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AO JUÍZO DA 1º VARA DE EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA DE SÃO

LUIS – MA
Processo nº xxxxx
Jeferson, já qualificado nos autos da ação penal, por seus procurados, vem
respeitosamente a presença de vossa excelência, com base no artigo 197
da lei 7.210/84 ( Lei de execução penal).
Neste modo, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação,
nos termos do artigo 589 do CPC, se mantida a decisão, requer que seja
encaminhado o presente recurso, já com as razões inclusas ao Tribunal de
Justiça do Estado do Maranhão, para o devido processamento.

Nestes termos,
Pede deferimento
São Luis – Ma - 22/10/2021
Camilla Silva
OAB

EGRÉGRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO


Agravante: Jeferson
Agravado: Ministério público
Execução penal nº. xxxxx

Razões de Agravo em Execução


Egrégio Tribunal de Justiça
Colenda Câmara

Dos Fatos
O agravante teve pena de 5 (cinco) anos de reclusão em regime inicia
semiaberto, decretada em xx/xx/xxxx. O mérito da prisão se trata de pratica dos
delitos de associação ao tráfico, entendendo o magistrado o crime não ser
hediondo não havendo qualquer agravante ou atenuante.
O agravante sofreu nova condenação por pratica de ameaça, porém lhe foram
aplicada pena de multa. Após cumprimento de 1/5 da pena e ter apresentado
bom comportamento carcerário, o condenado peticionou nos autos da
execução penal, progressão ao regime aberto. Contudo o juiz da execução
penal indeferiu sobre argumento de:
a) O crime ser hediondo;
b) Apenado é reincidente, pela pratica do crime de ameaça;
c) O requisito objetivo seria o cumprimento de 60% caso ele não fosse
reincidente seria de 40%, ambos nas quais não ultrapassaram;
d) Requisito subjetivo é indispensável a realização de exames
criminológicos.

Do direito
A decisão emitida pelo Juiz da Execução não deve prevalecer, este é um
direito do agravado a progressão do regime, já que os requisitos necessários
foram cumpridos.
O delito praticado pelo réu não tem natureza de crime hediondo. A Constituição
e a lei nº 8.072/90 ( lei de crimes hediondos) equiparou o crime de tráfico,
tortura e terrorismo aos crimes hediondos ( inciso XLII do artigo 5º) da mesma
forma o artigo 1º não faz menção a associação ao tráfico. Os tribunais
superiores não consideram associação ao tráfico como natureza hedionda ou
equiparado, anteriormente o juiz havia decidido que não equiparava.
“ O acórdão do Tribunal de origem está de acordo com a
jurisprudência desta Corte, no sentido de que,
independentemente de o crime de associação para o
tráfico não se enquadrar no rol de delitos hediondos, certo
é que a Lei n.º 11.343/06, em seu art. 44, parágrafo único,
previu expressamente a necessidade do cumprimento de
2/3 (dois terços) da pena, devendo essa previsão legal
prevalecer em relação ao art. 83 do Código Penal, em
atenção ao princípio da especialidade (AgRg no RHC
117.816/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
SEXTA TURMA, julgado em 12/05/2020, DJe 19/05/2020).
2. Agravo regimental improvido” (AgRg no HC 633.872/SP,
j. 09/02/2021).
O artigo 44, parágrafo único, a lei nº 11/343/06 exige para concessão do
livramento condicional o cumprimento de mais de 2/3 da pena não tem condão
de transformar o crime de associação para trafico hediondo de modo que exige
o cumprimento de 2/3 da pena enquanto para progressão de regime basta o
cumprimento de 1/6 da pena aplicada.
Após o transito em julgado houve condenação pelo crime de ameaça, o que
não pode ser dado como reincidente, já que este ocorreu após o crime de
associação ao tráfico.
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois
de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior.
Por não se tratar de crime de natureza hedionda o requisito objetivo para
Jeferson fazer progressão do regime é cumprimento de 1/6 da pena já
cumprido pelo apenado que cumpriu 1 ano de uma pena de 5 anos em regime
semiaberto. O apenado se encaixa nos requisitos de regime aberto com pena
inferior a 4 anos desde que não seja reincidentes.
Lei nº10.792/03 foi não existe mais a obrigatoriedade de exames criminológicos
para analisar progressão de regimes ou livramento de condicional, sendo
suficiente atestado de bom comportamento comprovado pelo diretor da prisão.
Decisão da Quinta turma do Superior Tribunal de Justiça
A decisão (HC 631.739/SP) teve como relator o ministro Felix Fischer.

Realização de exame criminológico


EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO
CABIMENTO. PROGRESSÃO DE REGIME E/OU
LIVRAMENTO CONDICIONAL. EXAME
CRIMINOLÓGICO. SÚMULA 439/STJ. SÚMULA
VINCULANTE 26/STF. DECISÃO
FUNDAMENTADA EM ELEMENTOS CONCRETOS
DA EXECUÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE
REQUISITO SUBJETIVO. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS
NÃO CONHECIDO.

Em razao do princípio geral de livre convencimento do julgador na apreciação


de provas o juízo de execução penal não precisa condicionar a progressão do
regime ao exame criminológico.
Deve este apresentar pedido de conhecimento e provimento do recurso, com
requerimento de progressão de regime.

Do pedidos
Diante do exposto requer que seja dado provimento ao seguinte recurso, assim
como que seja determinada a progressão do regime do agravante.

Nestes termos,
Pede deferimento
São luis – Ma
22/10/2021
Camilla silva
OAB

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