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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JHONATAS BATISTA DA SILVA e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo,

protocolado em 10/10/2022 às 17:23 , sob o número WPRO22012284213.


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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA DESEMBARGADORA RELATORA DA 30.ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO


DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2218653-66.2022.8.26.0000 e código 1C42812F.
Processo n. 2218653-66.2022.8.26.0000.

CONDOMÍNIO GOVERNADOR MARIO COVAS A3 E A4, pessoa jurídica de


direito privado, inscrito no Cadastro Nacional da Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o n.
07.690.176/0001-61, situado na Rua José Alves Coelho, 215 – Jardim Nélia, São Paulo – SP, CEP 08142-180,
representado neste ato por sua Síndica Kelly Cristina Mendes Gusmão, portador do documento de identidade
e Registro Geral n. 33.971.184-X SSP/SP, inscrita no Cadastro Nacional da Pessoa Física do Ministério da
Fazenda sob o n. 272.357.098-39, residente e domiciliada no condomínio supra, por seu advogado infra-
assinado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTRAMINUTA ao agravo de
instrumento interposto em fls. 1/29.

I – BREVE RESUMO DAS RAZÕES RECURSAIS

O agravante sustenta, em apertada síntese, que não possui legitimidade


passiva para figurar na ação de execução de cotas condominiais promovida pelo agravado.

Apoia-se a companhia agravante no tema repetitivo 886 do Superior Tribunal


de Justiça, afirmando que em mencionado tema ficou definido que o promissário vendedor não possui
responsabilidade após a imissão do promissário comprador na posse do imóvel e o condomínio tomar ciência
inequívoca da transação realizada.

No mais, alega que não há nos autos principais a comprovação do


inadimplemento do débito denunciado, afirmando não possui exequibilidade, liquidez e certeza.

É o breve relato das razões recursais do agravante.

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II – DO TEMA 886 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Sustenta a empresa executada que o débito exequendo não pode ser oposto
a ela, pugnado pela aplicação do tema repetitivo 866 do Superior Tribunal de Justiça.

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Excelência, o tema 866 do STJ invocado pela executada, discorria acerca do
afastamento da responsabilidade do promitente vendedor, sobre o pagamento das verbas condominiais.
Contudo, o tema repetitivo 866 do STJ resta superado.

Importante trazer a baila a valoração lição do ilustre doutrinador Fredie


Didier, acerca da superação de precedente (overruling), observe:

Overruling é a técnica através da qual um precedente perde a sua força vinculante e


é substituído (overruled) por outro precedente. O próprio tribunal que firmou o
precedente pode abandoná-lo em julgamento futuro, caracterizando o overruling.
(...) A superação de um precedente ou de um entendimento jurisprudencial
(overruling) pode dar-se, no Brasil, de maneira difusa ou concentrada. o overruling
realizado difusamente pode ocorrer em qualquer processo que, chegando ao
tribunal, permita a superação do precedente anterior. Ele é a regra entre nós,
tradicional no common law, e traz a grande vantagem de permitir que qualquer
pessoa possa contribuir para a revisão de um entendimento jurisprudencial1.

Deste modo, conforme a citação acima, o overruling ocorre quando o tribunal


supera o seu precedente, passando a entender de forma diversa do precedente anterior.

No caso em tela, o tema 866 restou consignado em diversos julgados, após o


julgamento do referido tema, a mudança da jurisprudência da 3.ª e 4.ª turma do Superior Tribunal de Justiça.
Veja:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PROMESSA DE


COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. DÉBITOS CONDOMINIAIS. RESPONSABILIDADE DO
VENDEDOR E DO COMPRADOR. IMPUTAÇÃO DO DÉBITO AO COMPRADOR. CARÁTER
'PROPTER REM' DA OBRIGAÇÃO. INTERPRETAÇÃO DO RESP 1.345.331/RS, JULGADO
PELO ART. 543-C DO CPC. ART. 350 DO CCB.ÓBICE DA SÚMULA 282/STF.1.
Controvérsia acerca da responsabilidade do promitente vendedor (proprietário) pelo
pagamento de despesas condominiais geradas após a imissão do promitente
comprador na posse do imóvel.2. Responsabilidade do proprietário (promitente
vendedor) pelo pagamento das despesas condominiais, ainda que posteriores à

1DIDIER, Júnior Fredie. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e
antecipação dos efeitos da tutela, p. 509-510, 11ª ed, Vol. 2, editora juspodivm, 2016, Salvador/BA.
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imissão do promitente comprador na posse do imóvel.3. Imputação ao promitente


comprador dos débitos gerados após sua imissão na posse.4. Legitimidade passiva
concorrente do promitente vendedor e do promitente comprador para a ação de

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cobrança de débitos condominiais posteriores à imissão na posse.5. Preservação da
garantia do condomínio.6. Interpretação das teses firmadas no REsp 1.345.331/RS,
julgado pelo rito do art. 543-C do CPC.7. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO2. g.n.

AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. TAXAS DE


CONDOMÍNIO. LEGITIMIDADE. INOVAÇÃO INCABÍVEL. REEXAME DE PROVAS.
SÚMULA 7/STJ.1. Não se admite a adição, em sede de agravo interno, de tese não
exposta no recurso especial, por importar em inadmissível inovação.2. Não cabe, em
recurso especial, reexaminar matéria fático-probatória (Súmula n. 7/STJ).3. A
jurisprudência desta Corte evoluiu no sentido de que, uma vez demonstrado que o
promissário comprador imitiu-se na posse do bem e sendo comprovado que o
condomínio teve ciência inequívoca da transação, há legitimidade passiva
concorrente de ambos os contratantes para responder por despesas condominiais
relativas ao período em que a posse foi exercida pelo promissário comprador.4.
Agravo interno a que se nega provimento3. g.n.

O teor do precedente mais recente, julgado pela 4.ª turma, deixa claro que a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se superou, havendo legitimidade passiva concorrente do
promitente comprador e promitente vendedor. Observe:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. COBRANÇA DE DESPESAS CONDOMINIAIS.


PRESCRIÇÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. COMPROMISSO DE COMPRA E
VENDA. PROMITENTE-VENDEDOR. RESPONSABILIDADE. LEGITIMIDADE PASSIVA
CONCORRENTE. SÚMULA 83 DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. A eg.
Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.345.331/RS,
processado sob a sistemática dos recursos repetitivos, firmou o seguinte
entendimento: "a) O que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigações
condominiais não é o registro do compromisso de compra e venda, mas a relação
jurídica material com o imóvel, representada pela imissão na posse pelo promissário
comprador e pela ciência inequívoca do condomínio acerca da transação. b) Havendo
compromisso de compra e venda não levado a registro, a responsabilidade pelas
despesas de condomínio pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto
sobre o promissário comprador, dependendo das circunstâncias de cada caso
concreto. c) Se ficar comprovado: (i) que o promissário comprador se imitira na posse;
e (ii) o condomínio teve ciência inequívoca da transação, afasta-se a legitimidade

2 AgRg no REsp 1.472.767/PR, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, Dj de 08/10/2015.
3 AgInt no REsp 1219742/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 15/08/2017, DJe 22/08/2017.
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passiva do promitente vendedor para responder por despesas condominiais relativas


a período em que a posse foi exercida pelo promissário comprador.' No caso
concreto, recurso especial não provido." ( REsp 1.345.331/RS, Rel. Ministro LUIS

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FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/04/2015, DJe de 20/04/2015). 2.
Interpretando as teses firmadas no REsp 1.345.331/RS, julgado pelo rito do art. 543-
C do CPC, a jurisprudência desta Corte consolidou o entendimento de que persiste a
responsabilidade do proprietário (promitente-vendedor) pelo pagamento das
despesas condominiais, ainda que posteriores à imissão do promitente-comprador na
posse do imóvel, havendo, nesses casos, "legitimidade passiva concorrente do
promitente vendedor e do promitente comprador para a ação de cobrança de débitos
condominiais posteriores à imissão na posse" ( AgRg no REsp 1.472.767/PR, Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, DJe de 08/10/2015). 3.
Agravo interno não provido4.

Desta feita, a superação do tema 866, a qual fora demonstrado, evidencia o


entendimento da Corte Superior sobre a legitimidade passiva concorrente entre o promissário comprador e
vendedor na cobrança das cotas condominiais, afastando o entendimento anterior do tema 866.

Nada obstante, além da superação do tema 866, a evolução do entendimento


do STJ sobre a discussão, fora absorvida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, conforme precedentes:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – CONDOMÍNIO – EXECUÇÃO DE DESPESAS


CONDOMINIAIS – EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ACOLHIDA PARA DECLARAR A
ILEGITIMIDADE PASSIVA DA PROPRIETÁRIA, CONFORME CONSTA DO REGISTRO
IMOBILIÁRIO – REFORMA – LEGITIMIDADE QUE, NO CASO, É CONCORRENTE ENTRE
O PROMITENTE VENDEDOR E O PROMITENTE COMPRADOR – MATÉRIA
DEFINITIVAMENTE PACIFICADA PELO STJ – DECISÃO REFORMADA. Agravo de
instrumento provido5. g.n.

DESPESAS CONDOMINIAIS. COBRANÇA. Autor pretende a cobrança de débitos


condominiais vencidos e não pagos. Sentença de procedência. Apelo da ré. 1. Valor
do preparo recursal. Recolhimento a menor. Valor irrisório. Preponderância da função
pública desempenhada pela jurisdição. Precedentes. Recurso conhecido. Intimação
da apelante para efetuar o pagamento complementar das custas de preparo em 15
(quinze) dias, sob pena de inscrição na dívida ativa. 2. Requerida que firmou promessa
de compra e venda com terceiro, a qual não foi registrada na matrícula do imóvel. Em
regime de recursos repetitivos (Tema 886), o E. STJ firmou a tese de que: "b) Havendo

4 STJ - AgInt no REsp: 1378413 PR 2013/0100561-0, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 15/03/2021, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 07/04/2021.
5 TJ-SP - AI: 21352065420208260000 SP 2135206-54.2020.8.26.0000, Relator: Jayme Queiroz Lopes, Data de Julgamento: 11/08/2020, 36ª Câmara de

Direito Privado, Data de Publicação: 11/08/2020.


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compromisso de compra e venda não levado a registro, a responsabilidade pelas


despesas de condomínio pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto
sobre o promissário comprador, dependendo das circunstâncias de cada caso

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concreto" Referida tese, foi objeto de maiores explicações e esclarecimentos no
julgamento do REsp nº 1.442.840/PR ficando expressamente reconhecida a
"Legitimidade passiva concorrente do promitente vendedor e do promitente
comprador para a ação de cobrança de débitos condominiais posteriores à imissão
na posse". Legitimidade concorrente do proprietário registral e do possuidor,
independentemente da ciência ou não do condomínio acerca da transação celebrada.
Precedentes deste E. TJSP. Sentença mantida. 3. Recurso desprovido 6. g.n.

O recente julgado acima colacionado, datado de 06 de julho de 2022, traz de


maneira esclarecedora e incontroversa que a responsabilidade existente entre promissário comprador e
vendedor é concorrente acerca do pagamento das cobranças condominiais, independentemente da ciência
ou não do condomínio sobre a transação.

Nada obstante, correta a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau, bem
como elucidativo as suas justificativas. Observe:

Como se vê, não se aplica ao caso a tese firmada no recurso especial n.


1.345.331/RS como busca a agravante, mas sim a tese fixada no recurso especial 1.472.767/PR, na qual
contempla a teoria da dualidade da obrigação, recaindo sobre a agravante a legitimidade passiva.

6TJ-SP - AC: 10003766020218260348 SP 1000376-60.2021.8.26.0348, Relator: Mary Grün, Data de Julgamento: 06/07/2022, 32ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 06/07/2022.
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III – DA ALEGAÇÃO DE CIÊNCIA DO CONDOMÍNIO E DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA CDHU

Sustenta a executada que o condomínio exequente possuía ciência acerca da


transação realizada com seu mutuário, razão pela qual não poderia ser responsabilizada pelos débitos

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condominiais que recaem sobre a unidade.

Entretanto, conforme demonstrado no tópico acima, referida alegação resta


superada pelo entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça e seguido pela Corte Bandeirante,
acerca da responsabilidade concorrente entre promitente comprador e vendedor.

Além da responsabilidade concorrente existente entre a promitente


vendedora e comprador, os débitos perseguidos nos presentes autos possuem natureza propter rem,
portanto, dizem respeito à coisa, independentemente de seu ocupante. Neste sentido, a pacífica
jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo:

Apelação. Embargos à execução. Título executivo extrajudicial. Despesas


condominiais. Sentença de improcedência dos embargos. Recurso dos
Embargantes/executados que não merece prosperar. Argumentos preliminares que
devem ser afastados. Nulidade da sentença por ausência de fundamentação que não
se verifica. Apelantes que figuram no registro imobiliário como legítimos proprietários
do imóvel sobre o qual recaem os débitos condominiais desde o ano de 2013,
anteriormente, portanto, aos débitos condominiais cobrados. Possibilidade de
aplicação da teoria da dualidade do vínculo obrigacional, para reconhecer a
legitimidade concorrente dos proprietários registrais e do eventual possuidor para
responder pelo débito condominial, independentemente da imissão na posse, dada a
natureza "propter rem" da obrigação e o interesse da coletividade. Entendimento
exarado pela Quarta Turma do STJ nos autos do AgInt no Recurso Especial nº
1378413-PR. Critério adotado pelo STJ no julgamento do REsp 1.442.840/PR ao
interpretar a tese firmado no recurso repetitivo REsp 1.345.331/RS (Tema 886).
Eventual controvérsia acerca da relação contratual travada entre os Apelantes e a
incorporadora, com possíveis reflexos relativos a atrasos ou demora injustificada na
transmissão da posse do imóvel, que não afeta o direito do condomínio Apelado de
receber as despesas necessárias e indispensáveis à manutenção da coisa comum
daqueles que figuram no álbum imobiliário como legítimos proprietários desde muito
antes do início da inadimplência. Legitimidade passiva dos Apelantes para responder
pelos débitos condominiais reconhecida, ressalvando-se o seu direito de regresso em
face de quem eventualmente ocupe ou tenha ocupado o imóvel gerador das despesas
no período objeto da cobrança. Documentos juntados pelo condomínio Apelado
revelam-se suficientes para a comprovação do crédito condominial e para embasar a

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ação de execução, nos termos do artigo 784, inciso X, do Código de Processo Civil.
Obrigação do condômino de contribuir para a manutenção da coisa comum decorre
de texto expresso de lei (art. 1.336, I, do CC), razão pela qual milita em favor do

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condomínio presunção relativa de legitimidade da cobrança. Sentença mantida.
Honorários majorados. RECURSO DESPROVIDO7.

Do rico julgado acima é possível extrair diretrizes do entendimento


jurisprudencial da Corte Paulista na qual se evidencia a adoção da teoria da dualidade, acerca da
responsabilidade do promitente vendedor e comprado, além de reiterar a superação do tema 866 do STJ. No
mais, valoroso precedente faz constar ao final a presunção relativa de legitimidade da cobrança que recai
sobre o requerimento condominial.

IV – DA ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA EM RELAÇÃO AS COTAS CONDOMINIAIS VINCENDAS E


VENCIDAS

A executada sustenta que não possui legitimidade para responder pelas cotas
condominiais vencidas e vincendas, agarrando-se ao já superado tema 866 do STJ.

A legitimidade da executada para ocupar o polo passivo da presente demanda


resta bem comprovado pela superação do tema 866 e precedentes que foram colacionados na presente
petição. Da mesma forma, possui legitimidade a executada para responder pelas cotas condominiais vencidas
e aquelas que vencerem no curso da demanda, haja vista a responsabilidade concorrente e a já explanada
natureza propter rem que recai sobre os débitos condominiais. Observe:

AÇÃO DE COBRANÇA – DESPESAS CONDOMINIAIS – Autor que busca a cobrança do


proprietário do imóvel pelos débitos condominiais em aberto – Sentença de
procedência – Não conhecimento da alegação de inexigibilidade da dívida por falta de
provas, de participação em assembleia condominial e de interpelação pessoal, por
configurar inovação da causa de pedir em grau recursal – Preliminar de ausência de
interesse de agir rejeitada, pois a cobrança judicial prescinde de tentativa de
composição amigável – Legitimidade passiva concorrente entre o promissário-
comprador que já se imitiu na posse do bem e o proprietário do apartamento, em
razão da natureza propter rem da cota condominial – Orientação jurisprudencial
firmada no STJ –– Sentença mantida – Honorários recursais devidos – RECURSO NÃO
CONHECIDO EM PARTE E DESPROVIDO NA PARTE CONHECIDA 8.

7 TJ-SP - AC: 10046124720218260577 SP 1004612-47.2021.8.26.0577, Relator: L. G. Costa Wagner, Data de Julgamento: 30/06/2022, 34ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 30/06/2022.
8 TJ-SP - AC: 10113468020218260361 SP 1011346-80.2021.8.26.0361, Relator: Angela Lopes, Data de Julgamento: 30/06/2022, 28ª Câmara de Direito

Privado, Data de Publicação: 30/06/2022.


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APELAÇÃO COBRANÇA COTA CONDOMINIAL LEGITIMIDADE PASSIVA CONSTRUTORAS


DÍVIDA 'PROPTER REM' AUSÊNCIA DE REGISTRO DO COMPROMISSO. - Legitimidade
das construtoras do prédio, proprietárias do imóvel em contenda, para responder

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pelas despesas condominiais, ainda que tenham alegado a cessão de seus direitos em
relação ao bem a terceiros. Dívida 'propter rem' regressiva em face dos possuidores
diretos que não elide a responsabilidade da construtora-proprietária (possuidora
indireta); RECURSO PROVIDO9. g.n.

Por fim, manso também o entendimento do TJSP acerca da admissibilidade


de inclusão na ação de execução das cotas condominiais que vencerem no curso da demanda. Observe:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL – COTAS


CONDOMINIAIS – OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO – PARCELAS VINCENDAS –
POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO - Parágrafo único do art. 771 do novo Código de
Processo Civil que permite a aplicação subsidiária, à execução, das disposições do
Livro I de sua Parte Especial, que estabelece as regras do processo conhecimento e
do cumprimento da sentença. E o art. 323 desse mesmo Código determina que, nas
ações relativas a obrigações a serem cumpridas em prestações periódicas, estarão
incluídas na condenação as prestações que se vencerem no curso da demanda e não
forem adimplidas pelo devedor. Execução de título extrajudicial (cotas condominiais)
que admite a inclusão das parcelas que se vencerem no curso da demanda AGRAVO
DE INSTRUMENTO PROVIDO10.

Deste modo, não há que se falar em ausência de legitimidade passiva da


executada.

V – DA ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE MORA NO PAGAMENTO

Como se observa da planilha de cálculo anexa no processo principal, evidente


a inadimplência do agravante no pagamento das cotas condominiais vencidas na unidade.

Destaca-se que as atas de assembleias e convenção condominial, fixam a data


de pagamento das cotas condominiais, bem como os juros, multa e correção que recaem sobre o débito.

Observa-se que tal fato fora reconhecido pelo juiz de piso. Veja:

9 TJ-SP - APL: 09511614420128260506 SP 0951161-44.2012.8.26.0506, Relator: Maria Lúcia Pizzotti, Data de Julgamento: 29/04/2015, 30ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 07/05/2015.
10 TJ-SP 21043377920188260000 SP 2104337-79.2018.8.26.0000, Relator: Maria Lúcia Pizzotti, Data de Julgamento: 08/08/2018, 30ª Câmara de Direito

Privado, Data de Publicação: 09/08/2018.


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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JHONATAS BATISTA DA SILVA e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 10/10/2022 às 17:23 , sob o número WPRO22012284213.
fls. 118

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2218653-66.2022.8.26.0000 e código 1C42812F.
Deste modo, indiscutível a mora e a exequibilidade do débito perseguido.

VI – DOS PEDIDOS

Posto isto, e pelo mais que dos autos recursais conta, requer o agravado que
as presentes contrarrazões/contraminuta sejam conhecidas e, ao final, seja improvido IN TOTUM o recurso,
no sentido de se manter integralmente a decisão combatida, tendo em vista que a decisão proferida em 1ª
instância traduz a melhor aplicação do direito em relação ao caso trazido à baila.

Caso seja improvido o recurso, requer seja condenada a Agravante nos ônus
de sucumbência, determinando-se que pague as custas recursais e honorários advocatícios destinados ao
causídico do agravado.

Por derradeiro, requer que as intimações pessoais à parte agravada sejam


destinadas ao seu endereço atual indicado nesta oportunidade, sob pena de nulidade, agindo de igual forma,
quanto ao endereço do seu patrono, constante do rodapé da presente petição.

Termos em que,

Requer-se deferimento.

Suzano, 10 de outubro de 2022.

JHONATAS BATISTA DA SILVA


OAB/SP – 413.450

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