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Tema 007

Recurso em sentido estrito (Continuação). Processamento do recurso: prazo, juízo de retratação. Efeitos

Revisão: 1

Inseri algumas passagens do caderno de recursos da Lívia da DP_RJ

O procedimento do RSE é o seguinte:

1. Petição de interposição (5 dias - Art. 586)

Art. 586.  O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias. (...)

2. Apresentações de Razões do RES (2 dias – Art. 588).

Art. 588.  Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o
fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
        Parágrafo único.  Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor.

3. Contrarrazões (2 dias - Art. 588)

4. Juízo de Retratação (2 dias - Art. 589)

Art. 589.  Com a resposta do recorrido ou sem ela (o STJ não admite a não apresentação das razões porque fere a ampla
defesa), será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho,
mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.

5. O juiz mantém (sobe para o Tribunal) ou reforma a decisão.

6. Caso o juiz reforme a decisão:

6.1 Se a nova decisão estiver no rol do Art. 581 se aplica Art. 589 parágrafo único, promovendo a subida por simples
petição. Isto só ocorre nas decisões pro et contra.

        Parágrafo único.  Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da
nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de
novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.

6.2 Se a nova decisão não estiver no rol do Art. 581 o procedimento acaba por aqui.

Vamos fazer agora uma revisão da TGR

A) Pressupostos Objetivos

A.1) Cabimento
A.2) Regularidade
A.3) Tempestividade
A.4) Ausência de Fato Impeditivo
A.5) Ausência de Fato Extintivo
A.6) Pressuposto Recursal Lógico
A.7) Pressuposto Recursal Fundamental

A.1) Cabimento

O recurso deve ter previsão legal.

A.2) Regularidade

Os recursos devem atender os requisitos legais.

É possível a interposição simultânea da petição e das razões?

Resposta: Existem vários precedentes no TJ_RJ não admitindo a interposição simultânea, sob a alegação de que a petição
de interposição deve vir de forma isolada para melhor análise do juízo de admissibilidade. Na lei 9.099 a apelação exige que
petição e razões sejam apresentadas simultaneamente, em 10 dias.

A.3) Tempestividade
Os prazos se iniciam na forma da Súmula 710 do STF.

STF, SÚMULA Nº 710: NO PROCESSO PENAL, CONTAM-SE OS PRAZOS DA DATA DA INTIMAÇÃO, E NÃO DA JUNTADA
AOS AUTOS DO MANDADO OU DA CARTA PRECATÓRIA OU DE ORDEM.

Havendo vários réus com advogados distintos como se conta o prazo?

Resposta: O prazo começará a correr a partir da última intimação, se trata, portanto, de prazo comum.

A.4) Ausência de Fato Impeditivo

Fatos impeditivos são àqueles que surgem antes da interposição do recurso.

Os fatos impeditivos são a preclusão e a renúncia.

A.5) Ausência de Fato Extintivo

Fatos impeditivos são àqueles que surgem após a interposição do recurso.

Os fatos extintivos são a desistência e a deserção.

A.6) Pressuposto Recursal Lógico

É a existência de uma decisão.

A.7) Pressuposto Recursal Fundamental

É a existência de sucumbência. Sucumbência é a desconformidade entre o que foi pedido e o que decidido.

B) Coisa Julgada

B.1) Os limites subjetivos da coisa julgada


B.2) Os limites objetivos da coisa julgada
B.3) Crime Habitual e Coisa Julgada

Coisa julgada é a imutabilidade de uma decisão naquele ou em qualquer outro processo.

Pode ser formal ou material.

B.1) Os limites subjetivos da coisa julgada

Quem é afetado pela coisa julgada?

Resposta: A coisa julgada atinge apenas ao denunciado, não sendo possível estende-la a terceiros, salvo para aqueles que
defendem a aplicação analógica do Art. 580 do CPP.

Art. 580.  No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

B.2) Os limites objetivos da coisa julgada

O que faz coisa julgada no processo penal?

Resposta: o que faz coisa julgada no processo penal é o fato imputado, a causa de pedir, que consta da denúncia.

De acordo com o STF o que faz coisa julgada é o núcleo da imputação, independente da tipificação jurídica dada ao fato.

Se A foi denunciado por ter subtraído coisa alheia móvel pertencente a B e foi absolvido com sentença transitada em
julgado, não importa se posteriormente o mesmo fato foi chamado de estelionato ou de apropriação indébita, pois o que faz
coisa julgada é o deslocamento do patrimônio de A para B realizado naquele dia e naquele local.

Por esse motivo, o STF entende que é possível denunciar novamente o agente que foi absolvido da acusação de ter sido o
executor de um homicídio, agora sendo o autor intelectual do mesmo crime, pois o núcleo da imputação é distinto.

B.3) Crime Habitual e Coisa Julgada


A partir de que momento a reiteração do comportamento criminoso pode ser considerado uma nova conduta
e assim ensejar uma nova ação penal?

Resposta: Temos diversas correntes, a saber:

 1ª Corrente: Segundo Aury, a denúncia deve delimitar o marco temporal onde a conduta foi reiterada, de forma que o
que for feito após a denúncia caracterize um novo crime.

 2ª Corrente: Segundo Nucci, tudo o que foi feito até a sentença condenatória caracteriza o mesmo crime, o que for
renovado após esse momento ensejaria uma segunda ação penal.

Atenção: A publicação de sentença no processo penal não é marco para nada, os prazos no processo penal tem início a
partir da intimação.

Caderno de Exercícios

1ª Questão

O Ministério Público interpôs recurso em sentido estrito contra a decisão que rejeitou a denúncia ofertada em face de
Ticio. Formado o instrumento, o juiz confirmou a decisão e mandou subirem os autos à superior instância.

Ticio, por seu defensor, requereu ao relator do recurso que lhe fosse concedida oportunidade para apresentar suas
contra-razões recursais, por ser de seu legítimo interesse. Diga se o pleito deve ser acolhido

Solução

Tício tem direito de apresentar as suas contra-razões na forma disposta na súmula 707 do STF.

STF, SÚMULA Nº 707: CONSTITUI NULIDADE A FALTA DE INTIMAÇÃO DO DENUNCIADO PARA OFERECER CONTRA-
RAZÕES AO RECURSO INTERPOSTO DA REJEIÇÃO DA DENÚNCIA, NÃO A SUPRINDO A NOMEAÇÃO DE DEFENSOR DATIVO.

2ª Questão

Deferida a liberdade provisória ao réu, o Ministério Público, que havia se manifestado contrariamente ao pleito, interpôs o
recurso previsto no art. 581, V, do Código de Processo Penal, pleiteando a cassação do decisum e o conseqüente
restabelecimento da prisão em flagrante do recorrido, que era, como provou o recorrente, conhecido estelionatário com
múltiplas condenações e cometera o crime atual logo após o cumprimento de seu livramento condicional. Também provou o
recorrente que o recorrido comprara uma passagem aérea com o objetivo de fugir do Brasil e a viagem ocorreria dentro de
poucos dias. Por isso, também impetrou mandado de segurança, objetivando que ao recurso fosse conferido
efeito suspensivo. Indaga-se se a segurança deve ou não ser concedida.

Solução

A segurança não deve ser concedida, pois se a lei não trouxe previsão de efeito suspensivo não há direito líquido e certo a
ser amparado por MS.

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