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O recurso de agravo em execuçã o, é utilizado para impugnar as decisõ es proferidas pelo

juiz da execuçã o penal, ou seja, tem por objetivo direto na reforma ou modificaçã o de
despacho ou sentença proferida que venha lesionar/omitir um direito do sentenciado,
como exemplo, as questõ es contidas no artigo 66 da LEP (progressã o de regime prisional,
unificaçã o de penas, livramento condicional e etc).
Embora seja o ú nico recurso previsto na LEP (mais precisamente no art. 197), nã o há
qualquer regulamentaçã o quanto ao seu procedimento. O entendimento majoritá rio é de
que o agravo possui natureza de recurso em sentido estrito (RESE), devendo, portanto,
seguir as mesmas regras que o orienta (Precedentes do Superior Tribunal de Justiça: REsp
1.497.029/MG e HC 294.659/MG).
O prazo para a sua interposiçã o é de cinco dias, pois editada a Sú mula 700 do STF, que diz:
É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal.
A ediçã o da sú mula nada mais é do que a pavimentaçã o do entendimento já
consubstanciado, de que deve ser utilizado o procedimento do RESE. As razõ es recursais
podem ser apresentadas juntamente com a interposiçã o, ou posteriormente, no prazo de
dois dias.
Caso haja interposiçã o de recurso em sentido estrito na execuçã o penal, o mesmo poderá
ser aceito pela similitude dos recursos (desde que nã o haja má -fé), graças ao princípio da
fungibilidade previsto com seus critérios no art. 579 do CPP.
É aplicá vel o efeito devolutivo e regressivo, podendo o juízo a quo retratar-se de sua
decisã o.
Em regra, o agravo nã o possui efeito suspensivo, como se verifica da leitura do pró prio art.
197 da LEP. Embora controvertida a questã o, é possível a impetraçã o de mandado de
segurança para assegurar efeito suspensivo ao agravo, em casos excepcionais.
Embora seja comum na prá tica processual, o habeas corpus nã o pode ser utilizado como
substituto do agravo em execuçã o. Em alguns casos, o habeas corpus pode ter aceito e ter a
matéria discutida revisada pelo tribunal, desde que haja flagrante ilegalidade.
Espero ter ajudado.
Segue modelo abaixo.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÕES
PENAIS EM MEIO FECHADO E SEMIABERTO DA COMARCA DE _______________ – ESTADO
DO _____________

Autos sob o nº [XXXXXXXX]

FULANO DE TAL, já qualificado nos presentes autos de execuçã o de pena, por intermédio
de seu defensor constituído, vêm, respeitosamente, perante Vossa Excelência,
inconformado com a respeitá vel decisã o de seq. XXXX, que determinou a sua regressã o ao
regime fechado, com fundamento no artigo 197 da Lei de Execucoes Penais, interpor
AGRAVO EM EXECUÇÃO, requerendo seja recebido e processado o presente recurso, já
com as inclusas razõ es, e apó s manifestaçã o do Ministério Pú blico, seja encaminhado ao
Egrégio Tribunal de Justiça, salvo vosso Juízo de retratação.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
__________________ – PR, datado digitalmente.
ADVOGADO
OAB__ nº __________

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA


RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Agravante: Fulano de tal


Agravado: a Justiça Pú blica
Autos sob o nº: XXXXXXXXXXXXX
Origem: Vara de Execuçõ es Penais em Meio Fechado e Semiaberto da Comarca de
_______________

Egrégio Tribunal;
Colenda Turma;
Ínclitos Julgadores:

Merece ser reformada a respeitá vel decisã o recorrida, em razã o da correta apreciaçã o das
questõ es de fato e de direito, conforme restará demonstrado ao final.
1. DO RELATÓRIO:
O executado FULANO foi condenado à pena de 08 (oito) anos, 08 (oito) meses e 10 (dez)
dias de reclusã o, em regime inicialmente fechado, em razã o da prá tica do delito previsto no
art. 217-A, do Có digo Penal, oriunda dos autos de açã o penal n.º XXXXXXXXXXXXX, que
tramitaram na Comarca de ________________ (guia de recolhimento definitiva seq. XXX).
Apó s cumprir os requisitos objetivo e subjetivo (atestado de permanência e conduta
carcerá ria), bem como realizado exame criminoló gico, seguido de parecer ministerial
favorá vel, foi concedido ao executado a progressã o de regime, do fechado para o
semiaberto, o qual foi harmonizado com uso de monitoraçã o eletrô nica e condicionado ao
cumprimento de condiçõ es previamente estabelecidas, até o advento de vaga em
estabelecimento penal adequado.
Foi expedido mandado de monitoraçã o eletrô nica, no qual consta os deveres do Executado,
dentre outras informaçõ es, das quais o mesmo foi cientificado, bem como posto em
liberdade.
Sobreveio aos autos notícias de violaçõ es praticadas pelo Executado quanto à s regras do
uso de tornozeleira eletrô nica, sendo o mesmo intimado a comparecer em cartó rio para
justificar as violaçõ es.
O executado apresentou justificativa unilateral e por escrito, afirmando que as violaçõ es
ocorreram por conta exclusivamente do trabalho, pois precisou permanecer além do
horá rio permitido no trabalho, pois trabalha como servente de pedreiro e na colheita de
mandioca.
Foi designada Audiência de Justificativa, o qual foi realizada, onde o Sentenciado
apresentou seus motivos pelo qual nã o cumpriu as condiçõ es, sendo aberto vista ao
Ministério para manifestaçã o, e posteriormente à defesa.
O Ministério Pú blico se manifestou pelo reconhecimento de prá tica de falta grave pelo
executado, e a consequente regressã o do regime semiaberto harmonizado para o fechado.
Posteriormente, a defesa também se manifestou, apontando a nã o realizaçã o do
Procedimento Administrativo Disciplinar, o nã o reconhecimento da falta grave, ante a
ausência de previsã o legal.
Contudo, em sua decisã o, o MM. Juízo reconheceu a prá tica de falta grave e determinou a
regressã o de regime do Executado.
É, em síntese, o relatório.
2. DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO:
O prazo para a interposiçã o do recurso de agravo em execuçã o é de 05 (cinco) dias), como
previsto na Sú mula 700 do STF [1]. Dessa forma, é tempestiva a sua interposiçã o, que é
feita na mesma data da leitura da intimaçã o nos autos.
3. DA FALTA DE PREVISÃO NO ROL TAXATIVO DO ARTIGO 50 DA LEP. NÃO
RECONHECIMENTO DE FALTA GRAVE. APLICAÇÃO DE SANÇÃO DISCIPLINAR E
CONSEQUENTE PROGRESSÃO AO REGIME ABERTO.
O MM. Juízo a quo entendeu que o Executado praticou falta grave, pois tinha como
“condições do regime semiaberto harmonizado o respeito às áreas de inclusão e de exclusão,
porém, optou por descumprir deliberadamente estas condições, conforme demonstra o
histórico de violações, dando conta que o reeducando violou a área de monitoramento por
diversas vezes, durante os meses de março a junho do corrente ano, demonstrando assim falta
de responsabilidade e disciplina.”
De fato, as violaçõ es praticadas pelo executado e em discussã o nos presentes autos,
decorrem do nã o respeito ao horá rio de recolhimento domiciliar, como se infere do
histó rico de violaçõ es.
O Sentenciado, em Audiência de Justificativa afirmou que nã o respeitou os horá rios de
recolhimento domiciliar, pois trabalha como lavrador, e precisou ficar até mais tarde no
trabalho, estando com diversas despesas bá sicas em atraso, como exemplo, contas de á gua
e luz.
Conforme denota-se das notícias de violaçõ es praticadas, todas elas ocorreram em dias
isolados, e nã o sã o costumeiramente ocorridas a ponto de se afirmar que há um intenso
descomprometimento do Sentenciado em cumprir corretamente sua pena.
Nã o obstante, Excelência, destaca-se que é entendimento do Colendo Superior Tribunal
de Justiça (STJ), que por nã o constar entre as condutas que configuram falta grave que
estã o previstas na Lei de Execucoes Penais, ultrapassar o perímetro estabelecido para o
monitoramento de tornozeleira eletrônica não pode ser considerado falta grave do
Sentenciado.
Destarte, é considerado mero descumprimento de condiçã o obrigató ria, que autoriza a
aplicaçã o de sançã o disciplinar, mas nã o configura, mesmo em tese, a prá tica de falta grave,
em razã o de nã o estar prevista no rol taxativo do artigo 50 da Lei de Execucoes Penais,
podendo ser considerada ofensa ao Princípio da Legalidade.
Isto porque, diferentemente dos casos de rompimento do lacre da tornozeleira eletrô nica
ou uso da tornozeleira sem bateria suficiente, o Sentenciado deixa de manter o aparelho em
funcionamento, restando impossível o seu monitoramento eletrô nico, o que até poderia
equivaler, em ú ltima aná lise, à pró pria fuga. No presente caso, contudo, há somente a mera
inobservâ ncia do perímetro de inclusã o declarado para o período noturno, que foi
detectado pelo pró prio rastreamento do sistema de GPS, mantendo-se assim o Sentenciado
sob normal vigilâ ncia.
Neste sentido, segue a decisã o do Colendo Tribunal:
RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. OMISSÃO E AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
QUESTÃO DECIDIDA. EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. ROL TAXATIVO. TORNOZELEIRA ELETRÔNICA.
INOBSERVÂNCIA DO PERÍMETRO DE INCLUSÃO RASTREADO PELO MONITORAMENTO. DESCUMPRIMENTO DE
CONDIÇÃO OBRIGATÓRIA QUE AUTORIZA SANÇÃO DISCIPLINAR MAS NÃO CONFIGURA FALTA GRAVE. RECURSO
PROVIDO.1. Não há violação dos artigos 619 e 620 do Código de Processo Penal se o Tribunal a quo decide todas as
questões suscitadas e utiliza fundamentação suficiente para solucionar a controvérsia sem incorrer em omissão,
contradição ou obscuridade.2. Resta incontroverso da doutrina e da jurisprudência que é taxativo o rol do artigo
50 da Lei de Execucoes Penais, que prevê as condutas que configuram falta grave.3. Diversamente das hipóteses
de rompimento da tornozeleira eletrônica ou de uso da tornozeleira sem bateria suficiente, em que o apenado
deixa de manter o aparelho em funcionamento e resta impossível o seu monitoramento eletrônico, o que
poderia até equivaler, em última análise, à própria fuga, na hipótese de inobservância do perímetro de inclusão
declarado para o período noturno detectado pelo próprio rastreamento do sistema de GPS, o apenado se
mantém sob normal vigilância, não restando configurada falta grave mas, sim, descumprimento de condição
obrigatória que autoriza sanção disciplinar, nos termos do artigo 146-C, parágrafo único da Lei de Execucoes
Penais.4. Recurso provido.(REsp 1519802/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 10/11/2016, DJe 24/11/2016)
De outra forma, Excelência, nã o sobreveio aos autos quaisquer informaçõ es a respeito de
prá ticas de outros crimes, ou de eventuais indícios de fugas perpetradas pelo Sentenciado.
Pelo contrá rio, ele estava trabalhando, e comparecia na Secretaria mensalmente para
justificar as suas atividades desde quando começou a utilizar o equipamento.
Neste sentido, embora tenha violado o dever de recolhimento domiciliar em horá rio
determinado, a aplicaçã o de uma advertência por escrito ao Executado é perfeitamente
cabível e adequada no presente caso, por nã o resultar impedimentos e consequências
danosas no cumprimento de sua pena, e pelo fato do Executado apresentar sinais de
responsabilidade.
Assim leciona o artigo 146-C da Lei nº 7.210/1984 ( Lei de Execucoes Penais):
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos
seguintes deveres:
I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas
orientações;
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
III - (VETADO);
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da
execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:
I - a regressão do regime;
II - a revogação da autorização de saída temporária;
III - (VETADO);
IV - (VETADO);
V - (VETADO);
VI - a revogação da prisão domiciliar;
VII - advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não aplicar alguma das
medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo. (Grifo nosso)

Nã o obstante, o Executado faz jus à progressã o ao regime aberto, tendo em vista que
cumpriu 2/5 (dois quintos) da pena, no dia 24 (vinte e quatro) de maio, e dessa forma, nã o
sendo reconhecida a falta grave, deve o Executado progredir para o regime mais brando de
cumprimento de pena.
Portanto, nã o havendo condutas mais gravosas pelo Sentenciado, nã o pode ele sofrer uma
penalidade tã o grave como a regressã o de regime, que irá prejudicar exponencialmente a
sua ressocializaçã o, pois os benefícios de um cumprimento de pena monitorado fora do
cá rcere sã o infinitamente mais vantajosos, do que pela situaçã o que se encontra hoje o
sistema penitenciá rio nacional.
4. DA CONCLUSÃO:
Diante de todo o exposto, pede-se, encarecidamente, à Vossas Excelências, que seja o
presente recurso CONHECIDO, e no mérito PROVIDO, para o fim de reformar a decisã o que
homologou a falta grave aplicada em desfavor do Executado, requerendo seja reconhecida e
aplicada advertência por escrito ao Executado (art. 146-C, pará grafo ú nico, inciso VII, da
Lei de Execucoes Penais), pois ultrapassar o perímetro estabelecido para o monitoramento
de tornozeleira eletrô nica nã o é tipificado como falta grave pela Lei de Execucoes Penais,
bem como a sua progressã o para o regime aberto, por ser medida de DIREITO e de
JUSTIÇA!!!
Nestes termos, pede e espera deferimento.
___________ – PR, datado digitalmente.
ADVOGADO
OAB__ nº __________

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