Você está na página 1de 8

VOTO

00
O Senhor Ministro Alexandre de Moraes (Relator): Eis o teor da decisão

00:
agravada:

22
Trata-se de Reclamação, com pedido de liminar, proposta contra
acórdão da 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio

0
5/2
de Janeiro, o qual teria violado os termos da tese estabelecida por esta
SUPREMA CORTE no Tema 22 da Repercussão Geral, RE 560.900, Rel.

0/0
Min. ROBERTO BARROSO.
Na inicial, a parte autora apresenta as seguintes alegações de fato
e de direito (fls. 2-3):

-2
O autor ingressou com a demanda em dependência afim de
anular o ato de reprovação do candidato e, por conseguinte, permitir

to
que o impetrante participe das demais fases do processo seletivo, qual
vo
seja curso de formação.
Os autos seguiram até o STF quando então o ministro DIAS
de

TOFFOLI reconheceu a repercussão geral no tema 22, RE560900.


Em 05/02/2020 foi julgado o tema. Fixada a tese no dia 02/02/2020
ta

amplamente divulgada pela mídia;


(...)
inu

Os ministros afirmaram que o candidato só pode ser excluído da


disputa se for condenado de forma definitiva.
-m

Deste modo deu-se provimento ao recurso, restando assim que


fosse feito o Juízo de retratação pelo Tribunal de Origem.
Haja vista que o que consta são inquéritos de ameaça em que o
al

autor, reclamante figurou como autor no qual foram arquivados sem


rtu

condenações.
Contudo, não foi esse o entendimento da Quinta Câmara Cível do
Vi

Estado do Rio de Janeiro, que discordou da Suprema Corte violando


jurisprudência já pacificada julgada em sede de repercussão geral.
rio

Desta forma o tribunal de origem está se negando a se retratar


para seguir decisão do STF.

Nestes termo é cabida a reclamação perante o Supremo Tribunal


Federal será sempre cabível para: (i) preservar a competência do
Ple

Tribunal; (ii) garantir a autoridade de suas decisões; e (iii) garantir a


observância de enunciado de Súmula Vinculante e de decisão desta
Corte em controle concentrado de constitucionalidade, nos termos do
art. 988 do Código de Processo Civil.
Ao final, requer o julgamento liminar da presente Reclamação
Constitucional para que seja determinado que o ESTADO DO RIO DE
JANEIRO inclua o autor nos cadastros da PMERJ de forma definitiva
(fl. 4).
1
Em despacho publicado, no dia 10/1/2022, determinei que a parte
reclamante, no prazo de quinze dias, sob pena de extinção dos autos,
instruísse o presente processo com os documentos indispensáveis à

00
compreensão da controvérsia, em especial, o inteiro teor de todos os

00:
termos circunstanciados de ocorrência, inquéritos policiais e processos
penais, aos quais, por ventura, tenha figurado como acusado e que
tenham servido de fundamento para a decisão administrativa atacada

22
pelo mandado de segurança na origem.

0
Em respeito à esta determinação, a parte autora manifestou-se no

5/2
sentido de que não há certidão de inteiro teor nem possibilidade de se
obter pois informaram que tendo em vista o tempo que já está

0/0
arquivado os autos foram incinerados (doc. 15).
Não houve manifestação da Secretaria de Estado da Polícia Militar
do Rio de Janeiro (doc. 34).

-2
É o relatório. Decido.
A respeito do cabimento da reclamação para o SUPREMO

to
TRIBUNAL FEDERAL, dispõem os arts. 102, I, l , e 103-A, caput e § 3º,
vo
ambos da Constituição Federal:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
de

guarda da Constituição, cabendo-lhe:


I - processar e julgar, originariamente:
ta

[...]
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia
inu

da autoridade de suas decisões;


Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por
-m

provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após


reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que,
a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante
al

em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração


rtu

pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,


bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
Vi

estabelecida em lei.
[...]
rio

§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a


súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação

ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o


ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e
Ple

determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da


súmula, conforme o caso.
Veja-se também o art. 988, I, II e III, do Código de Processo Civil:
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério
Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;

2
III garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de
decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade; [...]

00
Inicialmente, registro que a presente Reclamação foi protocolada

00:
nesta CORTE em 11/11/2021. Desse modo, é inaplicável, ao caso sob
exame, o art. 988, § 5º, inciso I, do CPC, que assimilou antigo
entendimento do STF, proferido na Súmula 734 ( Não cabe reclamação

22
quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega

0
tenha desrespeitado decisão do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ),

5/2
uma vez que, segundo informações obtidas no sítio eletrônico do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o processo no qual foi proferido

0/0
o ato impugnado encontra-se em tramitação.
O parâmetro invocado é o Tema 22 da Repercussão Geral (RE
560.900, Rel. Min. ROBERTO BARROSO), no qual fixou-se o seguinte

-2
entendimento:
Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei,

to
não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a
vo
participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito
ou ação penal.
de

As conclusões do acórdão desse precedente foram sintetizadas nos


termos da ementa a seguir transcrita:
ta

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO


GERAL. IDONEIDADE MORAL DE CANDIDATOS EM
inu

CONCURSOS PÚBLICOS. INQUÉRITOS POLICIAIS OU


PROCESSOS PENAIS EM CURSO. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
-m

PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA. 1. Como regra


geral, a simples existência de inquéritos ou processos penais em curso
não autoriza a eliminação de candidatos em concursos públicos, o que
al

pressupõe: (i) condenação por órgão colegiado ou definitiva; e (ii)


rtu

relação de incompatibilidade entre a natureza do crime em questão e


as atribuições do cargo concretamente pretendido, a ser demonstrada
Vi

de forma motivada por decisão da autoridade competente. 2. A lei


pode instituir requisitos mais rigorosos para determinados cargos, em
rio

razão da relevância das atribuições envolvidas, como é o caso, por


exemplo, das carreiras da magistratura, das funções essenciais à

justiça e da segurança pública (CRFB/1988, art. 144), sendo vedada, em


qualquer caso, a valoração negativa de simples processo em
Ple

andamento, salvo situações excepcionalíssimas e de indiscutível


gravidade. 3. Por se tratar de mudança de jurisprudência, a orientação
ora firmada não se aplica a certames já realizados e que não tenham
sido objeto de impugnação até a data do presente julgamento. 4.
Recurso extraordinário desprovido, com a fixação da seguinte tese de
julgamento: Sem previsão constitucional adequada e instituída por lei,
não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a
participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito
3
ou ação penal. (RE 560.900, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal
Pleno, DJe de 17/8/2020).
Por ocasião do julgamento, o Eminente Relator do precedente

00
paradigma aduziu, entre outros fundamentos, os seguintes:

00:
29. (...) pode-se afirmar que certos cargos pressupõem, por
definição, um controle de idoneidade moral mais estrito em razão das
atribuições envolvidas, razão pela qual, em princípio, são

22
incompatíveis com quaisquer condenações criminais, salvo casos

0
excepcionais. É o que ocorre com as carreiras da magistratura, das

5/2
funções essenciais à justiça (Ministério Público, Advocacia Pública e
Defensoria Pública) e da segurança pública (CF/1988, art. 144). Trata-

0/0
se de agentes da lei, dos quais se exige não só que apliquem o direito
em suas atividades profissionais envolvendo terceiros, mas,
sobretudo, que o apliquem para si próprios, que vivam conforme o

-2
direito: essa é uma condição moral básica para exigir de outrem o
cumprimento da lei, função precípua de tais agentes públicos.

to
30. A lei pode vir a reforçar o controle de acesso a tais cargos,
vo
dispondo, por exemplo, que eventual condenação judicial em primeira
instância, ou mesmo a imposição administrativa de pena por infração
de

disciplinar (respeitado, em qualquer caso, o contraditório), seria


suficiente para a eliminação de candidato em concurso público. Esse
ta

tratamento mais estrito harmoniza-se com o § 7º ao art. 37 da CRFB


/1988, o qual determina que A lei disporá sobre os requisitos e as
inu

restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta e


indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
-m

(…)
No caso concreto, o então impetrante buscou impedir sua
eliminação do certame de provimento de cargo de Soldado da Polícia
al

Militar do Estado do Rio de Janeiro, em razão de ter sido reprovado


rtu

na prova de investigação social do referido concurso público. Tal


pretensão foi negada pelo Tribunal de origem ao fundamento de que
Vi

havia previsão editalícia de eliminação de candidato que tenha


respondido a inquérito policial ou figurado como autor em Termo
rio

Circunstanciado de Ocorrência, e que o Tema 22 da Repercussão Geral


(RE 560.900, Rel. Min. ROBERTO BARROSO) autoriza a fixação de

critérios mais rigorosos para os cargos da carreira da segurança


pública, em razão da relevância das atribuições envolvidas. Destaco os
Ple

seguintes trechos da decisão impugnada (doc. 8, fls. 3-4):


Reexame do recurso de apelação em mandado de segurança
preventivo por força da decisão proferida pela E. 3ª Vice-Presidência
que vislumbrou possível divergência do v. acórdão proferido por esta
C. Câmara Cível com o entendimento consolidado no E. Supremo
Tribunal Federal no julgamento do RE nº 560.900/DF sob a sistemática
da repercussão geral pelo C. Tribunal Pleno, relator o Ministro LUIS
ROBERTO BARROSO:
4
(...)
O exercício do juízo de retratação não se justifica pois, ao contrário
do que entendeu a E. 3º Vice-Presidência, inexiste divergência entre os

00
julgados, considerando que o v. aresto desta C. Câmara Cível se valeu

00:
exatamente dos parâmetros estabelecidos no v. acórdão paradigma.
Embora o v. aresto paradigma exija a "condenação por órgão
colegiado ou definitiva" e "a relação de incompatibilidade entre a

22
natureza do crime em questão e as atribuições do cargo concretamente

0
pretendido" para permitir a reprovação de candidatos em concursos

5/2
públicos, autoriza a fixação de critérios "mais rigorosos para
determinados cargos, em razão da relevância das atribuições

0/0
envolvidas, como é o caso, por exemplo, das carreiras... da segurança
pública", exatamente a hipótese dos autos.
A alta importância do policial militar para a coletividade exige

-2
que o candidato esteja apto intelectual, física, psicológica e
socialmente ao seu exercício do cargo tendo em vista os elevados

to
graus de risco e de responsabilidades no desempenho da referida
vo
atividade .
Se o Apelante não concordava com a regra do edital que
de

estabelece a eliminação do candidato que tenha respondido a


inquérito policial ou figurado como autor em Termo Circunstanciado
ta

de Ocorrência, deveria impugná-la antes do início do certame. A


partir da inscrição e do início das provas, o candidato anui com as
inu

regras do concurso, sem possibilidade de impugná-las posteriormente


.
-m

Vale notar que o Apelante apoia sua pretensão exclusivamente no


arquivamento do procedimento criminal pela retratação da vítima,
sem em momento algum negar a prática do fato delituoso .
al

Nestes termos, mantém-se o acórdão no reexame da apelação.


rtu

No caso, não assiste razão jurídica ao reclamante.


Conforme consta no ato jurisdicional impugnado, o próprio
Vi

Apelante reconhece não atender ao edital quanto ao item que prevê a


eliminação do candidato que tenha respondido a inquérito policial ou
rio

figurado como autor em Termo Circunstanciado de Ocorrência , ainda


se determinado o arquivamento, desistência do querelante ou

retratação da vítima. Vale notar que a prática do fato delituoso sequer


é negada pelo Apelante, que apoia sua pretensão exclusivamente no
Ple

arquivamento do procedimento criminal pela retratação da vítima


(doc. 4, fl. 3).
Acerca do tema, impende registrar que a profissão militar recebeu
tratamento especial no texto constitucional, especialmente no art. 142,
§ 3º, da CF, em que há a expressa exceção a direitos sociais conferidos
a todos os trabalhadores, o que legitima a edição de legislação
restritiva.

5
O mesmo ocorre com as atividades de segurança pública (art. 144,
CF), cuja essencialidade justifica um regramento próprio e, em certos
aspectos, mais restritivo. Assim o demonstra o julgamento do ARE

00
654.432 (Rel. Min. EDSON FACHIN, redator do acórdão Min.

00:
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2017,
DJe de 8/6/2018), no qual se excetuou o direito de greve para os
servidores da Polícia Civil.

22
As carreiras de segurança pública exercem atividade típica de

0
Estado, com autoridade sobre a vida e a liberdade de toda a

5/2
coletividade, em razão do que é imperativo que os ocupantes desses
cargos estejam submetidos a critérios mais severos de controle.

0/0
Não se trata, portanto, de verificar sobre eventual culpa ou
inocência do impetrante em relação aos inquéritos policiais a que
respondeu, mas de valoração da conduta moral do candidato. Por esse

-2
motivo, tenho que a exigência de idoneidade moral para o ingresso
em carreiras de segurança pública é plenamente legítima e consistente
com o texto constitucional.
to
vo
Naturalmente, alguém que está ou já esteve envolvido em
ocorrências policiais está sujeito a consequências próprias do regime
de

jurídico da carreira funcional que pretende integrar. Trata-se de


cautela relacionada à proteção da moralidade da Administração
ta

Pública.
Neste sentido, cito recente precedente da 1ª Turma desta
inu

SUPREMA CORTE:
EMENTA: AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
-m

COM AGRAVO. CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADO DA


POLÍCIA MILITAR. FASE DE ANÁLISE DE CONDUTA SOCIAL.
ACUSAÇÃO DA PRÁTICA DE DIVERSOS CRIMES.
al

INCOMPATIBILIDADE COM AS CARREIRAS DE SEGURANÇA


rtu

PÚBLICA. TEMA 22. 1. Nos termos da tese fixada no Tema 22,


julgado sob o rito da repercussão geral (RE 560.900-RG, Rel. Min.
Vi

ROBERTO BARROSO, DJe de 17/8/2020), sem previsão


constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a
rio

cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de


candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou ação penal. 2.

As carreiras de segurança pública são atividades típica de Estado, com


autoridade sobre a vida e a liberdade de toda a coletividade, em razão
Ple

do que é imperativo que os ocupantes desses cargos estejam


submetidos a critérios mais severos de controle. 3. No presente caso
concreto, trata-se de demanda na qual o autor, ora recorrente, postula
a anulação de ato administrativo que determinou sua eliminação do
certame público para ingresso no Curso de Formação de Soldados da
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, por ter faltado com a
verdade no preenchimento do Inventário Pessoal na fase do exame
social, uma vez que foi acusado da prática de diversos crimes. 4. A
6
profissão militar recebeu tratamento especial no texto constitucional,
especialmente no art. 142, § 3º, da CF, em que há a expressa exceção a
direitos sociais conferidos a todos os trabalhadores, o que legitima a

00
edição de legislação restritiva. O mesmo ocorre com as atividades de

00:
segurança pública (art. 144, CF), cuja essencialidade justifica um
regramento próprio e, em certos aspectos, mais restritivo. 5. Não se
trata, portanto, de verificar sobre eventual culpa ou inocência do

22
impetrante em relação ao processo criminal a que respondeu, mas de

0
valoração da conduta moral do candidato. Assim, a exigência de

5/2
idoneidade moral para o ingresso em carreiras de segurança pública é
plenamente legítima e consistente com o texto constitucional. 6.

0/0
Agravo Interno a que se nega provimento. Na forma do art. 1.021, §§
4º e 5º, do Código de Processo Civil de 2015, em caso de votação
unânime, fica condenado o agravante a pagar ao agravado multa de

-2
um por cento do valor atualizado da causa, cujo depósito prévio passa
a ser condição para a interposição de qualquer outro recurso (à

to
exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça,
vo
que farão o pagamento ao final). (ARE 1.338.798 AgR, Relator
ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, Dje de 24/9/2021).
de

Nessas circunstâncias, a autoridade impugnada aplicou


corretamente às diretrizes fixadas no Tema 22 da repercussão geral,
ta

respeitando, dessa forma, a autoridade desta SUPREMA CORTE no


que ficou decidido nos autos do RE 560.900, Rel. Min. ROBERTO
inu

BARROSO.
Diante do exposto, com base no art. 21, § 1º, do Regimento Interno
-m

do Supremo Tribunal Federal, NEGO SEGUIMENTO À


RECLAMAÇÃO.
al
rtu

As alegações ora trazidas não são suficientes para alterar a decisão


agravada.
Vi

Como tive oportunidade de enfatizar naquele julgado, na origem, o


então impetrante buscou impedir sua eliminação do certame de provimento
rio

de cargo de Soldado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, em


razão de ter sido reprovado na etapa de investigação social do referido


concurso público. Tal pretensão foi negada pelo Tribunal de origem ao
Ple

fundamento de que havia previsão editalícia de eliminação de candidato


que tenha respondido a inquérito policial ou figurado como autor em
Termo Circunstanciado de Ocorrência, e que o Tema 22 da Repercussão
Geral (RE 560.900, Rel. Min. ROBERTO BARROSO) autoriza a fixação de
critérios mais rigorosos para os cargos da carreira da segurança pública, em
razão da relevância das atribuições envolvidas.

7
Acerca do tema, cumpre registrar que a profissão militar recebeu
tratamento especial no texto constitucional, especialmente no art. 142, § 3º,
da CF, em que há a expressa exceção a direitos sociais conferidos a todos os

00
trabalhadores, o que legitima a edição de legislação restritiva.

00:
O mesmo ocorre com as atividades de segurança pública (art. 144, CF),
cuja essencialidade justifica um regramento próprio e, em certos aspectos,

22
mais restritivo. Assim o demonstra o julgamento do ARE 654.432 (Rel. Min.

0
EDSON FACHIN, redator do acórdão Min. ALEXANDRE DE MORAES,

5/2
Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2017, DJe de 8/6/2018), no qual se
excetuou o direito de greve para os servidores da Polícia Civil.

0/0
As carreiras de segurança pública exercem atividade típica de Estado,

-2
com autoridade sobre a vida e a liberdade de toda a coletividade, em razão
do que é imperativo que os ocupantes desses cargos estejam submetidos a
critérios mais severos de controle.
to
vo
Não se trata, portanto, de verificar sobre eventual culpa ou inocência do
de

reclamante em relação aos inquéritos policiais a que respondeu, mas de


valoração da conduta moral do candidato. Por esse motivo, tenho que a
ta

exigência de idoneidade moral para o ingresso em carreiras de segurança


pública é plenamente legítima e consistente com o texto constitucional.
inu

Naturalmente, alguém que está ou já esteve envolvido em ocorrências


-m

policiais está sujeito a consequências próprias do regime jurídico da carreira


funcional que pretende integrar. Trata-se de cautela relacionada à proteção
da moralidade da Administração Pública.
al
rtu

Desse modo, ratifica-se o entendimento aplicado de modo a manter, em


todos os seus termos, a decisão recorrida.
Vi

Em nome do princípio da celeridade processual, evidenciada a ausência


rio

de prejuízo à parte ora agravada, ressalto que não houve a intimação para
apresentação de contrarrazões ao presente recurso (artigo 6º c/c artigo 9º do

CPC/2015).
Ple

Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso de agravo.

É como voto.

Você também pode gostar