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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR ALBERTO RAIMUNDO GOMES DOS

SANTOS, EMINENTE JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO DE 2º GRAU,


RELATOR DO AGRAVO NO RECURSO DE APELAÇÃO Nº 0000116-
24.2010.8.05.0201, EM TRÂMITE NA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA.

PAULO CEZAR JUNIOR SILVA MOREIRA, já qualificado nos autos em


epígrafe, através de seu único Advogado, vem perante Vossa Excelência, com
fulcro nos arts. 1.021 e seguintes do CPC, interpor AGRAVO INTERNO em
face da decisão ID 8430916, proferida nos autos do agravo de instrumento
acima especificado, requerendo seu regular processamento.

Outrossim, REQUER A DEVOLUÇÃO DO PRAZO PARA O PRESENTE


AGRAVO, tendo em vista que o subscritor, que desde há muito é o único
advogado a representar o agravante, conforme se pode constatar dos autos, foi
vitimado de uma grave pulpite supurativa, na qual foi obrigado a permanecer
deitado e tomando medicação, impossibilitado de exercer seu ofício durante
mais de quatro dias, sendo que para tanto apresenta o competente atestado
odontológico em anexo (DOC. 01 – ATESTADO ODONTOLÓGICO).

Invoca o causídico subscritor, em seu favor, o art. 223 e seus parágrafos, do


CPC, que assim preconizam:

“Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de


praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando
assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por
justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da
parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por
mandatário.
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a
prática do ato no prazo que lhe assinar.
(são nossas as sublinhas)

Com efeito, estando este causídico acamado e impossibilitado até de


conversar, não teve sequer como outorgar substabelecimento a tempo de
protocolar o recurso no prazo, mesmo porque, por se tratar de uma causa
extremamente complexa e repleta de discussões de toda ordem, seria
impossível para que outro profissional tomasse conhecimento dos fatos
processuais no prazo para o presente recurso, que já estava quase todo
concluído.

Dessa forma, conta com a compreensão dessa Augusta Relatoria para a


situação ocorrida, ressaltando a desnecessidade de assinalar novo prazo,
tendo em vista que o recurso está sendo apresentado juntamente com a
justificativa da extemporaneidade.

Termos em que,
Pede deferimento.
Salvador-BA, em 10 de outubro de 2022.

Sandro Astofi Tótola


OAB/BA 59.258
OAB/ES 35.278
Colenda Turma,

DAS RAZÕES DO AGRAVO

1. DO CABIMENTO

O presente recurso tem previsão legal no art. 1.021 caput do CPC, in verbis:

“Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator


caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao
processamento, as regras do regimento interno
do tribunal.”

Dessa forma, preenchido o requisito em comento.

2. DA TEMPESTIVIDADE

A tempestivo o presente agravo encontra-se justificada na petição de


interposição supra.

3. DA DESNECESSIDADE DE RECOLHIMENTO DE CUSTAS E TAXAS

O presente recurso não está sujeito a preparo, conforme se vê do § 4º do art.


319 do Regimento Interno do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia 1,
que assim preconiza:

“Art. 319. (...)

1
http://www5.tjba.jus.br/portal/wp-content/uploads/2020/07/REGIMENTO-INTERNO-ATUALIZADO-
EM-02072020.pdf, acesso em 29/09/2020.
§ 4º – Dispensa-se o preparo do agravo interno.
(ALTERADO CONFORME EMENDA REGIMENTAL
N. 04/2016, DE 16 DE MARÇO DE 2016, DJe
17/03/2016).

Nesse diapasão, são as Notas Explicativas da Tabela I, item II, nº 4, da Tabela


1 de Custas ano 20202, in verbis:

“4) Não incidirão taxas sobre o habeas corpus e


o habeas data, a ação popular, a ação civil
pública, salvo comprovada a má fé, a jurisdição
de menores, as ações de acidentes do trabalho, o
agravo de instrumento contra despacho
denegatório de seguimento de recursos
extraordinário e especial, admissibilidade de
Recursos especial e ordinário (STJ) e Recurso
Extraordinário (STF), o embargo em ação
monitória, o agravo regimental ou interno, o
agravo retido, embargos de declaração, os
pedidos de intervenção, as reclamações e ações
diretas de inconstitucionalidade e as tutelas
provisórias incidentais.”

4. MÉRITO

O Eminente Relator do agravo de instrumento ensejador do presente recurso


entendeu por bem não conhecer do recurso de apelação por intempestivo.
Nesse sentido, sua argumentação foi delineada nos seguintes termos:

“(..)
Cumpre analisar a tempestividade, requisito extrínseco da
admissibilidade recursal.

2
http://www5.tjba.jus.br/portal/wp-content/uploads/2019/12/Tabela_Custas_2020.pdf, acesso em
29/09/2020.
Da análise dos autos, observa-se que a decisão recorrida
foi disponibilizada no DJE (Diário da Justiça Eletrônico) em
21/08/2019, uma quarta-feira, considerando-se publicada na
quinta-feira, dia 22 de agosto de 2019, iniciando-se a
contagem do prazo recursal de 15 dias, no dia 23 de agosto
de 2019.
 
A este respeito, é preciso registrar que o CPC é claro, ao
estatuir no art. 224 o seguinte:
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão
contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do
vencimento.
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão
protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem
com dia em que o expediente forense for encerrado antes
ou iniciado depois da hora normal ou houver
indisponibilidade da comunicação eletrônica.
§ 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia
útil seguinte ao da disponibilização da informação no
Diário da Justiça eletrônico.
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil
que seguir ao da publicação.
 
Não há dúvida, portanto, acercada da data do início do
prazo para interposição da Apelação.
 
Também não há controvérsia acerca do prazo para
interposição deste Recurso, que é de 15 dias, a teor do que
dispõe o art. 1.003, §5º, CPC:
 
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se
da data em que os advogados, a sociedade de advogados,
a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério
Público são intimados da decisão.
[...]
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para
interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze)
dias.
 
Assim, contando-se os 15 dias úteis para a interposição do
Recurso ora sob análise, tem-se que o prazo expiraria no
dia 12 de setembro de 2019.
 
Sucede que, em exame acurado destes autos, conclui-se
que a juntada da peça recursal se deu de forma
extemporânea, isto é, em 21 de fevereiro de 2020.
 
Desta forma, impõe-se a declaração de intempestividade
do recurso.
Nesse sentido:
APELAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE CERTIFICADA. NÃO
CONHECIMENTO DO RECURSO. Ausência de requisito de
admissibilidade. Intempestividade certificada. Hipótese de
não conhecimento do recurso. Recurso não conhecido.(TJ-
RJ - APL: 00322572520158190042, Relator: Des(a). RENATA
MACHADO COTTA, Data de Julgamento: 02/05/2021,
TERCEIRA CÂMARA CÍVEL)
 
EMENTA: APELAÇÃO - NÃO CONHECIMENTO -
INTEMPESTIVIDADE CARACTERIZADA. Não é possível o
conhecimento de recurso interposto fora do prazo legal.
(TJ-MG - APR: 10073120031890001 Bocaiúva, Relator:
Alexandre Victor de Carvalho, Data de Julgamento:
20/10/2020, Câmaras Criminais / 5ª CÂMARA CRIMINAL,
Data de Publicação: 28/10/2020)
 
 
Por oportuno, faz-se pertinente mencionar, que após a
publicação da decisão atacada, o Agravante opôs
embargos de declaração, que eventualmente poderiam
interromper o prazo para interposição do presente Agravo
de Instrumento.
 
Mas tal fato não se concretizou, uma vez que os segundos
embargos de declaração, além de também não serem
conhecidos, foram considerados protelatórios.

Nessa hipótese, frise-se, não há interrupção do prazo para


interposição do Agravo de Instrumento.

Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
COM AGRAVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS. NÃO
INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL.
INTEMPESTIVIDADE. PRECEDENTES. 1. A parte agravante
não observou o prazo para a interposição do recurso
extraordinário (art. 1.003, § 5º, c/c art. 219, ambos do CPC).
2. Os Embargos de declaração incabíveis não interrompem
nem suspendem o prazo para a interposição do recurso
extraordinário. 3. Agravo regimental não provido, com
imposição de multa de 5% (cinco por cento) do valor
atualizado da causa (art. 1021, § 4º, do CPC), caso seja
unânime a votação. 4. Honorários advocatícios majorados
ao máximo legal em desfavor da parte recorrente, caso as
instâncias de origem os tenham fixado, nos termos do
artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil, observados
os limites dos §§ 2º e 3º e a eventual concessão de justiça
gratuita.(STF - ARE: 1278369 GO 0347615-
72.2012.8.09.0160, Relator: LUIZ FUX (Presidente), Data de
Julgamento: 23/11/2020, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: 16/12/2020. Sem grifo no original)
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 2009181 - CE
(2021/0339148-9) DECISÃO Trata-se de Agravo de decisão
que inadmitiu Recurso Especial (art. 105, III, a e c, da CF)
interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do
Estado do Ceará cuja ementa é a seguinte (fl. 157, e-STJ):
APELAÇÃO CÍVEL. ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO (LATO SENSU).
NÃO CARACTERIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS.
PACIENTE COM SUSPEITA DE INFECÇÃO POR H1N1.
CONDUTA DILIGENTE DO MUNICÍPIO. DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO. INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR.
SENTENÇA MODIFICADA. 1. No caso dos autos, a autora
requer indenização por danos morais decorrentes do
comportamento dos agentes públicos a serviço do
requerido, que teriam agido sem a devida cautela em
repassar informações falsas, difamatórias e injuriosas, de
que ela apresentava sintomas da gripe suína e estaria
infectada da moléstia grave. 2. A suspeita de infecção da
autora ocorreu logo após a declaração, em abril de 2009,
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de pandemia da
gripe A H1N1. Desse modo, diante da fundada suspeita de
que a autora estaria infectada pelo vírus H1N1, a conduta
do Município se mostraria diligente e adequada. 3. A
documentação acostada aos autos pela própria
demandante revela que sua identidade foi mantida em
segredo. 4. Ausentes o fato administrativo ou a alegada
conduta abusiva, bem como o dano, não há que se falar em
dever de indenizar. 5. Apelação conhecida e provida.
Sentença modificada. Opostos Embargos de Declaração,
não foram conhecidos (fl. 192, e-STJ). A agravante, nas
razões do Recurso Especial, alega que ocorreu, além de
divergência jurisprudencial, violação do art. 186 do CC.
Requer a reforma da decisão recorrida "para que seja
reconhecido o direito aos danos morais a serem arbitrados
e mantidos" (fl. 212, e-STJ), ante a suposta ofensa ao
direito de privacidade da parte. Não foram apresentadas
contrarrazões. O recurso foi inadmitido na origem (fls. 219-
222, e-STJ), o que deu ensejo à interposição do Agravo de
fls. 224-238, e-STJ. É o relatório. Decido. Os autos foram
recebidos neste Gabinete em 2.2.2022. O presente recurso
não ultrapassa a barreira de admissibilidade. A decisão
impugnada inadmitiu o Recurso Especial, tendo em vista a
seguinte fundamentação (fl. 220, e-STJ): De pronto, verifico
não ter sido satisfeito um dos pressupostos de
admissibilidade para o processamento do recurso, qual
seja, a tempestividade. De acordo com o Código de
Processo Civil, em seu artigo 1.003, § 5º: "Excetuados os
embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos
e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias". Analisando
de maneira detida os autos, vejo que o acórdão recorrido
(páginas 157/164) foi publicado no Diário de Justiça
Eletrônico no dia 6/7/2020 (certidão de página 170), de
modo que a parte teria até o dia 27/7/2020 para apresentar
o recurso. No entanto, analisando o sistema SAJ-SG,
concluo que a peça recursal de páginas 199/212 somente
foi protocolizada em 13/11/2020, considerando-se, assim,
para todos os efeitos, que o recurso é intempestivo.
Oportuno mencionar que durante este interregno, a parte
opôs embargos declaratórios, que não foram sequer
conhecidos (monocrática de páginas 190/192), porquanto
considerados manifestamente inadmissíveis (página 192).
Verifica-se que, de fato, o apelo nobre, na hipótese dos
autos, é intempestivo. Isso porque, consoante a
jurisprudência do STJ, "os embargos de declaração,
quando não conhecidos em razão de serem
manifestamente protelatórios, não interrompem ou
suspendem o prazo para interposição de outro recurso"
( AgRg no REsp 1.837.503/RS, Rel. Ministro Antônio
Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 13/10/2020). Na
mesma linha: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
PRISÃO INDEVIDA. DANO MORAL. HIPÓTESE EM QUE
APESAR DA TEMPESTIVA INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS
INFRINGENTES CONTRA O ACÓRDÃO PROLATADO PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM, TAL RECURSO NÃO FOI
CONHECIDO POR SER MANIFESTAMENTE INCABÍVEL.
SITUAÇÃO QUE, CONSOANTE FORTE ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL DESTE STJ, NÃO SUSPENDE NEM
INTERROMPE O PRAZO PARA O MANEJO DO RECURSO
CABÍVEL. PRECEDENTES: AGINT NO ARESP 653.112/SP,
REL. MIN. GURGEL DE FARIA, DJe 9.4.2019; AGRG NO
ARESP 602.144/SP, REL. MIN. HERMAN BENJAMIN, DJe
19.3.2015; AGRG NO RESP 1.402.804/SP, REL. MIN.
MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 31.3.2014, E; AGRG
NO RESP 1.396.078/DF, REL. MIN. OG FERNANDES, DJe
20.11.2014, DENTRE OUTROS. INTEMPESTIVIDADE DO
APELO RARO INAFASTÁVEL. AGRAVO REGIMENTAL DA
FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. É intempestivo o Apelo Raro interposto
contra decisão final de Tribunal local ou regional que
entende manifestamente incabíveis os Embargos
Infringentes antecedentes, porquanto o seu manejo
indevido não tem o condão de suspender ou interromper o
prazo para o recurso adequado. Entendimento consolidado
pelo STJ. 2. Agravo Regimental da FAZENDA DO ESTADO
DE SÃO PAULO a que se nega provimento. ( AgRg no
AREsp 716.783/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe 8/10/2020) PROCESSUAL
CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE.
INTEMPESTIVIDADE DO AGRAVO INTERNO.
INTERPOSIÇÃO FORA DO PRAZO. ARTS. 219, 1.003, § 5º,
E 1.070 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
INTEMPESTIVIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO
CONHECIDOS, POIS INTEMPESTIVOS. NÃO
INTERRUPÇÃO DO PRAZO. I - Consoante o decidido pelo
Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o
regime recursal será determinado pela data da publicação
do provimento jurisdicional impugnado. In casu, aplica-se
o Código de Processo Civil de 2015. II - E intempestivo o
agravo interno interposto fora do prazo de quinze dias
úteis, previsto nos arts. 219, 1.003, § 5º, e 1.070, do Código
de Processo Civil de 2015. III - A jurisprudência desta Corte
firmou o entendimento de que os recursos manifestamente
incabíveis como, por exemplo, embargos de declaração
intempestivos, não interrompem ou suspendem o prazo
para a interposição de outros recursos. IV - Agravo Interno
não conhecido. ( AgInt nos EDcl no AREsp 1.435.532/SP,
Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA,
DJe 26/3/2020, grifei) PENAL. PROCESSO PENAL.
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS NA
ORIGEM. MANIFESTAMENTE PROTELATÓRIOS. NÃO
INTERRUPÇÃO PARA O PRAZO DE INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO ESPECIAL. PRECEDENTES. RECURSO
INTEMPESTIVO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I -
É consolidada a jurisprudência deste Superior Tribunal de
Justiça no sentido de que os embargos de declaração,
quando não conhecidos em razão de serem
manifestamente protelatórios, não interrompem ou
suspendem o prazo para interposição de outro recu rso.
Precedentes. (...) Agravo regimental desprovido. ( AgRg no
AREsp 1.153.985/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, DJe 30/5/2018) Diante do exposto, conheço do
Agravo para não conhecer do Recurso Especial. Publique-
se. Intimem-se. Brasília, 08 de fevereiro de 2022. MINISTRO
HERMAN BENJAMIN Relator(STJ - AREsp: 2009181 CE
2021/0339148-9, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN,
Data de Publicação: DJ 02/03/2022)
 
 
AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
RECURSO ESPECIAL INTEMPESTIVO. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO INTERPOSTOS NA ORIGEM NÃO
CONHECIDOS POR INTEMPESTIVIDADE. NÃO
INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL. AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1. É intempestivo o recurso especial interposto
após o prazo legal de 15 dias. 2. A jurisprudência, visando
coibir abusos e o desvirtuamento do efeito interruptivo dos
embargos, firmou a compreensão de que a oposição de
embargos aclaratórios, quando intempestivos ou
manifestamente incabíveis, não tem o condão de
interromper o prazo para a interposição do recurso
especial (ut, AgInt no AREsp 1265139/RR, Rel. Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, DJe 09/10/2018) 3.
Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg nos EDcl no
AREsp: 1322344 SP 2018/0163891-5, Relator: Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento:
27/11/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe
10/12/2018. Sem grifo no original.)
 
\n\nAPELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO FISCAL.
INTEMPESTIVIDADE DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
RECURSO REJEITADO. AUSÊNCIA INTERRUPÇÃO DO
PRAZO RECURSAL. INTEMPESTIVIDADE DA APELAÇÃO
INTERPOSTA QUANDO DA INTIMAÇÃO DA REJEIÇÃO
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. \n- Assente na
jurisprudência que os embargos de declaração
intempestivos ou considerados flagrantemente
protelatórios não acarretam a interrupção do prazo
recursal.\n- Intempestiva a apelação interposta quando da
intimação da rejeição dos embargos de declaração
opostos fora do prazo recursal, porque já transcorrido o
prazo do apelo na medida em que os declaratórios
intempestivos não interrompem o prazo recursal. \
nRECURSO NÃO CONHECIDO.\n (TJ-RS - AC:
50003083820078210068 RS, Relator: Marilene Bonzanini,
Data de Julgamento: 28/01/2022, Vigésima Segunda
Câmara Cível, Data de Publicação: 28/01/2022)
 
Dessa forma, a interposição da Apelação no dia 21 de
fevereiro de 2020 revela-se extemporânea, uma vez que, 
não fora interrompido o prazo para o recurso vertical,
pelos aclaratórios inadmissíveis.
 
Ante o exposto, não conheço do recurso, com fulcro no
art. 932, III, CPC.
 
Salvador/BA, 8 de setembro de 2022.
 
Alberto Raimundo Gomes dos Santos
Juiz de Direito Substituto de 2º Grau – Relator”
Conforme se infere da leitura da v. decisão do Eminente Relator, a
intempestividade derivaria do fato do não conhecimento dos embargos de
declaração id 96703531 e id 96703535, interpostos em primeiro grau que, no
entender do Eminente Relator, não teriam interrompido o prazo para a
interposição dos recursos de apelação.

Contudo, pedimos máxima vênia, tal decisão não se coaduna com os


elementos constantes dos autos, conforme passamos a demonstrar.

4.1 QUESTÃO ANTECEDENTE QUE DEVE OBRIGATORIAMENTE SER


ANALISADA - DE PARCIALIDADE DO JUIZ A QUO

Inicialmente, na apelação interposta pela recorrente BERNADETE


MENDONÇA DA SILVA GALVÃO foi alegada a parcialidade do magistrado a
quo, em preliminar de apelação.

Dessa forma, uma vez reconhecida a parcialidade do magistrado a quo, nulas


serão todas as decisões proferidas, inclusive as decisões proferidas nos
embargos de declaração interpostos. Assim, somente após referida decisão é
que seria possível analisar as decisões proferidas pelo magistrado tido por
suspeito.

4.2 DO CABIMENTO DE AMBOS OS EMBARGOS INTERPOSTOS

Colenda Turma, conforme se vê dos embargos interpostos sob o id 96703530,


as omissões e contradições foram devidamente apontadas, contradições essas
extremamente graves que propensas a criar sérios entraves a uma eventual
execução de sentença, quais sejam:

 Ausência de relatório condizente com a causa, tendo em vista que,


conforme alegado, tendo em vista que referido relatório mais se
assemelha a um índice;
 Omissão com relação à análise da culpa concorrente da mãe do
requerido, tendo em vista que essa tinha pleno conhecimento dos fatos
e, inclusive, havia não só aquiescido, mas também levado pessoalmente
seu filho para que saísse em companhia do ora agravante; e

 Erro matéria na condenação, tendo em vista que o juiz a quo, apesar de


reconhecer na sentença a culpa concorrente, não a levou em
consideração na elaboração dos cálculos que culminaram nos valores a
que foi o agravante condenado;

Portanto, todas as omissões e contradições foram devidamente apontadas e


exaustivamente demonstradas. Assim, o não conhecimento dos embargos
jamais se justificaria.

Ora, é inconcebível que tais omissões e contradições recebessem um simples


julgamento de não conhecimento do recurso, porquanto são omissões e
contradições patentes, de constatação imediata à simples leitura da sentença.

Apontadas expressamente as omissões, obviamente, não basta simplesmente


dizer que tais não existem, sem justificar fundamentadamente sua inexistência.
Contudo, esse caminho pretensamente fácil foi o escolhido pelo juiz a quo.

Assim, ante a não sanação das irregularidades apontadas, o único remédio


cabível seria, obviamente, novos embargos de declaração(!), que foram
necessariamente opostos.

Contudo, mais uma vez, o magistrado a quo, ao invés de aproveitar a


oportunidade e corrigir as graves falhas da sentença, preferiu punir o ora
agravante pelo fato de demonstrá-las!

Portanto, a questão que se coloca não é se os embargos foram conhecidos,


mas sim se deveriam ter sido conhecidos, pois só assim, analisando se os
requisitos da interposição foram atendidos, é que se poderá averiguar
verdadeiramente se o prazo para a interposição de outros recursos de fato
ocorreu.

Não sendo realizada a análise de existência dos requisitos dos embargos


interpostos, acaba-se por admitir uma verdadeira armadilha para a parte pois,
espirado o prazo para a apelação, ficaria ela no prejuízo.

Tomamos a liberdade, até por economia, de reproduzir o que argumentamos


no sentido de que os embargos de declaração interpostos eram cabíveis e que,
portanto deveriam ter sido conhecidos. Nesse sentido, dissemos:

“(...)já ensinava o saudoso mestre BARBOSA MOREIRA3:

‘Todo recurso necessita de fundamentação, o que significa


que o recorrente deve indicar os motivos pelos quais
impugna a decisão, ou, em outras palavras, o(s) erro(s) que
a seu ver ela contém. FUNDAMENTAR O RECURSO NADA
MAIS É, EM REGRA, CRITICAR A DECISÃO RECORRIDA.
Em certos casos, abstém a lei de fixar limites a essa crítica,
permitindo ao recorrente invocar quaisquer erros; noutros,
ao contrário, cuida de discriminar o tipo (ou os tipos) de
erro denunciável por meio de recurso, de tal sorte que a
crítica do recorrente só assumirá relevância na medida em
que se AFIRME a existência de erro suscetível de
enquadramento na discriminação legal. Daí a distinção que
se pode estabelecer entre recursos de fundamentação livre
e os de fundamentação vinculada.’

Ainda na esteira dos bons tratadistas, especificamente no que diz respeito aos
embargos de declaração, esclarece FLÁVIO CHEIM JORGE4 que os embargos
de declaração “são de fundamento vinculado, ou seja, seu cabimento fica
adstrito à ALEGAÇÃO específica de errores in procedendo: omissão,
obscuridade e contradição [...]”.

Também nesse diapasão, é o entendimento de JOSÉ ANTONIO FICHTNER E


ANDRÉ LUÍS MONTEIRO5

3
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Comentários ao Código de Processo Civil. 8. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2000, v. 5, p. 252-253
4
CHEIM JORGE, Flávio. Teoria Geral dos Recursos Cíveis. 3. ed. São Paulo: RT, 2007, p. 262, com nossos
itálicos e maiúsculas)

5
Revista da EMERJ, v. 12, nº 46, 2009, p. 92, com nossas maiúsculas e sublinhas.
‘(...)a existência ou inexistência de omissão, contradição
ou obscuridade na decisão embargada é matéria de mérito,
estando, assim, além do mero juízo de admissibilidade.
APONTADO PELO EMBARGANTE QUALQUER DOS TRÊS
VÍCIOS, OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DEVERÃO SER
CONHECIDOS. A EFETIVA EXISTÊNCIA OU INEXISTÊNCIA
DESSES VÍCIOS LEVARÁ, RESPECTIVAMENTE, AO
PROVIMENTO OU DESPROVIMENTO DOS EMBARGOS,
MAS NÃO À SUA INADMISSIBILIDADE.

EM TERMOS OBJETIVOS, O JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE


DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RESTA PREENCHIDO
COM A INDICAÇÃO DOS VÍCIOS PELO EMBARGANTE(..).’

Nesse sentido, trazemos à baila o seguinte entendimento da 1ª Turma


do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região - Brasília, com seguinte
teor:

‘Embargos Declaratórios – Não-conhecimento – Hipóteses


– Efeitos. I - Os embargos de declaração não devem ser
conhecidos nas hipóteses de intempestividade, de
irregularidade de representação ou QUANDO A PARTE
SEQUER ALEGA OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU
OBSCURIDADE. Em tais casos, não interrompem o prazo
recursal, não sendo vinculativa a decisão originária que
tenha concluído diversamente.’
(DJU, Seção 3, de 19.11.2002, p. 3, com nossas sublinhas e
maiúsculas)

Por fim, também esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, em


processo originário deste Estado da Bahia, de relatoria do Ministro LUIZ FUX,
de teor seguinte:

‘Superior Tribunal de Justiça STJ - EMBARGOS


DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE
DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL : EDcl
nos EREsp 579833 BA 2005/0045808-2
EDcl nos EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM
RESP Nº 579.833 - BA (2005/0045808-2)
RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX
ADVOGADO : EDUARDO HAROLD
MESQUITA PESSÔA E OUTRO
EMBARGADO : NADIR SOLANGE
SARAIVA LUZ
ADVOGADO : ELQUISSON DIAS
SOARES
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE
DECLARAÇAO. AUSÊNCIA DE QUALQUER DOS
VÍCIOS PREVISTOS NO ART. 535 DO CPC.
EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE.
FINALIDADE DE PREQUESTIONAMENTO DE
MATÉRIA OBJETO DE POSSÍVEL RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. REJEIÇAO. (EMBARGOS DE
DIVERGÊNCIA. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE
FÁTICA ENTRE ARESTOS HOSTILIZADO E
PARADIGMAS. NAO CONHECIMENTO)

1. A ausência de similitude fática entre os


arestos paradigmas e embargado revela enseja a
inadmissibilidade dos embargos de divergência
em recurso especial

2. Inocorrentes as hipóteses de omissão,


contradição, obscuridade ou erro material, não
há como prosperar o inconformismo do
embargante de declaração, cujo real objetivo é o
prequestionamento de dispositivos e princípios
constitucionais que entende a embargante terem
sido malferidos, bem como o reexame da
questão relativa ao cabimento dos embargos de
divergência que opusera e que não fora
conhecido pela Corte em face da ausência de
similitude fática entre o aresto hostilizado e os
julgados pela mesma apontado como
paradigmas, o que evidentemente escapa aos
estreitos limites previstos pelo artigo 535 do CPC
aos embargos declaratórios.

3. OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO TÊM COMO


REQUISITO DE ADMISSIBILIDADE A INDICAÇÃO
DE ALGUM DOS VÍCIOS PREVISTOS NO ART.
535 DO CPC, constantes do decisum embargado,
não se prestando, portanto, ao rejulgamento da
matéria posta nos autos, tampouco ao mero
prequestionamento de dispositivos
constitucionais para a viabilização de eventual
recurso extraordinário, porquanto, visam,
unicamente, completar a decisão quando
presente omissão de ponto fundamental,
contradição entre a fundamentação e a
conclusão ou obscuridade nas razões
desenvolvidas.
(...)
(Precedentes: EDcl no REsp n.º 415.872/SC , Rel.
Min. Castro Meira, DJ de 24/10/2005; e EDcl no
AgRg no AG n.º 630.190/MG, Rel. Min. Francisco
Falcão, DJ de 17/10/2005)(...)’

Dessa forma, não é possível analisar a tempestividade dos recursos de


apelação sem necessariamente analisar, primeiramente, a suspeição do
referido magistrado e, depois, o atendimento dos requisitos dos embargos de
declaração interpostos, não sendo justo que esse Egrégio Tribunal de Justiça
se contente com uma decisão cuja única finalidade foi tentar impedir a todo
custo que os equívocos da sentença de piso escapassem da necessária
revisão dessa Augusta Corte.

5 DOS PEDIDOS

Ante o exposto é o presente agravo para requerer:

a) Seja reconhecido o motivo de força maior, devolvendo-se o prazo para


interposição do presente agravo;
b) Seja, máxima vênia, reformada a decisão do Ilustre Relator, a fim de que
sejam analisadas as questões aventadas no presente agravo para, a
partir daí, averiguar a tempestividade ou não dos recursos de apelação.

Salvador-BA, 10 de outubro de 2022.

Sandro Astofi Tótola


OAB/BA 59.258
OAB/ES 35.278

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