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PROJUDI - Processo: 0011704-83.2023.8.16.0001 - Ref. mov. 63.

1 - Assinado digitalmente por Luciana Barbosa de Campos


04/08/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. Arq: Petição

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA CÍVEL DO
FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA –
ESTADO DO PARANÁ

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Autos nº 0011704-83.2023.8.16.0001

EDIVALDO RODRIGUES, brasileiro, solteiro, autônomo, portador da


cédula de identidade RG nº 001086969 SESP/MS, inscrito no CPF sob nº 029.297.129-
02, domiciliado na rua Expedicionário Anélio da Luz, nº 61, bairro Alto Boqueirão, na cidade
de Curitiba, Estado do Paraná, CEP 81850-400, e DARLAN MULLER NAKATO,
brasileiro, solteiro, Educador Físico e Empresário, portador da cédula de identidade RG nº
40.046.323-4 SESP/SP, inscrito no CPF sob nº 316.775.998-47, residente e domiciliado
na Rua Francisco Derosso, nº 6275, bairro Alto Boqueirão, na cidade de Curitiba, Estado
do Paraná, CEP 81.770- 263, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por
intermédio de sua advogada ao final assinada, apresentar

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
com pedido liminar

em face de Execução de Título Extrajudicial, em que figura como exequente DANIEL


REPULA, pelas razões de fato e Direito a seguir aduzidas:

I – DA SÍNTESE FÁTICA.

Trata-se na origem de Execução de Título Extrajudicial ajuizada por Daniel


Repula em face dos executados, ora excipientes, pela qual sustenta o suposto
inadimplemento, por parte dos excipientes, decorrente de contrato de compra e venda que
teria sido firmado entre as partes em 14 de fevereiro de 2022.

Sustenta o excepto que teria realizado a venda de aparelhos, mobílias e


carteira de clientes de propriedade da academia de musculação, inscrita no CNPJ:
015.455774/0001-84 Razão Social, ACADEMIA VIA FIT SERVIÇOS C. F. LTDA, situada
na Via Vêneto, 2308, bairro Santa Felicidade, Curitiba/PR.

À causa atribuído o valo de R$ 101.579,27, conforme cálculo acostado ao


mov. 1.8 daqueles autos:
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04/08/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. Arq: Petição

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Contudo, razão não assiste ao excepto, motivo pelo qual se faz necessário
declarar a procedência da presente Exceção de Pré-Executividade para declarar extinta a
Execução de Título Extrajudicial nº 0011704-83.2023.8.16.0001, como a seguir
demonstrado.

II – DO CABIMENTO DA PRESENTE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.

Cumpre esclarecer, preliminarmente, que podem ser arguidos, por meio


de petição, os vícios formais ou materiais que impeçam a consecução do objeto da
execução.

Para que não se argumente ser vedado à Excipiente arguir matéria de


defesa do próprio processo executivo, é imperioso destacar esta possibilidade antes
mesmo do oferecimento de bens à penhora e, também, sem oposição de embargos à
execução.

Tal iniciativa da parte, aliás, é admitida pela doutrina e pela jurisprudência


pátria1, desde que o vício que macula a execução seja grave a ponto de fulminar sua
própria existência ou, mais precisamente, seja irremediavelmente nula desde seu
nascedouro, como certamente ocorre no caso em tela, em que os débitos exigidos foram
objeto contrato nulo de pleno direito pelo Excipiente.

1 PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE. POSTERGAÇÃO DA APRECIAÇÃO PARA MOMENTO ULTERIOR À RESPOSTA DA
FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILIDADE. REALIZAÇÃO, NO CURSO DO PROCESSAMENTO DESSE
INCIDENTE PROCESSUAL, DE ATOS JUDICIAIS TENDENTES À GARANTIA DO JUÍZO. INADEQUAÇÃO.
(...) 2. Como se infere da denominação, a "Exceção de Pré-Executividade" constitui criação jurisprudencial
cuja finalidade específica é obstar a prática dos atos judiciais típicos do processo executivo, em razão da
suposta existência de vício de nulidade no título executivo, identificável de plano pela autoridade judicial. (...)
(STJ, 2.ª Turma, REsp n.º 1462999/PE, Relator Min. HERMAN BENAJMIN, DJ de 25/09/2014).
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A carência dos pressupostos de exigibilidade do título acarreta o vício da
execução de título extrajudicial e sua consequente nulidade, que, caso fosse alegada
apenas em sede de embargos à execução, após os Excipientes tem seus bens

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restringidos, enorme prejuízo, sendo tal fato juridicamente inaceitável.

A peça processual para alegação das mencionadas nulidades é a


Exceção de Pré-executividade, conforme já sedimentado pelo Superior Tribunal de
Justiça.

Súmula nº 393: A exceção de pré-executividade é admissível na


execução fiscal relativamente às matérias conhecidas de ofício
que não demandem dilação probatória.

Como mencionado, a matéria da presente Exceção de pré-executividade


é a inexistência de título executivo apto a amparar o presente feito executivo o presente
feito executivo.

Trata-se, portanto, de matéria de ordem pública, que pode ser conhecida


de ofício.

A inexistência de título executivo apto a amparar o presente feito executivo


é aferível de plano, não dependendo de dilação probatória, uma vez as provas que ora
acosta nos autos comprovam cabalmente o alegado na presente exceção.

Confirmando tais alegações, o Superior Tribunal de Justiça é patente em


aceitar a Exceção de pré-executividade em casos de obrigação que inexiste:

PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.


TEORIA DA APARÊNCIA.
1. A exceção de pré-executividade só é aceita em caráter
excepcional: havendo prova inequívoca de que a obrigação
inexiste, foi paga, está prescrita ou outros casos de
extinção absoluta.
(REsp n. 502.823/RS, relator Ministro José Delgado, Primeira
Turma, julgado em 4/9/2003, DJ de 6/10/2003, p. 215.)

No mesmo sentido, os tribunais pátrios possuem entendimento de que a


Exceção de pré-executividade é via adequada para tratar de nulidade da execução de
título extrajudicial, em casos de nulidade do contrato:

APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA


CERTA, LASTREADA EM INSTRUMENTO PARTICULAR
SUBSCRITO POR DUAS TESTEMUNHAS. SENTENÇA QUE
ACOLHE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE E DECRETA
A DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO, SOB O ENTENDIMENTO DE QUE O TÍTULO É
NULO, EM RAZÃO DE RASURA EXISTENTE NO
DOCUMENTO. RASURA QUE COMPROMETE A CLAREZA
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DE CONDIÇÕES PREVISTAS NO CONTRATO, AFASTANDO
A CERTEZA DA OBRIGAÇÃO CUJO CUMPRIMENTO É
PRETENDIDO COM A EXECUÇÃO. CABIMENTO DA

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EXTINÇÃO DO FEITO, COM FULCRO NOS ARTS. 618, I E
267, VI, AMBOS DO CPC. IMPOSIÇÃO DAS VERBAS
DECORRENTES DA SUCUMBÊNCIA. HONORÁRIOS
FIXADOS COM RAZOABILIDADE, QUE NÃO SE MOSTRAM
EXCESSIVOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO.
(TJPR - 13ª Câmara Cível - AC - Foz do Iguaçu - Rel.: JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU EVERTON LUIZ
PENTER CORREA - Un�nime - J. 27.07.2011)

Dessa forma, tem-se que é plenamente cabível a presente Exceção de


pré-executividade, em razão da nulidade do contrato objeto da presente execução de título
extrajudicial, sendo matérias de ordem pública que podem ser conhecidas de ofício e ante
a comprovação de tais fatos não demandar dilação probatória.

III – DAS RAZÕES PARA EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO EMBARGADA.

3.1 – DA ILEGITIMIDADE ATIVA. AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL. DA


AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO À ORIGEM DOS EQUIPAMENTOS OBJETO DO
CONTRATO. NULIDADE DO CONTRATO

Ingressou o excepto, paulatinamente, com a demanda de origem julgando


ser o detentor do crédito de R$ 101.579,27 pelo alegado inadimplemento por parte dos
excipientes, em relação ao contrato de compra e venda da bens de propriedade da
academia de musculação, inscrita no CNPJ: 015.455774/0001-84 Razão Social,
ACADEMIA VIA FIT SERVIÇOS C. F. LTDA.

Rege o artigo que a venda realizada por quem não é proprietário do bem,
sem a necessária autorização do titular do direito de propriedade, configura venda a non
domino, nula de pleno direito, por envolver objeto ilícito, nos termos do que dispõe a norma
do art. 166, do Código Civil:

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;


IV - não revestir a forma prescrita em lei;

V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial


para a sua validade;
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VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática,

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sem cominar sanção.

Ora, quem seria parte legítima para participar da relação jurídica in casu
seria a ACADEMIA VIA FIT SERVIÇOS C. F. LTDA., porquanto supostamente legítima
proprietária dos bens objeto do contrato de compra e venda.

E pior, vale destacar que embora o próprio embargado alegue que a


academia seria proprietária dos equipamentos à época do negócio jurídico, em momento
algum houve a referida comprovação da alegada propriedade, o que por si só acarreta a
nulidade do contrato de compra e venda.

Ademais, conforme se verifica da cláusula 12ª do contrato de compra e


venda é é pautado pela reserva de domínio dos equipamentos avençados. Ou seja, por
ocasião de eventual inadimplemento, os bens listados no referido contrato, tornaram-se à
disposição do embargado:

Como nos ensina o renomado processualista Humberto Theodoro Júnior2


“enquanto o título estiver de pé, o respectivo beneficiário dispõe da ação executiva, quer
tenha quer não tenha, na realidade, o direito de crédito”. Dentro deste silogismo, vale dizer
que deixando de existir (em razão da sua rescisão) o título que serviria de pano de fundo

2JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2, 36ª edição. Rio de Janeiro: Forense,
2004, p. 268.
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à ação executiva, deixa de existir interesse processual ao manejo da própria ação
executiva, sendo esta a realidade dos autos.

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Sendo assim, não há que se falar na subsistência da execução de origem,
motivo pelo qual faz-se necessário o provimento da presente exceção de pré-
executividade.

3.2 – DA AUSÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL.

Conforme prescreve o inciso III do artigo 784 do CPC, são títulos


executivos extrajudiciais os seguintes documentos:

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:


I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture
e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo
devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas)
testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério
Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos
advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador
credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro
direito real de garantia e aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de
aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como
taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente
aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou
extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva
convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro
relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas
pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas
em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa,
a lei atribuir força executiva.
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante
de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a
execução.
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país
estrangeiro não dependem de homologação para serem
executados.
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§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando
satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar
de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar

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de cumprimento da obrigação.

Ocorre que, no caso em tela, nota-se que os valores pretendidos pelo


excepto não possuem amparo em títulos executivos.

Primeiramente, porque nulo de pleno direito, haja vista o excepto pessoa


física ter realizado negocio jurídico em nome da pessoa jurídica ACADEMIA VIA FIT
SERVIÇOS C. F. LTDA. Além disso, diante da inexistência de comprovação de
propriedade da empresa em relação aos bens objeto do contrato de compra e venda.

Certo é que o suposto débito decorrente da compra e venda dos


equipamentos não possuem amparo em nenhum documento juntado aos autos.

A verdade é que não há qualquer prova de que o excepto seria legitimo


para firmar contrato de compra e venda dos equipamentos.

Na análise dos autos, resta claro que o excepto deixou de atender o


disposto no art. 786 do CPC, não sendo cabível buscar o suposto crédito por intermédio
de Execução de Título Extrajudicial.

Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não


satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada
em título executivo.

Ante o exposto, por ausência de documentos que demonstrem a validade


do contrato objeto da execução, faz-se necessária a extinção da Execução de Título
Extrajudicial nº 0011704-83.2023.8.16.0001, em razão da ausência de certeza, liquidez e
exigibilidade do título executivo.

3.3 – DA EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO. AFRONTA AOS PRINCÍPIOS


DA PROBIDADE E DA BOA FÉ.

Conforme exposto em momento oportuno, o excepto ajuizou Execução de


Título Extrajudicial pela qual sustenta que firmou instrumento de compra e venda de
aparelhos, mobílias e carteira de clientes de propriedade da academia de musculação,
ACADEMIA VIA FIT SERVIÇOS C. F. LTDA e seria credor de R$101.579,27.

Todavia, razão não assiste ao excepto.

Os valores que são objeto do instrumento de Confissão de Dívida têm


origem, notadamente, da transferência da e carteira de clientes de propriedade da
academia de musculação a qual não foi concluída pelo excepto, uma vez que aos
excipientes não está sendo fornecida a referida carteira de clientes e tampouco aparelhos
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e mobílias da academia, uma vez que, apesar dos investimentos realizados pelo
excipientes, atualmente os excipientes encontram impossibilitados de exercer atividade
empresarial no estabelecimento objeto do contrato, em razão de débitos originados pelo

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excepto no estabelecimento.

Ou seja, os excipientes firmaram relação jurídica com o excepto em vista


de conceder maior efetividade à sua atividade econômica e, em contrapartida àquilo que
fora prometido, suportou prejuízos em razão de falhas por parte do excepto.

Nota-se, portanto, que o não pagamento das parcelas do instrumento


particular não decorre de eventual inadimplemento das obrigações contratuais dos
excipientes

Depreende-se do artigo 477 do Código Civil pátrio que se, depois de


concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu
patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou,
pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe
compete3.

Neste sentido se consolida a jurisprudência hodierna, a fim de acolher a


exceção de contrato não cumprido em face do inadimplemento do credor no âmbito de
contrato, pois, não se admite ao credor exigir o pagamento, se a devida prestação não foi
efetivamente disponibilizada à outra parte, senão veja:

DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO


MONITÓRIA. CONTRATO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA
ORIUNDO DE MÚTUO DE SOJA. EXCEÇÃO DE CONTRATO
NÃO CUMPRIDO ACOLHIDA. Em que pese a regularidade do
instrumento de confissão de dívida livremente firmado entre as
partes, o caso admite a exceção de contrato não cumprido, pois
não é possível ao credor exigir o pagamento se o crédito,
na forma de produto, não foi efetivamente disponibilizado
aos mutuários. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível
Nº 70062771878, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Mylene Maria Michel, Julgado em
09/07/2015).

Sendo assim, faz-se necessário acolher a exceção de contrato não


cumprido arguida pelos excipientes, a fim de declarar a procedência dos pedidos iniciais e
declarar extinta a Execução de Título Extrajudicial nº 0322877-39.2016.8.24.0038.

3Art. 477, CC. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu
patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-
se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de
satisfazê-la.
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IV – DAS RAZÕES PARA CONCESSÃO TUTELA DE URGÊNCIA. ATRIBUIÇÃO DE
EFEITO SUSPENSIVO.

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De acordo com o disposto nos artigos 300 e 301, ambos do CPC45, a tutela
provisória de urgência de natureza cautelar será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo, sendo que pode ser efetivada por medida idônea para asseguração do direito.

Excelência, pelo exposto, conclui-se pela probabilidade do direito alegado


pela TPPF, diante das inúmeras teses de defesa que evidenciam vícios processuais, bem
como comprovam a ocorrência de decadência, prescrição e nulidades absolutas, sem
demandar qualquer dilação probatória.

Os requisitos da “probabilidade do direito” e “perigo de dano ou o risco ao


resultado útil do processo” refletem as já consagradas expressões latinas do fumus boni
iuris e periculum in mora, respectivamente.

No caso em tela, a probabilidade do direito está preenchida pela


demonstração da violação dos deveres acessórios contratuais pelo embargado, que não
viabiliza o acesso do embargante à integralidade dos bens objeto do contrato, bem como
diante da nulidade do contrato de compra e venda anteriormente havido entre as partes.
Já o perigo de dano se demonstra pela própria violação aos direitos do embargante ao
sofrer com os ônus do processo de execução, mesmo diante da invalidade do contrato que
a originou.

O periculum in mora se comprova pelo dano já suportado pelos


Excipientes, em razão das consultas ao SISBAJUD que resultou nos bloqueios judiciais
em contas bancárias de titularidade dos excipientes, o representa grave lesão ao
patrimônio dos excipientes, motivo pelo qual faz-se necessário, com urgência, o
levantamento da penhora realizada em desfavor dos excipientes.

V – OFERTA BEM À PENHORA

Alega o Excepto que em conversas com a procuradora da senhora


Rosana Isabel Fante Garcia Kupka, foi informada que os bens móveis, objetos do contrato

4 Art. 300, CPC. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que

evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

5 Art. 301, CPC. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante

arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida
idônea para asseguração do direito.
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de compra e venda entre as partesm estão a disposição para sanar o débito executório,
conforme relata na peça exordial de execução;

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“ ...A título de boa-fé, cumpre informar que em conversa com a advogada da
Sra. ROSANE ISABEL FANTE GARCIA KUPKA, esta informou que os
equipamentos estão a disposição deste douto juízo para cumprimento de
execução, caso não sejam localizados bens outros passíveis de penhora, haja
vista que o credor optou por cobrar a dívida pelo rito da Execução e não o da
Rescisão contratual. A referida pessoa está na posse dos bens em razão de
tratativas outras realizadas com o executado. ...”

Sobre os bens que estão sobre a posse da senhora Rosane, foi


ingressado com ação judicial, considerando os inúmeros prejuízos suportados pelos
Excipientes, com ocasião do ingresso da mesma a sociedade de fato com os mesmos, o
que é de domínio do Excepto, conforme documentos em anexo.

O mesmo tem ciência, que as parcelas deixaram de serem honradas após


as insurgências da mencionada “socia” dos Excipientes, que não mais puderam suportar
os débitos oriundos do referido contrato particular de compra e venda dos bens móveis.

Dito isto, os Excipientes a fim de provar a boa fé e cumprir os termos do


contrato, caso rechaçada pelo Juízo as preliminares arguidas, com o intuito de garantir o
Juízo, inibindo assim futuras constrições de bens em nome dos Excipientes.

Requer seja realizada a penhora com REMOÇÃO DOS BENS (


equipamentos de musculação, ginástica, acessórios, móveis e utensílios) -
OBJETOS do contrato de compra e venda em que encontram-se localizados a rua Via
Vêneto, nº 2308, bairro Santa Felicidade, na cidade de Curitiba, Estado do Paraná, os
quais estão sendo usufruído exclusivamente por terceiro a execução, sendo os bens
móveis nos limites do instrumento particular, destinando a posse em favor do EXCEPTO.

Ademais, haja vista o contrato objeto da presente demanda é pautado


pela reserva de domínio dos equipamentos avençados (cláusula 12ª), o embargante
apresenta os próprios bens objeto do contrato como garantia à execução, preenchendo os
requisitos necessários para concessão de efeito suspensivo a presente execução.

VI – DO CABIMENTO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA.

Conforme demonstrado, a presente Execução deve ser extinta sem


resolução de mérito, uma vez que não há exigibilidade do crédito executado.

Com isso, tem-se que os valores executados são indevidos e não poderiam
ter dado fundamento à Execução.
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04/08/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. Arq: Petição

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Ocorre que, mesmo assim, o Excepto requereu a citação dos Excipientes,
obrigando-os a contratar advogado para apresentar defesa. Assim sendo, o Excepto deve

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ser condenado ao pagamento de honorários advocatícios a patrona da presente causa.

O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná tem decidido que são devidos


os honorários advocatícios na hipótese de oposição de Exceção de pré-executividade:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXCEÇÃO DE PRÉ-


EXECUTIVIDADE. EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA EM
RAZÃO DO NÃO PAGAMENTO DE IPTU.
RECONHECIMENTO DE PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO
PRESCRICIONAL COM A CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO
TRIBUTO QUE, NO CASO DO IPTU, É 1º DE FEVEREIRO
NÃO SENDO POSSÍVEL AFERIR O DIA DA NOTIFICAÇÃO E
A DATA DE VENCIMENTO.PRECEDENTES DESSE TJPR.
CRÉDITOS REFERENTES A 2005 PRESCRITOS ANTES DO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO. CDA QUE PREENCHE OS
REQUISITOS DO ART. 202 DO CTN E DO ART.2º, §5º DA LEF.
NÃO COMPROMETIMENTO DA DEFESA DO EXECUTADO.
PRECEDENTE DO STJ. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS EM EXCEÇÃO DE PRÉ-PROCEDENTE.
POSSIBILIDADE. ARBITRAMENTO COM BASE NO ART. 20,
§ 4º, DO CPC. RECURSO A QUE SE DÁ PARCIAL
PROVIMENTO.6

Por todo o exposto, verifica-se que o Excepto deve ser condenado a pagar
os honorários de sucumbência, tendo em vista que deu causa ao presente incidente
processual.

VII – DOS REQUERIMENTOS.

Diante do exposto, requer-se:

a) O conhecimento da presente Exceção de Pré-Executividade, com


atribuição do pertinente efeito suspensivo, mediante suspensão de
todos os atos executórios;
b) A concessão da tutela provisória de urgência de natureza cautelar,
inaudita altera pars, para liberação os valores bloqueados nas contas
bancárias dos excipientes e determinar a penhora e efetiva remoção

6TJPR, 1.ª Câmara Cível, Agravo de Instrumento n.º 1266951-9/PR, Relator Des. FABIO ANDRÉ SANTOS
MUNIZ, julgamento em 11/11/2014 – grifamos.
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dos equipamentos avençados no contrato objeto da presente execução
(cláusula 12ª), haja vista o contrato objeto da presente demanda é

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pautado pela reserva de domínio dos equipamentos avençados,
localizados à Rua Via Vêneto, nº 2308, bairro Santa Felicidade, na
cidade de Curitiba, Estado do Paraná, em favor do Excepto;
a. Sucessivamente ao requerimento da alínea “b”, seja concedida
a tutela provisória de urgência de natureza cautelar para,
imediatamente, suspender a ordem de penhora e qualquer outro
ato de execução em desfavor dos excipientes, até o trânsito em
julgado da decisão desta Exceção de Pré-Executividade.
c) A procedência dos pedidos desta Exceção de Pré-Executividade, a fim
de que seja julgada extinta a Execução de Título Extrajudicial nº
0011704-83.2023.8.16.0001, com julgamento do mérito, nos termos do
art. 487, inciso II, ou sem julgamento do mérito, nos termos do art. 485,
inciso IV do CPC2015, com o consequente a baixa da mesma na
distribuição;
d) A condenação do excepto ao pagamento das custas e despesas
processuais e dos honorários advocatícios de sucumbência.

Por fim, requer-se sejam as intimações e publicações realizadas,


exclusivamente, em nome de Luciana Barbosa de Campos – OAB/PR 61.044, sob pena
de nulidade, com as devidas anotações de praxe.

Termos em que pede deferimento.

Pinhais, 4 de agosto de 2023.

LUCIANA BARBOSA DE CAMPOS


OAB-PR 61.044

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