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Apelação da defesa (pedido principal e pedido subsidiário)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___Vara Criminal da Comarca de _________ - Estado d
_______

X, por meio de seu advogado, ao final firmado, nos autos de Processo- Crime n. _______, vem, muit
respeitosamente perante Vossa Excelência, interpor, dentro do prazo legal, a presente APELAÇÃO, com fulcr
no art. 593, I, do Código de Processo Penal, pois não se conforma com a respeitável sentença que o condeno
à pena de três anos de reclusão em regime integralmente fechado, e pagamento de cinqüenta dias multa, com
incurso no art. 12 da Lei 6.368/76, endereçando o presente recurso ao egrégio Tribunal de Justiça do Estado d
____.

Recebido o apelo, requer seja aberta vista para oferecimento das razões e oportuna remessa à Segunda
Instância.

Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB
___________________________________________________________________________________

Razões de Apelação
Processo-Crime n. ______
Apelante: X
Apelada: a Justiça Pública
Colendo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
Distinta Câmara,
Ilustres Desembargadores Relator e Revisor,
Douta Procuradoria de Justiça:

Distinta Câmara, a presente apelação deve ser provida, para que seja o apelante X absolvido, pois ele
totalmente inocente.

Preliminarmente, é nulo o processo, uma vez que não foi concedido prazo para a defesa apresentar
alegações finais, o que importou em cerceamento da ampla defesa garantida constitucionalmente. A nos
jurisprudência tem decidido que:

É pacífico que a falta de alegações finais não acarreta a nulidade no processo


penal, pois esta só se dá na ausência de intimação para o seu oferecimento, nos
termos do art. 564, III, e, do Código de Processo Penal. Isso ocorre não só quando
o réu tem advogado constituído, mas também quando tem defensor dativo... (STF,
1ª T., rel. Min. Moreira Alves, DJU, 3 set. 1993, p. 17743).

O apelante teve um flagrante provocado de posse de drogas, uma vez que o mesmo encontrava-se no bar d
"Juca" e recebeu uma ligação de Y, solicitando 15 papelotes de cocaína. Como X precisava de dinheiro
resolveu conseguir a droga, dirigindo tranqüilamente o seu veículo (modelo, placa _______) pela Ru
_________, altura do n. ___, quando de repente o seu carro é fechado por uma viatura da Policia Militar. O
policiais usaram de truculência para retirá-lo do veículo, efetuaram uma busca no recorrente e nada
encontraram. O cabo Y falou "trouxe a minha encomenda". No mesmo instante, o cabo Y deu-lhe um tapa n
cara e falou "agora rodou malandro", e começaram a efetuar uma busca no interior do veículo, não demoro
um minuto e o Y achou no porta-luvas uma trouxinha contendo 15 papelotes de cocaína. Y falou "te enquadre
vagabundo". O cabo Y e Z eram os únicos presentes durante o fato, e os mesmos prepararam para que X foss
surpreendido com a posse das drogas, havendo um flagrante preparado, caracterizador de crime impossível.

Como se verifica, nobres Desembargadores, o recorrente não cometeu crime algum, pois a sua ação
instigada pelo policial à prática de um crime. Em tais situações, o STF editou a Súmula 145:

Não há crime quando preparação do flagrante pela polícia torna impossível a


sua consumação.

Portanto, a hipótese não configura flagrante delito, mas crime impossível. Assim, Colenda Câmara, a defe
quer frisar, o crime não ocorreu.

E ainda, deve ser absolvido por falta de provas, pois o conjunto probatório é formado apenas pelo depoiment
dos policiais, que não merece prosperar, tendo em vista a falta de ética e moral demonstrada pelos policiais
sendo os mesmos que prepararam o flagrante.

Alternativamente, caso não seja acolhida esta tese, a respeitável decisão merece pequeno reparo quanto
esse delito, no tocante à fixação do regime totalmente fechado para desconto da pena, impedindo
progressão.

A gravidade da infração (crime alçado à categoria de hediondo), exige o regime inicial fechado para
cumprimento de pena. Tendo o Supremo Tribunal Federal, em data recente, julgado pela inconstitucionalidad
parcial da Lei n. 8.072/90, quando veda a progressão nos crimes nela indicados, não há oportunidade para
regime integral fechado para cumprimento da pena.

Em data recente o egrégio Superior Tribunal de Justiça decidiu:

"Habeas corpus". Extorsão mediante seqüestro. Crime hediondo. Progressão


de regime prisional. Matéria decidida pelo Supremo Tribunal Federal.
Inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria, deferiu o HC n.
82.959/SP e declarou, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do § 1º, do
artigo 2º, da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, a afirmar o direito do
Paciente ao regime progressivo da pena, segundo as regras inseridas na Parte
Geral do Código Penal. A decisão plenária não implica deferimento imediato do
direito à progressão, pois que tal exame deverá ser realizado pelo Juízo de
Execução competente, segundo o disposto no art. 112 da Lei de Execução
Penal. Ordem concedida, somente para o efeito de afastar a vedação legal à
progressão de regime" (HC 51.599-SP-2005/0211589-0, Rel. Min. Paulo
Medina, j. em 27-3-2006).

E, hodiernamente, a redação da Lei n. 8.072/90 (art. 2º, § 1º) é inequívoca ao dispor que a pena por crim
previsto naquele mencionado art. 2º será cumprida inicialmente em regime fechado, afastando qualque
discussão a respeito da possibilidade de progressão.

À vista do exposto, aguarda o apelante seja reformada a respeitável sentença, dando-se provimento ao seu
recurso, com fulcro no art. 386, III ou VII, do Código de Processo Penal, no sentido de ser o apelante absolvido
pois ele é inocente. Alternativamente, caso seja mantido o decreto condenatório, espera sejam consideradas a
teses acima expostas, a fim de que sua pena seja corretamente ajustada.

Local e data.
Advogado
OAB

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