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Petição de interposição

Doutor juiz da 3ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo/RJ

Protocolo nº 38886958165

Requerente: Carlos

Procurador de Carlos: Nicolas Jurk Deretti

Carlos, já qualificado nos autos da Ação Tal, vem, por via de seu procurador que
este subscreve, não se conformando com a sentença proferida, interpor o
presente recurso.

Recurso de apelação
Com base no Art. 593, inciso I, do Código de Processo Penal, requerendo, na
oportunidade, que a decisão do juiz seja reavaliada, com as razões recursais a
seguir, remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
para os fins de mister.

Apelante: Carlos

Apelados: Mário, Júlio e Pedro

Origem: processo nº 38886958165, 3ª Vara Criminal da Comarca de São


Gonçalo/RJ

Razões recursais
Egrégio tribunal.

Uma breve síntese do processo:


Carlos, foi acusado inicialmente, por ter ocassionado um acidente
automobilistico, no qual resultou 2 mortes, Júlio e Mário ( 9 meses ), e ainda
feriu supostamente Pedro, que estava andando de bicicleta na hora do
acidente. Motivo do acidente acusado por denuncias de que Carlos estaria em
alta velocidade.

Contudo, após ser analisado o veiculo de Carlos, se comprovou que o mesmo


não estaria em alta velocidade, e que o motivo do acidente teria sido um
burraco na estrada, no qual foi comprovado pela perícia sua vericidade. E o
ferimento do Pedro, foi confirmado por testemunhas, pórem o mesmo não se
pronunciou e nem pretende.

O juiz condenou Carlos por imperícia, tendo a pena de 4 anos e 9 meses de


detenção.

No entanto, como será demonstrado a seguir, a sentença não merece prosperar,


devendo ser reformada (ou cassada).

RAZÕES DA REFORMA (OU DA CASSAÇÃO)


Situação 1 (Pedro)

Extinção da punibilidade de Carlos no que tange ao crime de lesão corporal


praticada na direção de veículo automotor, que teria como vítima Pedro, tendo
em vista que não houve representação por parte da vítima, condição essa
indispensável para o oferecimento da denúncia por parte do Ministério Público.
De acordo com o Art. 291, §1º da Lei 9.503/97 (CTB) e Art. 88 da Lei 9.099/95,
dispositivos legais que exigem a representação do ofendido nos crimes de lesão
corporal leve ou culposa.

Para complementar a caso dos ferimentos de Pedro, Consta do enunciado que


Pedro nunca compareceu na Delegacia e nem em juízo, não havendo qualquer
circunstância a indicar que ele tinha interesse em ver o autor do fato
responsabilizado criminalmente. Dessa forma, passados mais de 06 meses da
identificação da autoria, houve decadência, nos termos do Art. 38 do CPP, o que
funciona como causa de extinção da punibilidade, conforme Art. 107, inciso IV,
do CP.

Situação 2 ( Mário e Júlio )


Em relação aos delitos de crimes de homicídio culposo, o examinando deve
requerer a absolvição de Carlos, tendo em vista que a própria sentença
reconhece que não houve imprudência por parte do réu em razão de excesso de
velocidade, assim como a perícia acostada ao procedimento. Não havendo
prova da conduta imputada na denúncia, restaria a absolvição, nos termos do
Art. 386, inciso VII, do CPP.

Cabe mencionar que não poderia o magistrado ter condenado Carlos com
fundamento de que houve imperícia do denunciado na direção do veículo,
tendo em vista que tal conduta não foi narrada na denúncia, violando o
princípio da correlação, sendo certo que o Ministério Público não aditou a inicial
acusatória em momento adequado. Não sendo comprovado o fato imputado na
denúncia, a absolvição é medida que se impõe.

Subsidiariamente, caso mantida a condenação, deveria o examinando analisar


aspectos relacionados à aplicação da pena. No que tange ao processo
dosimétrico, O procurados requer o afastamento da agravante do Art. 61, inciso
II, alínea h, do CP, tendo em vista que tal agravante somente pode ser aplicada
aos crimes dolosos. Quis a lei punir mais severamente aquele que, dolosamente,
pratica crime contra criança. Na hipótese de crime culposo, não há que se falar
em agravante, sob pena de adotarmos a responsabilidade penal objetiva.
afastamento do reconhecimento do concurso material de crimes.

Claramente, de acordo com o enunciado, teria ocorrido concurso formal entre


os delitos, já que com uma única conduta o agente teria causado mais de um
resultado. Assim, aplica-se a regra do Art. 70 do Código Penal, em detrimento
do Art. 69 do CP, devendo haver exasperação da pena mais grave e não soma
das penas aplicadas.Sem prejuízo, ainda que mantida a condenação, não
poderia ser aplicado o regime inicial fechado. Caberia ao examinando requerer
o afastamento do regime mais severo, seja aplicando-se o regime aberto ou
semi aberto,pois o Art. 33, caput, do Código Penal não admite, em nenhuma
hipótese, que seja aplicado regime inicial fechado ao crime punido unicamente
com pena de detenção, como ocorre nos crimes culposos da Lei 9.503/97. Seria
ainda cabível a susbtituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, independentemente do quantum de pena aplicada, já que o limite do
Art. 44, inciso I, do Código Penal aplica-se apenas aos crimes dolosos.

REQUERIMENTO
Em virtude do exposto, o Apelante requer que o presente recurso de apelação
seja CONHECIDO e, quando de seu julgamento, seja totalmente PROVIDO para
reformar a sentença recorrida, no sentido de acolher o pedido inicial do Autor
Apelante e por ser assim de inteira Justiça.

Sendo o prazo para esse conhecimento e provimento do recurso, dia 23 de


setembro de 2019, uma vez que o prazo do recurso de apelação é de 05 dias.

Termos em que, Carlos e seu procurador Nicolas.

Pedem deferimento.

São Gonçalo, 18 de setembro de 2019

Nicolas Jurk Deretti

OAB/RJ - 105236

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