo com o artigo 33,
caput do Código Penal, não é admitida, em nenhuma hipótese, a aplicação do regime inicial
fechado ao crime punido unicamente com pena de detenção, como ocorre nos crimes
culposos da Lei nº 9.503/97.

3.6 Substituição da pena privativa de liberdade

Ressaltando ainda que é pertinente que seja feita a substituição da pena


privativa de liberdade por restritiva dos direitos, independentemente do quantum de pena
aplicada, já que o limite do artigo 44, inciso I do Código Penal aplica-se apenas aos crimes
dolosos.

4. PEDIDOS
Diante de todo exposto, por meio deste vem requerer que seja dado
conhecimento e provimento ao recurso.

Nestes termos em que requer provimento.

São Gonçalo, 23 de setembro de 2019.

_________________________
Nome do Procurador / Nº da OAB
(assinado digitalmente)

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