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EMBARGOS INFRINGENTES
Requer, com a devida vênia, que seja o presente recebido e seja ordenado o seu
processamento, reconhecendo os seus fundamentos, conforme expostos pelo
desembargador vencido em seu voto, com os fatos e fundamentos que se seguem.
DOS FATOS
O Embargante foi processado e condenado, nos termos do acó rdã o proferido pela 5ª
Câ mara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça que, por maioria de votos, negou
provimento ao Recurso de Apelaçã o interposto pelo ora embargante, mantendo
integralmente a Sentença proferida em primeira instâ ncia, o qual foi publicado em 21 de
novembro de 2016, que assim resta ementado:
APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE DROGAS - MATERIALIDADE E AUTORIA EVIDENCIADAS – DESCLASSIFICAÇÃO
PARA USO PRÓPRIO - IMPOSSIBILIDADE - FINALIDADE MERCANTIL DA DROGA COMPROVADA - CONDENAÇÃO POR
TRÁFICO MANTIDA - FIXAÇÃO DA PENA NO PATAMAR MÍNIMO LEGAL - INVIABILIDADE - QUANTIDADE E
NATUREZA DA DROGA - INTELIGÊNCIA DO ART. 42 DA LEI DE TÓXICOS- PRETENSÃO DE INCIDÊNCIA DA
MINORANTE DO ART. 33, § 4º, DA LEI Nº 11.343/06 - BENEFÍCIO INVIÁVEL - QUANTIDADE ELEVADA DA DROGA -
REGIME PRISIONAL ADEQUADO - DECISÃO MANTIDA. 1) O tipo insculpido artigo 28 da Lei de Drogas contém
elemento subjetivo específico, consistente na finalidade do exclusivo uso próprio. Assim, para a sua configuração
são necessários, pelo menos, indícios firmes de que os entorpecentes apreendidos destinavam-se unicamente ao
uso daquele que os adquiriu, guardou, teve em depósito, transportou ou levou consigo. 2) A despeito da
irresignação defensiva, a quantidade de droga apreendida justifica o incremento feito pelo magistrado. 3)
Analisando as circunstâncias do caso e a quantidade de droga apreendida, inviável a aplicação da minorante
prevista no § 4.º, do art. 33, da Lei n. 11.343/2006. 4) Segundo posicionamento manifestado pelo Tribunal Pleno
do STF, quando do julgamento do HC nº 111840/ES, por maioria de votos, entendeu ser inconstitucional o
parágrafo 1º do artigo 2º, da Lei 8.072/90. Uma vez afastada a previsão contida no § 1º, do art. 2º, da Lei 8.072/90,
deve ser o regime prisional fixado na forma do art. 33, do Código Penal. Entretanto, ainda que o quantum da pena,
em tese, autorize o semiaberto, tendo em vista a natureza e a grande quantidade da substância entorpecente
apreendida, estas não só impedem a fixação do regime menos gravoso, mas, antes de mais nada, recomendam o
regime mais rigoroso, como forma de retribuição proporcional à gravidade da conduta. (...) (...) V. V. APELAÇÃO
CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
TOTALMENTE FAVORÁVEIS. REDUÇÃO DA REPRIMENDA PENAL. RECONHECIMENTO DA MINORANTE DO ARTIGO
33, § 4º DA LEI 11.343/2006 PARA REDUZIR A PENA. VIABILIDADE. ABRANDAMENTO DO REGIME PRISIONAL.
POSSIBILIDADE. REGIME SEMI-ABERTO MAIS ADEQUADO AO PRESENTE CASO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1) Necessária é a redução das penas quando essas foram fixadas violando os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, extrapolando a finalidade do direito penal, que é a de reprovação e prevenção do delito praticado.
Na análise das circunstâncias judiciais, não se admite fórmulas genéricas, nem conclusões feitas sem
embasamento em fatos provados, razão pela qual, em se verificando que o magistrado valorou equivocadamente
circunstâncias tidas como favoráveis (culpabilidade e circunstâncias), há que se proceder à nova análise. Isso
porque, se o julgador aferir favoravelmente todas as circunstâncias judiciais aludidas no artigo 59 do CP, deve fixar
a pena base no mínimo legal. 2) A Lei 11.343/2006, em seu artigo 33, § 4º, trouxe uma diferenciação na punição do
agente contumaz à prática de delitos com aquele que primeiramente está vivenciando o submundo do crime,
portanto, sendo o agente primário, de bons antecedentes, não se dedicando à atividade criminosa e nem sendo
integrante de organização com esse fim, fará jus à referida benesse. Assim, é autorizada a redução da pena em seu
patamar máximo (dois terços), no caso concreto. 3) Cumpridas as exigências do artigo 33, § 2º, c e § 3º, o regime
inicial de cumprimento da pena deve ser estabelecido no semiaberto. Tendo em vista a quantidade e natureza da
droga apreendida, dados que se conectam às circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal, mostra-se
adequada, para o alcance das finalidades da pena, quais sejam, ressocialização do agente e reprovação do crime na
espécie, a fixação do regime semiaberto, consoante, ainda, a diretriz emanada da Corte Constitucional.