Semestre: 5° Semestre. Matéria: Direito Processual Civil II Enunciado Pedro, brasileiro, solteiro, jogador de futebol profissional, residente no Rio de Janeiro/RJ, legítimo proprietário de um imóvel situado em Juiz de Fora/MG, celebrou, em 1o de outubro de 2012, contrato por escrito de locação com João, brasileiro, solteiro, professor, pelo prazo de 48 (quarenta e oito) meses, ficando acordado que o valor do aluguel seria de R$ 3.000,00 (três mil reais) e que, dentre outras obrigações, João não poderia lhe dar destinação diversa da residencial. Ofertou fiador idôneo. Após um ano de regular cumprimento da avença, o locatário passou a enfrentar dificuldades financeiras. Pedro, depois de quatro meses sem receber o que lhe era devido, ajuizou ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis perante a 2ª Vara Cível da Comarca de Juiz de Fora/MG, requerendo, ainda, antecipação de tutela para que o réu/locatário fosse despejado liminarmente, uma vez que desejava alugar o mesmo imóvel para Francisco. O magistrado recebe a petição inicial de AÇÃO DE DESPEJO, regularmente instruída e distribuída, e defere a medida liminar pleiteada, concedendo o prazo de 72 (setenta e duas) horas para João desocupar o imóvel, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00 (dois mil reais). E ao final da demanda profere a sentença procedente. Você advogado do réu toma conhecimento da presente decisão, sendo assim, apresente o recurso cabível diferente de embargos de declaração.
a) Qual recurso a ser interposto?
- Como define o Art. 203°; do CPC, os atos do juiz é dividido em, despacho, decisão interlocutória e sentença, assim após uma leitura minuciosa e estudo do caso, estamos diante de uma sentença, onde o juiz pois fim a fase cognitiva do procedimento comum , portanto como define o enunciado, diferente de embargos de declaração caberá APELAÇÃO (Art. 1009; CPC), que devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada para que haja o reexame da decisão judicial. - Caso a apelação seja interposta em juízo de primeiro grau(Art. 1.010°; CPC), deverá conter (os nomes e a qualificação das partes; a exposição do fato e do direito; as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade e o pedido de nova decisão), caso o recurso seja recebido no tribunal observará o Art. 1011°. CPC. - O magistrado sentenciou procedente a ação de despejo e defere a medida liminar pleiteada, concedendo o prazo de 72 horas para João desocupar o imóvel , sob pena de multa diária de R$ 2.000,00. Contudo de acordo com o Art. 1.012°; CPC, a apelação terá efeito suspensivo, exceto pelas hipóteses do §1°. - Como já estudamos os recursos não impedem a eficácia e os efeitos naturais da sentença e decisão do juiz (Art.995°; CPC), salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso, contudo dentro dos efeitos possíveis do recurso, encontramos o efeito suspensivo, que diz respeito a impossibilidade de a decisão impugnada gerar seus efeitos naturais enquanto não for julgado o recurso interposto. De acordo com Daniel Amorim diz o recurso não suspender a eficácia da decisão, mas sim sua recorribilidade, ou seja, se o recurso interposto não tiver previsão legal quanto ao efeito suspensivo, não existe razão para suspender tais efeitos. - A apelação como leciona o Art. 1012°; tem efeito suspensivo. - Lembrando que o efeito suspensivo vem nas hipóteses que o relator e a lei observar risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. - Portanto como a decisão foi negativa para João, o qual deverá desocupar o imóvel em 72 horas, sob pena de pagar multa diária de R$ 2.000,00, poderá ter efeito suspensivo da decisão.
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b) Qual o prazo da interposição o recurso?
- De acordo com o Art. 1.003°; CPC, o prazo para a interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. - E o prazo para interpor normalmente os recursos é de 15 (quinze) dias.( Art. 1003°; §5°).
c) Qual natureza jurídica do recurso?
- Quando se fala em natureza jurídica, estamos nos referindo a relevância que determinado assunto tem para o direito para o direito, - Portanto a natureza jurídica dos recursos, é porque o mesmo é tratado como uma extensão do direito subjetivo de ação, pois o mesmo não ficará fora da lide/processo, sendo um prolongamento daquele direito fundamental (o direito de ação), que é poder de acessar os tribunais e exigir deles um tutela jurisdicional, na qual a parte inconformada com a decisão proferida, fundamentando os motivos pelos quais a decisão deverá ser modificada seja para reformar, invalidar, esclarecer a decisão imposta.
d) Discorra sobre o princípio da dialeticidade, conforme a teoria geral dos recursos?
- Os doutrinadores costumam subdividir em dois elementos: o volitivo e o descritivo. O primeiro refere à vontade da parte em recorrer para que a decisão seja reexaminada, o segundo diz respeito aos fundamentos e pedido constante no recurso. De maneira objetiva o princípio da dialeticidade corresponde a fundamentação dos recursos, o qual deve impugnar os pontos especificamente da decisão impugnada, ou seja, permite que a parte interessada no recurso tenha uma base nas suas intenções, lembrando que este está intimamente ligado ao princípio do contraditório, norteando os limites da decisão .
e) Cabe recurso adesivo?
Cabe, desde que interposto de maneira adequada e no momento certo, pois o recurso adesivo é aquele que aderi e é subordinado ao recurso principal ou "independente", ou seja, depende da manifestação da parte contrária. - Pois o recurso principal é aquele interposto e oferecido dentro do prazo recursal, demonstrando um interesse inicial de impugnar e contestar, já o recurso adesivo é apresentado no momento de contrarrazões (que também tem prazo de 15 dias). - O Art. 997°; II: CPC- diz que: será admissível recurso adesivo na apelação; no recurso extraordinário e no recurso especial. - Lembrando ainda, que se deve observar se a sentença foi totalmente procedente; parcialmente procedente ou improcedente, neste caso como Pedro cumulou "ação de despejo com a cobrança dos alugueis atrasados" e teve apenas um dos pedidos atendidos "AÇÃO DE DESPEJO", poderá aderir ao recurso principal e independente de João, através de apelação adesiva. Assim como entende o §1° do Art. 997° onde vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderia ao outro (Sucumbência recíproca).
f) Recurso será de fundamentação livre ou vinculada?
- A fundamentação ou também considerada causa de pedir do recurso é dividida em livre e vinculada, contudo ainda existem contradições e interpretações doutrinárias acerca de quais recursos são livres e quais são vinculados. - Os de fundamentação livre significa que o recorrente tem ampla liberdade as matérias a serem alegadas em sua fundamentação. Não se limitando as determinações expressas em lei. - Já a de fundamentação vinculada, o recorrente não poderá alegar qualquer matéria, mas sim as matérias expressas em lei/restrita em lei, devendo mostra uma violação do ordenamento jurídico e aos requisitos constitucionais. - Portanto a apelação cabe fundamentação livre .